Apple, Google e a nuvem: O mundo dos media-players

Apple, Google e a nuvem: O mundo dos media-players

Quando a Apple lançou a mais recente versão de seu Apple TV, fiquei impressionado com dois detalhes interessantes do produto. O primeiro, está na ausência de uma unidade de armazenamento, o que é uma verdadeira afronta ao bom senso para os dispositivos desta categoria; o segundo, pelo fato do produto ter dimensões minimalistas e custar “míseros” US$ 99,00. Na prática, estes dois detalhes “escondem” outros aspectos que, estudados minuciosamente, mostram a emergente adoção dos serviços de telecomunicação para o entretenimento pessoal, através dos programas de TVs transmitidos via streaming…

Apple TV.

O Apple TV é um serviço de streaming de vídeo que, através de um receptor (o dispositivo) e de uma loja online (iTunes), o usuário adquire os direitos de exibição de um determinado título e o assiste, enquanto o mesmo é descarregado da Internet através de uma conexão de banda-larga. Naturalmente, esta última deverá ter uma taxa de vazão razoável para estes propósitos, ao mesmo tempo em que o cliente será obrigado a realizar a contratação do serviço. Embora o preço do dispositivo esteja bem abaixo para os padrões da Apple, a soma dos custos das assinaturas dos serviço de banda-larga e de streaming, certamente será um pouco salgada para o bolso do consumidor. Ainda assim, sejamos otimistas: pelo menos, não precisamos usar nosso próprio sangue pra assinar o contrato! 😉

Tal como a Apple TV que investe neste segmento, o Google também vem fazendo as suas investidas na unificação da Internet e TV: há tempos, vem desenvolvendo a plataforma Google TV, que consiste em adaptar sistemas baseados no Android com dispositivos aptos a realizarem a navegação na Internet, para usufruir de conteúdos multimídia. Tais dispositivos serão dotados de periféricos especiais que dispõem das funções do controle remoto, do teclado e do mouse, além de usar TV ao invés de um monitor. Assim, o expectador/internauta ficará confortavelmente sentado em seu sofá, interagindo com a TV e escolhendo as atividades que gostaria de executar: se é para assistir TV, ele utilizará os serviços de streaming disponíveis, se é para assistir vídeos, ele terá o Youtube ao alcance dos dedos; e para navegar na Internet, poderá contar com o navegador web.

Revue, o receptor da Logitech apto para trabalhar com a plataforma Google TV.

Embora estas duas iniciativas possuam os seus prós e contras, elas são apenas as ideias mais modernas para utilizar a Internet como o meio principal para assistir os seus programas favoritos. Se pesquisarmos mais profundamente, encontraremos uma série de soluções e produtos para utilizar os recursos de uma simples conexão de banda-larga, transformando a Internet na principal protagonista de uma central multimídia.

As primeiras iniciativas feitas antes de utilizar sistemas computadorizados em conjunto com a TV, começaram com a inclusão de um disco-rígido em determinados modelos de TVs LCDs, dando a opção dos telespectadores gravarem seus programas preferidos para assistir posteriormente. Embora o uso do HD seja apenas para substituir o velho e obsoleto vídeo-cassete, a sua simplicidade de operação o limita a esta condição: apenas gravar programas. No entanto, não seria mais interessante ter um equipamento à parte, flexível o suficiente para nos dar a possibilidade de organizar melhor o nosso conteúdo digital? Assim, nasceram os HTPCs.

Thermaltake DH102, um gabinete feito especialmente para HTPCs.

Os HTPCs – Home Theathers PCs – são PCs desktops otimizados para reproduzirem conteúdos multimídias. Geralmente, eles são projetos compactos, com design sóbrio e extremamente silenciosos, dispondo de uma série de conexões de alta qualidade (áudio e vídeo), que possibilitam a conectividade de uma série de equipamentos: TVs, video-cassetes, home-theathers, câmeras diversas, etc. O aspecto mais interessante nestes equipamentos, está na sua capacidade de processamento: para serem silenciosos, são adotadas CPUs e IGPs de baixa capacidade de cálculo, pois assim esquentam menos e não necessitam de poderosos sistemas de refrigeração, que por sua vez podem incomodar os telespectadores com os indesejáveis ruídos provenientes das ventoinhas de exaustão.

Os recursos e possibilidades de uso variam, de acordo com o equipamento. A maioria, prefere utilizá-los para a exibição de seus conteúdos digitais, além de melhor organizá-los. Entretanto, há aqueles que optam por utilizar equipamentos mais poderosos, os quais podem rodar os muitos jogos disponíveis no mercado, substituindo assim os consoles de video-game. No entanto, justamente devido ao fato da maioria utilizá-los para atividades básicas, muitos empreendedores optaram por colocar produtos simples e práticos para o uso, dispensando os complicados processos de montagem, configuração e uso dos HTPCs: eis, os reprodutores multimídias.

WD TV HD Media Player (Creative): simples, belo, elegante, funcional e “barato”!

Eles diferem dos HTPCs por serem computadores mais simples, dotados essencialmente das conexões habituais (USB, DVI, HDMI e áudio), uma generosa capacidade de armazenamento e um sistema (firmware) apto a gerenciar todo o conteúdo multimídia, consumindo apenas uma fração da energia gasta pelos já econômicos HTPCs. Praticamente todos possuem interfaces de rede (RJ45, Wi-Fi e Bluetooth), possibilitando a operação através de um PC na mesma rede, além do controle remoto para acessar as funções mais básicas desta classe de dispositivos. Dentre os modelos disponíveis no mercado, destacam-se o WD TV HD Media Player (Creative) e o HP MediaSmart Connect (Hewlett Packard), mas estes são apenas “alguns”: se pesquisarem mais à fundo, encontrarão dezenas de dispositivos da categoria, inclusive muitos “xing-lings”…

Outro aspecto interessante a observar nestes equipamentos, está na arquitetura de processadores empregadas. Embora muitos utilizem a plataforma Intel Atom nos produtos mais sofisticados, a maioria é equipada com alguma solução desenvolvida pela ARM. Por exemplo, a Apple já emprega o ARM Cortex-A8 de 1 GHz em seus produtos, que vão desde os simples reprodutores pessoais (iPods), passando pelo smartphone (iPhone) e tablets (iPad), além do seu já consagrado reprodutor multimídia que citamos no início deste artigo (Apple TV). Enquanto isso, outros fabricantes podem adotar tanto CPUs ARM simples o quanto plataformas com alto nível de performance, como a nVidia Tegra. No geral, a arquitetura ARM contém todos os elementos necessários para prover a capacidade de processar (decodificar) todo o conteúdo multimídia via hardware.

CPU ARM Cortex-A8 (GHz) da Apple, batizada de A4.

Ao mesmo tempo em que os projetos de hardware são flexíveis e variados, os componentes de software também são muitos. À começar pelos sistemas operacionais. A Microsoft já disponibiliza o Windows Media Center, apto a suportar inúmeros dispositivos e acessórios, e capaz de decodificar todos os formatos multimídia conhecidos. Dentre os aspectos mais interessantes, o Windows XP Media Center Edition suporta uma boa quantidade de placas de recepção de TV, integrando-a ao sistema como um todo através dos seus utilitários (ao invés de utilizar softwares de terceiros, que muitas vezes são limitados). Além do Windows, também temos várias distribuições Linux disponíveis, customizadas para atender as necessidades e anseios desta classe de usuários. Inclusive, oferece até mais recursos, se considerarmos a flexibilidade e modularidade do nosso conhecido e amado Tux…

XBox Multimedia Center.

Mas, digamos que você não queira adquirir uma nova licença do Windows e nem trocar o sistema atual (seja Windows ou Linux) por uma distribuição exótica. Então, o que fazer? Para esta situação, recomendo XBox Multimedia Center, um aplicativo desenvolvido originalmente para o XBox (daí o seu nome), com o objetivo de transformá-lo em uma central multimídia, ampliando assim as capacidades do console da Microsoft. Com ele, podemos organizar e catalogar o nosso conteúdo multimídia, além de prover ao HTPC uma interface mais amigável de interação. O aplicativo livre popularizou-se de tal forma, que hoje ele pode ser utilizado em várias plataformas, dispondo até mesmo de versões adaptadas para live-CDs. Inclusive, o seu código-fonte é utilizado em diversos outros projetos de entretenimento digital.

Então, qual será o presente de começo de ano que você escolherá para se “auto-presentear”? Bem, aqui em casa utilizei um PC desktop montado no gabinete CP-501LN, dotado de uma placa-mãe mini-ATX AM2 e CPU Athlon X2 4000+, ligada a uma TV CRT 32″ através da placa de vídeo ATI Radeon HD 2400XT. Utilizo este arranjo provisório apenas para fazer experiências de usabilidade, reproduzindo os meus seriados preferidos e rodando alguns jogos, como os meus adorados FPS, o MegaGlest (estratégia) e o PES 2010 (futebol). Dentro da concepção de um HTPC, ele está muito longe do ideal, pois é barulhento e o vídeo 3D não oferece a potência ideal para rodar os jogos de última geração (embora funcionem razoável na resolução de 1280×720). Mas jogar MegaGlest numa tela de 32″ é uma experiência única!

Só ainda não sei qual será a solução a adotar em definitivo… &;-D

Por Ednei Pacheco <ednei.pacheco [at] gmail.com>

http://www.darkstar.eti.br/

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X