Migrar para o Linux

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“Caro Morimoto, nem preciso dizer que sou um freqüentador assíduo do teu site. Você deve navegar pelo Fórum e ver dezenas de minhas mensagens, nem todas elas esclarecedoras como as suas, mas estou tentando. Elogios à parte, estou pensando seriamente em migrar para o Linux, pois cada dia odeio mais a M$ pelas coisas que ela tem feito, principalmente por cobrar por um sistema ridículo como o WinME, que é uma cópia do 98se com o SystemRestore e sem DOS com acesso à memória. Estou pensando em instalar o RedHat, pois dizem que é o mais fácil para iniciantes, no que certamente me encaixo. Aí que entra o seu site. Eu instalei o linux umas 2 vezes até agora (faz uns 2 anos), mas desinstalei em menos de uma semana, pois a tela ficava com um zoom de uns 1000% e eu não conseguia arrumar. Com o seu tutorial e com o maior suporte para drivers, acho que não terei problemas em instalar o RedHat, certo?”

Oi Fábio, o Linux evoluiu bastante de dois anos pra cá. Não apenas o sistema em sí, mas os aplicativos, interfaces e sistemas de configuração. A distribuição a instalar continua sendo um escolha pessoal. Apesar do sistema ser essencialmente o mesmo, vários dos aplicativos, os utilitários de configuração, o instalador, etc. mudam de uma distribuição para a outra.

Tanto o Red Hat quanto o Conectiva, são boas distribuições para quem está iniciando no Linux, ou para quem está em busca de um sistema amigável e fácil de instalar. Entre os dois eu costumo recomendar o Conectiva, pois vários dos aplicativos, assim como o instalador e boa parte das páginas de ajuda foram traduzidos para o Português. Além disso, caso você considere importante, comprando a caixa você ganha 3 meses de suporte técnico.

A Instalação do Conectiva 6 (ainda não testei o 7) é extremamente simples. Você escolhe a linguagem de instalação, diz em qual porta o mouse está instalado (PS/2, COM 1, COM 2, etc.) configura o teclado, cria as partições no HD (ou usa o particionamento automático), escolhe os aplicativos que quer que sejam instalados junto com o Linux, cria uma conta de usuário, configura a rede (caso tenha) e pronto. Existe até um utilitário para detectar novos dispositivos, toda vez que o PC é inicializado. Realmente evoluíram muito de dois anos pra cá.

Alguns comentários são que o Linux pode compartilhar a conexão com a Internet com máquinas rodando o Windows, tanto como servidor de conexão, quanto como cliente.

Se você tiver uma máquina rodando o Windows 2000, ou o 98 SE, com o compartilhamento ativado, e desejar que o Linux acesse através dela, basta, durante a instalação do Conectiva, configurar o endereços de rede usando o endereço “192.168.0.1” no campo “roteador padrão” e “servidor de nomes” e o endereço “192.168.0.2” (ou outro qualquer dentro deste escopo) no campo “endereço IP”. A mascara de sub-rede fica como 255.255.255.0. Com isso, ao terminar a instalação todos os aplicativos já estarão acessando sem problemas.

Outra coisa que é bem fácil é compartilhar e acessar compartilhamentos de arquivos e impressoras com máquinas Windows. Para isso, use o Samba. A opção de instala-lo aparece durante a instalação (marque a opção “forçar seleção de pacotes” na janela “seleção de perfil”).

Você pode configurar o Samba através do linuxconf. Basta, dentro da Interface gráfica, abrir uma janela de terminal e dar o comando para que a janela apareça. Alias isto tudo é explicado no manual: http://www.conectiva.com/doc/livros/online/6.0/html_usuario/

Como não apenas o Conectiva, mas todas as distribuições do Linux acompanham vários aplicativos, é quase que indispensável dar uma estudada no manual, para conhecer tudo que é possível fazer. Além disso, existem muitos utilitários de configuração do sistema e recursos que não existem no Windows. É um aprendizado que tomará algum tempo, mas você terá oportunidade de conhecer o sistema bem melhor do que costumamos conhecer o Windows.

Além do Red Hat e do Conectiva, outra boa opção é o Debian, que tem fama de ser a distribuição do Linux mais estável, além de não utilizar softwares comerciais. O Debian é realmente uma das distros mais “puras”, mas também existem algumas desvantagens. Você sentirá falta de alguns drivers e programas que acompanham outras distros, mas por outro lado terá a certeza de estar usando apenas softwares estáveis e livres.

Existem dezenas de distribuições, entre elas o Mandrake, SuSE, Corel, Caldera, etc. Tem uma lista com todas as distribuições em: http://www.linux.org/dist/index.html

Apesar de tudo, ainda existem algumas deficiências. O suporte a Hardware já é bom, mas ainda tem espaço para melhorar. Já existem drivers para a grande maioria dos dispositivos, o problema é quando o driver para, digamos, a sua placa de vídeo ou modem, não está incluído na distribuição. Nem todos os fabricantes disponibilizam os drivers para Linux nas suas páginas, nem sempre é fácil instalar o driver e nem todos os dispositivos tem drivers para Linux.

Uma recomendação seria antes de instalar, checar a lista de Hardware suportado da sua distribuição (a lista do Conectiva 6 pode ser vista aqui: http://www.conectiva.com.br/suporte/hardware/intel/) Assim fica mais fácil já ver os dispositivos que podem causar problemas e pesquisar se já existem drivers, ou alguma forma de faze-los funcionar. O Google.com é muito bom para isso, pois pesquisa em vários grupos sobre Linux.

Enfim, o Linux evoluiu bastante de dois anos pra cá, e continua se desenvolvendo rapidamente. Hoje em dia já é possível usar Linux para fazer quase tudo, com um pouco de esforço claro, nada cai do céu. O Gimp é um substituto aceitável para o Photoshop, existe o Koffice, além do Starofice como opções ao MS Office, existem clones do ICQ com uma boa funcionalidade, etc. além de softwares como o Sendmail, IPchains, Samba, etc. que podem ser usados para criar um servidor funcional. Além disso, o Wine (http://www.winehq.com/) já permite rodar vários aplicativos Windows, inclusive alguns jogos, dentro do Linux. É mais um projeto que promete.

O Linux é uma boa opção sobretudo para as empresas, que podem reduzir bastante seus gastos com software. A algum tempo atrás recebi um mail perguntando como protestar conta “as ações abusivas da ABES”, creio que a resposta seja simplesmente passar a usar software livre.

Mesmo que você prefira continuar no Windows (eu ainda me sinto mais confortável no Windows 2K, pois ainda conheço o sistema melhor do que conheço o Linux), vale à pena começar a acompanhar a evolução do Linux, o sistema está cada vez melhor. Esqueça o modo texto, a falta de aplicativos e as interfaces gráficas simples.

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