Opiniões sobre o Microsoft.net

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A Microsoft vive hoje um grande problema. Até agora, o crescimento da compania vem sendo apoiado nas vendas do Windows e do Office. é claro que existem vários outros produtos, mas estes dois são ainda hoje os carros chefe. Por que você acha que
ultimamente, todos os anos tem sido lançadas novas versões do Windows, em essência o mesmo sistema, mas com novos acessórios e interfaces mais caprichadas. O que são o Windows ME e agora o Windows XP, senão versões retocadas do Windows 98 e do Windows
2000?

Voltando ao ponto, o problema é que as vendas dos PCs vem caindo, e por um motivo simples, a maioria das pessoas com poder aquisitivo suficiente, já tem PCs em casa e poucos estão dispostos a fazer upgrades todos os anos, como desejam as grandes empresas.
Se caem as vendas dos PCs, caem também as vendas do Windows e Office.

Para tentar manter o seu ritmo de crescimento, a Microsoft vem adotando novas estratégias, como por exemplo investir no ramo de servidores e oferecer opções de aluguel de programas. O Office XP por exemplo, além de poder ser comprado nas lojas, poderá ser
alugado. Aqui no Brasil por exemplo, o serviço deve ser oferecido por várias empresas, entre elas o Terra, que deve ser o primeiro. O preço da mensalidade já está definido: 29 reais por mês. Com isto a M$ pretende diminuir o número de softwares piratas,
já que muitas empresas, ou até mesmo alguns usuários domésticos que não tem condições ou disposição de comprar uma cópia original do Office, preferirão pagar a mensalidade à correr o risco de serem flagrados pela ABES.

Mas, o plano mais exótico, que vem ganhando mais atenção e atraindo mais desconfiança é a estratégia .NET, que tem como idéia fundamental, algo semelhante ao que as companias telefônicas vem fazendo. Antigamente, as linhas telefônicas eram compradas, uma
propriedade que era inclusive declarada no imposto de renda. Com isso, muita gente que teria interesse em ter telefone em casa, simplesmente não tinha como comprar uma linha, o que sem dúvida representava perda de receita para as companias. Atualmente, a
estratégia vem mudando, as companias vem alugando as linhas a preços relativamente baixos e ganhando com as tarifas. Com isso muita gente passou a ter telefone, mas em compensação a linha não é mais uma propriedade, é apenas alugada.

Algo semelhante ocorre com os computadores hoje em dia. Você compra um PC, compra os programas, etc. Quando precisa de mais espaço no HD, você compra um maior, quando precisa de um PC mais rápido, troca o processador, ou aumenta a quantidade de memória
RAM, e assim por diante. Mas chegamos ao mesmo problema: muita gente não tem dinheiro para comprar um computador, o que novamente representa perdas para a indústria.

A idéia do .Net da Microsoft seria oferecer os softwares como um serviço. Ao invés de comprar o Windows ou o Office você os alugaria, mas com um diferença: os programas, não rodariam na sua máquina, mas sim nos servidores da Microsoft e até mesmo arquivos
seriam armazenados por lá.

Na verdade, o seu micro seria usando apenas como um terminal, que apenas recebe as imagens a serem mostradas no monitor e envia os comandos do teclado e do mouse. Com isto, não seria necessário um PC completo, mas um terminal barato, que poderia ser
alugado.

Se você precisasse de mais espaço, não precisaria comprar outro HD, bastaria alugar mais espaço em disco, se precisasse de um equipamento mais rápido, pagaria uma taxa extra pelo processamento usado, e assim por diante. No final do mês chegaria a conta
por tudo que utilizasse.

A idéia parece estranha, mas caso o sistema existisse, possivelmente muita gente preferiria pagar uma mensalidade de 30 ou 50 reais a comprar um PC completo.

Outro nicho seriam pessoas que precisam acessar informações em trânsito. Como tudo ficaria armazenado e seria processado nos servidores da M$, seria fácil acessar os dados apartir de qualquer lugar, seja um outro PC, seja através de um handheld ou mesmo
um celular. Com a expansão da Internet móvel que deve acontecer nos próximos anos, logo será possível acessar a 2 mbps apartir de qualquer celular, viabilizando este tipo de aplicação.

Claro que isto seria o ápice do serviço, no começo provavelmente começarão a ser oferecidos serviços de armazenamento, tanto de arquivos, quanto de agendas, listas de telefone, e-mails, etc. Coisas que já vemos em inúmeros serviços gratuítos por aí, mas
com vantagem (pelo menos o que será focado no marketing) de uma qualidade e segurança maiores.

De qualquer forma, o .Net é uma estratégia de longo prazo, pois a idéia toda depende fundamentalmente da existência de conexões rápidas à Internet para todos os usuários, já que é através delas que todos os dados, até mesmo de uma nova janela de programa,
ou um caracter digitado no teclado seriam transmitidas e recebidas dos servidores.

é fácil imaginar que para isso seria necessária uma conexão de 1 Mbps ou mais. Até que conexões rápidas assim estejam disponíveis a um baixo custo, terão se passado 3, 5 ou quem sabe 8 anos.

Sem dúvida, seria interessantíssimo para a Microsoft ter um domínio assim tão grande sobre os usuários do sistema. Já imaginou as possibilidades em termos de marketing? Mas onde ficaria a liberdade na Internet nesta história?

Mas, vamos imaginar que daqui a 5 anos, o Microsoft .Net esteja realmente disponível. Será que a idéia realmente daria certo?

Bem, sempre existe uma possibilidade, principalmente em se tratando de uma compania com tanto poder quanto a M$, mas os concorrentes não seriam poucos.

Em primeiro lugar, vem os inimigos mais óbvios: o Linux e outros sistemas de código aberto, assim como todos os integrantes e simpatizantes da comunidade open-source.

O Linux vem ganhando popularidade entre as empresas, pois, por ser gratuíto, traz vantagens econômicas óbvias. Por exemplo, um fabricante de handhelds, caso tivesse à sua disposição uma versão madura do Linux, que possa usar em seu produto, ficaria muito
mais inclinado a usa-la gratuitamente, do que a pagar 50 dólares por uma licença do Poket PC da Microsoft.

Segundo os próprios fabricantes de processadores, HDs, memória, etc. que não gostariam nem um pouco da possibilidade de um grande número de usuários vir a trocar seus PCs, atualizados anualmente por um cliente magro de rede, que além de mais barato,
sabe-se lá quando precisará ser atualizado.

Em terceiro lugar viriam outras companias de software que pretendem investir neste mesmo mercado e lutarão para sobreviver.

No centro de tudo, estão os próprios usuários, que no final das contas, decidirão que fim o sistema terá.

Vale lembrar que noas primórdios da Internet, a Microsoft tentou lançar uma “concorrente”, a Microsoft Network., que no final das contas acabou sendo abandonado, sendo todo o conteúdo e tecnologia usado no msn.com.

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