A evolução da mentalidade do consumidor, na prática

Publiquei, há exatamente um ano, a parte inicial deste texto no extinto fórum do Kurumin Linux, e depois no Viva o Linux, conquistando muito sucesso. Desta vez, volto ao mesmo local com a intenção de análise, 1 ano depois,
mostrando também como está mudando a realidade das lojas de informática na minha região, e, obviamente, em todo o Brasil.

10 de julho de 2005

“Dia 10 de julho estive no Carrefour São José dos Campos – SP. Entrei na loja e vi um Amazon PC com o Kurumin 4.2 no hall de entrada, em oferta. Minha primeira reação foi de quase
chorar de alegria. O PC estava 1299 reais, enquanto um de mesma configuração estava por volta de 1700, com Windows.

Bom, todo tempo que observei, vi que o monitor desligava em certo tempo. Pensei: é a configuração no KDE. O mouse e o teclado estava desconectado e quando cheguei lá, o PC desligado.
Conectei os cabos, liguei o PC, configurei o KDE pra não desligar o monitor e ativei as barras laterais (karamba) pra ficar mais atraente. Desconectei os cabos do teclado/mouse novamente, isso é uma medida da loja, contra usuários leigos. Fiquei lá perto,
ouvindo o que as pessoas diziam. As crianças passavam e falavam: – olha pai, que legal! E tentavam mexer. Os adolescentes, vislumbravam com aquilo e queriam por que queriam olhar e “fuçar”. Mas o mouse estava desconectado.

Os adultos se surpreendiam era com o preço. Alguns tinham conhecimento raso em Linux, sabia ao menos do que se tratava. Outros, mais leigos, sabiam que era algo diferente e ficavam
olhando e tentavam mexer. Aquele monitor com um pinguim pulando no lago era um objeto que todos paravam para olhar, era surpreendente, todos que passavam em frente paravam para olhar. Outros, perguntavam ao vendedor o que era aquilo.

Mas fiquei triste com dois casos, idênticos. Vou contar um deles. Um rapaz, com sua família, se interessou pelo PC e quis levar. Chamou o vendedor e fez uma pergunta que cortou meu
coração: – Tem como vocês instalarem o Windows XP pra mim? O vendedor disse que não, aí o rapaz disse à mãe dele: – “É só levar à uma loja de informática que eles instalam”. Eu fico meio triste com essas pessoas que ao menos não perguntam se é bom,
pessoas que nem chegam a experimentar, por um preconceito imposto pelas grandes do “business”. Mas tudo bem, afinal isso é um processo natural, o bom é que esse sistema divino GNU/Linux está sendo levado já às lojas e enviando o espírito linuxista à todos
que queiram fazer parte desse já consagrado triunfo.”

10 de outubro de 2005

“Fui novamente a o Carrefour São José dos Campos e a primeira seção que fui foi a de PCs. Fiquei feliz que, dentre 6 desktops ligados para as pessoas “mexerem”, 3 eram com Kurumin,
entre eles um AmazonPC e FBL.

Cheguei lá e os PCs estavam todos desconfigurados devido à grande quantidade de gente que mexia neles. Um estava com KDE em inglês, mas facilmente eu deixei em português novamente.
Configurei tudo, deixei tudo certinho e bonitinho, pronto para o pessoal “fuçar”.

Eis que chegam 3 meninas, uma com uns 7 anos, outra com uns 8 e outra com uns 11. Começam a mexer nos computadores e a mais velha abre o Word num computador com Windows pra elas
digitarem. Mas me surpreendi quando, uma delas falou assim: “Esse aqui é chato”. Imediatamente as meninas se moveram para os computadores com Kurumin e, para maior surpresa ainda, abriram o KuruminOffice com a maior facilidade do mundo, como se soubessem
aquilo na palma da mão. E ficaram lá, um tempão, até irem embora e eu dar mais uma ajeitadinha dos PCs, desativando o Klaptop que deixava o computador no modo de espera e o desligamento automático do monitor, impedindo outras pessoas de utilizarem.

Isso comprova que o Linux não é tão difícil quanto se pensa e a evolução anda ganhando forças e a utilização do Linux é inevitável.”

Um ano depois – 12 de outrubro de 2006

Voltei ao Carrefour Aquarius, no dia 12. O hall estava do mesmo jeito, mas os computadores completamente diferentes: senti a falta de PCs populares. Continha alí vários notebooks e outros PCs de 2000 reais
pra cima, longe do quem sonha ainda ter um PC mais “em conta”. A primeira tristeza que senti foi que, todos os computadores estavam bloqueados para o uso dos clientes, porém, me alegrei vendo num cantinho, um PC da Amazon, se não me engano, rodando uma
proteção de tela com a bandeira do Brasil tremulando. Mexi o mouse e estava certo, lá aparecia a famosa janelinha do KDE pedindo a senha. Sim, era um PC com Linux.

Como todos os PCs estavam bloqueados, não tive a oportunidade de descobrir qual distribuição era, mas isso é o de menos. Outros computadores, os que estavam no balcão, tinham o Windows XP rodando, a
maioria na tela de login ou numa proteção de tela, nenhum para mexer também.

Isso se deve, ao meu ver, que muitos usuários extremamente leigos acabavam por “estragar” os sistemas, mexendo em muita coisa que não devia. Eu entendo, mas ao mesmo tempo lamento, pois dá sim para travar
muitas configurações ou ter um funcionário capacitado que “arrume” à toda hora as configurações, o que seria um pouco trabalhoso.

Bem, não tendo como observar o comportamento das pessoas nesta loja, fui para o shopping, onde entrei numa loja de computadores, a Premium. A primeira surpresa que tive foi que, dos quase 10 monitores nos
balções, ao menos 6 estavam rodando o Linux sob o KDE, sendo 5 desses interligados à uma só CPU, alternando automaticamente o papel de parece. A supresa foi estes monitores estarem logo na entrada, local onde normalmente só se veria Windows.

Desta vez, a única coisa que precisei mexer foi no fuso horário e no botão do menu K, que estavam bagunçados. Feito isso, enquanto comprava meu gravador de DVD, observada o comportamento do pessoal. Por
minha sorte, chega uma família, e adivinha pra onde as DUAS crianças deles correm? Para os dois computadores que rodavam o Linux. Um logo chegou dando um tapa no mouse, daí pensei, sorrindo “lá vem estrago”, mas felizmente ele viu que estava fazendo algo
errado.

A família demonstrou um imenso interesse nos PCs com Linux, sem nenhum preconceito, e outra coisa, os venderores demonstravam, pela primeira vez, um conhecimento no sistema livre. Senti, naquele momento,
que mais do que um empate, o Linux acabava de ultrapassar o concorrente pago.

Com a intenção de pesquisa, logo foram embora. Após isso, chegou um rapaz, aparentando ter 14 anos de idade, que, provavelmente por nunca ter tocado num Linux, foi tentar mexer, após uma olhadinha no
Windows Media Player que rodava no PC em frente. Com pressa, largou tudo e foi embora ;-P. Isso mostra claramente que a pré-definição “o Linux é ruim” foi quase que inteiramente embora, pelo menos nesses dois locais.

Outra coisa que observei de um ano pra cá é que, basta abrir as listas telefônicas e vemos que, a maioria dos anúncios feitos pelas empresas de informática agora tem “Com suporte ao Linux” estampado, como
uma vantagem. Isso, somado à todos esses fatos demonstra que o Linux vem sofrendo, como era natural, uma aceitação por parte do mercado e dos clientes. Os vendedores estão mais aptos, as empresas de suporte agora estão conscientizadas e mais, estão
oferecendo com mais ênfase ainda computadores com esses sitema, devido à relação custo/benefício, extremamente benéfica em se tratando dele. O que às vezes protesto é o fato de que somente os PCs mais populares são vendidos com Linux, enquanto os mais
possantes somente com Windows; mas acho isso uma transição, acredito que logo veremos tanto um como outro rodando quaisquer sistemas. Então, ao linuxers, fica comprovado que as coisas estão mudando, pra melhor. Os famosos preconceitos estão acabando, e
obviamente não quero que o outro sistema morra, mas que exista, para concorrer de forma solta e livre com o outros sistema que é bom, bonito e de graça ;-).

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