Explorando o mundo com o Marble 1.1

Explorando o mundo com o Marble 1.1
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Exploring the globe with Marble 1.1

Autor original: Joe ‘Zonker’ Brockmeier

Publicado originalmente no: lwn.net

Tradução: Roberto Bechtlufft

Logo do AndroidO Marble é parte da KSC, a Coleção de Software do KDE. Como tal, geralmente suas novas versões seguem o cronograma das versões principais do KDE. Mas graças aos esforços de estudantes que estão trabalhando com o Projeto KDE para o Google Code-in, o Marble reuniu uma quantidade expressiva de novos recursos que justificaram o lançamento da versão 1.1 no meio do ciclo habitual, trazendo as novidades para a gente antes da hora prevista. Na versão 1.1, o aplicativo de mapeamento 3D apresenta configuração de plugins, edição de mapas e navegação por voz para quem usar o Marble no Nokia N900.

O Marble é um globo terrestre virtual em três dimensões, parte do conjunto de aplicativos do KDE, mas também está disponível em uma versão exclusivamente Qt para usuários do Linux que prefiram não instalar dependências do KDE, ou para os usuários do Mac e do Windows. O programa evoluiu muito desde nossa última análise. A interface básica continua a mesma, mas o Marble incorporou vários recursos novos desde os tempos da versão 0.5.

Como a versão 1.1 está fora de sincronia com as versões SC do KDE, talvez ela não apareça no formato de pacote em nenhuma das grandes distribuições no momento. Para fazer esta análise, eu compilei o programa a partir dos fontes no openSUSE 11.4. Como eu já disse, você tem a opção de compilar uma versão do Marble apenas com o Qt ou a versão completa do KDE. Eu escolhi a versão completa. A biblioteca da versão 1.1 é compatível com a ABI da versão 1.0, ou seja, outros aplicativos do KDE que dependam dela devem funcionar conforme o esperado.

Marble 1.1: cidade de St. Louis a partir dos dados do OpenStreetMap

Marble 1.1: cidade de St. Louis a partir dos dados do OpenStreetMap

Um aviso para quem vai compilar o Marble por conta própria: não esqueça de desinstalar o pacote anterior do Marble. Se essa etapa simples e óbvia for esquecida, você pode acabar com efeitos colaterais estranhos.

Usando o Marble 1.1

Depois de compilar o Marble 1.1, fui explorar a interface e conferir alguns dos recursos novos. Para explorar o mundo e ficar passeando aleatoriamente, o Marble é fantástico. A interface é fácil de usar, e oferece diversas visualizações diferentes do mapa (plana, projeção de Mercator e o globo tradicional), além de alguns temas. Os temas são coisas como visualização de satélite da Terra, dados OSM (OpenStreetMap), a Terra à noite (que mostra as luzes das cidades vistas do espaço) e por aí vai.

O Marble é uma boa ferramenta para estudantes, daí o fato de se enquadrar no projeto de software KDE Educational. Ao clicar em uma cidade, você verá duas abas. Uma contém a entrada da Wikipédia para a cidade, e a outra contém uma ficha de dados básica fornecida pelo próprio Marble, só que eu não achei descrições em nenhuma das fichas de dados das cidades que conferi. Cada ficha apresentava as coordenadas, o país, o fuso horário e afins, mas pelo visto o Marble depende mesmo da Wikipédia para apresentar descrições.

Um dos novos e interessantes recursos do Marble 1.1 é um serviço online que exibe os terremotos que ocorreram em pontos específicos, incluindo sua magnitude. Vale observar que esse recurso foi concluído durante o Code-in, e não tem relação nem foi inspirado pelos terremotos que arrasaram o Japão. Fiquei surpreso em ver quantos terremotos foram registrados no meio-oeste dos Estados Unidos, ainda que de baixa magnitude, desde 2006. Infelizmente, o Marble não fornece um link para informações adicionais sobre os eventos online: os dados se limitam a um círculo colorido com a informação da magnitude. A cor e o tamanho do círculo são determinados pela magnitude do terremoto; os maiores são de um vermelho mais escuro, e têm diâmetro maior. Ao passar o mouse sobre o círculo, são exibidas a data e a profundidade.

Marble 1.1: visão de terremotos

Marble 1.1: visão de terremotos

Para os usuários do Nokia N900, o Marble oferece navegação por voz. Infelizmente eu não tenho um Nokia N900 e não tive como testar esse recurso. Os usuários de navegação por voz vão ter que converter uma voz do TomTom, já que o Marble não traz nenhuma voz por padrão. A equipe do Marble aceita contribuições de bom grado. Portanto, se você não é desenvolvedor mas tem uma voz agradável, esta pode ser uma boa oportunidade de ajudar.

O Marble abre mapas ou dados de mapas nos formatos GPX e KML. Não mexi muito com a importação desses formatos, mas baixei uns arquivos GPX da internet e os visualizei junto com os dados do OpenStreetMap. Tudo funcionou muito bem.

O programa só dá uns tropeços na hora de traçar rotas. Ele permite pesquisar ruas e criar rotas entre endereços, mas nem sempre acerta na hora de criar uma rota ou localizar um endereço. Por exemplo, eu tentei criar uma rota entre minha casa em St. Louis e Bradenton, na Flórida, e também entre a minha casa em St. Louis e a antiga casa dos meus pais, a uns 160 quilômetros de St. Louis. O Marble não conseguiu gerar uma rota entre St. Louis e a Flórida. E não conseguiu localizar meu antigo endereço, embora ainda assim eu tenha conseguido criar uma rota bastante razoável da minha casa atual até lá.

Criando mapas

Uma das maiores novidades da versão 1.1 é a capacidade de editar ou criar mapas. Os usuários podem importar dados de mapas de um servidor que ofereça esses dados por meio do WMS (World Map Service), de uma imagem armazenada localmente ou de um serviço estático como o OSM.

O processo é explicado em um tutorial da KDE UserBase, mas ainda não é terrivelmente intuitivo. Funciona, mas é meio complicado e certamente não vai parecer muito atraente para a maioria dos usuários. O tutorial também oferece alguns links para servidores do WMS e outros recursos, que serão úteis para quem quiser aprender a fazer um mapa “do zero”. De acordo com Dennis Nienhüser, um dos desenvolvedores do Marble, um assistente atualizado (e mais intuitivo) deve aparecer no Marble 1.2.

Ao usar mapas OSM, o usuário pode clicar no mapa com o botão direito e editá-lo em um editor externo. O Marble tem suporte a um editor em Flash chamado Potlatch, e também aceita a edição de mapas no Merkaartor e no JOSM.

E no futuro…

Embora a versão 1.1 tenha saído mais cedo para trazer os novos recursos ao mundo antes da hora, ninguém precisa se preocupar: o Marble 1.2 vai sair no prazo. A versão 1.2 volta a sincronizar com os lançamentos do KSC, portanto aguardem novidades em julho, junto com o KDE 4.7. Um recurso que está sendo trabalhado é o do modo OpenGL. Isso não significa que o Marble vá deixar os sistemas 2D para trás, mas sim a inclusão do suporte a OpenGL para as plataformas que contam com ele.

Nienhüser afirma que há mais plataformas móveis em vista para o Marble no futuro, e há planos para que o Marble se torne um dos aplicativos compatíveis com a iniciativa “Plasma Active“. E quais seriam essas plataformas móveis? Nienhüser diz que está de olho no Meego primeiro, e que “se o Meego não deslanchar, o Android deve ser o próximo alvo.”

Marble 1.1: a lua

Marble 1.1: a lua

Segundo ele, também há alguns projetos do Google Summer of Code relacionados ao Marble em andamento. Um deles é a renderização de vetores de dados OSM (no momento o Marble usa dados bitmap, exigindo um download bem pesado); o outro é uma versão QML do Marble focada no MeeGo.

Embora ainda seja preciso aparar algumas pontas, o Marble evoluiu muito e parece pronto para desbravar territórios desconhecidos como uma das ferramentas para mapeamento mais úteis criadas em software livre.

Créditos a Joe ‘Zonker’ Brockmeier lwn.net

Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>

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