Mandriva Flash 2008.1 on ASUS Eee PC 900
Autor original: Ladislav Bodnar
Publicado originalmente no: http://distrowatch.com/
Tradução: Roberto Bechtlufft
Depois de manter a instalação padrão do Xandros no meu Eee PC por três meses, achei que já era hora de mudar. Embora a variante do Xandros Desktop do Eee PC seja extremamente bem-desenvolvida, e sirva como um excelente ponto de partida no Linux para os usuários que precisem de internet e de recursos computacionais básicos, é pouco provável que um geek vá se satisfazer com isso por muito tempo. Mais cedo ou mais tarde, as limitações em termos de poder computacional e instalação de software, sem falar naquele desejo incontrolável de sair mexendo em tudo quando ganhamos um brinquedo novo, provavelmente farão com que muitas das memórias flash desses subnotebooks sejam apagadas, abrindo espaço para um sistema operacional novo e mais poderoso.
Mas qual sistema escolher? Desde o surgimento dos primeiros Eee PCs, muitos desenvolvedores de distribuições Linux começaram a trabalhar em alternativas ao Xandros Desktop, com suporte total ao hardware e soluções variadas para o desktop. Para começar, escolhi o Mandriva Linux 2008.1, também chamado de “2008 Spring” ou, em bom português, “Primavera de 2008” (eu prefiro chamá-lo de “2008.1”, já que na minha opinião, um produto voltado para mercados internacionais não deveria carregar o nome de uma estação do ano, ainda mais se levarmos em conta que boa parte da equipe de desenvolvimento da Mandriva mora ao sul do equador!). O Mandriva Linux 2008.1 não apenas foi a primeira distribuição Linux a oferecer suporte total ao Eee PC, como também recebeu excelentes críticas, tanto na mídia especializada quanto nos blogs pessoais.
O pen drive da Mandriva veio em uma caixa parecida com uma caixa de sapato. Caberiam tranqüilamente uns 50 pen drives ali dentro, e eu acho que deve haver algum motivo para uma escolha tão peculiar de embalagem (por que não usar aqueles envelopes com plástico bolha por dentro?), mas eu não consegui pensar em nenhum. Além do pen drive, também veio na caixa um miniCD em um embalagem de plástico duro. A foto na loja da Mandriva não faz justiça ao produto: o pen drive que eu recebi é bem menor (veja a imagem abaixo) e tem metade do tamanho do Mandriva Flash 2008 de 4GB. Nunca vi um pen drive tão pequeno e bem desenhado com esse! A primeira impressão foi boa.
Agora, vamos bootar o pen drive. É só pressionar ESC durante a inicialização do computador para que apareça o menu de boot, que lista o Mandriva Flash como uma das opções. Mas a velocidade de boot do Mandriva Flash está longe de se comparar à do sistema original; enquanto o Xandros Desktop inicia, em todo o seu esplendor gráfico, em mais ou menos 17 segundos, o Mandriva 2008.1 Flash levou exatos 2 minutos para bootar o KDE 3.5.9 (e no segundo boot, pois o primeiro sempre leva mais tempo e exige algumas configurações adicionais). Claro que se trata de um sistema operacional genérico feito para funcionar nos mais variados equipamentos, logo, não é de se surpreender que tenha levado tanto tempo para o sistema abrir o desktop. Talvez a Mandriva possa dar uma trabalhada nisso. Não deve ser difícil detectar o Eee PC e pré-otimizar o processo de boot para esse hardware específico.
Quando o desktop KDE finalmente apareceu na tela, a primeira coisa que fiz foi verificar se estava tudo funcionando de primeira, como afirma a Mandriva. E aí me veio a minha primeira frustração: embora a rede sem fio funcionasse perfeitamente, o Skype apresentou um “problema de áudio” quando tentei realizar uma chamada. Por sorte, foi fácil resolver o problema: bastou iniciar o centro de controle do Mandriva e desabilitar o PulseAudio na seção de configuração de hardware. Depois disso, o Skype funcionou numa boa. Fora o áudio, tudo funcionou de primeira: a resolução da tela foi configurada corretamente, e o restante do hardware também funcionou bem. Não testei as funções de suspensão e hibernação.
Meu próximo passo foi usar o Rpmdrake do Mandriva para instalar atualizações de segurança e correções de bugs, disponibilizados após o lançamento do produto. A instalação USB padrão traz um monte de programas, por isso não me surpreendi quando vi mais de cem atualizações disponíveis, incluindo um novo kernel. Eu apliquei devidamente todas as atualizações propostas pelo gerenciador de pacotes da distribuição e reiniciei o Eee PC com o novo kernel. Problema número 2: dessa vez, o sistema levou mais de 10 minutos para bootar! Tudo por conta de um período de inatividade logo após a mensagem “Starting udev”. O mesmo sistema iniciou sem problemas em outro computador, então deduzi tratar-se de um problema de hardware. Não achei solução para o problema, e agora meu Mandriva Flash 2008.1 leva dez minutos para bootar.
Para compensar, pelo menos tenho um sistema operacional familiar e facilmente extensível no meu Eee PC. O visual dele é ótimo. Já disse isso outras vezes, mas sempre fico deslumbrado com a beleza das fontes padrão do Mandriva em um monitor LCD. Não sei o que faz essas fontes parecerem tão perfeitas (seria esta apenas uma observação subjetiva?), mas em termos de agrado visual proporcionado por fontes padrão, nenhuma outra distribuição (com a possível exceção do Fedora) oferece configurações de fontes que não exijam muitos ajustes para que pareçam razoavelmente bonitas (mas nunca tão bonitas como no Mandriva!). Talvez alguns leitores possam comentar sobre o assunto: vocês concordam que as fontes padrão do Mandriva são excepcionalmente belas? Caso concordem, o que as torna melhores que as da competição?
Mandriva Flash 2008.1 no ASUS Eee PC 900.
Eu estava pensando se deveria ou não instalar o Mandriva Linux na memória flash interna do Eee PC. Enquanto escrevia este artigo, ainda não tinha me decidido. Ele funciona bem pelo pen drive e, de acordo com algumas informações que encontrei na internet, a diferença de velocidade entre a instalação interna ou externa é mínima. Do jeito que as coisas estão, tenho um sistema dual-boot: o original (e um tanto limitado) Xandros Desktop que veio com o Eee PC, e um pen drive portátil com o Mandriva, altamente customizável, que pode ser bootado em outros computadores. Achei a velocidade do desktop KDE do Mandriva aceitável para as tarefas que posso vir a desempenhar num laptop ultraportátil, embora as limitações de hardware por vezes sejam óbvias (por exemplo, ao copiar uma grande quantidade de imagens de um cartão SD para o pen drive). A única verdadeira desvantagem dessa configuração é o risco constante de desplugar acidentalmente o pen drive, fazendo o sistema travar feio.
Conclusão? Estou razoavelmente feliz com o Mandriva Flash 2008.1 em meu Eee PC. Ainda que certas coisas não funcionem de primeira, como prometido no anúncio de lançamento, e ainda que eu não tenha encontrado solução para o chocante atraso de 10 minutos no boot, o Mandriva se tornou meu sistema operacional principal no Eee PC. O desktop KDE dele é mais rápido do que eu esperava, todos os aplicativos têm fontes padrão absolutamente lindas e os utilitários, especialmente o sistema de gerenciamento de pacotes que permite expandir a instalação do Mandriva com milhares de programas, são um presente dos céus, especialmente se comparados aos do Xandros Desktop. Pode até ser que o Mandriva venha a substituir a distribuição original na memória flash interna, desde que eu consiga resolver o problema do boot de 10 minutos e que não encontre novos problemas.
Créditos a Ladislav Bodnar – http://distrowatch.com/
Tradução por Roberto Bechtlufft <robertobech at gmail.com>
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