Linux & Distributions through the Years
Autor original: Muhammad Fahd Waseem
Publicado originalmente no: distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft
A longa estrada até o presente
O Linux trilhou um longo caminho desde que Linus Torvalds liberou em 1991 o código fonte do kernel que havia desenvolvido. No começo, nem o nome era definitivo (só virou ‘Linux’ porque o administrador de sistemas responsável pela distribuição da primeira versão do código por FTP deu ao diretório o nome de ‘Linux’, já que ‘Freax’ era o nome originalmente dado por Linus). Mas hoje, o Linux é um kernel para sistema operacional bastante conhecido, e as distribuições que trazem o Linux como núcleo são o padrão em servidores, além de estarem cada vez mais presentes nos lares e escritórios.
Lançado sob uma licença própria, que restringia seu uso comercial, ele logo foi relançado em 1992 sob a GPL. Isso abriu caminho para que os desenvolvedores do Linux e do GNU trabalhassem juntos em um sistema operacional completo baseado no kernel Linux, já que o kernel sozinho não faz nada. Agora o Linux tem 17 anos. Sua natureza livre implicou em um desenvolvimento rápido, e mesmo antes da primeira versão completar um ano já surgiam grupos relacionados na internet, e a Free Software Foundation já expressava seu interesse em lançar um sistema GNU com o Linux.
Em fevereiro de 1992 foi lançada a primeira distribuição Linux, o MCC Interim Linux. Logo depois, a versão 0.95 do Linux tornou-se capaz de trabalhar com o X Window System, adquirindo o recurso de janelas gráficas, essencial para alcançar o sucesso no mercado de sistemas operacionais. Em seguida veio a distribuição SLS (Softlanding Linux System), e ainda que não tenha durado muito, ela levou ao desenvolvimento do Slackware Linux, do qual algumas das distribuições mais populares de hoje se originaram. Em 1993, Ian Murdoch lançou o Debian Linux, e no ano seguinte vieram o Red Hat Linux e o SuSE Linux (o nome era escrito assim).
A essa altura, as distribuições Linux já haviam alcançado capacidades plenas de sistema operacional, com sistemas gráficos, ferramentas de rede e suporte a múltiplas arquiteturas. As quatro grandes distros (SuSE, Red Hat, Debian e Slackware) se tornariam a base da maioria das distribuições Linux que viriam depois. O Linux se saiu com uma acrobacia publicitária em 1996 quando foi apresentado Tux, o pingüim rechonchudo que passamos a associar carinhosamente ao Linux.
1998 marcou o lançamento do Kool Desktop Environment (KDE), e pela primeira vez uma distro Linux era capaz de abrigar propriedades de uma interface gráfica de usuário. Antes disso, todo o trabalho no Linux era feito pela linha de comando. Essa talvez tenha sido a primeira vez em que o Linux foi capaz de ser usado em desktops e por usuários domésticos. Lembre-se de que nessa época o Microsoft Windows já estava na versão 98, e que tinha uma interface gráfica poderosa, tão completa que a linha de comando havia se tornado quase redundante. Enquanto isso, no lado das distribuições, outro projeto popular chegava em 1998, o Mandrake Linux. Após algumas fusões e trocas de nome, ele mais tarde seria conhecido como Mandriva Linux.
A primeira versão do projeto GNOME veio em 1999. Em contraste com a abrangência e as muitas opções de configuração do KDE, o GNOME focava-se no poder pela simplicidade. De muitas maneiras, esse tipo de coisa deu ao Linux uma vantagem sobre os outros sistemas operacionais proprietários: agora os usuários podiam escolher a interface gráfica, e de graça, ainda por cima. Embora nesse momento o nível de complexidade do KDE e do GNOME nem se comparasse ao que a Microsoft havia desenvolvido, esse era o humilde começo que levaria aos desktops brilhantes com os quais nos acostumamos nas distribuições Linux modernas.
O OpenOffice.org foi lançado no fim de 2002, bem como o primeiro codec livre de som, o Ogg Vorbis. As distribuições Linux começavam a se comparar ao Windows, recurso por recurso. 2003 foi o ano em que a Red Hat anunciou o derivado de seu sistema Linux, o então intitulado ‘Fedora Core’. Ele foi muito criticado e acusado de ser um laboratório para o produto comercial da Red Hat, o Red Hat Enterprise Linux. Finalmente, em 2004, surgia a distribuição que conquistaria o maior número de usuários no desktop graças à sua facilidade de uso, o Ubuntu.
As distribuições Linux já estavam se tornando comuns, e não eram mais usadas apenas por profissionais especializados. Desktops Linux tornavam-se cada vez mais sofisticados, e devido à natureza do Linux, quanto mais pessoas o usavam, mais rápido era seu desenvolvimento. Em novembro de 2006, a Novell assinava um ‘acordo’ com a Microsoft, no qual se protegia contra processos relativos a ‘possíveis infrações de patentes’. A comunidade Linux não aceitou o acordo muito bem – a maioria o interpretou como um reconhecimento das afirmações de longa data que a Microsoft fazia quanto às infrações de patentes. Isso fez com que a distribuição SUSE da Novell fosse deixada meio de lado por algum tempo pela comunidade. A popularidade do openSUSE também seria atingida.
Onde o Linux está hoje
Hoje as distribuições Linux movem a maior parte do mercado exigente de servidores: o Google, a Wikipédia, a IBM, a NASA etc. Há centenas de distribuições a se escolher, para todos os propósitos. Muitas da maiores distros trazem belas interfaces gráficas e instalação simples. As distribuições Linux oferecem alternativas para praticamente todos os recursos providos por outros sistemas operacionais. O Linux torna-se cada vez mais fácil de usar. Conforme recursos são adicionados e o número de desenvolvedores trabalhando ativamente nas distribuições cresce, o Linux vai se tornando melhor.
Hoje, o Linux começa a rivalizar com o Microsoft Windows, o sistema operacional dominante nos desktops. Ao fazer isso sem custo algum para os usuários não comerciais, ele vai conquistando fatias do mercado. E a natureza GNU GPL do Linux e de suas distribuições garante que o Linux vai ganhar pique em ritmo exponencial, com mais popularidade levando a mais desenvolvimento, em um ciclo. O modelo de código aberto faz um bem enorme ao Linux.
Onde as distribuições Linux estarão no futuro
O Linux é flexível. Com isso, pode ser usado onde o kernel de outros sistemas operacionais não pode se aventurar sem muita manipulação. Podemos ver sua crescente aplicação em hardware sensível ao toque ou no suporte a hardware especializado. As distribuições Linux podem oferecer reconhecimento de voz, interfaces com eletrodomésticos, gerenciamento pessoal de tarefas e inteligência artificial. Elas podem ir aonde o programador quiser. As distribuições Linux podem ser usadas em sistemas móveis e embarcados (o Google Android, por exemplo, é uma espécie de ‘distro’ Linux) e nos eletrônicos que nos cercam. E, obviamente, nos PCs.
Créditos a Muhammad Fahd Waseem – distrowatch.com
Tradução por Roberto Bechtlufft <roberto at bechtranslations.com>
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Tutorial: A árvore genealógica das distribuições Linux
Hoje em dia existem mais de 500 distribuições Linux, já contanto apenas as distribuições ativas. Apesar disso, 98% delas são personalizações de outras distribuições já existentes, de forma que se você começar a estudar um pouco sobre a árvore genealógica das distribuições, vai perceber que existem menos de 10 distribuições principais, das quais todas as outras são derivadas. Por mais diferente que seja a aparência e a escolha de softwares pré-instalados, as distribuições derivadas mantém as características principais da distribuição-mãe, de forma que se você consegue aprender a trabalhar com as distribuições principais, passa a não ter grandes problemas ao trabalhar com qualquer uma das distribuições derivadas delas. |
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