O Linux e a sua longa jornada até os desktops

O Linux e a sua longa jornada até os desktops

Não é de hoje que escuto as previsões de supremacia do software livre em desktops, como também as mais absurdas teorias da conspiração. No entanto, parece que pouca coisa mudou em termos de adoção, visto que a base de usuários ainda se concentra na casa dos 1%. Será isso mesmo? Então, convido aos leitores a acompanharem o Tux e a sua longa jornada para os desktops…

1996/1997 – As interfaces gráficas amigáveis

Até meados de 1996, as interfaces gráficas disponíveis para os sistemas GNU/Linux eram simples e precárias em recursos e funcionalidades. O XFree86 – a antiga implementação livre do servidor gráfico X -, não dispunha dos recursos modernos até então. E eis que surgem o KDE (1996) e o GNOME (1997), os dois maiores ambientes gráficos para os sistemas Unix-like. WindowMaker, IceWM e AfterStep até que eram bonitinhos na época, mas não chegavam aos pés da grande dupla, assim que estiveram prontos! O Xfce ainda nem tinha nascido (2000)…

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KDE 1.0

1999 – As distribuições friendly-users

Foi no ano de 1995, o nascimento da distribuição Red Hat, mas só apenas à partir de 1999 é que as distribuições Red-likes – como o Conectiva, Mandrake e SuSE – é que começaram a ganhar força entre os usuários desktops. A maturidade do novo kernel linux (série 2.4), a existência de bons utilitários de configuração e o surgimento das primeiras versões funcionais do KDE e GNOME foram os fatores preponderantes para a sua disseminação.

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Uma das versões do Mandrake na época: o amigável instalador e o desktop

2001 – As aplicações poderosas

Embora contasse com bons ambientes gráficos, um sistema operacional não é nada, se não houverem bons aplicativos para ele, onde até então, o GIMP era considerado o maior e mais popular aplicativo livre na época. Eis que surgem no horizonte, iniciativas interessantes: a Sun Microsystem libera o código-fonte da suíte de escritórios StarOffice. O novo projeto livre, então batizado de OpenOffice.org, nasce com o objetivo de ser a melhor suíte de escritório livre. E conseguiu! Aliás, o que seria de um desktop sem uma suíte de escritório?

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OpenOffice.org 1.0

2002 – A popularidade dos live-CD

Um dos maiores inconvenientes dos usuários novatos que almejassem experimentar “esse tal de Linucs” estava no ato da instalação do sistema. Ainda que tais procedimentos fossem bem menos traumáticos que antigamente, devido à amigabilidade das novas distribuições, ainda assim era consideravelmente difícil, devido ao pouco conhecimento técnico que esses usuários dispunham. Então, com o nascimento dos live-CDs, a barreira deixou de existir, dando aos novos aventureiros uma possibilidade de testar o sistema sem gravar nada em seus HDs, preservando assim o sistema operacional pré-instalado, seus aplicativos e dados.

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Knoppix: uma das principais distros que popularizaram os LiveCDs

2004 – A ascensão do Firefox

Há tempos, a Fundação Mozilla vinha trabalhando em uma versão light de um navegador WEB baseado na engine Gecko, a mesma utilizada em sua suíte de aplicativos WEB Mozilla. Mas foi em 2004, com o lançamento da versão 1.0 que o Firefox se tornou a estrela da Internet. Simples, prático, belo, seguro, eficiente e customizável, o Firefox mostrou ao mundo que o software livre não é apenas uma meia dúzia de programinhas “meia-boca” feito por nerds e que pode perfeitamente fazer parte de seu desktop.

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Firefox 1.0

2005 – O suporte de integradores

O empreendedorismo da Dell em disponibilizar distribuições GNU/Linux pré-instaladas em sua linha de produtos, a iniciativa do Governo Federal em prover incentivo aos integradores através do programa PC Popular, entre outras garantias de suporte, começaram mostrar a força do Tux no mercado, mesmo sabendo que a proposta de adquirir produtos com uma distribuição bonita e plenamente funcional se transformou num pretexto para reduzir os preços praticados.

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Presidente Lula segura boneco do Tux, mascote do Linux

2006 – A popularidade do Ubuntu

Embora tenha sido lançado ainda no final de 2004, foi a partir de 2006 que o Ubuntu ganhou bastante popularidade. Construída sobre uma distribuição forte e estável chamada Debian, o seu foco está na facilidade de instalação e na ótima experiência em usabilidade, bem como o eficiente sistema de detecção de hardware. Nos anos seguintes, se tornou a distribuição número um para o uso em desktops, sendo comercializada por grandes fabricantes e montadores de hardware, com destaque para a Dell.

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Tela inicial do Ubuntu 6.04

2007 – A “força” do Windows Vista

Após 6 anos depois do lançamento do Windows XP, é anunciado o seu substituto. Mas infelizmente, os seus mínimos requerimentos de hardware se mostraram inadequados para a grande maioria dos PCs desktops que se encontravam nos lares domésticos. Portanto, enquanto que alguns preferiram continuar com o seu sistema antiquado (mas leve e funcional), outros aproveitaram a oportunidade de experimentar alternativas com grandes distribuições GNU/Linux, com destaque para o Ubuntu.

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Windows Vista

2008 – A simplicidade dos netbooks

Quem poderia imaginar que uma classe de notebooks extremamente simples e baratos, com a capacidade de processamento limitada a de antigos processadores fabricados há 6 ou 7 anos, as dimensões minimalistas e a boa autonomia, voltado exclusivamente para a navegação WEB e editoração, se tornariam a sensação do momento? Eis, os netbooks! Lançados a partir de 2007, a sua tela LCD claustrofóbica de 7″ adiou para o ano seguinte, a ascensão das distribuições voltadas para este equipamento, como o Ubuntu Netbook Remix. Infelizmente, a natural resistência dos usuários foi o fator preponderante para a adoção do Windows XP Home Edition por parte dos fabricantes como o sistema pré-instalado, mesmo sendo mais lento e menos customizável.

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A pequena tela exige uma reorganização da interface

2009 – A computação em nuvens

A proposta da computação em nuvens – como todos já sabem – é a de prover a execução de aplicativos e a manutenção de dados “nas nuvens”, onde os servidores se tornam provedores de tais serviços. Em termos práticos, bastará tão somente um sistema operacional, uma conexão banda-larga e um navegador WEB, para usufruir todas estas maravilhas. Nestas condições, o sistema operacional passa a ser (até certo ponto) “irrelevante”. Então, porquê não optar por uma distribuição GNU/Linux, pois além de suas qualidades (gratuidade, rapidez, segurança, manutenção), não teremos mais aquelas clássicas “amarras” que nos obrigam a utilizar apenas um único sistema operacional?

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EyeOS – um sistema de código-aberto “nas nuvens”

2010 – O Google Chrome OS

Se já não bastasse a existência de várias boas distribuições aptas para serem rodadas em netbooks, eis que surge no horizonte, o Google Chrome OS. Embora o kernel deste sistema operacional seja baseado no Tux, ele “quebrará” o conceito tradicional de distribuição GNU/Linux, substituindo as inúmeras aplicações & bibliotecas ao disponibilizar uma estrutura de arquivos com pouquíssimas pendências. Ao manter o navegador WEB Chrome OS como o coração do sistema, sua usabilidade se concentrará nas aplicações disponíveis nas nuvens, para as quais o Google possui um interessante leque de serviços. Ainda assim, continuará sendo um sistema GNU/Linux, que por sua vez, compartilhará com as demais distribuições clássicas, todas as melhorias que serão implementadas, acelerando ainda mais a evolução de todo o ecossistema livre.

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Tela da primeira versão do Chrome OS publicada

Então, quais seriam os futuros eventos a serem previstos à favor do Tux & Software Livre? A partir de agora, deixo por conta da imaginação de vocês! &;-D

Leia também:
Por que “Linux nos desktops” deixou de ser um tema relevante

Por Ednei Pacheco <ednei.pacheco [at]gmail.com>
http://by-darkstar.blogspot.com/

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