Por quê o Linux está avançando na Ásia

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Duas notícias nos últimos dias mostram que o Windows vem gradualmente perdendo espaço para o Linux na Ásia. O governo da Coréia adquiriu 120 mil cópias do Hancom Linux, um número que equivale a 23% do total de unidades do Windows adquiridas no último ano.

O Hancom é uma distribuição praticamente desconhecida por aqui, mas que faz sucesso na Coréia por ter um bom suporte à língua local e trazer o HanconOffice, uma suíte semelhante ao Office em funções e sucessora do Ah Rae ah Hangul, o Editor de textos mais popular na Coréia desde a década de 80.

Na China a Microsoft sofreu outra derrota. O governo municipal de Beijin, capital da China optou pelo uso do Red Flag Linux e outros softwares open source comercializados por empresas locais em detrimento do Windows. Segundo publicado por um site local (traduzido pelo vanshardware.com) a Microsoft pretendia vender 5 mil máquinas, rodando Windows XP e Office XP por 50 milhões de Yuans, que equivalem a pouco mais de 6 milhões de dólares, ou vender apenas o software (Win XP + Office XP) por 3.500 Yuans, ou pouco mais de 420 dólares por licença, com uma conta de mais 1999 Yuans depois de dois anos pelos upgrades (mandatários) nos softwares.

Seria uma conta de mais de 650 dólares por máquina, incluindo o upgrade depois de dois anos, provavelmente mais do que gastariam com o Hardware.

A prefeitura chegou a propor que fosse incluído o Office 2000 em troca de uma redução do custo, mas a Microsoft recusou, propondo apenas que o Office XP poderia ser substituído pelo 2000, mas sem redução no preço. Esta política existe internacionalmente. Se você desejar usar um software Microsoft que não é mais comercializado, como por exemplo o Windows 95, você teria que adquirir uma cópia da versão atual, no caso o Windows XP e pedir uma cópia do software antigo. Isso vale até mesmo para o MS-DOS.

Poucas horas depois, os representantes da Microsoft pegaram o avião de volta pra casa… Esta decisão é apenas mais uma amostra de que o governo Chinês pretende combater a pirataria de softwares (uma das exigências para ser aceito na OMC) usando software livre, desenvolvido por empresas locais. Mais do que a economia com os softwares, isto representa um incentivo ao desenvolvimento da indústria de software nacional.

É importante ressaltar que em ambos os casos o Linux será usado em micros desktop e não apenas em servidores. Será uma chance interessante de acompanharmos a viabilidade do uso em larga escala do Linux em desktops.

Segundo uma estatística recente do Gartner, o custo do Hardware e dos softwares representam apenas 15% do custo total de propriedade de um computador para as empresas Americanas. O resto se vai com a manutenção da equipe técnica, energia elétrica, treinamento dos usuários, espaço físico, etc.

Pode ser até que esta estatística realmente se aplique às empresas Americanas (tenho minhas dúvidas…), mas definitivamente não se aplica aos países do terceiro mundo.

Em primeiro lugar, a mão de obra Americana é muito mais cara que a Chinesa ou a Brasileira. Outros custos, como treinamento e gastos com a equipe técnica são consequentemente menores. O gasto com espaço físico também é menor na maioria dos casos, já que os alugueis por aqui são mais baratos. Até a energia elétrica é mais barata por aqui.

Por outro lado, o custo dos softwares é o mesmo, ou até maior, dependendo da política de cada empresa e o custo do hardware é novamente maior por causa dos impostos e outras despesas de importação. Isso faz com que os upgrades de hardware sejam muito menos freqüentes que no primeiro mundo. Para um Americano ou um Japonês, um Pentium II é uma máquina obsoleta, quase lixo, enquanto por aqui ainda tem muita gente usando micros 486.

Ou seja, o gasto com software é muito maior em relação aos outros gastos, sobretudo nos governos e em pequenas empresas. Isto torna os softwares abertos uma opção ainda muito mais interessante que nos EUA.

Surge então outro problema. A maioria do material jornalístico sobre informática disponível em Português é copiado de publicações Americanas. Isto faz com que as idéias veiculadas não reflitam nossa realidade e sim a deles. Além de dinheiro, falta informação…

Apesar de tudo, mesmo os Americanos estão começando a se sentir incomodados pelos custos com softwares, sobretudo da dupla Windows e Office, como pode ser visto neste artigo: http://www.internetwk.com/story/INW20011107S0002

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