A look at KOffice 2.0 Beta 3
Autor original: Jake Edge
Publicado originalmente no: lwn.net
Tradução: Roberto Bechtlufft
A suíte de aplicativos de escritório do KDE, o KOffice, está mais perto da versão 2.0. A versão beta 3 foi anunciada em 19 de novembro , e outra versão beta ainda vai ser lançada. A versão final deve sair no início do ano que vem, e este parece ser um bom momento para darmos uma olhada nele.
As versões beta estão disponíveis para o Kubuntu Intrepid Ibex (8.10); assim fica fácil experimentar. Também há pacotes para o openSUSE e o Debian, além do código fonte (obviamente). Eu não me empolguei muito em tentar compilar o KOffice no meu desktop Fedora 9, então peguei emprestado o laptop com o Intrepid da minha esposa; depois de habilitar as “Atualizações não suportadas” e instalar o pacote koffice-kde4 (o que não funcionou pela interface gráfica, mas foi resolvido com um apt-get) deu tudo certo.
A primeira impressão foi “meio mais ou menos”, já que o punhado de arquivos ODF que eu abri fez o KOffice travar. Mas ainda é um beta, então a gente meio que espera essas coisas. Tentar de novo no iminente Beta 4 e relatar bugs já é uma das minhas prioridades. O arquivo de apresentação de slides que abriu com sucesso no KPresenter aparentemente perdeu boa parte da formatação original, o que também foi frustrante.
Vale destacar que eu estou longe de ser um usuário avançado de suítes de escritório. Geralmente eu uso o OpenOffice.org para documentos profissionais mínimos (recibos, na maioria das vezes), planilhas simples (relatórios de despesas, resultados de jogos de futebol) e apresentações de slides entediantes e cheias de listas (como qualquer pessoa que já tenha presenciado alguma delas pode atestar). Essas necessidades simples são atendidas com sobras pelo OpenOffice, com a vantagem dele ainda ser capaz de abrir vários formatos de documentos da Microsoft (que infelizmente passam de um desktop para o outro). Qualquer suíte de escritório com recursos parecidos cairia muito bem.
Abrir planilhas no KSpread foi a experiência mais confiável de abertura de documentos existentes, mas ainda assim tive problemas. As fórmulas não calculavam automaticamente apesar da opção estar configurada, mas os dados estavam lá, ao contrário do que ocorreu com alguns dos outros tipos de documentos. O KWord não conseguiu abrir nenhum dos documentos ODF que eu testei, resultando sempre em travamentos. Um arquivo .doc abriu, mas a formatação e o conteúdo ficaram bagunçados; o OpenOffice consegue reproduzir a formatação desse documento muito bem. O KWord também travou quando tentei fechar esse documento. Talvez os betas não sejam lugares interessantes para se tentar abrir arquivos.
Certamente há muitos recursos novos no KOffice 2.0, mas os maiores dentre eles, como a mudança para o KDE4/Qt4 e o uso da biblioteca de objetos Flake , são relativos à infra-estrutura, e não são óbvios para os usuários. Como aconteceu com o KDE 4.0, parece que o KOffice 2.0 é uma plataforma de lançamento para as próximas versões.
O KOffice dá ênfase a uma interface de usuário consistente ao longo dos vários aplicativos que inclui, e nisso ele se destaca. Para o bem ou para o mal, a interface dos aplicativos do OpenOffice também é bastante consistente , mas parece ter itens demais ou ser um pouco desorganizada. O uso do Flake por toda a parte vai ser um estouro para os usuários avançados, já que ele trata tudo como uma “forma” que pode ser transformada (como uso de dimensionamento, rotação e distorção) e movida entre os aplicativos. Os gráficos vetoriais coexistem facilmente com os gráficos raster (que contêm a descrição de cada pixel, ao contrário dos gráficos vetoriais) e com o texto.
Para tarefas simples, é bem fácil usar o KOffice 2.0. Em alguns computadores ele é bem mais lento que o OpenOffice. Abrir arquivos, mesmo documentos vazios, leva bastante tempo. Mesmo a operação normal do KSpread e do KWord é um pouco lenta. Supõe-se que isso vá ser corrigido, mas ainda não se sabe se isso vai acontecer nos próximos meses ou só na versão 2.1. Fiquei com a impressão de que o KOffice promete bastante, mas ainda não é muito útil.
Obviamente, o KOffice não consiste apenas dos três aplicativos que eu mencionei. O aplicativo de banco de dados, Kexi, ainda não é parte do KOffice 2.0; o Kivio, programa de de fluxogramas nos moldes do Visio, também não. Foram lançados dois aplicativos para desenho com esta versão, o Karbon14 para vetores e o Krista para gráficos raster. Além de uma rápida espiada para checar se a interface era consistente com o resto da suíte (e era), não cheguei a experimentá-los. O mesmo vale para o KPlato, aplicativo de gerenciamento e planejamento de projetos, embora ele tenha um visual bem diferente, sem caixas de ferramentas no lado direito, provavelmente por ter necessidades muitos diferentes.
Talvez eu não esteja sendo justo, mas eu esperava mais dessa versão beta. Parece que ainda há muito trabalho pela frente até a versão 2.0 final, mas ainda faltam alguns meses para seu lançamento. Por motivos diversos, minhas tentativas anteriores de aderir ao KOffice sempre me faziam voltar rapidamente para o OpenOffice. Mesmo com tantos problemas, o KOffice (ou, mais provavelmente, o 2.1) parece uma alternativa mais plausível. Uma nova conferida daqui a alguns meses vai cair bem.
Créditos a Jake Edge – lwn.net
Tradução por Roberto Bechtlufft <roberto at bechtranslations.com>
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