KDE: fork à vista?

KDE: fork à vista?

A Fork in the Road, with No Clear Direction?
Autor original: Maurice Lawles
Publicado originalmente no:
http://distrowatch.com/
Tradução: Roberto Bechtlufft

O recém-lançado KDE 4 vem gerando um bocado de controvérsia devido a mudanças radicais no funcionamento de muitos elementos básicos, como por exemplo os ícones do desktop (que, por assim dizer, não existem mais). Uma saraivada de balas foi disparada por todos os lados, e houve algumas baixas, mas uma coisa ficou clara: a equipe de desenvolvimento do KDE confia no seu arsenal. O KDE 4 chegou para ficar.

Fedora 9 KDE 4

A inclusão do KDE 4.0 em várias distros grandes (como Fedora 9 e openSUSE 11) levou o recém-nascido KDE 4 a um público sem precedentes, e boa parte dessa gente notou que há um membro ou outro faltando no neném. O KDE 4.1 deve resolver esse problema, mas algumas pessoas estão céticas.

Em meio a esse debate, muitos usuários do Linux se perguntam o que vai acontecer com seu desktop favorito. A turma do KDE 3.5 tem uma escolha difícil pela frente: ficar com o KDE 3.5 na esperança de que haja um fork ou partir para o KDE 4 e acreditar que a equipe do KDE sabe o que é melhor para o projeto a longo prazo? Não seria melhor pular para outro barco? Se você ainda não sabe bem para onde ir, considere as alternativas.

Tenha em mente que eu não pretendo cobrir todos os desktops disponíveis aqui. Na falta de um termo melhor, isso seria exaustivo. Só estou listando os mais populares e completos.

KDE 3.5

Pois é, até o momento não existe uma data para o KDE 3.5 bater as botas, e ele continua sendo uma alternativa viável se você não for fã dos Plasmoids. Ela ainda é a versão padrão no Kubuntu 8.04, e é uma opção disponível nas distros mais badaladas, como openSUSE 11 e Fedora 9. Isso se você não se incomodar com o fato de que, em um dia ainda não determinado, o suporte à série 3.5 será encerrado.

Slackware com KDE 3.5

Gnome

O Gnome é estável e cheio de recursos. Ele é o padrão em muitas das maiores distribuições Linux, como Ubuntu e Redhat Enterprise Linux. A interface é simples – às vezes até demais. Ele é bem gerenciado e não passa por mudanças dramáticas já faz algum tempo. Isso pode ser bom e ruim. Há muitos usuários mais antigos do Gnome (como eu) que já estão ficando meio de saco cheio. As últimas versões não trouxeram melhorias muito impressionantes. Os usuário sabem o que esperar, e é isso o que o Gnome oferece: nem mais, nem menos. E para onde deve ir o usuário mais aventureiro?

Ubuntu com GNOME

Enlightenment

Este não é o desktop padrão e nem está disponível como opção por padrão na maioria das grandes distribuições, mas ele está longe de ser entediante. O Enlightenment se vangloria de tornar as coisas interessantes. Há até um LiveCD feito especialmente para demonstrar os seus recursos. Se você é fã do Ubuntu, há um derivado chamado OpenGEU que traz o Enlightenment pré-instalado e configurado. Pela minha experiência pessoal, o melhor a fazer é pegar uma distro que já traga o Enlightenment configurado. Ele é altamente configurável, mas as opções são tantas que os não-iniciados podem se confundir.

Elive com E17

Os pesos-penas

O Gnome e o KDE 3.5 oferecem não apenas um desktop, mas uma suíte de aplicativos. Nem todo mundo quer isso tudo, e a essas pessoas eu apresento os pesos-penas. Ele não abusam de sua RAM, de seu processador nem da sua paciência, e oferecem um mínimo, sem atrapalhar você.

O Xfce é o desktop escolhido pelo projeto Xubuntu, e está no meio do caminho entre um ambiente completo e um simples gerenciador de janelas. Ele pode ser configurado para usar menos recursos que o KDE e o Gnome, mas ainda oferece algum conforto aos acostumados a interfaces gráficas mais poderosas.

Quando eu quero ser geek de verdade, uso o Fluxbox. Ele é mínimo, configurável, e usa uma quantidade de RAM incrivelmente pequena (menos de 5 MB em alguns de meus sistemas). Ele ainda oferece uma grande quantidade de temas e quase nenhuma distração, ideal para aqueles momentos em que eu realmente preciso me concentrar no trabalho.

O FVWM é outro gerenciador de janelas leve que uso de vez em quando. Algumas distribuições o utilizam como modo de segurança, mas ele pode ser muito útil para uso diário. Existem distribuições Linux mais leves que oferecem o FVWM como uma alternativa mais tradicional ao Fluxbox. Ele pode até imitar outros sistemas operacionais.

Se seu senso estético estacionou em 1993, vale à pena considerar o GNUStep, uma implementação de código aberto do OpenStep. Eu consegui rodar o GNUStep em um velho Acer Aspire (com ridículos 4MB de vídeo) que ganhei quando um conhecido decidiu arrumar a garagem. Se ele funcionou com recursos tão limitados, qualquer coisa a partir de um Pentium II deve rodá-lo sem problemas.

Gentoo com XFCE

Conclusão

A história vai dizer se as mudanças no KDE 4 foram ou não acertadas. Não é a primeira vez que essas coisas acontecem na comunidade de código aberto. Há uma possibilidade real de que os desenvolvedores incorporem recursos ao KDE 4 que imitem o comportamento do tão amado KDE 3.5. Ainda é cedo para dizer.

A estrada que leva à próxima versão estável do KDE é esburacada e cheia de pedras, mas talvez devamos considerar uma rota alternativa ao invés de reclamarmos de dor nos pés. Ao contrário do que acontece em outros sistemas operacionais, o usuário Linux não é forçado a usar um desktop que não satisfaça suas necessidades. Há várias excelentes opções para aqueles dispostos a explorá-las.

Créditos a Maurice Lawleshttp://distrowatch.com/
Tradução por Roberto Bechtlufft <robertobech at gmail.com>

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