Primeiras impressões do Jibbed 5.0.1 (live CD do NetBSD)

Primeiras impressões do Jibbed 5.0.1 (live CD do NetBSD)

A first look at Jibbed 5.0.1 (a NetBSD live CD)
Autor original: Jesse Smith
Publicado originalmente no:
distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft

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Eu sempre tive muito respeito pelas diversas encarnações do BSD. Cada uma atende a um nicho interessante da comunidade de código aberto, e eu gosto de usá-las quando tenho a oportunidade. Por isso eu fiquei muito empolgado ao ler sobre o Jibbed, um live CD baseado na versão mais recente do NetBSD. Confesso que tenho pouca experiência com esse sistema operacional famoso por ser capaz de rodar em qualquer coisa, até em uma torradeira, e essa me pareceu uma boa oportunidade de conhecer as novidades do NetBSD.

O site do Jibbed tem um layout limpo e fácil de navegar. Ele agrada aos olhos e traz um monte de informações úteis sobre o projeto. Dentre essas informações estão perguntas frequentes e suas respectivas respostas, um wiki e meios para entrar em contato com o desenvolvedor. Depois de concluídos o download e a verificação de erros, eu já estava esperançoso em relação ao projeto. O arquivo de imagem do Jibbed tem tamanho mediano, com mais ou menos 465 MB. Nas minhas aventuras com o Jibbed, usei duas máquinas físicas: um laptop LG com CPU de 1,5 GHz, 2 GB de RAM e placa de vídeo ATI e um desktop genérico com CPU de 2,5 GHz, 2 GB de RAM e placa de vídeo NVIDIA. Para completar a experiência, instalei o Jibbed em uma máquina virtual também.

O boot do Jibbed mostra um bocado de texto na tela (a maioria em uma cor vermelha meio alarmante) antes de deixar o usuário em um prompt de comandos. Por padrão, o sistema faz o login do usuário em uma conta chamada “live”. Isso impede que alguém cause danos acidentalmente ao sistema, e é uma boa ideia. O usuário “live” pode passar a root facilmente sem usar senha para realizar funções administrativas. Seguindo a sugestão do site do projeto, eu rodo um “startx” para abrir o ambiente de desktop Xfce, com um visual bem convencional.

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Jibbed 5.0.1 – mudando o visual padrão

Minhas configurações de vídeo foram detectadas corretamente, e o visual padrão do Xfce é agradável e sóbrio ao mesmo tempo. Os tipos de aplicativos de sempre estão presentes na barra de início rápido na parte inferior da tela, incluindo o AbiWord para processamento de textos e o Mousepad para edição de textos. Há também um media player. O Pidgin foi incluído para mensagens instantâneas, além do Firefox (versão 3, com logotipo diferente) para navegação na web. A barra de início rápido também tem um monitor de CPU, e através dele o usuário sabe a carga de trabalho do processador. No menu de aplicativos também encontramos o Filezilla para transferir arquivos, um aplicativo de calendário, programas para alterar as configurações do sistema e um único jogo no estilo arcade.

O sistema vem com uma ferramenta gráfica chamada App Finder, que ajuda a localizar programas com base em sua categoria. É um aplicativo útil para quem não está familiarizado com o BSD ou com o Xfce, e é bom ver que alguém se deu ao trabalho de tornar o sistema mais amigável. Não há muitos programas para se escolher; a abordagem do Jibbed é a de oferecer um aplicativo para cada tarefa.

Minha conexão de rede foi detectada e ativada automaticamente. Não encontrei nenhuma ferramenta gráfica para a configuração da rede, então tive que fazer minhas alterações pela linha de comando. Para uso com essa conexão de rede, o Jibbed vem com programas de linha de comando comuns, como o SSH, o telnet e clientes FTP. O servidor SSH está disponível, mas não vem ativado por padrão. Na verdade, nenhum serviço de rede comum parece estar em execução por padrão, o que faz com que o Jibbed se apresente bastante seguro.

O suporte ao hardware tem seus altos e baixos. Minha impressora, por exemplo, não foi detectada. Meu dispositivo de internet móvel também não foi detectado, e o Jibbed se recusou a iniciar na máquina virtual. Tive a oportunidade de trocar uns emails com Zafer Aydo?an, o desenvolvedor do Jibbed. Ele me informou que o Jibbed funciona no VMware, mas não na versão atual do VirtualBox. O sistema roda no Parallels, mas sem rede. Ao inserir um pendrive, o sistema fica um tempo processando mas não monta nem reconhece o dispositivo. A montagem de unidades locais e dispositivos USB tem que ser feita manualmente. Embora os veteranos no BSD não esquentem com isso, nós que estamos acostumados ao Linux vamos ter que dar uma estudada rápida na questão da nomenclatura de dispositivos no BSD, o que não deixa de ser um inconveniente.

A boa notícia é que a placa de rede foi detectada corretamente, o som funcionou de primeira e o tratamento dado à placa de vídeo foi perfeito. E embora eu não tenha conseguido imprimir em uma impressora física, uma função para exportar arquivos para PDF foi incluída no sistema de impressão. O Jibbed rodou muito bem no meu desktop. Ele também rodou no meu laptop, mas na hora da inicialização eu recebi um monte de avisos. A placa de rede sem fio do laptop foi detectada e o Jibbed tentou configurar automaticamente uma conexão sem fio.

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Jibbed 5.0.1 – aplicativos de calendário e processamento de textos

Não deve ser surpresa para os fãs do NetBSD o fato do Jibbed ser um sistema operacional bem leve. Rodando o desktop e realizando tarefas simples, o uso de memória chegou a uns 300 MB. Quando exigi um pouco mais do sistema, rodando o media player, navegando pela web, tirando fotos da tela e digitando alguns textos no AbiWord, o uso de memória passou um pouco dos 400 MB. Pela linha de comando, sem desktop, só 40 MB são usados.

Quem não gostar da aparência padrão do Jibbed vai se interessar pelos vários temas incluídos. Também há uma ferramenta prática e útil para a manipulação da cores de fundo do desktop, incluindo uma barra deslizante que ajusta o brilho. O painel de configuração tem ferramentas para alterar a configuração do mouse, do teclado, do vídeo e do som. O lado ruim é que a documentação é meio incompleta. As páginas de manual padrão do UNIX estão incluídas, e funcionam bem como referência rápida. Elas também são importantes para quem está acostumado a digitar comandos no Linux, e quer dar uma olhada nas pequenas diferenças em seus equivalentes no BSD. Além das páginas de manual, não há muita coisa para ajudar o usuário, tirando um breve arquivo README com comandos para iniciar o desktop e alterar a senha padrão.

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Jibbed 5.0.1 – procurando comandos e obtendo ajuda

O Jibbed não tem um instalador para transferir o sistema operacional do CD para o disco rígido local. Fiquei um pouco desapontado pela falta do instalador, mas o site do projeto diz ele será acrescentado no futuro. Por enquanto, o Jibbed é só um live CD.

Sendo assim, os pacotes do sistema não são atualizados. Os usuários precisam atualizar para as versões mais recentes do CD quando elas saem. Ainda assim, o Jibbed vem com um gerenciador de pacotes, o pkg_src. Rodei o gerenciador de pacotes, que me levou a outra esquisitice do Jibbed: há partes do sistema de arquivos que aceitam escrita, e outras que só aceitam leitura. A pasta do usuário e a pasta /tmp do sistema têm permissão de escrita. Outros locais, como as pastas de programas em /usr, são apenas para leitura. Isso significa que para adicionar ou remover pacotes no Jibbed o usuário precisa remontar as pastas de sistema em modo leitura/escrita. Não sei ao certo se isso é um recurso de segurança ou um tilte inesperado.

Fiquei feliz em descobrir que o live CD vem com um compilador C funcional. Isso faz do Jibbed uma ferramenta útil para testar as capacidades multiplataforma de seus códigos sem que você precise ter uma cópia instalada do NetBSD. Até um desenvolvedor sem experiência alguma com o BSD pode inserir o CD do Jibbed e testar o código. Mas talvez o ponto alto do projeto seja mesmo seu único desenvolvedor, Zafer Aydo?an. Ele é um sujeito inteligente e amistoso, que se mostra disposto a responder às suas perguntas e a oferecer ajuda sempre que possível. Ele tem o tipo de entusiasmo que eu adoro encontrar em projetos de código aberto.

O Jibbed manteve-se estável ao longo de todo o meu período de testes. O desempenho era mais ou menos o que eu esperava de um live CD – bom, mas não terrivelmente rápido. A interface é simples e organizada e não tive nenhuma surpresa desagradável. Como um todo, o Jibbed é um produto sólido. A julgar por seu tamanho mediano e por sua pequena coleção de software para desktops, presumo que o Jibbed não tenha sido projetado para ser um sistema operacional de uso diário. Ele se sai muito bem como vitrine dos programas mais recentes do NetBSD. O CD parece voltado para pessoas que usam o NetBSD e querem descobrir o que vem por aí sem ter que fazer uma nova instalação, ou para pessoas que têm curiosidade de experimentar o NetBSD mas que ainda não querem dar esse passo. Eu gosto do que esse projeto tem a oferecer, e espero que um instalador seja incluído e que algumas pequenas melhorias sejam feitas para tornar o sistema mais amigável; isso fará do Jibbed uma experiência realmente excelente.

Créditos a Jesse Smithdistrowatch.com
Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>

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