A incompatibilidade entre conexões de periféricos

A incompatibilidade entre conexões de periféricos

Infelizmente, nem todos os periféricos e dispositivos apresentam todas as compatibilidades declaradas pelo fabricante do equipamento, embora uma determinada placa de expansão se encaixe perfeitamente no slot ou um possua uma conexão à cabo para o PC. Por este motivo, este artigo tem como objetivo esclarecer os principais casos relacionados a questões de incompatibilidades entre componentes e tecnologias.

No geral, sempre iremos nos deparar com três classes ou perfis:

  1. Em relação ao fornecimento de energia elétrica;
  2. Em relação à implementação de padrões interoperáveis;
  3. Em relação às limitações dos dispositivos.

A primeira classe envolve aspectos relacionados às especificações elétricas; Já a segunda classe refere-se propriamente à compatibilidade e retrocompatibilidade de diferentes padrões; por fim, o terceiro caso refere-se aos limites funcionais impostos pela categoria e tipo de uso dos dispositivos. Mesmo assim, haverão situações em que será difícil classificar um desses eventos, dada a possibilidade de serem apresentadas características que os encaixem em duas ou três das classes já descritas.

Bem, vamos começar com alguns exemplos práticos.

Vou lhes contar um caso ocorrido há muito tempo, em que tive a oportunidade de conhecer. Um determinado usuário resolveu seguir as opiniões de um amigo e instalou uma placa de vídeo externa para “acelerar o desempenho do sistema”, já que o seu PC mantinha uma interface de vídeo onboard. Mas infelizmente, o incauto aventureiro resolveu instalar uma antiga Riva TNT64 (AGP 2x) em um slot AGP 4x/8x universal. E era uma vez, uma placa-mãe…

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LED indicador de segurança, o qual informa se o placa de vídeo é incompatível (AGP 1x/2x, 3.3 Volts) com o slot AGP (4x/8x, 1,5 e 0,8 Volts).

“Ué, mas não deveria funcionar, tendo a performance geral nivelada pelo valor mais baixo”? Sim, se a tensão de alimentação do slot fosse compatível com a tensão requerida pela placa de vídeo. Mas não era o caso: as placas-mãe que utilizam o barramento AGP 4x e 8x requerem tensões de 1.5 e 0.8 Volts respectivamente, ao passo que as placas de vídeo AGP mais antigas requerem a tensão de 3.3 Volts (1x/2x). E, infelizmente, a placa-mãe possuía um slot universal padrão AGP 2.0. Embora ele possibilite a instalação física de uma placa AGP 2x, as especificações relacionadas à tensão de trabalho não são compatíveis. Esta é uma situação rara de acontecer, mas não foi impossível (até porque existem 3 padrões de slots com diferentes encaixes, para impedir que este tipo de situação ocorra).

Felizmente, dada aos avanços tecnológicos proporcionados pelos slots PCI-Express, tais eventos são raros de acontecer; porém, as incompatibilidades ainda existem entre os diferentes tipos de padrões: a versão 1.0 e a atual versão 2.0. Basicamente, a versão 1.0 fornece alimentação elétrica de até 75 Watts, ao passo que a versão 2.0 chega a ser 150 Watts! Então, imaginem colocar uma placa aceleradora de vídeo PCI-Express 2.0 intermediária em uma placa-mãe mais antiga? Será improvável disto acontecer, pois sabendo que a grande maioria das placas-mãe ainda utilizam o padrão antigo, o conector de alimentação auxiliar certamente estará presente; mas à médio e/ou longo prazo, será diferente?

Nem as fontes de alimentação escapariam: para determinadas placas aceleradoras de vídeo high-end, há uma exigência mínima na “amperagem” a ser fornecida.

Se observarem nas informações técnicas estampadas na caixa ou impressas em seu manual, o fabricante exigirá que as fontes de alimentação devem fornecer certos valores de “amperagem” nas linhas de 12 Volts. Então, mesmo que a sua fonte disponha do conector de alimentação de 6 pinos, seja de potência real e tenha “sei-lá-tantos” watts de potência, esta verificação ainda se faz necessária! Como os entusiastas normalmente adquirem fontes de alta capacidade (acima de 450 Watts), tais requerimentos geralmente são atendidos, embora não observados.

Este não foi o único caso do gênero que tive a oportunidade de acompanhar. Quando adquiri a minha placa de diagnóstico (POST), fui a um amigo técnico em eletrônica mostrar a novidade e aproveitar a ocasião para testá-la nas máquinas que estavam encostadas em seu laboratório. No entanto, observamos que em alguns equipamentos mais antigos, ela simplesmente não funcionava. Quando fui verificar suas especificações, descobri que o equipamento requer que o slot PCI em uso estejam de acordo com o padrão 2.0 para que pudesse funcionar corretamente…

Os discos rígidos no padrão PATA também não escapam. Antigamente, as unidades mais antigas suportavam apenas o padrão ATA/33, que por sua vez possibilita a taxa de transferência teórica em até 33 MB/seg.

Não haverá maiores inconvenientes em se conectar HDs PATA de ATA/66, ATA/100 e ATA/133 (desde que o BIOS suporte o uso de unidades maiores). Por outro lado, deveremos nos atentar com o cabo-flat em uso. Para HDs ATA/33, cabos-flat de 40 vias são suficientes; acima disso, faz-se necessário o uso de cabos-flat de 80 vias, onde as 40 vias excedentes são utilizadas apenas para atenuar a interferência eletromagnética do processo de transmissão, causadas pela altíssima vazão de dados.

Então, o que acontece se um HD ATA/100 ou ATA/133 estiver conectado por um cabo-flat de 40 vias? Normalmente, após o final do teste POST, é disparado um beep e exibido uma mensagem informando que o cabo-flat é inadequado para o disco rígido (o sistema “sabe” que o cabo é de 40 vias porque a 34a. via do cabo de 80 vias é fisicamente interrompida).

A seguir, se o usuário desleixado insistir em manter indevidamente o cabo-flat, os tipos de anomalia vão depender exclusivamente de como a placa-mãe irá lidar com esta situação. Por questões de compatibilidade, ela pode operar no modo ATA/33 e limitar a taxa de transferência do HD (resultando em baixo desempenho), ou então, operar na taxa máxima suportada pelo HD, mas com bastante interferência magnética, resultando no corrompimento de dados durante o processo de gravação.

Felizmente, com os padrões USB, as coisas são menos complicadas. Se o dispositivo e o sistema conectados utilizarem diferentes padrões, a taxa de transferência será nivelada para baixo, resultando em baixo desempenho. Mas não se iludam: determinados dispositivos requerem alta vazão para serem efetivos, como HDs USBs e câmeras digitais. Já imaginou o tempo que teríamos de aguardar para transferir uma imagem ISO de um HD para outro externo numa conexão de apenas 12 megabits por segundo? Felizmente, poucos computadores não suportam o padrão USB 2.0.

Outro aspecto crítico está na alimentação provida pelo conector USB: sabendo-se que 5 Volts e 500 mA são os valores nominais, dispositivos vorazes não poderão compartilhar o mesmo canal. Nestes casos, a utilização de um HUB USB com fonte de alimentação independente se faz indispensável. Por outro lado, teclado, mouses e pendrives podem perfeitamente compartilhar a mesma conexão, já que seus requerimentos em termos de energia elétrica são mínimos.

Outros casos de incompatibilidade são passíveis de ajustes; porém, quase sempre as intervenções realizadas acabam degradando o desempenho do periférico ou ainda, não possibilita desfrutar de todos os seus recursos. Por exemplo, embora muitas impressoras antigas (porta paralela) possam suportar altas taxas de transferência (modos EPP e ECP), estas acabam tendo suas performances limitadas se não forem utilizados cabos paralelos adequados (conforme prescreve a norma IEEE-1284). Um simples ajuste no modo de transferência da porta paralela na BIOS resolve o caso (configurando-a para modo de transferência mais simples, o SPP), porém a velocidade de impressão cairá drasticamente…

Lembro-me uma vez em que meu tio precisou da minha assistência para ver “porque é que o computador estava tão lento”. Quando cheguei lá e vendo que o PC dele precisava apenas de um módulo de memória extra, lhe informei as especificações certas; assim que ele o comprou, fui em sua casa para fazer a instalação. No entanto ao chegar, deparo-me com a máquina funcionando redondo e com o módulo extra já instalado! Perguntei a ele quem fez a instalação. e ele estufou o peito e disse: “foi eu”. E ainda complementou “se eu soubesse que esses serviços fossem assim mole, estaria ganhando muito dinheiro”!

Coitado, sem noção dos problemas que poderia enfrentar… &;-D

Por Ednei Pacheco <ednei.pacheco [at] gmail.com>
http://by-darkstar.blogspot.com/

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