A IBM e o Linux

Por:

A IBM é uma empresa quase centenária, que na maior parte da sua história dedicou-se a produzir sistemas proprietários, tentando sempre dominar áreas estratégicas do mercado, como por exemplo o ramo de grandes mainframes, a fim de poder trabalhar com
grandes margens de lucro e dificultar a entrada de concorrentes. Chegou inclusive a sofrer dois processos anti-truste por isso. O Linux por outro lado, é um sistema desenvolvido por programadores espalhados pelo mundo, que por ser gratuíto e aberto, teria
tudo para ser mais um dos inimigos da grande IBM.

Mas, muito longe disso, a IBM está investindo pesado em campanhas de popularização do Linux. Só neste ano serão 1 bilhão de dólares. Aliás a campanha já chegou aqui no Brasil, com anúncios de página inteira em várias revistas de informática.

Mas, afinal, o que a IBM pretende ao divulgar o Linux? Será que os executivos da empresa desistiram de ganhar dinheiro? Muito pelo contrário…

Veja, os principais negócios da IBM hoje em dia são vender equipamentos, entre eles vários dois mais poderosos (e caros) supercomputadores do mundo e soluções para empresas. Aliás, todo o dinheiro que gastaram para desenvolver o Deep-Blue e derrotar o
Casparov no Xadrez teve como objetivo justamente divulgar os seus mainframes.

Mas, um mainframe precisa de um sistema operacional As soluções de e-business que a IBM vende, também precisam rodar sobre algum sistema. A IBM por sua vez nunca foi muito boa em desenvolver sistemas operacionais, que o diga o OS/2, que apesar de ter
conquistado alguns admiradores, não chegou sequer a arranhar as vendas do Windows 95.

é aí que entra o Linux. O Linux é um sistema que oferece uma grande escalabilidade: pode ser usado em um mainframe com vários processadores, num desktop, ou mesmo num handheld. Além disso, por ser gratuíto, ele torna-se atrativo às empresas, pois diminui
os custos e não as prende a um sistema operacional proprietário.

Porém, nenhuma empresa vai utilizar o Linux se não souber implantar o sistema, se tiver que gastar fortunas em treinamento de funcionários, ou se o sistema que não existir uma versão Linux de algum sistema vital.

é aí que entra a IBM, que além de vender os equipamentos, vende suas soluções e dá treinamento e suporte técnico, áreas extremamente lucrativas. Na verdade, a IBM continuará desenvolvendo sistemas proprietários, a diferença é que agora eles serão
integrados ao Linux e outras plataformas abertas.

A IBM está apoiando o Linux a fim de estabelecer uma plataforma para vender seus produtos, não por caridade. Porém, isto também trará ganhos para a comunidade, pois ajudará bastante na popularização do Linux, aumentará o números de softwares disponíveis
para ele, aumentará a oferta de treinamento e de literatura, e impulsionará o desenvolvimento do sistema.

Veja que a Internet também é algo que não pertence a ninguém, porém muita gente ganha dinheiro com ela. Empresas a utilizam para vender seus produtos, uma verdadeira horda de técnicos ganha dinheiro dando suporte a usuários ou mesmo a empresas, um sem
números de empresas vende soluções baseadas na Internet, etc. Isso sem falar nos provedores de acesso e companias como a Global One, que vendem infra-estrutura. Quando um UOL, Terra ou Globo.com fazem campanhas para popularizar a Internet, não estão
fazendo nada além de aumentar o número de clientes para seus produtos.

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X