Relembre a história do PocketStation, acessório para o PS1 que fez enorme sucesso no Japão

Por: William R. Plaza

Memory card com tela LCD monocromática para entregar uma nova perspectiva ao gameplay, e que também tinha a capacidade de rodar mini-games de forma independente do console principal.

Essa descrição te lembra alguma coisa? É provável que você tenha pensado no VMU (Visual Memory Unit), lançado, em 1998, pela SEGA para o Dreamcast.

No entanto, esse artigo irá relembrar a alternativa da Sony para esse gadget do Dreamcast. Uma espécie de VMU para o PS1. O PocketStation.

O que era o PocketStation?

Lançado no Japão no dia 23 de janeiro de 1999, o PocketStation foi um acessório voltado ao PS1 que era plugado no slot para o memory card e funcionava como um híbrido entre cartão de memória e PDA. A Sony categorizava o PocketStation como um assistente digital pessoal em miniatura.

Sua função primária era o armazenamento de dados – tal qual um memory card tradicional. No entanto, assim como o VMU da Sega – que chegou ao mercado 6 meses antes – o acessório tinha algumas funções extras. 

Como fica claro pela imagem abaixo, o PocketStation tinha uma tela LCD e 5 botões. O usuário poderia transferir certos dados para o gadget para desfrutar de alguns minigames diretamente por ele. Uma jogabilidade independente do PlayStation One.

A Sony apostava em alguns diferenciais em relação ao VMU. Uma CPU mais potente, comunicação por infravermelho com outro PocketStation, e a possibilidade de armazenar múltiplos jogos e apps diretamente no memory card com tela.

Jogos compatíveis com o PocketStation

A biblioteca de títulos compatíveis com o PocketStation também superou o que a SEGA tinha com VMU. Nesse link é possível consultar a lista completa de jogos com integração ao PocketStation. Mais de 200 games foram compatíveis com o periférico.

Entre eles, temos os seguintes títulos:

  • Final Fantasy VIII
  • Crash Bandicoot 3
  • Street Figther Zero 3
  • R4: Ridger Racer Type 4
  • Dance Dance Revolution
  • Legend of Mana
  • SaGa Frontier 2

Com o PocketStation você tinha uma extensão da sua jogabilidade. Sem as amarras do console principal. Por exemplo, em Street Fighter Zero 3 você podia utilizar o PocketStation para jogar minigames que funcionavam como um treinamento para o personagem, resultando em um ganho de XP. À medida que as suas capacidades melhoravam, os personagens podiam ser carregados para serem utilizados no modo World Tour do jogo principal.

Telas do minigame de Final Fantasy VIII no PocketStation, chamado “Odekake Chocobo”

O jogo mais popular do PocketStation foi Dokodemo Issho, que vendeu mais de 1,5 milhão de cópias no Japão e é o primeiro jogo a estrelar o mascote da Sony, Toro. Abaixo a imagem da caixa do PocketStation com o Toro em destaque.

Sucesso imediato na terra do Tamagotchi

O PocketStation foi um sucesso estrondoso na terra natal da Sony, o Japão. Inicialmente, foram colocadas à venda 60.000 unidades do gadget, que se esgotaram rapidamente.  Ao longo dos seus 3 anos de mercado, a Sony produziu mais de 5 milhões de unidades do PocketStation.

Claramente, tanto o VMU quanto o PocketStation, surfaram numa maré favorável de meados dos anos 90 chamada Tamagotchi. O dispositivo lançado pela Bandai em 1996 não foi somente um sucesso estrondoso de vendas, foi um verdadeiro ícone cult, assim como o Walkman na década de 80.

Tamagotchi

Uma enxurrada de “pets virtuais” vieram com o boom do Tamagotchi, inclusive o Pocket Pikachu da Nintendo.

 

O acessório da SEGA e da Sony capturaram a essência do Tamagotchi e integraram com seus produtos principais. Uma jogada e tanto.

Além da tradicional cor branca e cinza, o PocketStation também foi vendido em outras opções. Carcaça na cor preta, translúcida, e até mesmo uma edição especial para a promoção de Tokimeki Memorial 2, lançado no mesmo ano do PocketStation, na cor vermelha.

Fim da linha

Na edição de julho de 1999 da revista americana PlayStation Magazine, um porta-voz da Sony comentou que o dispositivo não chegaria naquele ano nos EUA pelas dificuldades em atender a demanda do mercado japonês. A Sony até tinha planos de lançar o PocketStation no mercado norte-americano e europeu, mas nunca rolou.

Quando o PlayStation 2 foi lançado, a Sony anunciou que iria renovar o PocketStation. A nova versão acrescentaria memória e também melhoraria a autonomia da bateria. Mas não aconteceu. A Sony abandonou o PocketStation e se concentrou no PlayStation 2, console que virou um marco e vendas e causou enorme impacto com suas publicidades pertubadoras.

Alguns anos depois, a Sony retomou sua atenção a uma jogabilidade portátil, com o PlayStation Portable, o PSP, lançado em dezembro de 2004. Mas isso é papo para outro artigo.

O PocketStation sobrevive na mente dos colecionadores e também dos aficionados por retrogaming.

A própria Sony relembrou o gadget em 2013, com um app gratuito para o PS Vita, possibilitando curtir os minigames de Crash Bandicoot 3, Mega Man, Ape Escape, entre outros.

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Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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