Nosso entrevistado de hoje é o Alfredo Heiss que atua na AMD como especialista de hardware, desempenhando o papel de suporte para o desenvolvimento de novas tecnologias e produtos da companhia. Neste bate-papo Heiss nos conta um pouco sobre como a AMD pretende causar um grande impacto no mercado com as placas de vídeo baseadas na arquitetura Polaris, os processadores Zen, além de outros temas como a realidade virtual. Confira abaixo:
Hardware.com.br: Alfredo, primeiramente obrigado por aceitar a entrevista, queria que você se apresentasse para os nossos leitores, conte-nos um pouco dos seus afazeres dentro da AMD.
Alfredo Heiss: Eu que agradeço o espaço cedido, meu nome é Alfredo Heiss, trabalho como especialista em Hardware para a AMD South America, sou o responsável por dar suporte aos fabricantes nacionais. As minhas principais funções são supervisionar e dar suporte para o desenvolvimento de produtos que utilizam a tecnologia AMD, sejam computadores desktop, notebooks ou equipamentos industriais. Além disso, também sou o responsável pela atualização de produtos e apresentações de ROADMAP para clientes e parceiros.
Hardware.com.br: 2016 tem tudo para ser um ano incrível para a AMD com a arquitetura Polaris nas novas placas de vídeo e as CPUs e APUs Zen. O que você poderia dizer em relação a esses novos projetos? Realmente causará um up no mercado?
Alfredo Heiss: Os dois projetos serão revolucionários, Polaris chega primeiro com as placas de vídeo Radeon em breve, trazendo um desempenho e nível de eficiência energética jamais visto antes. Queremos que seja um produto que cause um impacto positivo, como foram as placas R9 Fury com as memórias HBM.
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Já o Zen, a nova arquitetura que utilizaremos em todos os processadores e APUs AMD, também será revolucionário na parte de desempenho. Mas, na minha opinião, um dos maiores benefícios será a simplificação das plataformas AMD a longo prazo, com a consolidação de todos os sockets AMD em apenas um único, o AM4.
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Hardware.com.br: Durante a CES 2016 a AMD anunciou a APU A10-7890K, primeira opção oferecer como cooler box o Wraith, que além do design, traz bons resultados em relação a eficiência e baixo nível de ruído. Aos poucos outros modelos de processadores estão chegando com este cooler. Como está sendo a recepção do público em com essa nova opção?
Alfredo Heiss: Excelente, tem sido tão boa que estão nos perguntando se venderemos o cooler separadamente dos processadores. O Wraith cooler será usado apenas com alguns modelos de processadores, agora os modelos disponíveis são o FX8370 e o A10-7890K, não venderemos esse cooler sem processadores. Mas mesmo outros processadores, como o A10-7860K, apesar de não usar o Wraith cooler, terão uma solução mais robusta e silenciosa.
Hardware.com.br: A Realidade Virtual é o novo suprassumo do mercado de games, já que promete grandes inovações em termos de imersão. A AMD inclusive durante a sua apresentação na GDC 2016 disse que detém 83% de participação no mercado de realidade virtual, graças as suas parcerias com inúmeras empresas. Como que você está vendo esse panorama da realidade virtual em games?
Alfredo Heiss: Sem dúvida a realidade virtual será o próximo passo da interação homem máquina… Acredito que a adoção dessa tecnologia será bem rápida, já que grandes players estão investindo bilhões de dólares para o desenvolvimento de novos produtos, isso não apenas para jogos, mas para diversas áreas como cinema, educação, medicina etc. Especificamente sobre jogos, o tipo de imersão que se consegue com a realidade virtual, é totalmente diferente. Posso falar isso por experiência própria, sempre gostei de acompanhar corridas de carros, gosto muito de brincar com Karts, mas sempre fui um zero à esquerda com jogos de corrida até que experimentei um simulador de realidade virtual. Poder dirigir, usando retrovisores para te orientar, ter noção das curvas por causa do efeito 3D de profundidade que o dispositivo te proporciona, muda muito a imersão que temos no jogo, e pasmem, agora eu consigo ganhar as corridas.
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Hardware.com.br: Dean Hall, criador do game DayZ, afirmou que a realidade virtual em games é um “Nintendo Wii mais caro”, já que o desenvolvedor aponta o Wii como uma plataforma que revolucionou a forma de interação a um preço bem menor em relação a realidade virtual. Você concorda com essa declaração? E em sua opinião quais serão os pontos principais que a realidade virtual em games deverá percorrer para que alcance um nível de popularidade maior.
Alfredo Heiss: Dean, com certeza, não estava pensando nos VR Cardboard onde não é necessário mais que um pedaço de papelão, tesoura e cola. Eu concordo com ele, sim, a realidade virtual é até mais revolucionário do que o Wii foi para a plataforma de consoles. Lógico que a qualidade de sua imersão dependerá do quanto foi investido no equipamento, não podemos comparar um Cardboard com um Oculus Rift, mas como teremos vários players participando desse mercado crescente, acredito que a competição fará em certo tempo com que os preços sejam acessíveis a todos. Da nossa parte, nossa próxima geração Radeon de placas de vídeo terão boas opções compatíveis com essa tecnologia, sem ter um custo tão alto, como uma placa top hoje em dia.
Hardware.com.br: Outro grande anúncio da AMD na GDC 2016 foi a Radeon Pro Duo, uma placa de vídeo poderosíssima que dentre suas características chama atenção em relação aos dois chips Fiji-XT (encontrado na Fury X) e os 8 GB de memória HBM. Como uma placa como essa poderá ajudar os desenvolvedores VR, que é justamente o público alvo da Pro Duo.
Alfredo Heiss: São 16 Tflops de poder de processamento a disposição desses desenvolvedores. A realidade virtual trouxe novos requisitos em termos de hardware, nos kits de desenvolvimento rodamos as aplicações com duas telas FullHD 120Hz. Alguns equipamentos ano que vem serão anunciados com duas telas 4K e em breve teremos demanda para computadores que rodarão duas telas 4K 120Hz. O poder computacional necessário para conseguir fazer isso é muito alto e caro, imaginem quando tivermos telas com 8K e qualidade gráfica com fotorrealismo. A Radeon Pro Duo nos permite começar a caminhar essa trilha de desenvolvimento que acontecerá nos próximos anos.
Hardware.com.br: Atualmente o desempenho bruto de um processador por exemplo ainda é o grande diferencial para boa parte dos usuários, prova disso é a busca incessante dos fabricantes a continuar mantendo certas regras para que essa expectativa continue sendo atendida. Porém atualmente a sensação que fica em muitos casos é que a nova corrida é em relação a eficiência energética, principalmente devido a ascensão dos dispositivos móveis. Em sua opinião a questão da eficiência em relação ao consumo ganhará cada vez mais espaço, roubando a atenção em relação outros elementos?
Alfredo Heiss: A AMD acredita que o maior poder de processamento ocorrerá quando conseguirmos oferecer mais núcleos de processamento pelo mesmo valor aos nossos consumidores, os processadores Bulldozer foram fruto dessa crença, e com a tecnologia que existia na época pudemos oferecer oito núcleos para o consumidor final pela primeira vez. Agora em 2016 estamos mudando nossa arquitetura para o Zen, mas não mudaremos o caminho de oferecer sempre mais desempenho para nossos clientes.
Em paralelo, temos a demanda por equipamentos cada vez mais portáteis, e isso significa que eles precisam ser eficientes energeticamente. Novas técnicas para economia de energia, novos processos de fabricação, tudo isso nos ajuda a termos produtos cada vez mais eficientes. Nós esperamos reduzir em nossos produtos o TDP máximo de mais de 200 watts para menos de 100 nesse próximo ano. Eficiência energética e maior poder de processamento não são contraditórios, estarão sempre andando lado a lado.
Hardware.com.br: Alfredo muito obrigado por esse bate-papo conosco, queria que você encerrasse dizendo o que os fãs de hardware, games e claro, os que gostam dos produtos da AMD, podem esperar daqui pra frente em relação as novidades da companhia.
Alfredo Heiss: Podem esperar da AMD uma empresa muito mais dinâmica, competitiva e pronta para atender as necessidades dos seus clientes. Nos últimos anos e com as últimas reestruturações, passamos a ter uma resposta muito mais rápidas as requisições de nossos parceiros. Acredito que toda essa mudança interna agora será visível com o portfólio de novos produtos que lançaremos a partir de 2016, e todo o roadmap de produtos para os anos à frente reforçará o quão sério a AMD concorrerá com seus adversários.
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