The H3v web browser. Is it a Dillo killer?
Autor original: Gary Richmond
Publicado originalmente no: freesoftwaremagazine.com
Tradução: Roberto Bechtlufft
Quando se trata de navegadores, o que não faltam são opções para a comunidade Unix: Firefox, Konqueror, Flock, Opera, Epiphany, Galeon, Kazehakase, Links, Elinks, Lynx, W3m e Dillo. Dos minimalistas aos relativamente pesados, tem para todos os gostos. Você deve estar pensando que nós precisamos tanto de mais um navegador quanto a Europa medieval precisava da peste bubônica, mas eu sou um grande fã de coisas novas e diferentes, das pessoas que bolam programas para resolverem seus próprios problemas. Até o Firefox teve um começo. O Hv3 é praticamente um novato no grupo dos navegadores, e definitivamente se encaixa na categoria dos “elegantes”. Acho que ele merece algum destaque.
A maioria dos navegadores modernos estão cheios de recursos para lidar com uma vasta gama de sites, e para tal trabalham com Javascript, frames e CSS. É claro que esses recursos integrados formam um baita pacote, mas se você estiver preocupado com a segurança e não quiser ser distraído por conteúdo irrelevante ao fazer pesquisas simples na internet, os bonitões Firefox e Opera podem ser supérfluos. Muitas pessoas optam por navegadores como o Lynx e o Links que, por serem baseados em texto, revelam a verdadeira velocidade da internet, mesmo em conexões mais lentas. Navegadores como o Dillo ficam no meio do caminho, oferecendo uma experiência gráfica desprovida dos elementos pesados que comem memória e ocupam o processador. O Dillo já ocupa essa posição há algum tempo e nunca teve um bom rival, por isso fiquei curioso quando esbarrei com o Hv3. Ele é baseado no engine TKhtml3, que é software livre; é escrito em C e passou pelo teste Acid2 do W3c.
Ok, o nome não é dos melhores (é uma abreviação de “html viewer”, visualizador de html) mas K3b também não é, e esse gravador/ripador de CDs é um dos tesouros do GNU/Linux, logo, não vamos julgar o livro pela capa! Mas se esse navegador realmente pegar em algum nicho, um novo nome seria uma boa. Tendo dito isso, vamos ver o que o navegador oferece.
U-hu! Sem dependências
Já começamos com uma boa notícia: o Hv3 é um executável independente, compilado estaticamente, e deve funcionar em qualquer plataforma (embora haja um pacote específico para o Puppy Linux). A instalação [no Linux]é muito simples: basta copiar e colar as instruções do site do Hv3 [Nota: usuários Windows, baixem através desse link e abra como executável convencional]:
O arquivo será baixado pelo Wget. Os usuários do Gnome podem usar o Gwget, arrastando e soltando a url na janela principal do Gwget. A turma do Firefox pode usar a extensão Fireget para cuidar disso. Mas a maneira mais simples é simplesmente copiar e colar o comando em um terminal para que o Wget se encarregue disso.
Obviamente o arquivo está compactado. Descompacte com:
Para tornar o arquivo executável, use:
E é isso. Para iniciar o navegador, entre com o comando:
Ele inicia bem rápido – talvez um pouco mais rápido que o Dillo. Os recursos são mínimos e o visual também, mas isso pode ser configurado. Por exemplo, pode ser interessante definir a página inicial. Isso não deve tornar o navegador mais lento. Ícones cinza sobre um fundo cinza não são muito empolgantes, mas você pode deixar o Hv3 mais atraente. Basta clicar em Options e escolher ícones (e tamanhos) diferentes. Eu escolhi os ícones Tango 32×32:
Assim é melhor. Mas isso é só perfumaria.
Como o Hv3 se sai renderizando páginas da web?
Como é o desempenho dele? Em uma só palavra, rápido, mas o mais importante é: como ele renderiza páginas da web? Este é o Dillo renderizando a página do Distrowatch, um bom desafio:
E este é o Hv3:
Comparado ao Firefox ou ao Konqueror o resultado não é perfeito, mas já melhorou bastante em relação ao Dillo. O contraste é ainda mais dramático no site da Amazon:
Essa comparação deve bastar para persuadir os usuários a considerarem a inclusão do Hv3 em sua caixa de ferramentas, mesmo que seja apenas pela renderização. Mas se você visitar o site da Free Software Magazine, vai notar que está faltando o widget FSdaily, bem como o link para ouvir cada artigo. Já o site de complementos da Mozilla simplesmente trava, mas pelo menos você pode abrir várias instâncias do navegador. Assim como o Dillo, o navegador não suporta SSL e por isso não pode usar o protocolo https. Com isso, transações bancárias e com cartão de crédito via internet estão fora da jogada. Dada a ausência dos demais recursos de segurança, isso não é de se espantar. Os desenvolvedores não criaram o Hv3 para esse tipo de coisa. Mas está claro que ainda há trabalho a ser feito e se os desenvolvedores pretendem manter a elegância do Hv3 pode ser que alguns sites nunca sejam renderizados corretamente.
Outros recursos
Você não deve esperar encontrar muitos recursos em um navegador minimalista, e nesse ponto você não vai se desapontar, mas o Hv3 tem alguns recursos potencialmente interessantes.
Como ocorre em outros navegadores, a navegação por abas vem habilitada por padrão, mas o espaço na tela pode ser maximizado selecionando Options > Hide Gui, que tem o mesmo efeito de tela cheia que se obtém normalmente ao pressionar F11. A maneira como o navegador realiza as pesquisas é interessante. Você pode, obviamente, digitar a URL do Google na barra de endereços, mas é mais fácil digitar um termo de pesquisa na barra de endereços e os resultados da pesquisa serão retornados pelo Google por padrão. Se quiser usar outros pesquisadores, clique em Search no menu e escolha um dentre os vários motores de busca, o que abrirá uma pequena caixa de pesquisa na parte inferior do navegador:
Escolha entre Google, Yahoo MSN, Wikipedia e Ask. Os favoritos do Mozilla também podem ser importados (selecione Import Data) e podem ser gerenciados de um modo interessante. Ao salvar um favorito, uma caixa de diálogo se abre e oferece a opção “save website text in database” – “salvar texto do website no banco de dados”. Acho que esse é um recurso único do Hv3. Os desenvolvedores chamam isso de “snapshot”, ou “instantâneo”. Além do favorito em si, o conteúdo do site, tirando os scripts e imagens, é salvo em um banco de dados:
Isso significa que o site pode ser visto quando você estiver offline, e funciona direitinho. Salve um instantâneo de uma página, desconecte a internet e você ainda vai poder ver o favorito (só não vai poder seguir os links até que esteja conectado novamente). Isso é particularmente útil devido à ausência de um item de menu do tipo “salvar página como”. O ícone de cada favorito indica o estado do instantâneo, mas isso também pode ser desativado. Excluir um favorito dá um certo trabalho. É preciso escolher “start here” no painel esquerdo para exibir os favoritos e as opções de editar, excluir o conteúdo ou salvar. Incomum.
Os instantâneos devem ser o melhor recurso do Hv3 – com uma ressalva. Quando iniciado de maneira padrão, o Hv3 só armazena os favoritos e instantâneos enquanto permanecer aberto. Esse é o comportamento ideal para quem quer navegar sem deixar vestígios de URLs na barra de endereços, cookies ou favoritos. Mas para os que quiserem manter esses detalhes os desenvolvedores oferecem o “statefile” (que na verdade é um banco de dados SQLite). Caso seja habilitado quando o programa for iniciado pela linha de comando, o statefile permite que o usuário conserve essas informações.
Para mim é como um botão que alterna o Firefox entre os perfis e o modo de segurança, só que mesmo lendo os FAQs eu não consegui descobrir como fazer isso funcionar, mesmo tendo instalado o SQLite com o apt-get. Mandei um email pedindo esclarecimentos aos desenvolvedores mas ainda não me responderam. Caso isso possa ser ativado, o usuário terá a opção de escolher qual versão do navegador deseja iniciar, de acordo com suas necessidades específicas.
Por fim, também é possível navegar por arquivos HTML e de imagens (PNG e JPG) do computador e adicioná-los aos favoritos, mas não acessar PDFs e MP3s. Isso trava o navegador, ou faz com que ele exiba um monte de lixo. Mas ele não foi feito para isso. Afinal, o “H” em Hv3 significa HTML.
É só um alpha, mas…
O navegador é estável e rápido, tem recursos legais e nem é beta ainda. Ele tem base, e se a opção do statefile funcionar, ele terá tudo o que um navegador de nicho precisa. A navegação offline sem o Google Gears é um ótimo recurso. Para um navegador leve, ele renderiza sites muito bem, e na maioria das vezes o faz melhor que o Dillo (embora eu ainda tenha que atualizar o meu para a versão mais recente, que deve se sair melhor nisso). Ele deve funcionar em qualquer plataforma e distro, e as instruções de instalação valem para pendrives, tornando o Hv3 um navegador realmente portátil. Essa é a solução ideal para computadores em bibliotecas e lan houses, onde você não quer deixar rastros. Com mais um pouco de desenvolvimento, o Dillo vai ter concorrência no mercado de navegadores de nicho.
Créditos a Gary Richmond – freesoftwaremagazine.com
Tradução por Roberto Bechtlufft <roberto at bechtranslations.com>
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