O grande momento dos jogos casuais

O grande momento dos jogos casuais
Devo confessar que sou um pouco “avesso” aos gráficos de última geração. Não é que eu não goste de jogos com imagens foto-realistas e bem detalhadas; mas, se eles não vierem acompanhados de um bom enredo e excelente jogabilidade, simplesmente não adianta nada “ser bonito de se ver”! E graças à esta particularidade, consigo tirar vantagens muito interessantes do mercado de jogos para PCs desktops…

Infinity Blade, um dos jogos causuais mais ricos em qualidade gráfica, disponível para o iOS (iPod, iPhone e iPad).

 

A começar pelo equipamento em uso: não preciso investir em hardware de ponta, nem ficar trocando de placas de vídeo 3D a cada 1 ou 2 anos. Por exemplo, já citei em oportunidades anteriores, que a minha última placa de vídeo 3D adquirida foi um modelo de entrada, a ATI Radeon 2400XT, que por sua vez continua me prestando serviços, já que a minha TV de 32” suporta apenas 1280×720. Inclusive, há tempos venho estudando a possibilidade de utilizar netbooks – baseados em plataformas com alto desempenho gráfico, como o AMD Fusion – para substituir os PCs desktops e os consoles, na utilização de jogos casuais. Bem, enquanto o meu atual Eee PC 900HD continuar dando conta do recado, vou adiando tal empreendimento para um futuro não muito distante…

A questão é: chegamos a um estágio de desenvolvimento, em que até mesmo as mais simples engines de jogos (concebidas há alguns anos) possuem uma certa qualidade gráfica, a qual pode ser considerada mais que suficiente para entreter aqueles que não são aficcionados por jogos. E o mais importante: por utilizarem menos recursos de hardware, elas se tornam mais adequadas a rodar em uma variedade maior de equipamentos, indo das antigas placas de vídeo 3D que foram lendas em suas épocas, aos mais novos IGPs e APUs que vieram para mostrar serviço. Então, porquê não deixarmos um pouco de lado a sofisticação gráfica, para dar uma maior ênfase a outros aspectos?

Nintendo Wii: o seu foco em jogos casuais garantiu-lhe ótimas vendas.

 

Vejamos o belo caso do Wii. Ao invés de ser concebido como um concorrente à altura dos poderosos PlayStation 3 e Xbox 360, o Wii veio com um hardware bem mais modesto; porém, definiu o foco dos jogos para uma classe mais generalizada: os jogos casuais. Diferentes dos jogos modernos e avançados, com inúmeras tecnologias e imagens de tirar o fôlego, a qualidade visual dos jogos para o Wii é um pouco limitada pelo fraco hardware do console, que por sua vez foi concebido propositalmente para isto, para concentrar-se no puro e mais simples entretenimento! E o resultado, todos já sabem: o console da Nintendo liderou as vendas por muito tempo, deixando para trás concorrentes poderosos. Então, como isto se deu?

Não são apenas os jogadores entusiastas que gostam de jogos: a realidade é que a grande maioria das pessoas gosta deste tipo de entretenimento. Porém, as pessoas “comuns” não estão interessadas em gráficos de última geração, com os seus efeitos visuais deslumbrantes e a grande sensação de imersão proporcionada: elas querem apenas se divertir! Além do mais, a interação mais simples e de fácil entendimento complementa este quadro, já que os controles complexos dos consoles de alto desempenho comprometem a diversão daqueles que não têm muita afinidade com os joysticks. Para variar, o número de pessoas que gostam de jogos casuais superam a quantidade de jogadores entusiastas. Logo, não é difícil compreender o successo do Wii.

No Wii, todas as formas de interação com os controles – assim como os próprios controles – foram remodeladas, com o objetivo de priorizar os comandos simples e a pura jogabilidade, sem contar ainda a possibilidade de dispor de acessórios que tragam as mais novas experiências em interatividade, como o uso de gestos e outros movimentos corporais. Por isto, os seuscontroles manuais são radicalmente diferentes dos joysticks convencionais, contando com recursos como os acelerômetros e sensores infravermelhos para detectar os movimentos e a localização no espaço, respectivamente. Em poucas palavras: jogar em um console Wii é uma experiências única, se comparado aos consoles clássicos que conhecemos!

Demonstração de uso do Wiimote, o controle padrão do console Wii.

 

Em momento algum, o foco na alta qualidade gráfica dos jogos foi um diferencial importante na citação das vantagens do Wii, tal como vemos nos consoles modernos e nas placas de vídeo disponíveis no mercado (os quais possuem índices mostruosos de desempenho, mas quem nem todos sabem o que representa na prática). E ainda assim, eles venderam bastante! E graças a este console, os jogos casuais começaram a ganhar novos contornos, onde a utilização de gráficos modestos (mas suficientes) e a jogabilidade simples (sem complicações) ditam as novas tendências. E não só se resumem aos consoles: a cada dia novos dispositivos, sistemas e aplicativos, começam a aparecer como novas plataformas para acolher estes jogos…

Em virtude do estrondoso sucesso do Wii, a Microsoft e a Sony também providenciaram novos acessórios, os quais não fazem nada mais além de oferecer uma alternativa em interatividade, se forem comparados ao console Wii. Entretanto, devemos considerar que daqui a alguns anos, os consoles PlayStation 3 e Xbox 360 serão considerados velhos e defasados, mas continuarão dispondo de performance suficiente para a criação de jogos casuais, assim como poderia ser com o próprio Wii (caso este último fosse lançado 7 anos antes): em tempos antigos, o seu poder de processamento certamente rivalizaria com muitos PCs desktops destinado a jogos.

O Sony PlayStation Vita: uma plataforma de jogos modernos baseada na arquitetura ARM!

 

Então, quando os tablets e smartphones forem dotados de hardware mais poderosos – compostos por um SoC baseado na arquitetura ARM com CPUs dual e quad-core, além de uma solução gráfica integrada poderosa como o PowerVR, o Adreno, o Tegra e o Mali – eles se tornaram mais uma opção de nova plataforma de entretenimento para os jogos casuais, ao mesmo tempo em que oferecem uma qualidade visual “suficiente” para as necessidades daqueles que se satisfazem em ver jogos “bonitos de se ver”. E o mesmo se dará com os novos consoles portáteis, onde o Nintendo 3DS e o PS Vita irão definir as fronteiras de um novo sistema de jogos modernos, onde a suficiente qualidade gráfica e a performance relativamente boa irão se equilibrar!

Na categoria dos tablets, os iPad são os gadgets preferidos de muitos usuários para serem utilizados como plataforma de games. Mas não de forma exclusiva: embora a tela touchscreen não ofereça uma boa interatividade (em termos gerais), o iPad vêm satisfazendo os seus usuários com a conveniência das aplicações do dia-a-dia, junto com as possibilidades de entretenimento, que vão do consumo de mídias digitais à execução de diversos tipos de jogos, geralmente casuais. As mesmas regras valem para os demais smartphones do mercado (incluíndo o iPhone), pois as plataformas iOS e Android possuem jogos de sobra para estes dispositivos. Inclusive, os smartphones da linha Xperia já possuem jogos próprios para eles, disponíveis através da PlayStation Network…

Embora (ainda) não tenha embalado, o Nintendo 3DS promete ser um páreo duro para os smartphones.

 

Enquanto isso, os consoles portáteis também brigarão pelo seu espaço. Dotado de duas telas LCDs e os habituais controles analógicos, o Nintendo 3DS vem com uma proposta interessante de oferecer o 3D estereoscópico sem o uso de óculos, com a utilização da metade da resolução horizontal para gerar cada imagem (o console suporta 800×240, gerando duas imagens de 400×240 para oferecer o efeito 3D). Embora as suas vendagens iniciais não tenham sido um grande sucesso, este console portátil não pode ser simplesmente desconsiderado, uma vez que a Nintendo certamente irá oferecer incentivos para a adoção de sua plataforma. Uma delas, foi a redução do seu preço, que caiu dos 250 dólares originais para apenas 169 dólares.

Por fim, a tradicional plataforma de jogos PC desktop ainda não perdeu o fôlego, embora a oferta de gráficos de última geração não seja um diferencial tão importante assim para a crescente classe dos jogos casuais. Ainda assim, a possibilidade de contar com belas telas e altas resoluções (inclusive, com a utilização de várias telas em conjunto) e a boa e velha dupla mouse & teclado, ainda podem oferecer bastante oxigênio para alguns anos de vida. Entretanto, a sua grande arma poderá não ser as suas potentes unidades gráficas, mas sim a combinação das CPUs e GPUs em uma unidade, conhecida como APUs. O baixo custo e a performance modesta (mas suficiente para os jogos casuais) poderão ser fatores que garantam uma sobrevida inesperada, a uma plataforma que tem sido considerada pelos críticos, próxima da extinção!

Plataforma AMD Fusion E-350 (nettops).

 

Pessoalmente, espero ansiosamente o console PlayStation Vita chegar, pois pelo visto, será uma interessante nova era da computação gráfica para acompanhar. Em poucas palavras: estou bastante entusiasmado, como também estou inclinado a adquirir o novo console portátil da Sony, uma vez que ainda não me adaptei muito bem com as telas touchscreen dos tablets e smartphones, considerando ainda os possíveis jogos que poderei rodar em um netbook dotado de uma boa unidade gráfica. E mesmo com as limitações do touchpad, dará para me divertir com o bom e velho… Angry Birds!

E vocês? Quais seriam os seus planos em relação aos jogos casuais? &;-D

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