Como será o nosso futuro tesouro digital?

Como será o nosso futuro tesouro digital?

É interessante notar certos hábitos de pessoas idosas. Elas guardam pequenos objetos, documentos e fotografias, para recordarem das boas lembranças de pessoas que são (e/ou foram) queridas. E muitos destes costumes são invariavelmente passados de geração para geração. Por exemplo, quantos aqui já iniciaram uma coleção de moedas com um belo exemplar dado por um avô (ou selos, se preferirem) ou herdaram antigas relíquias da família?

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Ganha um doce quem adivinhar o que representa esta imagem…

Acontece que estamos no início do século 21. E se alguns de nós ainda não cultivamos alguns fios brancos, não irá demorar muito para que este dia venha à chegar, além de um mundo inteiro de lembranças acumulados ao longo dos anos. E, à exceção das boas e velhas coleções de moedas, que objetos de recordação iremos “guardar” em plena era digital? Convenhamos: um monte de fotografias amontoadas numa caixa de sapato é que não vai ser! No entanto, continuaremos a tirar muitas fotos e mandar muitas mensagens…

A fotografia – a principal relíquia desses tesouros -, em seu formato digital, certamente estará presente, com seus espantosos volumes situados na casa dos gigabytes. Além das câmeras fotográficas, HDs e pendrives dotados de super-capacidade de armazenamento, também teremos os serviços online de compartilhamento de fotos. Convenhamos, vai ser interessante ver no marketing do Picasa algo do tipo “compartilhando momentos desde 2004”! Ah, não adiantará tentar se esconder: em muitas comunidades sociais, certamente a sua “fotinha” de tempos antigos também estará lá!

Como sabemos que uma fotografia é antiga? Bem, em outras épocas, bastaria observar os serrilhados das bordas do papel, o seu típico amarelado e os habituais desgastes causados pela passagem do tempo; mas, com o advento da fotografia digital (em que os bits não envelhecem com o tempo), como teremos a mesma percepção nostálgica? Além das diferentes roupas e penteados utilizados, poderemos notar algumas características interessantes nas tecnologias utilizadas “nestes tempos”…

À começar pelas câmeras digitais, grande parte das fotografias irão se apresentar com cores opacas e sem muita vivacidade, além dos problemas clássicos de ruídos e aberrações, os quais eram causados pelo uso de tecnologias consideradas primitivas para os tempos futuros. Se estas forem tiradas de celulares, com certeza tais evidências se apresentarão mais acentuadas. Portanto, se hoje os leitores do GdH se mostram insatisfeitos com a qualidade da câmera de seus celulares, podem apostar que irão se lembrar com nostalgia “do tempo em que ainda se utilizavam câmeras digitais compactas e evitavam-se o uso de câmeras de celulares”!

Num futuro não muito distante, certamente encontraremos sites especializados em rodar jogos antigos online, como os aclamados jogos FPS, de estratégia, de corrida, esportes e outros gêneros, os quais nos obrigaram a gastar centenas de reais com placas aceleradoras de vídeo. Só para se ter uma ideia das possibilidades futuras, tirei a poeira dos bytes onde que havia armazenado o bom e velho Quake. Joguei as fases clássicas, acrescentei alguns extras e experimentei novos binários, tudo isso porque este é um dos poucos jogos “modernos” em que o miserável IGP Intel GMA 915 consegue rodar. Então, imaginem em tempos futuros, onde certamente Crysis e outros jogos do gênero deixarão saudades…

Orkut, Facebook, MySpace, Twitter, entre outras do gênero, certamente ser tornarão outro importante repositório de tesouros digitais. Amigos que não são vistos há anos sem conta, fotografias inesquecíveis, depoimentos sinceros e muitos outros conteúdos do gênero, irão enriquecer este baú de recordações. Vivenciaremos épocas antigas, através das leituras das mensagens trocadas há anos sem conta, bem como as mensagens e postagens feitas em comunidades sociais (se ainda elas existirem). Estas, com certeza serão lidos muitas vezes, periódicamente. Ou alguém duvida disso? Se não, então recomendo que passem à caprichar, ao escreverem para os seus “miguxos” preferidos.

Entre os demais tesouros digitais que se encontrarão em nossos baús de recordações, estarão os documentos de escritório, como os textos, as planilhas e apresentações. Bem, para ser exato, acho meio difícil as pessoas “guardarem boas memórias” em textos e planilhas; mas, apenas torço para que os futuros softwares para documentos de escritório ainda consigam ler arquivos de dezenas de anos atrás (para isto, existem os padrões abertos).

O mais interessante é que, embora mudem os métodos e os recursos, a filosofia continua sendo a mesma: recordações, baseadas em imagens e palavras (seja digital ou não), serão valiosos tesouros a serem guardados. E ao mesmo tempo que os novos tempos me impressionam, também me preocupam, pois sabemos perfeitamente que os usuários desktops não têm o hábito de fazer backups. Então, imaginem um drama, em que um senhor de idade traz um notebook, que antes possuía uma unidade repleta com arquivos guardados há logos anos, vier ao seu encontro cobrar uma solução para recuperar tais documentos perdidos? Perdas e falhas no processo, serão literalmente inaceitáveis!

Como será o nosso futuro tesouro digital? Não sei quanto à vocês, mas desde que adquiri o meu primeiro PC desktop, mantenho documentos armazenados desde aquela época (1996), fazendo backups periódicos desde então (inclusive, tendo utilizado tudo o quanto é tipo de mídia: disquetes, HDs, CD-R/W, pendrives e atualmente, considerando as nuvens como opção). Muitos destes arquivos, foram abertos e salvos consecutivamente, para que os formatos adotados fossem “atualizados” (como os “.rtf”, “.doc”, “.sxw” e “.odt”, sem contar as diferentes versões do mesmo formato); outros, por questões de suporte ou compatibilidade, foram mantidos originalmente, na esperança de que um dia eu possa revê-los novamente! Se nos tempos atuais, já sentimos o impacto destes processos de transformação, imaginem em um futuro para lá de distante?

Curiosidade: a imagem referida no início do artigo foi…

A primeira fotografia reconhecida é uma imagem produzida em 1826 pelo francês Joseph Nicéphore Niépce, numa placa de estanho coberta com um derivado de petróleo fotossensível chamado Betume da Judeia. A imagem foi produzida com uma câmera, sendo exigidas cerca de oito horas de exposição à luz solar. Nièpce chamou o processo de “heliografia”, gravura com a luz do Sol. Paralelamente, outro francês, Daguerre, produzia com uma câmera escura efeitos visuais em um espetáculo denominado “Diorama”. Daguerre e Niépce trocaram correspondência durante alguns anos, vindo finalmente a firmarem sociedade.” — [Wikipedia].

Queiram ou não (saudosistas), estes serão os novos tempos! &;-D

Por Ednei Pacheco <ednei.pacheco [at] gmail.com>

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