Os upgrades estão chegando ao fim?

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Os upgrades estão chegando ao fim?

Mais do que nunca, existe uma grande tendência na indústria para integrar cada vez mais componentes nos processadores, chipsets ou pelo menos na placa mãe, diminuindo o número e a complexidade das placas de expansão.

Já tivemos várias vítimas, componentes que eram usados a dez anos atrás, mas que desapareceram dos PCs de hoje. Num 386 tínhamos a controladora IDE, do drive de disquetes além das portas seriais, paralela e do joystick agregadas numa placa separada, a famosa placa super-IDE. Tínhamos ainda a opção de comprar um coprocessador aritmético, necessário para rodar muitos aplicativos, mas que custava uma fortuna.

Hoje em dia, o coprocessador faz parte do processador principal, enquanto todos os controladores das portas de expansão fazem parte do chipset da placa mãe e não precisamos pagar nada a mais por eles.

Existe ainda o caso dos softmodems, que surgiram a partir do momento em que os processadores passaram a ser rápidos o suficiente para suportar a carga adicional. Todo mundo torcia o nariz para ele enquanto usávamos processadores Pentium 133 ou 166, já que num destes um softmodem consome em muitos casos mais da metade do processamento disponível. Mas, quando passamos a utilizar processadores de 500 MHz ou mais, isto deixou de ser importante.

Da mesma forma, outras tarefas que antes demandavam placas separadas, como edição de vídeo, hoje também podem ser feitas via software, uma forma muito mais barata de resolver as coisas 🙂

gdh1Placa super-IDE e coprocessador aritmético.
Artigos de museu.

Dentro de mais alguns anos, as placas de vídeo 3D também entrarão para o time das falecidas, pois os processadores já terão se tornado rápidos o suficiente para substituí-las, incorporando novas instruções e passando a utilizar tecnologias mais rápidas de memória RAM, como as memórias DDR-II, que realizam 4 transferências por ciclo de clock.

Utilizando memórias DDR-II de 200 MHz num barramento de 128 bits (como o usado no nForce) teríamos um barramento de dados de incríveis 12.8 GB/s, mais do que uma GeForce 4 dispõe, e claro, mas do que suficiente para rodar qualquer título que possa vir a surgir nos próximos anos a 1024×768 com o Anti-alising habilitado. Utilizando um conjunto de instruções adequado, um processador x86 com o Athlon pode ser mais rápido que um chipset de vídeo como o GeForce 4, graças à frequência bem mais alta de operação. Não podemos nos esquecer também que até lá surgirão muitas opções de placas mãe com vídeo 3D onboard de bom desempenho, assim como o nForce atual.

Naturalmente as placas dedicadas continuarão evoluindo e sempre estarão um passo a frente, mas chegaremos ao ponto em que a diferença de desempenho entre as duas soluções não compensará mais o custo adicional. Ninguém duvida que um hardmodem é melhor que um softmodem, mas a diferença de custo entre os dois faz com que quase 99% dos usuários escolham a segunda opção.

A idéia é que com a miniaturização dos transístores e o conseqüente aumento de desempenho, os processadores passam ser capazes de acumular mais funções a cada geração, eliminando a necessidade de componentes externos.

É o caso das placas mãe com componentes onboard. Hoje em dia, a maior parte dos chipsets disponíveis trazem alguns controladores integrados. Até mesmo o AMD 760-MPX, um chipset destinado a placas dual de alto desempenho possui um controlador AC’97 (áudio) integrado. Os chipsets com vídeo e rede já são comuns e a SiS já está estudando a possibilidade de incluir até mesmo controladoras Fireware em alguns modelos. É por isso que as placas com componentes onboard estão cada vez mais comuns. Não custa quase nada para os fabricantes aproveitar estes componentes, basta instalar os conectores necessários.

De certa forma, os fabricantes de chipsets também não pagam quase nada por estes componentes adicionais, apenas aproveitam o espaço vago que surge a cada nova técnica de produção (graças à miniaturização dos transístores) para incluir mais componentes e tornar seus produtos mais competitivos.

O ADM Hammer (ou Opteron, como preferir) dá mais um passo nesta direção, pois incorpora o controlador de memória, um componente que faz parte do chipset desde os primeiros PCs e ocupa a maior parte da ponte norte.

No caso do Hammer, o objetivo não é cortar custos, mas sim melhorar o desempenho do processador, diminuindo a latência do acesso à memória. Mas, uma das conseqüências óbvias será que os fabricantes terão ainda mais espaço para adicionar novos componentes no chipset.

Chegamos então à integração de componentes na própria placa mãe, que novamente representa uma grande economia de custos para os fabricantes e, consequentemente para nós usuários. Temos hoje a possibilidade de comprar uma placa mãe com vídeo, som, rede e RAID mais barato do que uma placa para 386, que não vinha com praticamente nada além do BIOS custava a 12 anos atrás.

O exemplo mais gritante disto é a plataforma Eden, desenvolvida pela Via, onde temos uma placa mãe menor que uma folha de papel A4, que custa menos de 100 dólares e que vem com som, video, rede e um processador C3 soldado. Existe até mesmo a possibilidade de utilizar o suporte a memória flash incluído no chipset para substituir o HD por um chip de memória flash, no caso de PCs destinados a pontos de venda, terminais leves e outras aplicações que não demandem uma grande quantidade de armazenamento de dados.

Na próxima geração, pode ser que este chip de memória flash já esteja integrado no próprio chipset, ou que a placa mãe utilize algum tipo de memória RAM não volátil, como memórias MRAM, que já estão em estágio avançado de desenvolvimento e você não precise mais nem de HD. Em compensação, as placas possuem um único slot PCI para a instalação de um modem, tornando as possibilidades de expansão quase nulas:

gdh2Tudo onboard 🙂

Chegamos então ao tema principal deste artigo. Se todos componentes passam a fazer parte do processador, do chipset ou da placa mãe e em muitos casos o próprio processador já vem soldado na placa, as possibilidades de upgrades tornam-se quase nulas. Significa que os upgrades estão chegando ao fim?

Não necessariamente. Antigamente trocávamos uma super-IDE ISA por uma VLB para melhorar o desempenho do HD, hoje trocamos uma TnT por uma GeForce também para melhorar o desempenho, mas em compensação não precisamos mais nos preocupar com o problema do desempenho do HD, já que a controladora ATA 100 ou ATA 133 integrada na placa mãe já é mais do que suficiente. A idéia é que não importa se um componente é onboard ou não, mas se ele desempenha suas funções de forma adequada.

Uma SB Live tem uma qualidade de som claramente melhor do que o som onboard com chipset Realtek da ECS K7S5A, ou que os chipsets AC’97 usados na maior parte das placas. Mas, se a disputa for contra um chipset de áudio CMEDIA, ou o áudio onboard de uma placa com o nForce a decisão já será muito mais apertada e a maior parte dos usuários já escolherá ficar com o som onboard, que não custa nada.

Ou seja, com a integração de componentes de qualidade nas placas mãe, passaremos a gastar menos dinheiro com placas de som, rede, modems, placas RAID e placas 3D já que as onboard já darão conta do recado e passaremos a poder investir em outros componentes hoje ainda negligenciados, ou acessórios que ainda são muito caros hoje em dia, mas que serão de uso geral em pouco tempo. Que tal um monitor de 21, um conjunto de caixas acústicas decente, uma webpad e MP3Man, um segundo micro, um notebook ou uma rede sem fio?

Não deixaremos de atualizar nossos PCs por causa dos componentes onboard, pelo contrário, teremos cada vez mais pelo mesmo preço, desde que você não caia na armadilha dos marketeiros, que usam homenzinhos azuis, verdes, caranguejos, ou o que quer que seja para convencer você a continuar comprando as novas versões dos produtos, mesmo que não precise. Seja esperto, se informe e saiba investir seu dinheiro nos artigos de que você realmente precisa.

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