Fedora 13: entrevista e primeiras impressões

Fedora 13: entrevista e primeiras impressões

Fedora 13 – interview and first look

Autor original: Jesse Smith

Publicado originalmente no: distrowatch.com

Tradução: Roberto Bechtlufft

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Na minha opinião, o Fedora é uma das distribuições Linux mais interessantes disponíveis hoje. Sua tecnologia é avançadíssima, por vezes indo além do que se imagina ser a última novidade. O Projeto Fedora não só tem pacotes atualizados, como também uma grande infraestrutura, graças ao suporte recebido da Red Hat. Essa combinação resulta em um sistema operacional que está sempre mudando e apresentando novas ideias. Para saber mais sobre as mudanças que estão ocorrendo no momento na comunidade do Fedora, eu conversei com alguns integrantes da equipe do projeto. Fiz algumas perguntas a eles, e aqui estão suas respostas.

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DW: Dentre os novos recursos listados para o Fedora 13 temos a instalação automática de drivers de impressoras. Parece uma maneira muito conveniente do usuário obter os drivers necessários. Quais foram as medidas tomadas para que o serviço não “passasse dos limites”? Algumas pessoas ficaram preocupadas pelo fato de usuários comuns (não root) poderem baixar e instalar pacotes no Fedora 12. No caso dos drivers de impressora, qual é a diferença?

FP: A instalação de pacotes de suporte a impressoras, incluindo drivers, é realizada pelo system-config-printer, que é desenvolvido e mantido pelo Fedora e adotado por todas as distribuições de maior destaque. Ele tira proveito do PackageKit, uma ferramenta que não está presa a nenhuma distribuição e que é mantida pelo Fedora. O PackageKit otimiza o gerenciamento de software e integra essa função ao desktop. O PackageKit, por sua ver, depende do PolicyKit, um framework para gerenciamento do acesso a operações privilegiadas por processos sem privilégios, e que também é mantido pelo Fedora.

Quando um driver de impressora é necessário, uma mensagem é gerada no D-Bus para que o PackageKit saiba que um pacote de software precisa ser instalado. A solicitação passa pela diretiva aplicável do PolicyKit, e na diretiva atual uma caixa de diálogo é gerada, pedindo ao usuário a senha de administrador. O dono do sistema pode alterar a diretiva do sistema para que isso não seja necessário, se assim desejar.

Há uma explicação útil da história e do desenvolvimento de diretivas de gerenciamento de software do Fedora nesta mensagem de Owen Taylor na lista de discussão fedora-devel. Para lidar com eventuais preocupações com privilégios de segurança, agora temos uma diretiva de escalada de privilégios que explica tudo em detalhes, graças à equipe de controle de qualidade do Fedora, e a opinião construtiva da comunidade será muito bem-vinda.

DW: Na nova versão, o driver Nouveau vem incluso. O Nouveau é capaz de substituir completamente o driver proprietário da NVIDIA?

FP: O Fedora está totalmente focado em software livre e de código aberto, e a liberdade é um de nossos valores principais. A falta de liberdade e a incapacidade de se adicionar recursos, resolver bugs e fazer a manutenção, por mais conhecimento que nossa equipe tenha, faz dos drivers proprietários uma escolha insustentável. Embora o driver nv da NVIDIA fosse tecnicamente de código aberto, era difícil entender seu código e inviável para a comunidade mantê-lo. Até a NVIDIA parou de manter esse driver.

Quando o Nouveau foi lançado, percebemos o grande potencial do projeto. O Nouveau foi apresentado no Fedora 7 como driver opcional, e se tornou o padrão para placas da NVIDIA no Fedora 11. A Red Hat também apoia esse trabalho, e contratou Ben Skeggs, um dos principais desenvolvedores do projeto Nouveau, para ajudar a levá-lo em frente.

Enquanto trabalhávamos em uma maior estabilização do driver, Linus Torvalds disse querer que a integração do driver ao kernel do Linux acontecesse logo, em parte porque ele usa o Fedora com uma placa de vídeo da NVIDIA. Com a rápida ajuda de Dave Airlie da Red Hat, o mantenedor do subsistema DRI do upstream no kernel do Linux, o processo se deu tranquilamente, e o driver foi adotado por outras distribuições também, para o benefício de todos.

Com o Fedora 13, somos a primeira distribuição do mundo a introduzir a funcionalidade 3D para a NVIDIA através do driver Nouveau, totalmente livre e de código aberto. Você pode ativá-la instalando o pacote mesa-dri-drivers-experimental. Depois disso, reinicie qualquer aplicativo do X para tirar proveito desse suporte. É sempre incrível o que um grupo de indivíduos dedicados consegue realizar, embora seja irônico que tenhamos que fazer isso sem o apoio da NVIDIA, porque bons drivers livres e de código aberto só vão aumentar as vendas de hardware do fabricante.

Ainda temos que trabalhar para melhorar a estabilidade, o desempenho e as capacidades de gerenciamento de energia, dentre outros recursos. Mas já estamos à frente em algumas áreas, como no suporte à configuração de modo do kernel, e estamos avançando rapidamente no preenchimento das lacunas. Isso é especialmente notável porque o Nouveau é um trabalho audacioso, e funciona sem suporte algum do fornecedor do hardware, e na completa ausência de especificações de hardware. Um driver do X.Org para um hardware amplamente usado é muito importante para estar sob o controle de um único fornecedor e ser considerado um segredo comercial.

Só o suporte a 3D do Nouveau é que ainda está em estágio experimental. Gostaríamos de estabilizá-lo e incluir suporte instantâneo na próxima versão. A comunidade de software livre pode se unir a nós e participar nesse trabalho, oferecendo suas valiosas opiniões. Como temos essa cultura de trabalhar junto aos projetos do upstream, suas opiniões vão trazer benefícios a todos mesmo que você não seja um usuário do Fedora.

DW: Um novo recurso, o boot.fedoraproject.org (ou BFO), oferece aos usuários com conexões rápidas com a internet a capacidade de rodar o instalador do Fedora via rede. No momento, o site do BFO é meio econômico nos detalhes. Você poderia nos explicar o que é o BFO, e como ele irá ajudar aos usuários do Fedora?

FP: Resumindo, o BFO é uma nova e ótima maneira dos usuários instalarem o Fedora, usarem-no em sua versão live e outras coisas legais relacionadas à inicialização e à instalação. É um método poderoso, flexível e fácil de usar para realizar uma instalação via rede, e o Fedora é a primeira distribuição a integrá-lo. Um usuário pode facilmente baixar uma pequena imagem ISO e gravá-la em um disquete, um CD ou DVD ou em um pendrive e inicializar o hospedeiro a partir dessa mídia. Como mágica, o usuário é apresentado a um menu com diferentes opções de inicialização e instalação.

O benefício para os usuários do Fedora é que um arquivo de imagem pequeno e único é tudo o que você precisa para começar a usar o Fedora. Além do mais, todas as versões do Fedora que ainda são suportadas, além das versões pré-lançamento, estarão disponíveis em todas as arquiteturas a partir desta imagem única, que não precisa mudar de versão para versão. Uma possibilidade é a de que o método do BOF venha a substituir os downloads de DVDs em lugares com banda de sobra, e ele é claramente voltado para os usuários com conexões de internet confiáveis e de alta velocidade. Mike McGrath, da Red Hat, e também líder da equipe de infraestrutura do Fedora, comanda esse trabalho porque está interessado em diminuir a quantidade de imagens de lançamentos que gerenciamos, oferecendo soluções melhores para nossos usuários.

O BFO é basicamente uma versão do boot.kernel.org com a marca do Fedora. Somos muito agradecidos a John “warthog9” Hawley, administrador do kernel.org e um bom amigo do Projeto Fedora, por ser um pioneiro no trabalho com o BFO.

DW: Temos visto algumas melhorias no sistema de arquivos Btrfs, como reversões práticas (ou “rollbacks”) e snapshots. No momento, o Btrfs ainda parece ser tratado como um complemento experimental. Vai demorar para esse sistema de arquivos ser oferecido em pé de igualdade com outros sistemas de arquivos, como o ext4?

FP: No Fedora 13, o Btrfs ainda é considerado um sistema de arquivos experimental, mas basta passar “btrfs” como opção ao instalador para ativá-lo. O Btrfs tem alguns recursos novos empolgantes, dos quais os usuários vão gostar muito, como a criação de snapshots, e o Fedora 13 também vai incluir um plugin do Yum para tirar proveito dele. O pacote yum-plugin-fs-snapshot foi desenvolvido de maneira genérica, e cria snapshots com volumes LVM e Btrfs. Um snapshot criado antes de qualquer transação com pacotes, como uma atualização ou remoção de pacotes, pode torná-las reversíveis, permitindo que o usuário se recupere de problemas mais rapidamente. O Btrfs também tem a interessante capacidade de converter sistemas ext3 ou ext4 para btrfs, o que é fantástico!

Apesar desses recursos tão úteis, um sistema de arquivos é uma parte muito crítica do software. Temos que adotar uma abordagem mais sistemática e conservadora com o Btrfs como novo sistema de arquivos, pois os usuários precisam confiar nele para armazenar seus dados. Estamos mais confiantes com o Btrfs porque ele oferece uma forte integridade de dados, ao contrário de outros sistemas de arquivos que só se focam na proteção dos metadados. Ainda assim, bugs no sistema de arquivos podem ser críticos, e queremos garantir que o Btrfs seja bem testado antes de se tornar o padrão.

Acreditamos muito no Btrfs como sistema de arquivos de próxima geração do Fedora. Além da Oracle, a Red Hat é a principal contribuidora desse sistema de arquivos, e como o Fedora se beneficia da experiência fornecida por seu patrocinador, vamos liderar a integração e a migração para o Btrfs. Esperamos não apenas torná-lo o padrão como também integrá-lo completamente, expondo suas capacidades de maneiras úteis. Além do plugin do Yum, esperamos integrá-lo melhor ao desktop. Uma proposta é a de criar snapshots do sistema de arquivos em intervalos regulares, e de oferecer uma extensão do gerenciador de arquivos com uma linha do tempo, permitindo avançar e retroceder entre os dados do usuário conforme a necessidade. A intenção é torná-lo o sistema de arquivos padrão em um dos próximos lançamentos.

Mesmo que sofra alterações no futuro, os desenvolvedores se comprometeram a dar suporte ao formato atual, em prol da compatibilidade. Josef Bacik, desenvolvedor do Btrfs pela Red Hat, está trabalhando em tempo integral para estabilizar o sistema de arquivos, aparar as pontas soltas que ainda restam no upstream e nos ajudar a concretizar nossos planos para o Btrfs no Fedora. Você pode ler de forma bem mais detalhada sobre as ideias dele aqui.

DW: As notas de versão dizem que o PowerPC agora é uma arquitetura secundária. Isso significa que não teremos spins oficiais para essa arquitetura? O Projeto Fedora vai hospedar spins da comunidade?

FP: A partir do Fedora 13, o PowerPC será uma arquitetura secundária mantida pela comunidade do Fedora. Quem se interessar pode ajudar a dar suporte e gerenciar essas arquiteturas. As arquiteturas principais, x86 e x86_64, serão gerenciadas pela equipe oficial de engenheiros do Fedora.

A verdadeira diferença é que, se pacotes forem compilados com sucesso nas arquiteturas principais, vamos seguir em frente independentemente da situação na arquitetura PowerPC. O Fedora vai continuar oferecendo suporte à infraestrutura necessária para que a arquitetura PowerPC e as demais arquiteturas sejam funcionais, e hospedará quaisquer lançamentos da comunidade para PowerPC. Também temos equipes para arquiteturas secundárias, como ARM, SPARC e outras. Sempre que um grupo de pessoas estiver interessado em trabalhar e formar uma comunidade em torno de seus interesses específicos, nós teremos o prazer de ajudar. Essa diversidade nos ajuda a oferecer maior portabilidade e flexibilidade, um objetivo que vale a pena perseguir. Essas equipes precisam de uma maior participação da comunidade para que as coisas andem. Se você estiver interessado, sua participação será muito bem-vinda.

DW: Sempre se especula quantos usuários a comunidade Linux tem. Com ferramentas como o Smolt, eu suspeito que o Fedora esteja em uma posição melhor para avaliar o tamanho da comunidade do que a maioria das outras pessoas. Quantos usuários o Fedora tem?

FP: O Smolt é desenvolvido e mantido pelo Fedora, para que os usuários enviem os perfis de seus sistemas. Ele foi adotado por outras distribuições, como o openSUSE, e todos que quiserem adotá-lo são bem-vindos. Em vez de contar a quantidade de usuários, ele é mais útil para que os usuários compartilhem detalhes de seus sistemas para ajudar-nos a resolver problemas e entender qual hardware devemos priorizar em nosso trabalho. O Smolt é usado no Fedora mediante aceitação dos usuários, e só lhes é solicitado que participem uma vez, no final da instalação gráfica do Fedora.

Sendo assim, nós mantemos algumas medições de forma transparente com relação ao número de downloads de sistemas e conexões do Yum ao gerenciador de mirrors do Fedora. Considerando todas as pegadinhas mencionadas na página do Wiki, do Fedora 7 ao Fedora 12, temos 21 milhões de endereços de IP únicos que fizeram contato conosco. Algumas versões mais antigas contam com números maiores, porque tiveram mais tempo para acumular usuários, e como mostram os fóruns e listas de discussão, há uma quantidade significativa de pessoas em todo o mundo que ainda instalam e usam versões mais antigas do Fedora. Só que esses números não se traduzem diretamente em um número específico de usuários, porque não registramos as pessoas diretamente. Entendemos que são vários milhões de usuários, e levamos essa responsabilidade a sério.

DW: Há vários spins diferentes nesta versão. Um deles é só para segurança e recuperação, por exemplo. O Fedora vai tentar se dedicar a outros nichos em vez de ser um sistema operacional de fins gerais?

FP: O Fedora vai continuar sendo um bom sistema operacional para fins gerais. Os spins do Fedora são para os contribuidores interessados em um nicho específico e na formação de uma comunidade em torno desse nicho. Os usuários gostam das experiências de usuário bem definidas desses spins. Muitos desses spins são únicos, e trouxeram novas contribuições e permitiram uma maior integração de vários projetos do upstream com os quais colaboramos. É uma comunidade que não para de crescer. Agora temos um site redesenhado e uma plataforma para os spins do Fedora. Dê uma olhada em spins.fedoraproject.org para ver como os criadores de spins podem divulgar seu trabalho.

DW: Há algum tempo, foi anunciado que a equipe do Fedora estava à procura de um novo líder para o projeto. O cargo já tem dono?

FP: O atual líder do projeto, Paul Frields, indicou em seu blog que o processo levaria algum tempo. Obviamente, esse é um trabalho muito crucial para o Projeto Fedora, e não temos pressa. Não temos ditadores permanentes (benevolentes ou não) no Fedora, e acreditamos que novas lideranças em intervalos regulares trazem novas ideias ao projeto. Tivemos muita sorte em contar com a expertise de vários líderes de projeto, e mal podemos esperar para trabalhar com o próximo.

Paul Frields está conosco desde a criação do Fedora, e vai continuar contribuindo regularmente com o projeto, além de nos ajudar a fazer uma transição tranquila. Como os líderes do Projeto Fedora são empregados da Red Hat, é preciso haver um processo de contratação, mas há uma quantidade expressiva de pessoas envolvidas no processo, incluindo o Conselho do Fedora. A decisão será anunciada aos quatro ventos assim que for tomada.

DW: Algumas grandes empresas, como o Google, a Microsoft e a Canonical, estão se focando na tão badalada nuvem. O Fedora vai oferecer serviços baseados na nuvem, como o compartilhamento de documentos?

FP: Recentemente nós formamos um SIG (grupo de interesse específico) para a computação em nuvem, com o objetivo de tirar proveito de nossa expertise e de nossas contribuições de longa data à virtualização. Nossa infraestrutura, assim como o resto do projeto, é composta de software livre e de código aberto, e não temos absolutamente nenhum interesse em serviços web proprietários. O Projeto Fedora já utiliza serviços como o Gobby e o Fedora Hosted para colaborações no projeto. Não temos planos no momento para oferecer esses serviços para usuários finais, e certamente não para gerar lucros, mas se for viável será um prazer oferecer serviços alternativos totalmente livres que tragam recursos úteis aos nossos usuários sem interferir em sua liberdade.

No momento, esse SIG está focado na integração da nuvem ao nosso processo de engenharia de versões, de modo que cada versão do Fedora produza imagens oficiais para uso nos serviços em nuvem, começando pelo EC2. Embora nosso objetivo principal seja a disponibilidade da plataforma Fedora, e o fornecimento de serviços para contribuidores e participantes, sempre que possível nós queremos criar oportunidades para mais colaboração. Encorajamos os indivíduos interessados e dispostos a participar a se unirem ao nosso SIG, expandindo o nosso trabalho.

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Eu baixei a edição live do Fedora 13 com o KDE, e gravei-a em um CD. Infelizmente, as coisas começaram mal. Comecei meus testes com o Fedora no meu laptop HP (CPU dual-core de 2,5 GHz, 3 GB de RAM, placa de vídeo Intel) e achei o processo de inicialização um pouco lento. Ao chegar ao ambiente live de desktop, o sistema começou a se arrastar no meu laptop. Mesmo a abertura de aplicativos simples, como uma janela do terminal, levava uns vinte segundos. Em uma verificação rápida (bom, não tão rápida), atestei que os efeitos de desktop não estavam ativados, e eu desativei todos os serviços desnecessários. Fuçando mais um pouco, vi que o X estava ocupando mais de 80% da minha CPU mesmo quando nada acontecia na tela, e mais ciclos eram usados quando eu abria ou movia janelas. Testei configurações de vídeo diferentes, desativei a configuração de modo do kernel, e nada da situação melhorar.

Não fiquei tão surpreso assim, já que meu laptop teve o mesmo problema com o Fedora 12. O que me surpreendeu foram outras regressões no reconhecimento do hardware. Versões recentes do Fedora detectaram e usaram automaticamente minha placa de rede sem fio da Intel e meu modem de internet móvel Novatel. Não foi o caso desta vez; minha placa de rede sem fio não foi detectada, e meu modem de internet móvel exigiu alguns ajustes para funcionar. O touchpad não detectava toques rápidos como cliques do mouse, como também ocorreu em versões anteriores. Acredito que isso ocorra para que se mantenha a conformidade com as configurações do upstream, uma política que eu aplaudiria, se ela não exigisse a edição manual de arquivos de texto para que o recurso, disponível imediatamente em quase todas as distribuições Linux, funcionasse.

A princípio as coisas não pareceram muito melhores no meu desktop (CPU de 2,5 GHz, 2 GB de RAM, placa de vídeo NVIDIA), onde a inicialização do live CD levou oito minutos (da tela do GRUB ao desktop). No entanto, quando cheguei ao desktop, o desempenho foi bom e ficou no nível de outros ambientes live com o KDE 4. A resolução da tela usa um padrão razoável, e o som funcionou de primeira. Com isso, a maior parte dos meus testes foi realizada no meu desktop.

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Fedora 13 – particionando o disco rígido

O instalador do Fedora não mudou muito por fora, e não traz surpresas para quem já instalou a distribuição antes. Ele começa pedindo ao usuário que escolha um layout de teclado e o tipo de dispositivo de armazenamento que será usado (por exemplo, um disco local comum ou um dispositivo de armazenamento em rede). Depois o usuário escolhe um nome de host para a máquina e seleciona o fuso horário. Em seguida, a criação da senha para a conta de root, que antecede o particionamento do disco. O instalador oferece um bom número de opções para particionar o disco; os usuários podem optar por usar o disco inteiro com o Fedora, substituir uma instalação recente, encolher partições existentes para liberar mais espaço, usar o espaço livre disponível ou criar um layout personalizado. A tela de personalização do layout é simples e flexível, provavelmente uma das mais fáceis de usar e mais poderosas que eu já vi.

A ferramenta de particionamento aceita configurações comuns, de LVM e RAID, e também criptografia com um clique. Minha única reclamação é a respeito da instalação a partir do live CD. O instalador exige que a partição raiz (/) seja formatada como ext4. O Fedora 12 também tinha esse problema, e eu acho um isso um tanto esquisito. Há motivos para um usuário montar a partição / como ext4, mas não me parece ser uma boa ideia forçar os usuários a seguirem esse caminho. O instalador finaliza pedindo ao usuário que confirme as configurações do gerenciador de inicialização antes de copiar os arquivos necessários para o disco. Depois que a instalação é concluída, o usuário pode reinicializar, e chega ao assistente de primeira inicialização. O assistente exibe um contrato de licença, e pede ao usuário que crie uma conta de usuário comum. Em seguida, o usuário deve definir a hora atual e, se quiser, pode enviar um perfil de hardware do Smolt ao Projeto Fedora. Eu gosto do conceito do Smolt como forma de identificar o hardware que deve ser suportado pelo Fedora.

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Fedora 13 – trabalhando com a tela e com plasmoids

O menu de aplicativos tem uma coleção de software generosa. A instalação de 2 GB entrega ao usuário uma cópia do KOffice 2.1, alguns jogos, visualizador de imagens, visualizador de documentos, cliente para blogs, o navegador Konqueror, clientes de mensagens instantâneas e um cliente de desktop remoto. Além disso, o usuário conta com player de vídeo, player de música e com o gravador de CDs K3b. O Fedora também traz ferramentas para gerenciar o SELinux, um gerenciador de certificados e um programa de criptografia. Tirando as coisas de sempre, como editor de texto, calculadora e programa para anotações, o menu também traz aplicativos úteis para gerenciamento de firewall, configuração de serviços do sistema e criação de contas de usuário. Estranhei a ausência de programas populares como o Firefox e o GIMP. O projeto está comprometido a incluir apenas software livre, e não inclui suporte a codecs de vídeo populares, bibliotecas de MP3 ou plugins para o Flash. Esses complementos podem ser encontrados em um repositório de terceiros, o RPM Fusion.

Para ver como o Fedora se sairia com menos recursos, tentei rodá-lo em uma máquina virtual do VirtualBox. O sistema exibiu a tela gráfica de inicialização e travou. Após vários minutos sem que o CD fosse acessado, eu fechei o ambiente virtual e tentei reinicializar sem a tela gráfica. O sistema travava ao tentar aplicar regras de firewall relacionadas ao IPv6. Desativei o IPv6 no gerenciador de inicialização, e aí o sistema entrou corretamente. Foi estranho esse bug aparecer apenas na máquina virtual. Descobri que o sistema precisa de 750 MB de RAM para rodar do live CD, e de uns 512 MB com swap para funcionar instalado no HD.

O Fedora usa o Yum para gerenciar pacotes, e não houve surpresas no gerenciamento de software. Nem a interface de linha de comando nem a gráfica parecem ter mudado nos últimos seis meses. Tive problemas ao instalar, remover e atualizar pacotes. A única coisa que me chamou a atenção no gerenciamento de pacotes do Fedora foi o plugin Presto. O Presto é um plugin para o Yum que permite ao gerenciador de pacotes baixar pacotes delta e aplicá-los como atualizações, em vez de baixar o pacote inteiro. De modo geral, essas atualizações delta diminuíram o tamanho dos meus downloads entre 20% e 40%. Essa é uma tecnologia muito bem-vinda, e que já está disponível há algumas versões. Dada a quantidade de banda que uma única instalação recebendo atualizações pode utilizar ao longo de sua vida, e levando-se em conta que o Fedora provavelmente tem alguns milhões de usuários, o Presto talvez esteja poupando alguns terabytes de banda aos usuários e mirrors. Trata-se de um comportamento padrão que eu espero que outras distros adotem no futuro.

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Fedora 13 – lidando com pacotes e diretivas do SELinux

De modo geral, eu gosto da abordagem da equipe do Fedora com relação à segurança. O instalador insiste em definir uma senha de root e criar uma conta de usuário comum. O SELinux vem ativado por padrão, e tem ferramentas convenientes para o gerenciamento das políticas dele. Gosto do fato da criptografia de partições no instalador ser tão fácil e intuitivo. No live CD, o firewall vem ativado e o OpenSSH desligado, embora a porta do firewall para o SSH esteja aberta para o caso do usuário ativar o serviço depois. Só estranhei o fato de usuários comuns poderem reiniciar ou desligar a máquina. Isso não deve ser problema para quem estiver logado localmente. Seria chato ter que logar na conta de root só para desligar o computador que está bem na sua frente. Só que as contas de usuário comum também podem desligar a máquina remotamente se o SSH estiver ativado, e sem virar root, um problema em potencial para o administrador desatento.

De modo geral, o Fedora 13 é muito semelhante ao Fedora 12, sendo um sistema operacional moderno, estável e bem pensado. Só que preciso reclamar de certas coisas que se destacaram. Não gosto de me focar na compatibilidade com o hardware, mas o Fedora 13 deu um grande passo para trás no meu caso, especialmente no meu laptop. Ele consumiu mais recursos, rodou mais devagar do que a versão anterior e não funcionou com hardware do qual as versões 11 e 12 davam conta. Forçar os usuários a baixarem o DVD inteiro para depois impedi-los de escolher o sistema de arquivos do raiz também é, na minha opinião, uma péssima escolha de design, evitada por outras distros em seus live CDs. Tirando esses problemas, gostei do tempo que passei usando o Fedora. O projeto oferece um bom equilíbrio entre software novo e ferramentas de configuração consagradas. Vale a pena dar uma olhada, se você estiver interessado em experimentar novas tecnologias e uma implementação bem acabada do SELinux.

Créditos a Jesse Smithdistrowatch.com

Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>

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