Experimentando o MeeGo 1.0

Experimentando o MeeGo 1.0

Playing with MeeGo 1.0

Autor original: Jonathan Corbet

Publicado originalmente no: lwn.net

Tradução: Roberto Bechtlufft

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O projeto MeeGo, resultado da união entre o Moblin e o Maemo, lançou a versão 1.0 da plataforma que dá nome ao projeto no dia 25 de maio, com sua primeira incursão na “experiência de usuário para netbooks”. Eu, que tenho um netbook dando bobeira por aqui, decidi experimentar o MeeGo para ver o que mudou desde a análise que fiz do Moblin em novembro. O jeitão do sistema continua bastante parecido, mas houve alguns progressos dignos de nota. O MeeGo tem mais cara de um produto finalizado do que o Moblin tinha.

Os conceitos gerais de interface de usuário definidos pelo Moblin não mudaram muito na fusão com o Maemo. Ainda há uma tela inicial que oferece acesso às atividades recentes, como páginas da web e conversas com outras pessoas. A linha de ícones no topo ainda mostra o que os desenvolvedores do MeeGo acreditam que os usuários vão querer fazer com um netbook: conversar com os amigos, navegar pela internet, ouvir música e afins. A qualidade dos gráficos e da animação melhorou muito, mas o modelo básico de interação é o mesmo do Moblin.

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Tela inicial do MeeGo 1.0

Há uma diferença interessante entre rodar uma atividade a partir da barra de ícones no topo da tela e rodar um aplicativo. Os aplicativos são executados em “zonas”, que são basicamente desktops virtuais que abrigam uma janela cada. O usuário se move rapidamente entre as zonas, levando o ponteiro do mouse ao topo da tela, selecionando o ícone das zonas (que exibe as zonas ativas) e escolhendo seu novo destino. É parecido com o que acontece quando você segura a tecla “home” em um sistema Android. Mas a coisa é diferente com um aplicativo executado a partir da barra superior (como o player de música ou o navegador web): ele não tem zona, e não dá para entrar ou sair dele usando esse recurso. Na minha opinião, isso é um pouco inconsistente e confuso.

E por falar em navegadores, o MeeGo agora usa o Chrome (ou o Chromium, você pode escolher na hora de fazer o download) para acessar a web. O Chrome é um navegador razoavelmente maduro e funcional. O mecanismo “Mozilla headless” usado no navegador do Moblin funcionava, mas nem todo mundo curtiu a experiência. Talvez o Chrome seja melhor recebido.

Embora a maioria das coisas funcione bem, vez ou outra a gente encontra umas pontas soltas. Eu consegui travar o desktop ao usar um monitor externo. No MeeGo, o usuário pode escolher entre o monitor integrado e um monitor externo, mas ele não aceita rodar os dois juntos, nem em modo espelhado. Outra coisa que eu notei foi que os widgets que controlam as opções que podem ser ligadas e desligadas parecem um botão deslizante. Não há rótulos, então às vezes você fica na dúvida se a opção está ou não ativada.

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Os grandes controles deslizantes são típicos do visual da interface do MeeGo, com botões grandes. Os netbooks geralmente não têm tela sensível ao toque, mas a interface de usuário do MeeGo está seguindo claramente nessa direção, onde tudo tem que ter um tamanho apropriado para o toque do dedo. A interface continua sendo fortemente calcada no GNOME, apesar dos planos de migrar o MeeGo para o Qt. O Evolution cuida do email, o media player é o Banshee e por aí vai. Talvez isso mude com o tempo. Obviamente, a experiência de usuário em tablets é mais focada no Qt.

Ao explorar as opções de personalização da barra de ícones no topo da tela, esbarrei nos “gadgets”, um recurso relativamente escondido que, talvez, mostre onde os desenvolvedores querem chegar. Os gadgets são pequenos aplicativos que podem ser colocados em uma tela especial. Há gadgets para previsão do tempo, jogos simples, exibição de slides etc. A interface de seleção de gadgets é esquisita (são umas mil opções listadas quatro a quatro, em uma ordem estranha), e não parece haver uma maneira de colocá-los em algum lugar útil, como na tela inicial “MyZone”. Mas esse parece ser o começo de algum mecanismo de loja de aplicativos, separado do sistema de gerenciamento de pacotes normal do MeeGo.

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Tela “Gadgets” do MeeGo 1.0

Eu notei uma outra diferença entre o Moblin e o MeeGo: o Moblin era um sistema multiusuário, com capacidade de lidar com várias contas independentes. O MeeGo, por sua vez, tem uma conta única (“meego”, mas é preciso fuçar bastante para descobrir esse nome) e não permite criar contas novas ou fazer login em outras contas. Pelo visto, os dispositivos que vão usar o MeeGo estão mais para telefones do que para computadores com o Linux; são dispositivos altamente pessoais, que geralmente os usuários não compartilham.

Talvez esse seja o futuro do Linux nos desktops – ao menos nos desktops relativamente pequenos. Assim como acontece com o Android, o MeeGo não é o tipo de experiência Linux com a qual estamos acostumados, embora o MeeGo esteja bem mais próximo do Linux “tradicional” do que o Android. Mas talvez essa seja a experiência que vá trazer um novo grupo de usuários para o Linux. Depois que se acostumarem a esse ambiente, a experiência completa do Linux estará pronta para ser descoberta por eles. E isso parece ser uma coisa boa.

Primeiro, o MeeGo precisa aparecer nos dispositivos e cair nas mãos dos usuários. É claro que vários dispositivos baseados no MeeGo estavam em exibição na Computex, o que já é um começo, mas não há uma ampla oferta de sistemas circulando por aí. Ele ainda está bem atrás de outros sistemas que buscam mercados semelhantes, como o Android (mas está na frente do ChromeOS, que só daqui a alguns meses vai oferecer uma versão estável). É difícil começar por baixo em um mercado altamente competitivo, mesmo que esse mercado esteja em expansão. Mas está havendo um bom investimento no MeeGo, e seu design está sendo muito bem pensado. Vale a pena ficar de olho: quem sabe o MeeGo não se revela um azarão?

Créditos a Jonathan Corbetlwn.net

Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>.

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