Eis o processador, o principal componente do sistema, responsável pelo processamento de dados. Por este motivo, existe uma enorme tendência por parte dos consumidores, de escolher os mais poderosos processadores para equipar os seus futuros PCs. Embora saibamos que existem outros fatores importantes para serem avaliados (placa-mãe & chipset, placa aceleradora de vídeo, módulos de memória, unidades de armazenamento, conexões, etc.), uma atenção mais apaixonada e entusiasmada acaba caindo sobre esta pecinha. Então, como avaliar o processador adequado para as nossas necessidades, sem se deixar levar pela empolgação?
Especificações técnicas, eis as palavras-chave! Todos os processadores – dos mais humildes e econômicos até os mais potentes e esquentados, possuem uma série de parâmetros e seus respectivos valores, os quais se bem analisados, propiciam aos consumidores realizarem a escolha da unidade de processamento perfeita para as suas necessidades. Porém, devido à dificuldade de compreensão por parte dos usuários não-entendidos, assim como a existência de um punhado de arquiteturas, características, parâmetros e seus valores, que confundem até mesmo os especialistas, tanto a Intel quando a AMD resolveram segmentar o mercado de processadores em três classes distintas, porém bem delineadas, com o objetivo de atender a diferentes faixas do mercado e maximizar os lucros:
- low-entry (entrada): classe voltada para os processadores modestos e econômicos, com preços baixos e atraentes para os usuários que não precisam de tanto poder de processamento. Geralmente, os computadores equipados com estes processadores são utilizados em tarefas básicas, como editoração de documentos e acesso à Internet (chamados popularmente de computador para secretárias).
- mainstream (intermediária): classe voltada para processadores que conciliam a melhor relação custo-benefício, oferecendo produtos que ao mesmo tempo possuem boa potência, razoável consumo e bom preço. Geralmente, os computadores equipados com estes processadores são utilizados em tarefas que requerem uma certa capacidade de processamento, mas que não precisam utilizar máquinas top de linha, como edição multimídia (áudio, vídeo e imagens), jogos de computadores, aplicações pesadas, etc.
- high-end (avançada): classe voltada para processadores que oferecem o máximo de desempenho, mesmo às custas de um alto consumo de energia e preços exorbitantes. Geralmente, os computadores equipados com estas CPUs são utilizados em tarefas que exigem o máximo de desempenho, como o uso de jogos em altíssima definição, processamento de dados pesados e outras atividades do gênero. Na maioria dos casos, aceleradoras gráficas em SLI (nVidia) ou CrossFire (AMD/ATI) equipam o conjunto.
As linhas de processadores de entrada (low-end) são compostas por linhas de produtos baratas e geralmente oferecem desempenho o suficiente para as atividades que se propõem, embora a guerra acirrada dos fabricantes pelas cotas de mercado, privilegiem o consumidor com produtos cada vez mais interessantes. Por exemplo, dificilmente encontraríamos CPUs com velocidades em torno de 3 GHz à alguns anos; hoje em dia, encontramos tanto CPUs Core i3 e Pentium situados nesta velocidade, enquanto que a AMD já oferece CPUs Phenom X2, Athlon X2 e Sempron nas mesmas condições.
Em geral, tais processadores consomem de 35 a 65 Watts, embora alguns modelos mais avançados possam dissipar mais que o anunciado. À exceção do Sempron, todos os demais processadores são dual-core, onde alguns se diferem devido a capacidade de processar 2 threads e simulando 4 processadores lógicos, como é o caso dos Intel Core i3. Por fim, possuem pouca memória cache L2 (entre 512 KB a 2 MB por núcleo) e ausentes de tecnologias avançadas (capadas), como o overclock automático. Por serem CPUs muito baratas (ficam longe da fronteira dos US$ 100), são as mais unidades vendidas, especialmente em países de terceiro mundo
Já as CPUs intermediárias (mainstream) são – à meu ver – as linhas de produtos mais interessantes sobre o ponto de vista técnico, ao mesmo tempo que oferecem boa relação custo-benefício. São processadores que existem tanto em versão dual-core quanto quad-core, sendo segmentados de acordo com o preço final de cada produto, que pode variar de US$ 100 a US$ 200 (não raro, podem ser vendidas tanto acima o quanto abaixo desta faixa). Outro grande diferencial está na memória cache, onde alguns modelos específicos já contam com cache L3 (muitas vezes avantajados, com até 8 MB compartilhados em alguns modelos), além de disporem do clássico cache L2 individual, geralmente limitados a 256 ou 512 KB. Contam com a maioria dos recursos tecnológicos encontrados em CPUs high-end e o seu consumo é considerado intermediário, variando entre 65 a 95 Watts.
Por fim, entra em cena os processadores high-end. Dada necessidade de priorizar o desempenho, mesmo não importando muito o custo final da solução, esta é a classe preferida dos usuários avançados e hardcores. Nos dias atuais, um processador high-end possui pelo menos 4 cores e um grande volume de cache L3 (à partir de 6 MB). O clock geralmente ultrapassa a barreira dos 3 GHz, assim como muitas vezes requerem modelos de placa-mãe especializadas. Por exemplo, os Core i7 são designados especialmente para as placa com o soquete 1366 (embora alguns modelos suportem o soquete 1156); já as CPUs AMD compartilham os mesmos soquetes (AM2+ e AM3), porém alguns requerimentos técnicos devem ser observados, como a capacidade fornecimento de energia elétrica pelo regulador de tensão (muitas placas são limitadas à processadores com TDP de 65 Watts, o que impossibilita o uso de CPUs high-end com TDP acima dos 95 Watts).
Atualmente, a Intel mantém três linhas de CPUs, chamadas de Intel Core i3, i5 e i7, visando atender respectivamente aos três mercados previamente descritos (embora outras CPUs & arquiteturas também estejam disponíveis, mas que no momento, não serão o escopo deste artigo). Já a AMD não possui nomenclaturas tão claras, embora designe os Phenom para a classe intermediária e avançada, ao passo que os Athlons e Semprons são mais destinados para a classe de entrada e (em alguns casos) mainstream. Entretanto, ela possui selos de referência chamados de AMD Vision, os quais são responsáveis por informar as classes de perfis de configuração distintas: Vision (entry-leve), Premium Vision (mainstream), Ultimate Vision e Black Vision (high-end).
Então, por qual CPU comprar? Obviamente, a escolha dependerá exclusivamente das necessidades do usuário! Por isto, será fundamental ter uma noção exata das atividades que serão executadas, bem como todos os recursos extras que serão necessários. Muitas vezes, até mesmo equipamentos especiais com CPUs Intel Atom (ou equivalentes) podem ser mais que suficientes para as necessidades de um simples usuário doméstico, ao passo que nem sempre os produtos da classe mainstream conseguem atender com satisfação, certos usuários e seus interesses. Acaso, quem nunca ficou insatisfeito por adquirir produtos que não corresponderam plenamente (seja pela sua ineficiência, seja por uma má escolha)? Foi-se o tempo em que comprar computadores era como comprar eletrodomésticos… &;-D
Por Ednei Pacheco <ednei.pacheco [at] gmail.com>
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