Entrevista com Robert Lange, cofundador do VectorLinux

Entrevista com Robert Lange, cofundador do VectorLinux

Interview with Robert Lange, co-founder and lead developer of VectorLinux
Autor original: Caitlyn Martin
Publicado originalmente no:
distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft

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O VectorLinux é uma das mais populares distribuições Linux baseadas no Slackware, a mais antiga distribuição Linux em atividade. É uma distribuição voltada para o desktop, feita para ser fácil de usar e ao mesmo tempo manter a estabilidade e a confiabilidade lendárias do Slackware. O VectorLinux também é famoso por seu desempenho otimizado e por manter um excelente suporte a hardware ultrapassado na edição Light. Há anos ele

Nesta semana, o cofundador e principal desenvolvedor do VectorLinux, Robert Lange, fez a gentileza de responder a algumas perguntas sobre o VectorLinux, suas origens e a direção que ele vai tomar no futuro.

DW: Olá, Robert, muito obrigada pela atenção. Para começar, você pode nos falar um pouco sobre você: onde você mora, em que trabalha e qualquer coisa que possa ser interessante para os leitores do DistroWatch?

RL: Olá, Caitlyn. Em primeiro lugar, permita-me agradecer pela oportunidade de bancar o relações públicas do VectorLinux nesta entrevista. Somos o Rodney Dangerfield das distribuições Linux. Meu nome é Robert Lange, eu moro com a minha linda esposa, um cachorro, um gato e nossa filha em White Rock, na Colúmbia Britânica (Canadá). Estamos uns cinquenta quilômetros a sudeste de Vancouver, bem na fronteira do Canadá com os Estados Unidos. Já trabalhei com muitas coisas, principalmente com vendas. Mas nos últimos dez anos venho mexendo só com computadores, e trabalho como técnico-chefe em uma loja de computadores independente, perto de onde eu moro. Embora tenha tido muitos empregos, os computadores me intrigam desde que pus as mãos em um VIC-20, muitos anos atrás. Escrevi meu primeiro programa nele mesmo, em Basic. Era só um programa de comunicação via modem, mas funcionava e eu fiquei muito feliz com isso.

DW:Como você se envolveu com o software livre de modo geral, e com o Linux em especial?

RL:Eu migrei para as máquinas da Intel e virei uma espécie de geek no Windows, porque eu queria saber como tudo funcionava e como extrair o máximo de desempenho do sistema operacional. Estamos falando do Windows 98. Ele era divertido, mas eu fiquei entediado e comecei a procurar por alternativas. Foi assim que eu encontrei o Linux e os BSDs. Experimentei o Linux primeiro, acho que foi o Mandrake, mas minha máquina não era compatível com o instalador gráfico e a versão de texto não fazia nenhum sentido para mim. Depois eu experimentei o FreeBSD, e para a minha surpresa ele funcionou. Aprendi muito do básico com ele, e aí decidi dar outra chance ao Linux, dessa vez com o Slackware, por causa de sua dita semelhança com o FreeBSD. Resumindo a história, funcionou e eu fiquei viciado. Não havia limites para os ajustes que podiam ser feitos no Linux, e ali eu encontrei meu lar.

DW: Como o VectorLinux começou?

RL:Depois de passar muito tempo no Slackware, comecei a procurar por alternativas baseadas nele. Achei um projetinho fantástico chamado Peanut Linux que empacotava tudo em uma imagem ISO de 50 MB, incluindo o XFree86. O Peanut funcionava, mas tinha lá os seus problemas. Fiquei algum tempo ajudando o autor do Peanut a resolver problemas e nos tornamos bons amigos. Um dia eu perguntei se ele se importaria se eu usasse a base do Peanut para começar meu próprio projeto, seguindo uma outra direção. O resto vocês já sabem. O VectorLinux nasceu e desde então é minha paixão diária.

DW: O Slackware tem a reputação de ser meio difícil de usar. Essa reputação é merecida?

RL: Eu não acho. Ser diferente ou ser voltado para um público específico não significa ser difícil. Algumas pessoas acham a interface gráfica moderna difícil de usar. Se você passou a vida inteira usando a linha de comando, certamente vai achar difícil usar os widgets em Qt. Mas uma coisa é verdade: o Slackware não é para qualquer um, mas tenha em mente que provavelmente não existe uma distribuição Linux universal.

DW: O que o inspirou a criar um sistema operacional fácil de usar e voltado para o desktop com base no Slackware? Quais eram os seus objetivos quando você começou?

RL: O Slackware tem muitos pontos fortes, como a estabilidade, a velocidade e a eficiência. Achei que seria uma boa ideia empacotar essas virtudes em uma distribuição Linux voltada para outro tipo de usuário: mais especificamente, o usuário típico de desktop. Nós queríamos disponibilizar sua estabilidade, velocidade e eficiência aos usuários de desktop, tornando-o fácil de usar.

DW: Fale sobre o VectorLinux hoje. Quais são as principais diferenças entre o VectorLinux e o Slackware e entre o VectorLinux e os outros derivados do Slackware, como o Zenwalk Linux, o Wolvix ou o Absolute Linux?

RL: Todas essas opções são boas e válidas. Tirando as ferramentas específicas desenvolvidas pela equipe do VectorLinux, todas elas compartilham da ideia do “Slackware para o desktop”. As diferenças devem estar no modo específico de se implementar essa ideia. Já faz um tempo desde que tive tempo para dar uma olhada em outras distribuições Linux com mais atenção, mas podemos citar uma diferença como exemplo: é tradição incluir no VectorLinux algumas opções para navegar na internet, reproduzir mídia, enviar emails e mensagens instantâneas e outra coisas. Nós achamos que o usuário tem preferências fortes nessas áreas, e tentamos satisfazê-las. Isso fica cada vez mais difícil, porque o software vai aumentando e o tamanho do CD continua nos 700 MB.

DW: O VectorLinux tem vários aplicativos e ferramentas únicos. Conte-nos sobre eles. Com quais vocês está mais satisfeito?

RL: O VASM é a ferramenta mais importante do VectorLinux, agindo como centro administrativo. Ele funciona tanto no X quanto pela linha de comando; é rápido, tem interface limpa e é fácil de usar. Outra ferramenta importante a mencionar é o VL-Hot, desenvolvido por um dos integrantes da equipe do VectorLinux. Ele é único, e oferece uma maneira simples de montar dispositivos externos automaticamente. Nós o incluímos como alternativa ao HAL. Também estamos trabalhando duro no desenvolvimento de nosso próprio instalador gráfico, usado pela primeira vez na versão 6.0, lançada há pouco tempo.

DW: Todo o código criado especialmente para o VectorLinux que eu já tenha visto foi licenciado sob a GPL, a LGPL ou pelas duas. Você não está surpreso por outras distros não terem feito mais uso dos programas feitos para o VectorLinux?

RL:Cada líder de projeto faz o que acha ser o melhor para sua distribuição. O VectorLinux inclui boas ferramentas e eu acho que mais cedo ou mais tarde elas vão ser notadas. Há alguns anos, por exemplo, começamos a usar o formato de compressão LZMA em nossos pacotes, e agora o futuro parece ser o seu sucessor: o formato xz. O LZMA é parte do VectorLinux, e temos orgulho de ver seu sucesso e de ver que o Slackware começou a usá-lo.

DW: Para onde você acha que o Vector Linux vai seguir no futuro?

RL: Nós esperamos que ele continue crescendo e oferecemos um desktop rápido, estável e eficiente por muitos e muitos anos. Achamos que há um lugar para nós no mercado. A eficiência está começando a ser apreciada. A guerra de MHz entre os fabricantes de CPU, por exemplo, parece ter acabado, e a chave agora é o consumo de energia. Uma boa duração da bateria é tão importante quanto a velocidade na hora de escolher um dispositivo portátil. Nós encaramos esses fatos como um sinal de uma outra forma de entender a computação. Essa forma está mais próxima da ideia que já promovemos há dez anos. Vamos precisar de um sistema operacional que esteja de acordo com essas novas necessidades e ideias.

DW: Susan Linton, do Tuxmachines.org, escreveu que não sabia por que o VectorLinux não era mais popular. Do que você acha que o VectorLinux precisa para despontar e atingir um público maior?

RL: Sempre há o que melhorar. Nós tentamos oferecer uma experiência melhor e um desktop mais integrado a cada versão. Estamos dando o melhor de nós e esperamos que o público reconheça isso em breve. O suporte de nossa comunidade é excelente, e estamos confiantes no futuro.

DW: Obrigada pela sua atenção.

OBS.: Robert pediu que eu mencionasse que o desenvolvedor Rodrigo Bistolfi, do VectorLinux, contribuiu em algumas de suas respostas.

vectorlinux-6.0-small

VectorLinux Standard 6.0 – desktop padrão usando o Xfce

Créditos a Caitlyn Martin http://distrowatch.com
Tradução por
Roberto Bechtlufft <roberto [at]bechtranslations.com.br>

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