EasyLinux: Conte-nos um pouco de sua trajetória e envolvimento com a informática. Como foram seus primeiros passos?
etc. Com 17 comecei a escrever livros sobre hardware, um pouco depois comecei a trabalhar no guiadohardware.net e a desenvolver o Kurumin. Hoje em dia divido o tempo entre o site, os livros que escrevo, cursos e o desenvolvimento do Kurumin e outros
projetos.
EasyLinux: Você foi o criador e ainda mantém um dos maiores portais de informática do Brasil, o Guia do Hardware. Como nasceu essa idéia?
nome sugere, no início o guiadohardware.net falava apenas sobre hardware e manutenção de micros, mas com o passar do tempo passei a dar um bom destaque para Linux, redes e até um pouco de programação. De certa forma, o site seguiu a trajetória comum entre
os profissionais da área de informática: começam com manutenção de micros e depois se especializam em redes, linux ou programação. A diferença é que no caso do GDH tudo passou a ser abordado simultâneamente.
EasyLinux: Como foi o primeiro contato com Linux?
importante notar que na época já se falava bastante em Linux dentro dos círculos técnicos, mas quase ninguém usava fora dos servidores. Faltavam aplicativos, a compatibilidade de hardware era limitada e o sistema era bastante complicado de usar, bem
diferente do que temos hoje em dia. A evolução do Linux nos últimos anos foi realmente notável.
EasyLinux: Vamos falar sobre a distribuição que você criou, o Kurumin Linux. Porquê criar uma distribuição? Você estava insatisfeito com as distribuições disponíveis na época?
era que você pudesse acessar o conteúdo do CD para pesquisar mesmo quando estivesse com problemas no micro.
rapidamente nas primeiras versões. Depois passei a dedicar menos horas, mas como a experiência acaba fazendo você ficar mais produtivo, o desenvolvimento continua num bom ritmo.
EasyLinux: Porquê a escolha do Knoppix como ponto de partida?
tradicional, mas depois passou a ser distribuído com um live-CD.
Mesmo no final de 2002 (quando comecei a trabalhar no Kurumin), o Knoppix já possuía diversas ferramentas e scripts, sem falar no fato de ser baseado no Debian, o que facilita enormemente a manutenção e atualização do sistema. É justamente graças a esta
sólida base (Debian e Knoppix) que foi possível desenvolver o Kurumin. As peças já estavam prontas, faltava apenas montar.
EasyLinux: Seja quando escolhe os programas que vão entrar, cria ferramentas ou quando define o visual do sistema, qual é sua filosofia ao desenvolver o Kurumin? Ela ainda é a mesma das primeiras versões?
a mesma lista de comandos cada vez que precisa fazer backup, ou perde dois dias cada vez que precisa reinstalar o sistema. Ele faz manualmente da primeira vez e depois automatiza. Escreve um script, ou cria um pequeno programa que faz a tarefa
automaticamente e depois passa para a próxima.
No caso do Kurumin, sempre que escrevo um artigo ou tutorial para o site, falando sobre algum novo programa, ou configuração, me acostumei a escrever um script automatizando a tarefa para adicionar ao sistema. Com o tempo surgiu a idéia dos “ícones
mágicos”, que depois se transformaram no painel de controle do Kurumin. Ele consiste num conjunto de painéis, desenvolvidos no Kommander, que disparam uns 500 scripts diferentes, cada um encarregado de uma função. Ou seja, para a maioria das coisas que
normalmente você precisaria pesquisar e fazer manualmente, no Kurumin você encontra alguma opção dentro do painel que faz automaticamente pra você.
Isso faz com que o Kurumin acabe fazendo sucesso entre duas categorias bem distintas de usuários. A primeira são os iniciantes, que obviamente gostam da facilidade e conseguem fazer muitas coisas que não conseguem fazer em outras distribuições. A segunda,
por incrível que possa parecer, são os usuários avançados, que gostam de estudar e modificar o scripts, justamente por que eles automatizam muitas tarefas que eles precisariam fazer manualmente em outras distribuições. Estudando e escrevendo novos scripts
eles aprendem mais sobre o sistema e muitos deles contribuiem de volta, com dicas e melhorias.
Existe uma determinada classe de usuários que acha que o Linux precisa ser difícil, que tudo precisa ser feito manualmente, etc. Esta mentalidade é antiquada, pois automatizar tarefas permite que você faça mais, e não menos.
EasyLinux: Você faz tudo sozinho ou há uma equipe de pessoas trabalhando no sistema? É um desenvolvimento de tempo integral ou trabalha no Kurumin no seu tempo livre?
fórum ou contribuem com uma coisa ou outra. Como dizem, o mais importante não é a quantidade, mas sim a qualidade ;).
EasyLinux: Qual parte do desenvolvimento mais toma seu tempo? E qual mais gosta de se dedicar?
EasyLinux: Depois do Kurumin, qual é sua distribuição favorita?
der certo, ano que vem vou até lançar um livro sobre ele.
EasyLinux: O Kurumin tem como uma de suas principais características trazer consigo codecs proprietários e drivers para softmodems. O que você pensa das distribuições que têm como princípio carregar apenas programas de código aberto, como
o Ubuntu?
ipw2100 e ipw2200, usadas nos notebooks Centrino). O Edgy inclui alguns drivers para softmodems e recentemente foi anunciado que a próxima versão trará também drivers proprietários para as placas nVidia e Ati. A meu ver isto é muito bom, pois estão
priorizando os usuários ao invés da filosofia.
Existe muita coisa a ser discutida com relação aos drivers proprietários (seria muito melhor se eles não fossem proprietários em primeiro lugar), mas acredito que a grande maioria prefere ter sua placa wireless ou modem funcionando. Radicalismo só
atrapalha o trabalho dos desenvolvedores e deteriora a relação com os fabricantes.
EasyLinux: Quais são os números sobre a utilização do Kurumin? Você tem idéia de quantas pessoas utilizam o sistema? Qual o perfil desses usuários?
nem correto. Entretanto, alguns sites contabilizam os downloads, o que permite ter uma idéia. No superdownloads, por exemplo, o Kurumin tem mais de 500.000 downloads, no Gratis tem mais 350.000 e assim por diante. Se você começar a somar todos estes sites
de downloads e tentar chutar um multiplicador para chegar ao número total, vai chegar a um número na casa dos milhões.
EasyLinux: Na sua opinião, qual a maior virtude do Kurumin e o que ainda está longe do ideal?
internacionalização, ou que seja menos automatizado. Mas, não é este o principal motivo de existirem tantas distribuições diferentes em primeiro lugar? 🙂
EasyLinux: Distribuições que antes usavam o KDE estão mudando para ou ao menos dando a opção de utilizar o GNOME. Existe alguma chance do Kurumin também seguir esse caminho?
open-source (você precisa pagar uma licença para usar a biblioteca em aplicativos de código fechado). Isto naturalmente faz com que o Gnome seja preferido dentro das corporações ao invés do KDE. Muitas pessoas têm a falsa noção de que o GTK é livre,
enquanto o QT é “proprietário”, mas a amarga realidade é justamente o contrário. Ambos são livres, mas a licença do QT incentiva o desenvolvimento de aplicativos open-source.
Com relação às distribuições, sempre acaba acontecendo de um dos dois ambientes ser usado por padrão e quase todo o desenvolvimento girar em torno dele. Isso é normal, pois os dois ambientes são muito diferentes e é quase impossível duplicar todas as
funções e interface do sistema em ambos. Isso só funciona em distribuições que usam uma configuração muito próxima do padrão.
A partir do ponto em que você tem duas equipes, uma trabalhando no KDE e outra trabalhando no Gnome, você acaba tendo na verdade duas distribuições diferentes, que compartilham o mesmo repositório de pacotes, como no caso do Ubuntu e Kubuntu.
Com relação ao Kurumin, você pode perfeitamente instalar o Gnome através do apt-get, mas não existem planos de uma versão que o utilize por padrão, justamente devido ao trabalho de personalização que seria necessário e à perda de identidade.
EasyLinux: Finalizando, o que podemos esperar do Kurumin, a curto e a longo prazo?
adicionar novas funções e manter o sistema atualizado. Um número assustadoramente grande de pessoas utiliza o Kurumin como sistema operacional padrão e por isso precisam de um sistema estável e confiável. A palavra de ordem é “evolução” e não
“revolução”.
Deixe seu comentário