Between Fedora 12 and 13
Autor original: Jonathan Corbet
Publicado originalmente no: lwn.net
Tradução: Roberto Bechtlufft
O Fedora 12 vai ficar marcado para sempre na lembrança de muita gente como a versão em que o projeto tomou a péssima decisão de permitir que qualquer usuário local instalasse pacotes sem a senha de root. Esse erro já ficou para trás, e francamente, o Fedora 12 tem muitas outras coisas dignas de nota. Neste artigo, vou avaliar a qualidade do Fedora 12 e usá-lo como base para imaginar o que virá no Fedora 13.
A marca Fedora vem sofrendo um pouco ultimamente: as versões 10 e 11 não foram das mais estáveis. Alguns usuários começaram a lamentar o fim da era do Red Hat Linux, quando o controle de qualidade parecia ter mais prioridade. Esses usuários talvez não tenham passado pela transição do RHL 4.0 para o 5.0, que não foi lá um dos sistemas mais sólidos do planeta. As versões do Fedora que são lançadas hoje em dia são bem maiores do que qualquer versão anterior do Red Hat Linux, e são mais estáveis também. Nós progredimos com o tempo.
E ainda assim, versões recentes do Fedora fizeram com que alguns usuários pensassem se não era um bom momento para mudar de distribuição. Para alguns desses usuários, o Fedora 12 pode ser a versão que vai decidir a questão. Tendo isso em mente, atualizei dois sistemas (um com o Fedora 10 e outro com o 11) para a versão atual do Fedora.
Só para constar, o recurso de “pré-atualização” do Fedora é uma novidade bem-vinda. A atualização ainda não é como a do Debian, mas a pré-atualização faz o trabalho de coletar todos os arquivos de pacotes necessários enquanto o sistema opera normalmente, exigindo que ele seja desligado apenas para a operação de atualização em sim. Nem é preciso gravar DVDs. A pré-atualização torna o processo todo mais fácil – quando dá certo: alguns usuários relataram problemas com o recurso. No meu caso, a operação foi perfeita.
Depois de instalado, o Fedora 12 causa impacto imediatamente, e muitos probleminhas irritantes foram eliminados. A impressão funciona – sempre. O laptop entra em suspensão e retorna dela muito mais rapidamente, não apresentando mais o comportamento “me tire da suspensão duas vezes para que eu continue ativo”. O NetworkManager não vem mais com a “rede desabilitada”, e responde muito mais depressa a alterações na rede. O desktop GNOME até lembrou da maioria das suas configurações anteriores à atualização, o que foi uma grata surpresa. E por aí vai. Do meu ponto de vista, os desenvolvedores do Fedora usaram o ciclo de desenvolvimento do F12 para corrigir um monte de problemas, e pelo visto fizeram a gentileza de não trocá-los por mais uma tonelada de problemas novos. Resumindo: o Fedora 12 é a versão sólida que o projeto precisava criar. Diante disso, os novos recursos do F12 (e há muitos) têm importância secundária.
Embora eu tenha lido comentários semelhantes vindos de outras pessoas, convém observar que nem todos os usuários estão 100% satisfeitos. Se alguém está tendo problemas com o F12, há boas chances desses problemas terem relação com a placa de vídeo. Um usuário chegou a sugerir o cancelamento do Fedora 13 para que os desenvolvedores pudessem resolver os problemas gráficos do F12. É pouco provável que isso aconteça, mas a comunidade de desenvolvimento já sabe que a experiência gráfica ainda não é como deveria ser.
Dave Airlie explicou as prioridades usadas pela equipe de desenvolvimento para lidar com problemas. Questões que impeçam a inicialização normal do sistema estão no topo da lista, assim como as que impedem o funcionamento do desktop. Infelizmente, para certas classes de usuários, os itens de menor prioridade são outros desktops que não o GNOME e aplicativos 3D aleatórios. Esse tipo de usuário, que tem problemas para rodar o Blender, por exemplo, provavelmente vai ter que esperar um pouco para obter uma solução completa. Também há problemas com o driver Nouveau. Obviamente, usuários que tenham problemas com drivers gráficos proprietários estão por sua conta e risco.
A verdade é que a parte gráfica do Linux ainda precisa de algum trabalho. Foram feitos muitos avanços nessa área, mas ainda vai demorar um pouco para chegarmos a um nível satisfatório.
E o que teremos a seguir? O Fedora 13 está agendado provisoriamente para 11 de maio de 2010. A lista de recursos propostos para o F13 está apenas começando a se formar, e alguns recursos possíveis (como os rollbacks baseados no Btrfs) ainda não deram as caras na lista. Como era de se imaginar, melhorias nos drivers gráficos Nouveau e Radeon estão na lista. Outra possibilidade para o F13 é um suporte melhorado à telefonia online.
Mais um recurso importante que provavelmente vai aparecer no Fedora 13 é o Python 3. No momento, o plano é empacotar o Python 3 de maneira que possa ser instalado lado a lado com o Python 2.6, sem que haja interferência entre eles – o que é algo importante, já que vários scripts cruciais do Fedora são escritos em Python 2. Parece que o único lugar em que é difícil de evitar a interferência é ao tentar executar os dois dentro do mesmo espaço de endereços. Pode parecer estranho ter que fazer isso – e é, até você tentar rodar o mod_python e o mod_python3 em um servidor web. A maioria dos usuários dificilmente vai notar ou chegar a instalar o pacote do Python 3 no Fedora 13, mas ele vai propiciar a migração gradual de programas escritos em Python.
Os usuários do Fedora 13 também podem esperar pelo RPM 4.8.0, que traz uma longa lista de novos recursos. Os desenvolvedores do RPM estão procurando por voluntários especialmente corajosos e com bons backups para ajudar a testar e localizar eventuais problemas antes de trazer esses problemas para a turma de “medrosos” que usa o Rawhide.
Por fim, os desenvolvedores do Fedora querem que o F13 tenha ainda mais qualidade do que o F12, embora o F12 tenha sido um bom lançamento. Para isso, criaram uma página de retrospectiva de controle de qualidade, analisando como esse controle se deu no F12 e como ele pode ser aprimorado na próxima versão.
Especulou-se que o Fedora 12 seria a versão escolhida pela Red Hat para servir de base para o Red Hat Enterprise Linux 6. Apesar de alguns problemas, o F12 deve servir bem a esse propósito, sendo uma das melhores versões recentes do Fedora. Agora o desafio do projeto é, obviamente, conduzir esse sucesso ao longo das próximas versões, ao mesmo em que incorpora todos os novos programas que a comunidade de desenvolvimento vem criando a todo vapor. Se o 13 vai ou não dar sorte ao Fedora nós ainda não sabemos, mas o F12 parece um bom ponto de partida, e o projeto parece determinado a caprichar ainda mais na próxima versão.
Fedora 12 – o instalador do sistema, o centro de ajuda do KDE e o pop-up de gerenciamento de energia
Fonte: DistroWatch
Leia também:
Primeiras impressões do Fedora 12
Créditos a Jonathan Corbet – lwn.net
Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>
Deixe seu comentário