Disquetes ou memória Flash?

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Disquetes ou memória Flash?

Na descrição da plataforma Hannacroix, ou Legacy-Free, que a Intel vem fazendo de tudo para tornar popular entre os fabricantes, os drives de disquete foram abolidos. Em seu lugar, a Intel propôs uma combinação dos CDR’s e CDRW’s com pequenos drives de memória Flash.

Os CDs funcionariam como um meio para armazenar grandes quantidades de dados enquanto os drives de memória Flash se encarregariam de transportar arquivos menores.

Quanto aos gravadores de CD não é preciso dizer muito. As mídias são baratas e é só questão de tempo para os preços dos gravadores caírem a um patamar próximo do dos leitores e os substituírem definitivamente. Mas, se daqui a um ano, quando as placas legacy-free baseadas na plataforma desenvolvida pela Intel começarem a chegar ao mercado a maior parte dos usuários já tiverem gravadores de CD, qual seria a chance dos drives de memória flash conseguirem espaço?

Talvez, um misto de confiabilidade e facilidade de uso possa conseguir alguns adeptos. Os primeiros produtos que temos visto, aqueles em formato de chaveiro, que são conectados à uma das portas USB do PC já são um bom começo.

Estes chaveiros não são apenas um chip de memória Flash com um conector USB, eles incluem também um controlador que permite que o PC os reconheça como uma unidade de disco. Isso facilita bastante as coisas, pois os drives passam a ser acessíveis através do Windows Explorer, como se fossem outro HD. Para transferir um arquivo basta arrasta-lo ou copiá-lo para lá.

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A instalação destes drives também é simples, pelo menos para quem usa Windows 2000, ME ou Windows XP, onde os chaveiros são reconhecidos e automaticamente instalados. No Windows 98 e no Linux é preciso instalar um drive. Considerando que a idéia é justamente transportar os arquivos, o drive teria que ser instalado em todos os micros onde o chaveiro fosse ser usado, o que já acaba com a praticidade, considerando que hoje em dia a maioria dos PCs ainda roda Windows 98. Mas, no futuro isso deve melhorar (um pouco vaga esta última frase não é mesmo? 🙂

O custo por megabyte também não é dos melhores. Os de 8 MB custam entre US$ 30 e 50, os de 16 MB são em média 20 dólares mais caros, enquanto os de 64 MB custam na casa dos US$ 100 (preços dos EUA). Com esse dinheiro dava pra comprar uma pilha de CDR’s não é?

Mas, existem dois pontos a serem considerados. Primeiro, o preço dos CDs regraváveis não vai cair muito daqui pra frente, enquanto o custo da memória flash vai continuar caindo num ritmo de 50% a cada 12 ou 18 meses, acompanhando a miniaturização dos transístores. Segundo, os produtos que temos hoje são vendidos como gadgets, novidades para quem não se importa de pagar a mais para ser o primeiro a comprar. Quando estes produtos começarem a ser produzidos em quantidade maior e mais fabricantes entrarem no mercado os preços vão cair. Com preços mais baixos teremos como conseqüência a popularização dos drives de 512 MB e 1.0 GB, que hoje já existem, mas são absurdamente caros (que tal US$ 1.300?)

Outro detalhe é que ao contrário dos CDR’s, os chaveiros não são descartáveis (ou semi descartáveis no caso dos CDRW’s), não é algo para comprar toda semana, mas sim para comprar uma vez e usar durante muito tempo.

A velocidade de transferência dos modelos atuais não é das melhores, fica entre 500 e 600 KB/s. É mais do que um drive de disquetes, mas muito menos que a velocidade de um gravador de CDs atual. É possível construir drives mais rápidos combinando interfaces USB 2.0 e um barramento de dados mais largo entre o controlador e os chips de memória flash. As interfaces USB 2.0 já são encontradas em algumas placas mãe e vão substituir rapidamente as atuais. Porém, adicionar mais trilhas de dados é algo que os fabricantes relutam em fazer, pois aumenta o custo de produção.

É difícil imaginar que estes objetos não vão fazer sucesso conforme ficarem mais baratos, pois a memória flash é um meio muito seguro de armazenamento de dados. Mais confiável que um disquete, que um CD ou mesmo que um HD. Mas, os CDs vão continuar sendo uma opção muito melhor para grandes quantidades de dados. Os chaveirinhos vão ser só um complemento.

Glossário

Hannacroix – Este é o nome código de uma nova plataforma de placas mãe, também chamadas de legacy free, que vem sendo desenvolvida pela Intel em parceria com outros fabricantes. O padrão substitui todos os dispositivos de legados que são utilizados nos PCs atuais por tecnologias mais recentes e eficientes (embora mais caras também). As interfaces seriais e paralelas foram substituídos por portas USB 2.0 e transmissores bluetooth, as interfaces IDE foram substituídas por interfaces Serial ATA, foram incluídas interfaces Fireware (já bastante utilizadas por câmeras de vídeo digitais) além de interfaces de rede wireless 802.11b. Até mesmo o velho drive de disquete perdeu a vaga para os cartões de memória flash.

As primeiras placas devem ser lançadas apenas na segunda metade de 2002, mas a Intel demonstrou um protótipo funcional durante a Comdex americana de 2001.

Legacy Free– É um sistema livre de interfaces de legado. A iniciativa mais forte vêm sendo mantida pela Intel, que pretende convencer todos os principais fabricantes a produzirem PCs legacy free apartir da segunda metade de 2002. As portas seriais e paralelas seriam substituídas por partas USB ou USB 2.0, as interfaces IDE seriam substituídas por interfaces serial ATA, o drive de disquetes daria lugar ao gravador de CD-ROM e todos os PCs viriam com transmissores Bluetooth e/ou IEEE 802.11b para o uso de redes sem fio.

Memória Flash – Um tipo de memória RAM que não perde os dados quando desligada, sendo largamente usada para armazenar os dados do BIOS, não apenas da placa mãe, mas de vários outros dispositivos. O uso de memória flash permite, se necessário, que estes dados possam ser posteriormente modificados. Os chips de memórias flash também são largamente utilizados em aparelhos portáteis, como celulares, palms, etc. Uma vantagem adicional é o baixo consumo elétrico. As desvantagens são velocidades de acesso bem mais baixas que na memória RAM ou cache e o preço. Em Junho de 2001, as memórias Flash custavam, compradas em grande quantidade, direto dos fabricantes, cerca de 2 dólares por MB.

USB – Universal Serial Bus. Barramento plug-and-play relativamente lento (12 mbps) que pode ser usado por vários tipos de dispositivos. Todas as placas mãe atuais trazem pelo menos 2 portas USB. Cada porta pode ser compartilhada por vários dispositivos.

USB 2.0 – O USB 2.0 foi desenvolvido em uma parceria entre a Intel, NEC, Philips, Lucent, Microsoft e Compac e visa resolver os dois principais problemas do USB antigo. Em primeiro lugar, a velocidade saltou dos antigos 12 mbps para incríveis 480 mbps, sim, isso mesmo, 480 mbps, ou 60 MB/s, velocidade próxima da permitida pelas Interfaces IDE atuais. A segunda vantagem é o custo: o USB 2.0 é um padrão aberto, livre de pagamento de royalties, o que será um grande estímulo para os fabricantes. Em termos de recursos, temos facilidades semelhantes ao USB atual: a possibilidade de conectar vários periféricos na mesma porta, suporte a plug-and-play, etc. Com estas duas vantagens é de se esperar que o USB 2.0 substitua o USB atual rapidamente. De fato, as primeiras placas mãe com suporte a ele devem estrear no mercado apartir do final de 2001. O novo padrão é compatível com todos os periféricos USB que seguem o padrão 1.1, isso corresponde à quase todos os periféricos USB fabricados de um ano pra cá e todos os novos. É de se esperar que com a grande evolução, finalmente o USB “pegue”, o que facilitaria bastante nossa vida. Poderíamos finalmente aposentar as portas seriais e paralelas; lentas, limitadas e que adoram entrar em conflito com outros periféricos. Pela lógica, os primeiros periféricos USB 2.0 que devem chegar ao mercado são scanners de alta velocidade, gravadores de CD portáteis e unidades de armazenamento em geral, HDs externos por exemplo, seguidos por impressoras, mouses e todo tipo de periféricos externos. O problema é que isto só deverá acontecer perto do final de 2002 e, apartir daí podemos contar pelo menos mais um ano para a nova família de periféricos tornar-se padrão.

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