Acreditem: o desktop continuará vivo (embora poucos o reconheçam)!

Acreditem: o desktop continuará vivo (embora poucos o reconheçam)!

À partir do momento em que os smartphones, tablets e netbooks começaram a ganhar popularidade, muitos especialistas em Tecnologia aproveitaram a oportunidade para declarar o fim dos PCs desktops e todo o seu legado, baseado no clássico sistema operacional Windows. Embora esteja de acordo com muitos aspectos destas previsões, ainda considero que o conceito tradicional de ambiente desktop – popularizado pelo Windows – continuará vivo, embora poucos o reconheçam…

O Motorola atrix, conectado à um dock-station e periféricos de entrada e saída.

O Motorola atrix, conectado à um dock-station e periféricos de entrada e saída.

A história do ambiente desktop clássico, todos já devem conhecer. Lá pelos idos dos anos 70, Steve Jobs admirou as novas ideias sobre a construção e usabilidade das interfaces gráficas, quando visitou o centro de desenvolvimento da Xerox. Introduziu estes conceitos no seu sistema operacional MAC OS e, embora tenha ganhado bastante a admiração dos designers gráficos da época, foi com a Microsoft através do Windows, que a interface gráfica baseada no conceito de ambiente desktop finalmente vingou. E desde o lançamento da primeira versão do Windows (1985), foi sendo desenvolvida e aprimorada, onde muita coisa mudou até chegar no estágio atual.

O Windows 3.11.

O Windows 3.11.

Desde então, aqueles gabinetes branco-acizentados, esquisitos e desengonçados, conviveram conosco por mais de vinte anos: ora deitado, ora em pé. Atualmente, a grande maioria utiliza o formato torre (em pé), em virtude das suas vantagens (como acumular menos poeira e detritos sobre a placa-mãe, minimizando as ocorrências de defeitos). Porém, alguns anos para cá, a modernidade os obrigou a adotar formas e atributos diferenciados. Começou então, a revolução dos PCs desktops!

O IBM Aptiva, uma popular linha de PCs desktops no início dos anos 90.

O IBM Aptiva, uma popular linha de PCs desktops no início dos anos 90.

A partir dos anos 90, a computação pessoal começou a ganhar os contornos que definiriam o estágio atual do computador moderno. Os novos processadores da 4a. geração (486) alcançavam novos patamares de desempenho, as placas de vídeo já dispunham de aceleração 2D (e em poucos anos, seria a vez do 3D), o poderoso barramento PCI já mostrava serviço, os discos rígidos alcançavam a (até então) inimaginável capacidade de 1 GB e as unidades ópticas aos poucos substituíam os disquetes como mídia de armazenamento, além do surgimento de uma série de novas placas de expansão e periféricos externos: os fax-modens, os scanners, as placas de áudio e as impressoras eram os mais comuns. Junto com a alta capacidade de desempenho, vieram os jogos de computadores, os quais inauguraram mais um grande mercado a ser explorado.

Wolfenstein 3D, o percursor dos FPS modernos.

Wolfenstein 3D, o percursor dos FPS modernos.

E pouco mais de 15 anos se passaram…

Em 2007, um novo marco na história da computação pessoal seria escrito, através do lançamento e da popularização dos netbooks criados pela Asus: os Eee PCs. Dispondo de uma tela LCD de 7″ (800×480), os netbooks foram as primeiras investidas de lançamentos de computadores portáteis de baixo custo e alta portabilidade, que tiveram grande sucesso e aceitação. Antes disso, os demais dispositivos ultra-portáteis lançados – classificados como MIDs – não tiveram grande êxito, geralmente por não oferecerem uma boa experiência em usabilidade, um nível de desempenho e/ou autonomia decente ou uma boa relação de custo-benefício. Mais à frente, vieram os smartphones e os tablets.

O “mísero” Eee PC 701 e o defasado sistema operacional Windows XP.

O “mísero” Eee PC 701 e o defasado sistema operacional Windows XP.

Até então, os PCs desktops mantinham o completo domínio da computação pessoal, seguidos de uma pequena porcentagem dos notebooks. Mas, com o lançamento dos dispositivos ultra-portáteis – os netbooks, os tablets e os smartphones – o conceito clássico de sistema operacional para desktops começou a ser reformulado. Mesmo com o barateamento dos notebooks e a sua consequente popularização, o sistema operacional até então não sofrera profunda alterações. Entretanto, com as telas LCDs de pequenas dimensões e baixa resolução dos netbooks, além de outras limitações como a baixa capacidade de processamento e a necessidade de prover boa autonomia, os desenvolvedores de sistemas e softwares foram obrigados a fazerem concessões em seus novos projetos, com o objetivo de aproveitar ao máximo os poucos recursos disponíveis.

Aos poucos, começaram a surgir os sistemas operacionais alternativos…

JoliCloud: um dos pioneiros em sua categoria.

JoliCloud: um dos pioneiros em sua categoria.

Dada a inflexibilidade do Windows XP em prover uma interface customizada, os fabricante e desenvolvedores começaram a se concentrar em desenvolver novas interfaces, reformulando assim antigos conceitos: o ambiente de trabalho tradicional e todos os seus elementos visuais saem de cena, dando o lugar a uma nova interface totalmente remodelada, a qual aproveita de forma mais eficiente as pequenas telas LCDs e as suas baixas resoluções. E não apenas isso: prevendo a substituição do mouse em prol do impreciso touchpad (nos netbooks), a crescente adoção das telas touchscreen (nos tablets e smartphones) e a ausência do teclado físico, os ícones passaram a ser os principais elementos interativos destas novas interfaces, dotados de maiores proporções e carregados de novas informações visuais.

Interface do iOS.

Interface do iOS.

Outro aspecto importante a ser considerado é o uso do computador, por parte dos usuários: no PC desktop clássico, considerávamos a importância das ferramentas de produtividade como um todo; mas agora, em uma nova era onde o consumismo passa a dar as cartas, a oferta de confortos e facilidades para o consumo de conteúdos digitais – e não tanto a produção – se tornaram fundamentais. Por isto, todo o ambiente precisou ser reformulado, chegando a tendência de interfaces limpas, minimalistas e iconizadas, as quais conhecemos através do iOS, Android, Symbian OS e outros sistemas voltados para os dispositivos móveis.

O tablet Motorola Xoom e a interface do Android 3.0.

O tablet Motorola Xoom e a interface do Android 3.0.

Pois bem: até os dias atuais, vivemos por quase 30 anos usando computadores com interfaces gráficas baseadas no conceito antigo de ambiente de trabalho. Mas agora, estamos diante de uma era de profunda reformulação, dada a existência de variados tipos de computadores. Até mesmo a futura versão do Windows promete vir com a sua interface remodelada para atender os anseios desta nova era, onde os dispositivos com interfaces baseadas em touchscreen e CPUs baseados na arquitetura ARM aparecem vigorosamente! Ainda assim, mesmo com todas estas transformações, acredito que o conceito tradicional de desktop (ambiente de trabalho) ainda existirá, ainda que seja radicalmente diferenciado daquilo o que um dia foi.

Cena do filme “Minory Report”.

Cena do filme “Minory Report”.

Ou será que estou enganado? &;-D

Por Ednei Pacheco <ednei [at] hardware.com.br>

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