First look at Debian GNU/Linux 5.0 live CD and network installation
Autor original: Chris Smart
Publicado originalmente no: distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft
O Debian possui um enorme repositório de binários, com quatro ramificações: stable (estável), testing (teste), unstable (instável) e experimental. Os pacotes entram primeiro no experimental ou no unstable e vão galgando posições até mostrarem-se devidamente estáveis e livres de bugs. Só pacotes bem testados são incluídos no testing, que com o tempo se torna a nova versão estável. O Debian também inclui suporte oficial a mais arquiteturas dos que qualquer outra distribuição Linux, e a versão mais recente adicionou o suporte à ARM EABI (armel), elevando o número para onze.
O Debian é ótimo para servidores, que têm foco na estabilidade e na segurança, e não em recursos e pacotes recentes. Isso pode ser muito bom para servidores, mas e em um sistema operacional para desktops? Nesse ponto, o problema do Debian stable é que ele se move muito devagar, especialmente quando comparado a outras distribuições. Os dois anos que separam cada versão são muito tempo no mundo do código aberto, especialmente quando se compra hardware novo que não é suportado pela versão estável! Isso levou ao surgimento da versão ‘and a half’ (‘e meio’) que fez sua estréia no Debian estável anterior, o Etch. A versão ‘and a half’ oferece suporte a hardware mais recente usando um kernel, um X.Org e um instalador mais novos, mantendo todos os outros pacotes em suas versões estáveis atuais. Esta nova versão inclui KDE 3.5.10, GNOME 2.22.2, Xfce 4.4.2, o novo ambiente leve para desktops LXDE 0.3.2.1, X.Org 7.3 e o OpenOffice.org 2.4.1, em sua maioria softwares em versões ultrapassadas.
O desktop GNOME padrão do Debian GNU/Linux 5.0
O Debian é famoso por não ter uma data certa para lançamento, preferindo ser lançado “quando estiver pronto”. Diante do objetivo do Debian, essa filosofia não chega a surpreender. Como lançar um novo produto estável sem que ele tenha sido devidamente testado!? Como nós vimos com o lançamento do Lenny, questões políticas internas podem prejudicar o lançamento de uma versão estável. Por isso, foi para o alívio de muitos que o Lenny saiu da toca no final de semana. Aproveitei a oportunidade para ver o que ele tinha a oferecer em termos de desktop. Como mencionado anteriormente, o ciclo de lançamento do Debian é bem mais lento que o do Ubuntu, que lança uma nova versão a cada seis meses. Sendo assim, o Ubuntu inclui software mais atualizado e tem suporte mais liberal a drivers binários e outros softwares não livres, além de incluir vários scripts e melhorias automatizadas. E o que o Debian tem a oferecer?
As primeiras imagens que eu baixei foram dos live-CDs do GNOME e do KDE. Ao contrário de muitas outras distros, o Debian mostra-se bem básico após a inicialização. Não há telas bonitinhas durante o carregamento nem barra de progresso, apenas a resolução padrão do terminal e o texto habitual correndo pela tela. Tirando uma arte ou duas, o ambiente Debian parece bem comum. Os dois CDs vão direto para o desktop com o usuário ‘user’, e você está pronto para a batalha! A primeira coisa que eu notei é que o live-CD é bem completo, talvez seja o mais completo que eu já vi. Para começar, o OpenOffice.org está incluído, algo raro em um live CD ultimamente, devido ao seu tamanho. A versão do KDE tinha alguns aplicativos GTK+, incluindo o Iceweasel (navegador do Debian baseado no Firefox) e o GIMP. Uma coisa que me incomoda nos ambientes GNOME de algumas distros é a configuração padrão de exibição do Nautilus, que abre pastas em novas janelas.
Desktop KDE do Debian GNU/Linux 5.0
Os ambientes vêm com a ferramenta gráfica de gerenciamento de pacotes Synaptic, incluindo uma ferramenta para atualização do sistema. No GNOME, o Rhythmbox abriu quando pluguei meu reprodutor de mídia, mostrando as minhas músicas, mas elas não tocavam. Para minha surpresa, os mesmos arquivos MP3 tocaram logo de cara no Totem. Parece que os plugins do GStreamer vêm instalados por padrão, e outros codecs proprietários talvez sejam suportados instantaneamente. Ao contrário do Ubuntu, não há assistentes gráficos de um clique para a instalação de software e drivers proprietários. Mas o Debian tem uma ótima ferramenta chamada ‘module-assistant’ que automatiza boa parte da tarefa de compilar módulos externos do kernel. A instalação do ‘fglrx-driver’ baixou os pacotes necessários para a minha placa de vídeo, incluindo o module-assistant e as ferramentas e bibliotecas para a compilação. Com tudo instalado eu rodei o comando necessário do module-assistant:
O comando baixou os headers do kernel, compilou o módulo e fez a instalação. Depois eu tive que preparar o arquivo de de configuração do servidor X e carregar o módulo:
Depois de reiniciar o servidor X tudo funcionou conforme o esperado. Instalei o ‘compiz’ e o ‘fusion-icon’, testei o desktop 3D e ele funcionou bem.
Instalador
Por muito tempo, o Debian teve a reputação de ser uma distro difícil de instalar e de usar. É verdade que o instalador padrão é em modo texto, mas também há um instalador gráfico disponível (embora não seja o instalador padrão). Para testar o instalador, eu baixei a imagem de instalação via rede (netinstall), que traz o sistema básico no CD e baixa o resto do ambiente pela internet. O instalador é uma interface simples em GTK+ para o instalador de texto, mas o visual é bom. Há um modo avançado para usuários que queiram um pouco mais de controle (como a capacidade de instalar a partir de mirrors FTP). Seria ótimo ter a lista de etapas à esquerda, para o usuário saber a quantas anda o processo todo. A rede na qual eu fiz a instalação usa um proxy que bloqueia tráfego não autenticado, o que causou uma boa demora na hora de atualizar os repositórios.
Um dos recursos mais legais do instalador do Debian é a capacidade de tirar fotos. É só clicar no botão ‘Capturar tela’ e a foto é gravada no ambiente virtual. Muito legal! O particionador não é dos mais amigáveis, mas depois que você entende como ele funciona ele faz bem seu trabalho. É preciso clicar duas vezes em cada partição para editá-la e mais duas vezes em cada tarefa para concluí-la, ou selecionar uma entrada e apertar o botão ‘Continuar’ abaixo. Ele inclui a opção de particionar as unidades automaticamente e também oferece LVM e criptografia. No modo avançado, o instalador pergunta se você deseja que o disco de RAM inicial suporte todos os drivers disponíveis ou apenas os necessários para o seu sistema. É um recurso legal que ajuda a criar um sistema mais personalizado.
Particionador da instalação do Debian GNU/Linux 5.0
Com o sistema básico configurado e instalado, o instalador pede uma senha para a conta root e solicita a criação de um usuário local. Ele não verifica a complexidade das senhas, um recurso que seria interessante adicionar. O modo avançado pergunta se a conta de root deve ou não ser habilitada. Em caso negativo, os comandos de root são realizados pelo comando ‘sudo’, de modo semelhante à configuração padrão do Ubuntu. Um probleminha do instalador é que não é fácil cancelar a instalação. É preciso ir clicando no botão voltar até chegar ao menu de etapas (que até então não havia sido exibido), selecionar ‘Abortar a instalação’ e clicar em ‘Continuar’. De modo geral, o instalador é bem simples mas funciona muito bem.
Conclusão
O Debian é simples, mas tem ferramentas muito poderosas para a compilação de pacotes e a configuração do sistema. É uma distribuição muito estável, já que não tem interesse excessivo por novos recursos e se concentra em criar um ambiente confiável. Os usuários que procuram um desktop com tudo o que há de mais moderno não vão encontrar isso na árvore do Debian stable. Por isso, a maioria dos usuários usa o testing ou o unstable no desktop, ou uma mistura dos dois. Com isso conseguem pacotes mais recentes, abrindo mão da estabilidade suprema. De tacada, o Lenny inclui todos os programas usados pela maioria dos usuários, com dezenas de milhares de outros disponíveis ao clique do mouse, ou ao toque de uma tecla. Para sistemas mais modestos, o novo ambiente LXDE parece funcionar bem, consumindo por volta de 130 MB de RAM na máquina em que fiz o teste. Para usuários experientes do Ubuntu o Debian pode cair bem, pois não tem tanta automatização e oferece maior controle sobre o sistema desde o primeiro instante.
Desktop LXDE do Debian GNU/Linux 5.0
Créditos a Chris Smart – distrowatch.com
Tradução por Roberto Bechtlufft <roberto at bechtranslations.com>
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