CPUs que fizeram história na computação pessoal

Por: Julio Cesar Bessa Monqueiro

Olhando minuciosamente o catálogo de produtos oferecidos pela Intel e AMD, iremos constar que existe uma grande quantidade de CPUs de diferentes arquiteturas, famílias, modelos e séries. São tantos, que certamente muitos deles sequer irão passar pelas nossas mãos! No entanto, provavelmente deveremos conhecemos algumas unidades de uma determinada família; ou ainda, encontrá-los no mercado com certa facilidade, dado o sucesso obtido em sua comercialização. Tal como o craque de futebol do time ou a vizinha adorável do bairro, sempre encontraremos itens que se sobressaem, em comparação aos demais.

Ganha um doce, para aquele descobrir quem é este “ilustre desconhecido”…

Eis, a proposta deste artigo: fazer um breve resumo das CPUs que fizeram história na computação pessoal. Elas não são as mais potentes ou melhor equipadas de recursos; no entanto, dada a uma conjunção de determinados fatores na época, se tornaram uma lenda de seu tempo, sendo lembradas com paixão e saudosismo pelos entusiastas da Tecnologia!

Intel 486 DX-4 (100 MHz)

A quarta geração de processadores x86 – batizada de 486 – inaugurou a era da multimídia nos PCs desktops. Sucessor da antiga geração 386, ela inovou ao trazer um co-processador matemático integrado e do cache L1, acelerando sensivelmente o desempenho geral. Para variar, adotou também o processamento de instruções por etapas, através de um pipeline de 5 estágios e a possibilidade de ajustar o clock do processador independente do barramento FSB da placa-mãe, através do uso de multiplicadores. Mesmo com o lançamento de novas gerações de CPUs, a família 486 teve uma longa vida útil, graças às derivações feitas por outros fabricantes, como o 586-133 MHz (AMD) e o Cx586 (Cyrix).

Nesta época, todos os entusiastas desejavam ter um computador equipado com a CPU 486 DX-4 (100 MHz), a CPU mais moderna e que mais tempo sobreviveu no catálogo de produtos da Intel (embora fosse possível encontrar versões compatíveis da AMD e outros fabricantes). Com pelo menos 8 MB de RAM, placa de vídeo PCI de 2 MB e HD em torno de 640 MB, tais usuários tinham uma máquina “de respeito”, que possibilitava rodar muitos joguinhos interessantes da época, tal como o aclamado FPS Doom. Quantas saudades! 😉

Intel Pentium-MMX (233 MHz)

Assim que foram lançadas as primeiras CPUs Pentium-II, as unidades da geração anterior foram sendo aos poucos, retiradas da prateleira. No entanto, durante os meses que vieram a seguir, o Pentium-MMX (233 MHz) ainda estava lá, ao alcance dos usuários que desejavam ter o seu primeiro computador. Lembro-me até hoje: ainda em meados de 1998, muitos PCs desktops, com 64 MB de RAM (EDO), vídeo onboard (ou uma VGA Trident com 2 MB de RAM) e HDs que variavam de 2.1 a 4.3 GB, estavam em liquidação! Somente no ano a seguir, com o lançamento da plataforma Pentium-III e a popularização da arquitetura K6-II (AMD), o velho Pentium-MMX de 233 MHz finalmente se aposentou.

Ainda nesta época, o Windows 98 começou a se popularizar, graças ao lançamento de máquinas mais poderosas e a sua atualização na forma do Windows 98 SE, que por sua vez corrigia muitos bugs críticos do lançamento original. Infelizmente, o Pentium-MMX não tinha competência para rodar este novo sistema operacional, mesmo equipado de 64 MB de RAM (a exigência mínima na época, embora constasse 32 MB de RAM nos requerimentos). Em contrapartida, o antigo Windows 95 rodava “lisinho”!

Eis, uma dúvida: se o Windows 98SE fosse uma atualização mais light – o suficiente para ser rodado por um simples e modesto Pentium-MMX (233 MHz), ele sobreviveria por mais tempo? Pessoalmente, acredito que sim! 😉

AMD K6-II (500 MHz)

Quando a Intel lançou a família de processadores Pentium-II, a AMD e os demais concorrentes da época se encontraram uma situação bastante delicada, por não disporem de produtos com o mesmo nível de desempenho. E para dificultar a vida da concorrência, a Intel licenciou o seu novo barramento de comunicação GTL+, criando restrições para que os demais fabricantes não pudessem utilizar a sua plataforma. Ainda assim, a plataforma anterior – batizada de soquete Super 7 – continuava livre…

Eis, a grande jogada estratégica da AMD: sabendo que ainda se encontravam muitas placas soquete Super 7 disponíveis no mercado, resolveu continuar dando o suporte à elas através da arquitetura K6-II, destacando-se a versão de 500 MHz de seu processador. O sucesso da empreitada não demorou muito para acontecer: em poucos meses, a AMD foi ganhando boas cotas do mercado direcionado para as linhas de baixo custo.

Com um sistema baseado na placa-mãe Soyo FIC-VA 503+, CPU AMD K6-II (500 MHz), Placa aceleradora de vídeo Riva TNT de 32 MB, 128 MB de RAM PC-100 e HD de 10 GB, tínhamos em mãos uma máquina que combinava o baixo custo, ao mesmo tempo que oferecia um desempenho razoável para os jogos da época (como os FPS Unreal e Quake III)! Mas infelizmente, alguns fabricantes optavam por montar tais sistemas com aquelas malditas PC-Chips M598…

Intel Celeron-M 353 (900 MHz)

O Celeron-M 353 (900 MHz) seria mais um simples processador ULV em sua época, se não fosse por um grande marco na história: ter equipado os primeiros netbooks comercializados pela Asus no fim de 2007. Na “época”, o Intel Atom N270 (1.6 GHz) – a CPU desenvolvida exclusivamente para os netbooks – não havia chegado ao integradores, obrigando-os a adotar o Celeron-M em seu lugar. Embora a Via oferecesse uma CPU de baixo consumo mais eficiente energicamente ao mesmo tempo que oferecia desempenho o suficiente, a sua pouca expressividade no mercado acabou fazendo os fabricantes deixarem-na de lado.

Diferente do Intel Atom, o Celeron-M não dispunha dos modos de gerenciamento de energia necessários para garantir o seu baixo consumo, fazendo-o “rodar” sempre em sua velocidade máxima. Por isto, os primeiros netbooks da época mal passavam das 2.5 horas de autonomia, obrigando muitos fabricantes a realizarem o underclock a 630 MHz, para amenizar a situação. E infelizmente, eles esquentavam bastante…

Intel Atom N270 (1.6 GHz)

Quando os primeiros netbooks equipados com CPUs Intel Atom N270 (1.6 GHz), uma nova era da computação chegou: a computação móvel, através da disseminação dos dispositivos ultra-portáteis. Embora não oferecessem o alto nível de desempenho encontrado em portáteis clássicos, o Intel Atom garantia uma grande autonomia, devido ao fato de consumir tão somente 2.4 Watts em suas versões mobile. Em contrapartida, os chipsets utilizados consumiam bastante energia, pois eram as versões baratas daqueles utilizados na plataforma Pentium IV, consumindo até incríveis 11 Watts!

Apesar das suas limitações, o Intel Atom se tornou o símbolo das CPUs x86 em um novo universo a ser desbravado: a computação móvel, baseadas em dispositivos ultra-portáteis como os netbooks, tablets e MIDs.

Ao menos, enquanto as APUs Fusion não se popularizarem… &;-D

Por Ednei Pacheco <ednei [at]hardware.com.br>

http://www.darkstar.eti.br/

Sobre o Autor