Desde o lançamento do Duron o Celeron tem tido dificuldades em acompanha-lo em desempenho. Até o 766, todas as versões do Celeron ainda utilizavam bus de 66 MHz, andavam com o freio de mão puxado, enquanto desde as primeiras versões o Duron usa bus de 100 MHz, o que minimiza o gargalo com a memória.
Surgiu então o Celeron 800, que apesar de caro, já utilizava bus de 100 MHz. Isso claro fez com que o desempenho chegasse mais perto do do Duron, mas ainda faltava muito para supera-lo.
Em primeiro lugar, o Celeron tem menos cache que o Duron e ainda por cima um cache mais lento e menos eficiente.
É só fazer as contas. O Celeron tem um cache L1 muito rápido, com apenas 2 ciclos de latência, mas em compensação muito pequeno, meros 32 KB e ainda por cima inclusivo, ou seja, que armazena cópias de dados já armazenados no cache L2. O cache L2 por sua vez tem 128 KB, mas com um tempo de latência de 7 ciclos.
O Duron por sua vez tem um cache L1 um pouco mais lento, com latência de 3 ciclos, mas que por outro lado é muito maior, 128 KB no total. O cache do Duron tem a vantagem de ser exclusivo, o que significa que armazena dados diferentes dos já armazenados no L2. O cache L2 por sua vez não tem nada de muito especial, apenas 64 KB com 7 ciclos de latência.
O Celeron armazena um total de 128 KB em ambos os caches (os 32 KB do L1 não contam, pois são cópias), enquanto o Duron armazena um total de 192 KB (já que os dados armazenados nos dois caches são diferentes).
Em termos de velocidade de acesso, o Duron ganha novamente, pois passa a maior parte do tempo acessando o cache L1 que tem só 3 ciclos de latência, enquanto o Celeron passa a maior parte do tempo acessando o cache L2 (já que o L1 é muito pequeno), que tem um tempo de latência de 7 ciclos. Para complicar, o Celeron ainda acessa a memória RAM mais freqüentemente que o Duron, pois tem menos cache.
Como se não bastasse, o Duron ainda tem um coprocessador aritmético mais poderoso, capaz de executar três instruções por ciclo, contra apenas duas para o Celeron.
Em igualdades de condições é muito complicado para o Celeron competir com o Duron em desempenho, mas por outro lado o Celeron sempre vendeu melhor por um conjunto de fatores, que vão desde uma maior oferta de placas mãe, um consumo elétrico mais baixo, proteção contra queima do processador em caso de superaquecimento, boas possibilidades de overclock em algumas versões e assim por diante.
A briga entre o Celeron e o Duron promete continuar, pois a Intel anunciou as aguardadas versões do Celeron baseadas no core Tualatin e aproveitou para baixar os preços dos processadores.
O Celeron Tualatin já existe em versões de 1.1 e 1.2 GHz e ambas utilizam bus de 100 MHz. O grande problema é que não apenas os Celerons, mas também os Pentium III Tualatin são incompatíveis com todas as placas slot 1 e soquete 370 antigas. Existem especulações sobre a possibilidade dos fabricantes produzirem adaptadores, mas nada confirmado.
As placas da Asus que suportam os Tualatins começam com “TU”, como a TUSL2-C e a TUA266. A Soyo lançou a SY-7VBA133U e assim por diante. Basicamente, apenas as placas lançadas de dois meses pra cá, equipadas com os chipsets i815 B (ou i815EP B), Aladdin Pro 5T DDR ou no Via Apollo 133A (que é um remake do Apollo 133 que já conhecemos a bastante tempo) suportam os novos processadores, pois o próprio barramento de comunicação com o chipset utilizado pelo Tualatin é diferente do antigo.
Isso afasta qualquer perspectiva de upgrade barato, o que torna o Celeron Tualatin atrativo apenas para quem está pensando em montar um PC novo ou trocar de placa mãe.
Mas, estas não são as únicas novidades. O Celeron Tualatin vem com o dobro de cache das versões anteriores, 256 KB no total, ou a mesma quantidade do Pentium III Coppermine. O preço também é surpreendente. A versão de 1.2 GHz custa apenas 110 dólares nos EUA, apenas 5 dólares a mais do que o Duron de 1.1 GHz, que custa US$ 105.
O Duron Morgan (as versões de 1.0 GHz em diante) também tem suas armas, pois conta com o reforço do 3D-Now! Professional, um novo set de instruções que garante a compatibilidade com as instruções SSE do Pentium III.
Graças às novas instruções, o Morgan consegue ser de 5 a 7% mais rápido que as versões anteriores da mesma frequência e ficar muito próximo de um Athlon Thunderbird da mesma frequência, que ainda não conta com as novas instruções.
As instruções SSE do Duron ajudam sobretudo nos jogos, enquanto o maior cache do Celeron mostra a que veio nos aplicativos de escritório.
Isso já demostra bem o “humor” dos dois processadores. O Celeron não tem como acompanhar o Duron dentro dos jogos e em tarefas como compactação de vídeo em MPEG4 por causa do seu coprocessador aritmético mais fraco, mas faz bonito em aplicativos básicos ligados a edição de textos, navegação na Web, etc.
O Celeron também consome menos energia: 27 Watts na versão de 1.2 GHz, contra 41 Watts do Duron de 1.1 GHz.
Se você está preocupado com os upgrades futuros, o Duron é uma melhor escolha, pois as placas também são compatíveis com o Athlon e o Athlon XP. No caso do Celeron as perspectivas são mais limitadas, pois como o Pentium III sairá de linha em breve, você acabará limitado apenas às versões mais rápidas do Celeron que venham a ser lançadas dos futuro.
Mesmo correndo o risco de assumir uma opinião “morna”, eu penso que nenhum dos dois processadores é um mal negócio para quem quer um PC de alto desempenho que não seja muito caro, pois têm preços muito próximos. Pessoalmente ainda prefiro o Duron, mas finalmente a Intel voltou a ter um produto competitivo. O preço é baixo, mas o desempenho é de gente grande. 🙂
Deixe seu comentário