Canonical segue sozinha com o Unity

Canonical segue sozinha com o Unity

Canonical Goes It Alone with Unity

Autor original: Joe ‘Zonker’ Brockmeier

Publicado originalmente no: lwn.net

Tradução: Roberto Bechtlufft

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Depois de lançar o Lucid Lynx, a comunidade de desenvolvedores do Ubuntu se reuniu em maio em Bruxelas, na Bélgica, para se preparar para o lançamento da versão 10.10, agendada para outubro. Dois dos pontos principais dessa versão serão uma nova interface para netbooks chamada “Unity” e o “Ubuntu Light” – uma versão mais simples do Ubuntu, voltada para uso em sistemas que rodem o Microsoft Windows como alternativa de inicialização instantânea.

Mark Shuttleworth anunciou o design da nova interface e o conceito do Ubuntu Light no dia 10 de maio em seu blog e em palestra no Ubuntu Developer Summit. O Ubuntu já tem o Netbook Remix, personalizado para telas pequenas, mas o novo design tem como objetivo se focar menos no acesso a todos os aplicativos e mais no acesso rápido aos programas mais usados. Shuttleworth diz que a Canonical tem investido tempo na análise do que os usuários mais usam e na identificação de coisas que não são necessárias em configurações mais leves. Ele também diz que o foco está em conectar o usuário à web o mais rápido possível.

Os produtos de inicialização instantânea geralmente são usados de forma independente. Eles são ambientes “leve-me para a web agora”, sem a necessidade de um gerenciamento de arquivos local pesado. Quando há conteúdo, ele costuma estar num ambiente Windows local, em serviços de nuvem ou outros dispositivos a serem sincronizados. Eles também não são ambientes onde as pessoas teriam uma expectativa natural de usar uma ampla variedade de aplicativos: a web é o foco, e podem haver uns poucos complementos, como reprodução de mídia, clientes de mensagens instantâneas, jogos e a capacidade de se conectar a dispositivos locais como impressoras, câmeras e outras mídia conectáveis.

Também aprendemos uma coisa interessante com nossos usuários. O que importa não é a velocidade de inicialização. O que importa é em quanto tempo você abre um navegador web com conexão à internet. O que importa é em quanto tempo seu sistema está rodando e atendendo às necessidades do usuário.(negrito no original)

Em quanto tempo você consegue uma conexão operacional com a internet? Parece que os usuários vão ter que comprar um computador novo para descobrir. Quem baixar o Ubuntu em vez de comprá-lo via hardware OEM não terá acesso ao Ubuntu Light. De acordo com o post de Shuttleworth, a empresa não vai oferecer um download de fins gerais devido à “necessidade de se personalizar as versões Light para hardware específico”. Embora a personalização possa trazer benefícios, ela não parece ser um impedimento para outras distribuições que oferecem versões “instantâneas”, como o Mandriva InstantOn, então é meio frustrante a Canonical não oferecer uma edição Light para distribuição geral. Presume-se que ela irá fornecer o código das melhorias, mas talvez não seja trivial para a comunidade juntar as peças de uma versão Light.

O Ubuntu Unity, no entanto, já está disponível, embora incompleto. Os usuário do Ubuntu 10.04 só precisam adicionar o PPA canonical-dx-team/une, instalar o pacote unity e fazer logout. Escolha a sessão Unity UNE (Ubuntu Netbook Edition) e faça login de novo.

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Tela do Ubuntu Unity

A interface Unity é estável o bastante, mas ainda não está completa em termos de recursos. No momento, ela consiste basicamente no lançador de programas e no painel. Há planos para se acrescentar o “Dash”, que exibiria aplicativos e arquivos como uma camada sobreposta. Seria uma espécie de supermenu exibido acima das janelas atuais. Ele substituiria os menus do GNOME e o painel lateral do Netbook Remix. A ideia é maximizar o espaço vertical, que é disputadíssimo em netbooks, e tornar a interface mais apropriada ao toque do dedo. Isso significa que os usuários devem conseguir navegar pela interface tanto com o mouse quanto com uma tela sensível ao toque. Imagina-se que a Canonical não esteja de olho só nos netbooks, mas também nos tablets.

Quando o Unity é aberto, apresenta um grupo de aplicativos padrão como Firefox, Rhythmbox e a Central de Software no painel. Como o Dash ainda não está pronto, o padrão atual do Unity inclui um link para os aplicativos, que dá acesso à pasta /usr/share/applications. A interface Unity pelo visto não inclui uma caixa de diálogo ou utilitário “Executar”. Também não está claro ainda quais são os planos para o acesso via teclado, e se vai ser possível navegar por boa parte da interface usando atalhos de teclado.

De modo geral, a interface Unity responde bem e é fácil de usar. Os usuários familiarizados com docks vão se acostumar ao Unity rapidamente. É possível remover aplicativos do dock arrastando-os para fora dele ou clicando com o botão direito e escolhendo “Remover do lançador”. Aplicativos podem ser adicionados escolhendo “Manter no lançador”. O logotipo do Ubuntu no canto superior esquerdo reúne as janelas abertas, mostrando uma visão reduzida de todas as janelas e permitindo ao usuário escolher uma. Ao contrário do Netbook Remix, a barra de título não fica mesclada à barra de título principal da interface do Unity, o que gasta um pouco de espaço.

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Visualização do Ubuntu Light Expose

Uma pergunta interessante surgida com o Unity e o interesse da Canonical em executar aplicativos em tela cheia é: como a empresa pretende garantir que os aplicativos rodem bem no modo de tela cheia? Aplicativos como o Chromium, que foi escolhido como navegador padrão da versão 10.10, lidam muito bem com o modo de tela cheia. Mas aplicativos como o Empathy, o cliente de mensagens instantâneas padrão (e, presume-se, um dos aplicativos mais desejados em um sistema de inicialização instantânea), não tem modo de tela cheia. A Canonical vai trabalhar com os desenvolvedores do aplicativo para desenvolver esse recurso? Parece que não, de acordo com este comentário de Neil Patel, desenvolvedor da Canonical. Em resposta a perguntas sobre um Empathy de janela única, Patel responde: “Não que eu saiba, e esperamos usar o Empathy padrão no Ubuntu. Talvez alguma comunidade possa nos ajudar a tornar o Empathy mais adequado a netbooks.”

Outra pergunta é como o trabalho no Unity vai se relacionar com o GNOME Shell, e se o caminho seguido pelo Ubuntu não o está afastando demais do projeto GNOME. O GNOME Shell está chegando no GNOME 3.0, prometido para setembro. Parece que o GNOME Shell não vai figurar na edição para netbooks do Ubuntu, embora Shuttleworth tenha observado que tecnologias do GNOME Shell como as bibliotecas Clutter e o gerenciador de janelas Mutter sejam usados. Shuttleworth diz que a “semente do design do Unity já havia sido plantada antes do GNOME Shell”, e que a empresa optou por esse design para sua versão de inicialização instantânea, em detrimento do GNOME Shell. O GNOME Shell estará disponível na versão normal do Ubuntu 10.10, mas não como padrão. O Ubuntu também está divergindo do GNOME padrão com seus botões de janelas, que foram oferecidos ao projeto GNOME, porém recusados.

O Unity e o Ubuntu Light também parecem marcar o fim do trabalho da Canonical com o Moblin/MeeGo. A empresa confirmou que não pretende lançar outra edição para netbooks do Ubuntu Moblin Remix. Isso faz com que a Canonical seja uma concorrente em potencial do MeeGo e do Android/Chrome OS do Google, e tendo que trabalhar muito mais na manutenção do ambiente desktop e do backend do que muitas outras distribuições. A Novell descobriu há muitos anos que inovar à frente do GNOME não era algo particularmente sustentável ou eficaz. Será que a Canonical aprendeu com os erros dos outros, ou está prestes a repeti-los?

Seria ótimo se a Canonical conseguisse levar o Linux ao sucesso com a interface Unity e o Ubuntu Light. Se essa será a solução que ganhará o mercado nós ainda não sabemos, mas a Canonical parece estar investindo no mercado de netbooks com mais entusiasmo do que qualquer outra empresa. A única preocupação é se a empresa não estaria se distanciando do resto da comunidade no processo.

Créditos a Joe ‘Zonker’ Brockmeierlwn.net

Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>

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