Configurando câmeras digitais no Linux

Por:
Configurando câmeras digitais no Linux

O suporte a câmeras digitais no Linux é proporcionado pela biblioteca libgphoto2. Ela concentra drivers para várias câmeras, sobretudo modelos USB.

Originalmente o libgphoto2 era acessível apenas via linha de comando, mas logo começaram a aparecer programas gráficos que além de baixar as fotos oferecem outras opções, como álbuns, slides, preview dos arquivos, etc.

As opções mais comuns são o Gtkam e o Flphoto. Quase todas as distribuições atuais instalam pelo menos um dos dois caso você marque a categoria de programas gráficos ou multimídia durante a instalação, mas caso você precis instalá-los manualmente, procure pelos pacotes libgphoto2, gtkam e flphoto nos CDs de instalação.

No Mandrake basta usar o comando “urpmi gtkam” e fornecer os CDs de instalação. O ícone para o Gtkam já aparecerá no Iniciar > Multimídia > Gráficos. O “desktop dinâmico” do Mandrake 9.0 também se encarrega de colocar um atalho para o Gtkam no desktop assim que a câmera é ligada ao PC, bem plug-and-play 🙂

gdh1
No caso das distribuições baseadas no Debian, você usaria os comandos “apt-get install ligphoto2*” e “apt-get install gtkam”.

O Kurumin vem com o gtkam instalado até a versão 2.05 e com o flphoto a partir da versão 2.10.

Da primeira vez que abrir o programa clique nem “Camera > Adicionar Camera > Detectar”. A partir daí ele encontra a câmera automaticamente e já baixa as miniaturas. Para salvar as fotos basta clicar em “Arquivo > Salvar Tudo”. A auto detecção funciona para quase todos os modelos de câmeras USB, apenas no caso das seriais é preciso indicar manualmente o modelo da câmera e a qual porta ela está conectada.

gdh2
Em outras distribuições você deve apenas checar se o libgphoto2 e o gtkam estão instalados. Lembre-se que o libgphoto2 é a biblioteca e o gtkam é o front-end para ela. Caso os pacotes não estejam incluídos nos CDs de instalação, você pode baixá-los no:
http://gphoto.sourceforge.net

Os pacotes disponíveis no site estão em código fonte. Eles podem ser instalados em quase todas as distribuições simplesmente descompactando o arquivo, acessando a pasta que será criada e em seguida rodando os comandos “./configure”, “make” e (como root) “make install”.

O Gphoto2 suporta um total de 295 modelos de câmeras, o que inclui praticamente todos os modelos mais comuns. Não é problema se você der uma consultada na lista antes de comprar sua câmera. Você pode ver a lista completa no:
http://gphoto.sourceforge.net/proj/libgphoto2/support.php

Além de utilizar o Gtkam é possível acessar a câmera via linha de comando, usando o programa gphoto2 que também está incluído no pacote. Ele é útil para desenvolver scripts que baixem as imagens da câmera automaticamente por exemplo. Os comandos básicos são:

$ gphoto2 –auto-detect

(para detectar a câmera)

$ gphoto2 –list-files

(para listar as imagens armazenadas na câmera) e

$ gphoto2 –get-all-files

(baixa todas as imagens da câmera para o diretório corrente).

As câmeras mais modernas, que suportam o protocolo USB-Storage podem ser acessadas diretamente, como se fossem um HD externo, sem a necessidade de usar o libgphoto2 e um programa gráfico como o gtkam. Não existe uma forma fácil de saber qual das duas formas é usada pela sua câmera, o mais prático é simplesmente tentar dos dois jeitos e ver qual dá certo.

Para verificar se a sua câmera suporta o usb-storage, crie uma pasta qualquer para monta-la, como por exemplo /mnt/camera e em seguida rode o comando abaixo como rot:

mount -w /dev/sda1 /mnt/camera

Se a câmera for compatível, você poderá não apenas acessar as fotos, mas também deletar os arquivos e gravar outros, exatamente como se a camera fosse um HD removível.

Além de conectar a câmera diretamente ao PC, é possível transferir as fotos usando um leitor de cartões de memória Flash. Neste caso você só precisa comprar junto um cartão de memória para a câmera para transferir os arquivos diretamente, mesmo que sua câmera seja incompatível com o libgphoto2.

Estes leitores são razoavelmente baratos e estão ficando populares junto com as câmeras digitais e palmtops. Muitos integradores já estudam incluir leitores em alguns modelos de PCs, é provável que dentro de mais alguns anos os cartões de memória flash substituam definitivamente os disquetes. Existem tanto leitores externos ligados à porta USB, quanto modelos internos, ligados a uma das portas IDE da placa mãe.

gdh3
Os cartões de memória vêm em basicamente dois formatos, os Compact Flash e os SD. Ambos são formatados da mesma maneira, do ponto de vista do suporte no Linux não faz diferença.

Os leitores IDE são os mais simples de configurar. Os cartões são reconhecidos como se fossem um HD IDE e ficam disponíveis como /dev/hda, /dev/hdb, /dev/hdc ou /dev/hdd, de acordo com o jumpeamento e interface IDE onde estiver instalado. O seu trabalho será apenas o de montar e desmontar o dispositivo.

Os leitores USB utilizam o protocolo USB Storage, que também é padrão. Para que eles sejam suportados é necessário que o Kernel da distribuição usada inclua os módulos USB, Generic SCSI , SCSI disk support e USB Storage. As distribuições atuais, baseadas no Kernel 2.4 em diante geralmente trazem tudo isso habilitado por default, por causa do suporte a dispositivos USB em geral e gravadores de CD.

Se tudo estiver habilitado, o cartão será reconhecido como se fosse um disco SCSI e ficará disponível como o dispositivo /dev/sda1. Caso você tenha um gravador de CDs ou outros dispositivos SCSI o cartão pode aparecer como /dev/sdb1, /dev/sdc1, etc.

Os cartões usados pelas câmeras são formatados em FAT16, não devido à enorme tolerância à falhas ou ao formidável suporte a discos de grande capacidade, mas simplesmente por este ser o denominador comum entre os sistemas de arquivos, suportado por quase todos os sistemas operacionais.

Se o leitor tiver sido reconhecido, tudo o que falta é montá-lo no diretório de sua preferência. Para testar, crie o diretório /mnt/flash e tente um “mount -t vfat /dev/sda1 /mnt/flash“. Se der certo, inclua uma linha no arquivo /etc/fstab:

/dev/sda1 /mnt/flash vfat user,noauto 0 0

A partir daí você poderá montar e desmontar o cartão usando os comandos “mount /mnt/flash” e “umount /mnt/flash”. Para facilitar, crie um ícone no desktop, no KDE basta clicar em “Criar novo > Disco Rígido”.

O cartão de memória funciona como um dispositivo de armazenamento qualquer. Você pode copiar as imagens para o HD, deletar arquivos no cartão ou até mesmo usa-lo para guardar e transportar arquivos enquanto não estiver usando a câmera.

Se você tiver uma câmera antiga, que ainda usa a porta serial, experimente o gphoto. Ele é um programa mais antigo, que oferece suporte a um grande número de câmeras antigas que não são suportadas pelo libgphoto2.

Ele também pode ser encontrado na maioria das distribuições. Use o “apt-get install gphoto” ou “urpmi gphoto” para instalá-lo. O comando para abrir o programa instalado é novamente “gphoto”.

Uma vez dentro do programa, selecione a porta a que a camera está conectada em Configure > Select Port-Camera Model e em seguida baixe as fotos em Camera > Download Index (para ver as miniaturas) e Camera Download Selected (para finalmente baixar as fotos selecionadas).

O gphoto possui também alguns recursos de tratamento de imagem coisa que o gtkam não possui, mas por algum motivo o projeto parece ter sido abandonado depois do lançamento do libgphoto2 e dos programas baseados nele.

gdh4
Resumindo, existem 4 alternativas para acessar sua câmera:

a) Usando o libgphoto2 + gtkan ou flphoto.

b) Acessando a câmera diretamente via usb-storage.

c) Acessando o cartão de memória usando um leitor.

d) Usando o gphoto antigo.

Infelizmente nem todas as câmeras são suportadas, principalmente os modelos mais baratos da Aiptek e outros que utilizam algum tipo de software de comunicação proprietário para eliminar o controlador USB e baratear o custo do equipamento.

Pesquise um pouco antes de comprar para certificar-se que está levando pra casa uma câmera compatível. O ideal é que a câmera seja compatível com o usb-storage ou utilize um cartão de memória (caso você já tenha o leitor), assim você pode acessa-la diretamente sem depender de drivers.

Eu estou no momento utilizando uma Kodak DX3215 já velha de guerra. Eu escrevi um script que baixa as fotos via linha de comando, assim ao invés de precisar abrir o gtkam eu simplesmente abro um terminal, acesso a pasta onde quero baixar as fotos e chamo o script:

#!/bin/sh
gphoto2 –auto-detect
gphoto2 –list-files
gphoto2 –get-all-files

No Kurumin você vai encontrar uma versão mais elaborada deste mesmo script na forma do “baixar-fotos” disponível no menu.

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X