Bazucas antidrone e bloqueadores de sinal: Conheça as tecnologias que ajudaram na segurança do Papa Leão XIV

Do apagão de telefonia aos dispositivos militares de interferência, o Vaticano empregou arsenal tecnológico sofisticado para proteger o sigilo do conclave

O Vaticano pode ser a sede de uma instituição milenar, com tradições que remontam a séculos atrás, mas quando o assunto é segurança e privacidade, as soluções adotadas são surpreendentemente modernas. Durante o recente conclave para escolha do Papa Leão XIV, um impressionante aparato tecnológico foi mobilizado para garantir que nenhuma informação vazasse da Capela Sistina antes do anúncio oficial.

Em um mundo onde drones, celulares equipados com câmeras de alta resolução e dispositivos de escuta avançados são facilmente acessíveis, o desafio de manter o sigilo absoluto de uma reunião com 133 cardeais de todo o mundo exigiu soluções dignas de operações militares. Isso porque a quebra do juramento de sigilo resulta em excomunhão automática – uma consequência espiritual grave para os envolvidos no processo.

Enquanto os cardeais debatiam e votavam no sucessor do Papa Francisco, do lado de fora, uma barreira invisível de tecnologia cercava a Capela Sistina, criando uma verdadeira bolha digital isolada do mundo exterior. Mas quais foram exatamente essas tecnologias e como elas funcionaram para garantir que nenhum bit de informação escapasse antes da fumaça branca?

Você também pode gostar dos artigos abaixo:

Conclave e escolha de novo Papa gera memes na internet. Confira!

Sistemas antidrone: a defesa aérea do Vaticano

vaticano

Uma das maiores preocupações de segurança moderna são os drones. Pequenos, ágeis e equipados com câmeras de alta definição, esses dispositivos poderiam facilmente sobrevoar a Capela Sistina e capturar imagens do interior através das janelas. Para evitar esse risco, o Vaticano implementou um sistema completo de defesa antiaérea.

Fontes ligadas ao Vaticano confirmaram que a cidade-estado possui seus próprios sistemas de detecção de drones, capazes de identificar qualquer objeto voador não autorizado nas proximidades. Além disso, autoridades de segurança italianas estavam equipadas com o que a imprensa local chamou de “bazucas antidrone” – dispositivos capazes de neutralizar drones invasores sem necessidade de derrubá-los fisicamente.

Bazuca anti-drone: entenda como funciona o dispositivo usado no conclave | Thássius Veloso | cbn

Esses sistemas funcionam através de um mecanismo de interferência direcionada que corta a comunicação entre o drone e seu operador, forçando o aparelho a pousar ou retornar ao ponto de origem. Essa tecnologia é semelhante à utilizada em zonas de conflito e áreas de alta segurança como aeroportos internacionais.

Como medida adicional, filmes opacos foram instalados nos vidros das janelas da Capela Sistina, que chegam a 20 metros de altura. Essa solução simples mas eficaz impede que câmeras de longo alcance ou drones capturem qualquer imagem do interior, mesmo que consigam se aproximar do edifício.

Bloqueadores de sinal: a gaiola digital da Capela Sistina

Capela Sistina

 

Para garantir que nenhum dispositivo eletrônico funcionasse dentro da Capela Sistina, o Vaticano recorreu a bloqueadores de sinal de nível militar. Esses equipamentos, similares aos usados em prisões de segurança máxima e instalações militares, criam uma verdadeira “gaiola de Faraday” digital ao redor do ambiente.

Os bloqueadores funcionam emitindo sinais que perturbam as frequências usadas por telefones celulares, Wi-Fi, Bluetooth e outras tecnologias de comunicação sem fio. Dentro do raio de ação desses dispositivos, é impossível fazer ou receber chamadas, enviar mensagens ou acessar a internet.

De acordo com especialistas em segurança digital, os bloqueadores empregados no conclave são provavelmente de grau militar, capazes de interromper não apenas comunicações celulares, mas também transmissões de rádio e outros dispositivos eletrônicos que poderiam ser usados para enviar informações para fora da capela.

O uso destes equipamentos no conclave não é novidade – desde 2013 o Vaticano vem aprimorando essa tecnologia. Naquela época, foi implementada a primeira “gaiola de Faraday” digital na Capela Sistina. Para o conclave de 2025, houve uma atualização significativa no sistema para enfrentar as novas ameaças tecnológicas surgidas na última década.

Há divergências sobre onde exatamente esses bloqueadores foram instalados. Algumas fontes afirmam que os dispositivos foram colocados sob o novo piso temporário instalado especialmente para o conclave, enquanto outras indicam que eles teriam sido posicionados próximos às janelas superiores da capela.

Torres de telefonia: o apagão estratégico

vaticano

Indo além dos bloqueadores locais, o Vaticano tomou uma medida ainda mais drástica: o desligamento completo das torres de telefonia celular em toda a cidade-estado. O Gabinete do Governador da Cidade do Vaticano emitiu um comunicado solicitando a desativação de todas as torres de telefonia móvel às 15h do horário local (10h no horário de Brasília) na quarta-feira (7).

Essa medida afetou diretamente jornalistas e equipes de transmissão que cobriam o evento, criando dificuldades para transmissões ao vivo durante o conclave. De acordo com o jornal britânico The Guardian, o sinal só seria restaurado após o anúncio do novo pontífice.

O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, confirmou a informação, mas ressaltou que a Praça de São Pedro, onde milhares de fiéis se reuniram para aguardar o resultado, não foi afetada pelo bloqueio de sinal. Isso permitiu que o público presente compartilhasse o momento histórico em tempo real, enquanto mantinha o isolamento digital apenas na área restrita do conclave.

Essa estratégia de desligamento seletivo da infraestrutura de comunicações demonstra um planejamento meticuloso de segurança, equilibrando a necessidade de sigilo com o interesse público no evento. Trata-se de uma abordagem que pouquíssimas organizações no mundo teriam capacidade de implementar.

A ciência por trás da fumaça papal

papa

Enquanto as tecnologias modernas protegiam o sigilo do conclave, uma tradição centenária foi mantida para anunciar o resultado: a fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina. Preta quando não há consenso, branca quando o novo Papa é escolhido. Mas mesmo essa tradição antiga recebeu atualizações tecnológicas nas últimas décadas.

Atualmente, dois fogões são utilizados no processo. Um deles, feito de ferro fundido, é responsável por queimar as cédulas de papel usadas pelos cardeais na votação. O segundo, mais moderno, tem função puramente simbólica: produzir a fumaça colorida que anuncia ao mundo o resultado da eleição.

A composição química da fumaça também evoluiu com o tempo. Antigamente, a cor era determinada pela queima de materiais simples: piche para a fumaça preta e palha úmida para a branca. Esse método rudimentar frequentemente produzia uma coloração cinza ambígua que confundia os fiéis.

Desde 2005, o Vaticano passou a utilizar compostos químicos específicos para garantir cores distintas e inequívocas. Para a fumaça preta, utiliza-se uma mistura de perclorato de potássio, antraceno e enxofre. Já a fumaça branca é produzida com cloreto de potássio, lactose e resina de coníferas.

Esta evolução da química por trás da fumaça papal ilustra perfeitamente como o Vaticano consegue combinar tradições seculares com avanços científicos, criando um equilíbrio entre o antigo e o moderno.

O preço do segredo

Todas essas medidas de segurança refletem a seriedade com que o Vaticano trata o sigilo do conclave. A quebra do juramento de segredo resulta em excomunhão automática, uma das punições mais severas no direito canônico. Esse juramento, desenvolvido pelo Papa João Paulo II em 1996 e reforçado pelo Papa Bento XVI em 2013, é imposto a todos os envolvidos no processo, desde os cardeais até funcionários como cozinheiros, faxineiros e seguranças.

O juramento exige que os envolvidos “observem e protejam o segredo em torno do conclave” e se abstenham de usar “qualquer equipamento de áudio ou vídeo capaz de gravar qualquer coisa que aconteça durante o período da eleição dentro da Cidade do Vaticano”. A pena para infrações é explícita: “excomunhão automática reservada à Sé Apostólica”.

Essa combinação de tecnologia avançada e consequências espirituais severas cria um sistema de proteção único no mundo, onde medidas de segurança física e digital são reforçadas por crenças religiosas profundas.

O equilíbrio entre tradição e tecnologia

O conclave papal representa um fascinante contraste entre tradições milenares e tecnologias de ponta. De um lado, rituais que remontam a séculos, cerimonial meticuloso e votos em papel. De outro, bloqueadores de sinal militar, sistemas antidrone e química avançada para produção de fumaça colorida.

Este equilíbrio reflete a própria natureza da Igreja Católica no século XXI: uma instituição que mantém suas tradições enquanto se adapta às realidades e desafios do mundo moderno. As medidas de segurança tecnológica não substituem os rituais tradicionais, mas os complementam, criando camadas adicionais de proteção para garantir que o processo continue a ocorrer conforme prescrito há séculos.

Num mundo onde a privacidade digital se torna cada vez mais rara, e onde vazamentos de informações ocorrem mesmo nas organizações mais seguras, o Vaticano conseguiu manter o sigilo absoluto de um dos seus processos mais importantes. Isso só foi possível graças à combinação estratégica de tecnologia avançada, medidas de segurança física e a força da tradição religiosa.

E você, o que acha dessa combinação de alta tecnologia com tradições seculares? As medidas adotadas pelo Vaticano parecem excessivas ou justificáveis considerando a importância do evento? Compartilhe sua opinião nos comentários!

Postado por
Cearense. 37 anos. Apaixonado por tecnologia desde que usou um computador pela primeira vez, em um hoje jurássico Windows 95. Além de tech, também curto filmes, séries e jogos.
Siga em:
Compartilhe
Deixe seu comentário
Img de rastreio
Localize algo no site!