A sexta geração de consoles foi iniciada em 1998 pela Sega, com o DreamCast, primeiro console 128-bits, mas o grande representante dessa fase não foi nem o GameCube da Nintendo, nem o primeiro Xbox da Microsoft, demais integrantes dessa geração, ambos apresentados em 2001. O grande vitorioso, não só em vendas, mas no legado e influência foi o PlayStation 2, da gigante japonesa Sony, lançado há 20 anos, no dia 04 de março de 2000, no mercado japonês.
Além de um console aclamado, o PlayStation 2 foi um produto revolucionário e que conseguiu incutir nas pessoas aquele desespero mercadológico, a busca por ter uma unidade pra chamar de sua o mais rápido possível. Com o PS2 a Sony imprimiu a mesma sensação de modernidade e apelo que o Walkman também ostentou por muitos anos.
O mais curioso e assombroso é que esse foi apenas o segundo console lançado pela gigante japonesa. Num misto de sorte, boas decisões e erros homéricos de seus concorrentes, a Sony conseguiu entrar e dominar um mercado que, a princípio, seria apenas uma parceira.
Como contamos neste artigo sobre os 25 anos do PlayStation, a Sony seria apenas uma parceira da Nintendo, uma aliança que tinha a missão de lançar o primeiro console da Big N compatível com mídia de CD. O projeto não foi pra frente, a parceria desfeita, a Sony caminhou sozinha e colocou na praça o PlayStation em 1994 e a Nintendo só sairia do cartucho apenas em 2001, com o GameCube, rival do PlayStation 2.
Com o PlayStation 2 a Sony elevou a sua proposta de entregar uma verdadeira central de entretenimento ao usuário. No Play 2 a tática adotada era no estilo “cavalo de troia”, o produto é adquirido como um reprodutor de jogos, mas também tem a capacidade de ser um companheiro multimídia completo, capaz de ler CDs e DVDs.
Isso sem contar o fato da sua retrocompatibilidade com jogo do PSOne. Só pra você ter uma ideia do impacto, o PlayStation 2 foi lançado por US$ 299, nessa época um player de DVD tinha o mesmo preço. A Sony, com o PS2, não conseguiu abalar somente o mercado consoles, mas o entretenimento doméstico de forma geral.
A aposta no multimídia era tão forte que Sony chegou a vender um kit que transformava o PlayStation 2 em um computador com Linux. O kit era vendido por US$ 200 e incluía o Linux 1.0 para PS2, um cabo de adaptação para o monitor, um disco rígido de 40 GB, uma placa de rede Ethernet 10/100 Base-T e um teclado e mouse USB. Por parte do usuário, era necessário o console, um monitor VGA e um cartão de memória de 8 MB para carregar o sistema operacional.
Essa geração de consoles também foi fundamental para iniciar a trajetória da internet fora do computador, o desenvolvimento de um gigantesco ecossistema de novos dispositivos conectados tem relação total com a sexta geração dos consoles.
Nessa geração também apreciamos o salto na qualidade gráfica, que em hoje em dia é defendida com unhas e dentes por Sony e Microsoft, numa briga para ver quem entrega mais teraflops. Na época do PS2 todos estavam nessa onda do realismo, do deslumbre com o que salto na qualidade gráfica podia oferecer.
Lembro até hoje a primeira vez que vi GTA III no PlayStation 2, foi o meu primeiro contato com um console dessa geração, realmente o impacto, a total ruptura com o que era o PlayStation, foi marcante.
O mesmo embasbacamento tomou conta em outros títulos inesquecíveis, como o primeiro God of War, Shadow of the Colossus e Final Fantasy XII. Cerca de quatro mil jogos foram lançados para o PS2, com 1,5 bilhão de cópias vendidas
Em comemoração a marca de 50 milhões de unidades vendidas, a Sony revelou uma edição comemorativa para o PlayStation 2 em 2003. Modelos coloridos, disponíveis nas cores prata, azul e roxo.
Essa mesma estratégia foi adotada 2 anos antes, em 2001, quando o PlayStation 2 atingiu a marca de 2 milhões de unidades vendidas. A Sony fabricou 2 mil unidades do PlayStation 2 para cada uma das 5 opções de cores disponíveis, o destaque, sem dúvida alguma, ficou por conta da estonteante versão Astral Blue. Essa série ficou conhecida como European Automobile Color Collection. Essas edições são raríssimas. No Mercado Livre é possível encontrar anúncios pedindo mais de R$ 20 mil por uma dessas versões.
A longevidade do PlayStation 2 permitiu que o console recebesse uma versão slim, conceito que a Sony também apostou com seu antecessor. Em 2004, (mesmo ano que a Sony lançou seu primeiro console portátil, o PSP) chegava ao mercado uma versão repaginada do PS2, responsável por melhorar algumas questões técnicas, como a temperatura, em relação ao primeiro modelo. Em contrapartida, o slim impossibilitava a adição de um disco rígido, o que era possível no anterior.
No Brasil, o PlayStation 2 chegou oficialmente apenas em 2009. Nesta altura do campeonato o console já ostentava mais de 100 milhões de unidades vendidas em todo o mundo. Mesmo com o atraso imperdoável da Sony para o lançamento do console em terras tupiniquins, o console foi um sucesso estrondoso.
A maior parte desse sucesso não veio das mãos do mercado oficial, e sim do paralelo, a possibilidade do desbloqueio, aliado a massificação dos jogos, encontrado nos mais variados mercados populares pelo país, tornou o PlayStation 2 o símbolo de algumas tribos, como a dos modders, com diversas versões modificadas de títulos originais, perdi as contas de quantas vezes joguei Bomba Patch (♫ “100% atualizado, é ruim de aturar Bomba Patch virou moda, todo mundo quer jogar“) – que continua sendo lançado até hoje, ou até mesmo versões modificadas do Guitar Hero, com músicas diferentes da versão padrão.
Os modders acabaram ampliando a experiência de um console que já era campeão, evidentemente a Sony tentou de tudo quanto foi jeito barrar a pirataria , mas o movimento foi grande demais, até mesmo para uma corporação bilionária.
O PlayStation 2 foi fabricado até o dia 03 de janeiro de 2013. Vários desenvolvedores continuaram criando títulos para o console depois disso, como a Konami com o Pro Evolution Soccer 14 e a EA com o FIFA 14. Além de ser um dos produtos mais reconhecidos da história dos games, o Play 2 mantém o título de console mais vendido, ostentando a marca de 155 milhões de cópias comercializadas.
A compatibilidade com DVDs, o catálogo incontestável de jogos e uma pirataria com uma capacidade regenerativa à lá Hidra de Lerna, elevaram o PlayStation 2 a esse símbolo de uma época louvável e extremamente competitiva dos games.
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