Em outubro de 2001, a Microsoft lançou o Windows XP. Baseado no kernel do Windows NT e trazendo inúmeras melhorias. Este seria mais uma nova versão do seu já consagrado sistema operacional, se não fosse um mero detalhe: a sua grande longevidade. Em pleno ano de 2011, o Windows XP ainda ocupa a primeira colocação entre os sistemas mais utilizados do mundo, à frente do Windows 7, Windows Vista e o Mac OS X…
É isso mesmo o que você leu: o Windows XP irá fazer 10 anos de mercado e, contrariando todas as expectativas, continua sendo o sistema operacional mais usado do mundo. Da concepção, baseada em novos conceitos de experiência em uso (daí a sigla XP, uma versão encurtada do termo “eXPerience”), o bom e velho Windows XP experimentou a rejeição de seus usuários logo no início. Mas, graças a algumas boas correções que posteriormente originaram o primeiro Service Pack (SP1), o sistema operacional aos poucos foi entrando no cotidiano de seus novos usuários.
O primeiro grande impacto veio justamente na interface redesenhada, batizada de Luna. Com suas cores fortes e vibrantes (dizem as más-línguas que a Microsoft se inspirou no programa infantil “Teletubbies”), foi através dela que o Windows XP apresentou diversos recursos que auxiliaram muito na usabilidade geral do sistema. Em destaque, o menu Iniciar remodelado, o qual possui um painel à sua esquerda que exibe os programas mais utilizados, além de possibilitar acesso rápido aos utilitários de ajuste e configuração do sistema. Por fim, a possibilidade de reagrupar as diferentes janelas de um mesmo programa na barra de tarefas, assim como “travá-la” de forma a evitar mudanças acidentais, conferiram à interface do sistema uma sensação de maior robustez e estabilidade, pelo menos se comparado às versões anteriores do Windows.
Embora a adoção de novas interfaces possam revitalizar a aparência geral dos sistemas (tal como aconteceu com o Windows XP), nem sempre tais mudanças agradam à todos: no caso do Windows XP, poderemos mudar o tema para o visual clássico, assemelhando-se bastante com as versões antigas do Windows, como o ME e o 98. Entretanto, se são justamente as cores que não agradam, poderemos optar por mudar o esquema, escolhendo as opções Silver (prateada) e Green (esverdeada). Por fim, ainda poderemos utilizar o esquema de cores Royale (também chamada de Energy Blue) e Zune (em homenagem ao reprodutor multimídia Zune), pois embora tenham sido desenvolvidos pela Microsoft, não são distribuídos oficialmente para o sistema. Em tempos antigos, tais temas consumiam moderadamente os recursos do sistema; mas nos dias atuais, isto é praticamente insignificante.
Naturalmente, as mudanças visuais são as principais responsáveis pela aceitação (ou não) por parte de seus usuários. Mesmo que um determinado software passe por profundas mudanças internas, ele não irá gerar um impacto tão grande, o quanto geraria se a sua interface fosse totalmente remodelada, especialmente se tais mudanças não trouxerem novas experiências em termos de usabilidade. Ainda assim, o bom e velho Windows XP mantém a sua base conceitual, proporcionando-nos as mesmas experiências em relação a usabilidade que tínhamos desde as versões antigas. E bota antiga nisso: o Windows existe há mais de 25 anos (1985), embora tenha sido à partir da versão 3.11 que se tornou realmente popular (1993) e a partir do Windows 95, que ele se tornou aquilo o que é nos dias de hoje.
Além da cara nova, que diferenciais importantes trouxe o Windows XP?
Conforme mencionei no início do artigo, a migração para o kernel do Windows NT foi uma das mais profundas mudanças estruturais feitas ao Windows XP, uma vez que as versões anteriores voltadas para o uso em desktops, não compartilhavam do mesmo kernel que as versões voltadas para o uso em servidores de redes. Graças à esta mudança, não só a árvore do kernel foi unificada, como também uma série de melhorias voltadas para a performance e estabilidade geral do sistema, foram dadas ao Windows XP. Em poucas palavras: a roupagem continua basicamente a mesma (embora bem mais colorida), mas por dentro, ele é sob muitos aspectos um novo sistema.
Entre os destaques, a redução do clássico problema no erro de alocação da memória (conhecido como GPF), onde geralmente um determinado programa “invadia” o espaço de memória ocupado por outro programa. Para evitar o travamento do sistema, o Windows abortava a sua execução e o removia da memória, mantendo os demais programas em execução. Em casos mais graves, gerava a tão famosa “tela azul da morte” (BSOD). Com a adoção do kernel NT, o subsistema responsável pela multitarefa preemptiva foi sensivelmente melhorado, resolvendo a maior parte do problema em questão. Ainda assim, algumas “telas azuis” aparecem de vez em quando, geralmente causadas por drivers ,al-escritos ou problemas de hardware…
Outra grande melhoria proporcionada pelo Windows XP, foi a adição do Side-by-Side Assembly, um sistema de gerenciamento de bibliotecas que visa promover o carregamento de versões diferentes da mesma biblioteca compartilhada, para aplicativos que por ventura possuam conflitos e/ou incompatibilidades com a versão específica de uma determinada biblioteca. Tal problema é conhecido como “DLL Hell”, desde os tempos do Windows 95, já que este último necessitava garantir a retro-compatibilidade com os aplicativos de 16 bits da época. Junto com outros mecanismos de proteção (como o Windows File Protection, que protegia as bibliotecas do sistema de alterações indevidas), o Windows XP podia finalmente garantir a tão sonhada estabilidade geral do sistema. Ao menos, não causava tantos aborrecimentos.
Junto com o Windows XP e o kernel NT, veio também o sistema de arquivos NTFS. Embora fosse suficiente para as necessidades dos usuários domésticos e tenha trazido muitas melhorias nos tempos do Windows 95, o sistema de arquivos FAT32 carecia de uma série de recursos modernos, como o suporte a permissões de acessos avançadas (ACLs), a auditoria de dados (o registro das atividades executadas), o uso de quotas, a compactação e criptografia de dados, entre outros recursos. Além disso, os mecanismos de proteção do FAT32 em situações drásticas (quedas de luz ou reinicialização abrupta do sistema) eram bastante frágeis, ao passo que o NTFS já suportava bem o journaling, uma técnica que dá ao sistema de arquivos, a capacidade de gerar registros dos eventos em metadados e promover correções à partir dele.
Em contrapartida, um grande abismo foi aberto entre o então novíssimo Windows XP e as versões anteriores, no que concerne ao suporte a hardware: por ser baseado em um novo kernel, novos drivers precisariam ser escritos para suportar os dispositivos e periféricos disponíveis no mercado, o que dependendo da boa vontade do fabricante, nem sempre acontecia. Enquanto que podíamos experimentar os drivers do Windows feitos para versão 95 no 98 ou até mesmo no ME, isto não podia ser feito no Windows XP. Prevendo estas limitações, a Microsoft promoveu uma série de melhorias importantes…
De início, a mídia de instalação do Windows XP trazia uma série de drivers embutidos para os dispositivos legados, o qual solucionou uma grande parte dos problemas relacionados a falta de reconhecimento e suporte, possibilitando a muitos micros antigos, o seu completo funcionamento sob a batuta do novo sistema operacional. Entretanto, podíamos utilizar os drivers desenvolvidos para o Windows 2000, uma versão do sistema desenvolvida com o foco em usuários corporativos e que estava disponível há mais ou menos 2 anos (1999) antes do lançamento do Windows XP. Isto era possível porque ambos são baseado no kernel NT.
Porém, o Windows XP poderia ter sido beneficiado por uma outra tecnologia, implementada ainda nos tempos do Windows 98: o Windows Driver Model (WDM). Basicamente, ele é um framework criado em substituição ao VxD (Virtual “X” Driver) que possibilitava o desenvolvimento de drivers, os quais pudessem ser tanto compatíveis com o Windows 98/ME o quanto com o Windows 2000 (e consequentemente, o Windows XP). Infelizmente, em virtude da sua complexidade, ele foi pouco adotado pelos fabricantes na época, o que obrigou a Microsoft a promover outros subsistemas que compensasse as suas limitações técnicas, como o Windows Driver Foundation (WDF).
Enfim, tais melhorias internas possibilitaram tornar o Windows XP um dos mais consagrados produtos da Microsoft. E por si só, o seu tempo de vida já nos diz isso: são 10 anos disponível no mercado, embora a própria Microsoft venha tentando “convencer” os seus usuários a abandoná-lo, oferecendo as versões mais modernas como o Windows Vista e o Windows 7. Mesmo sendo eficiente e bastante funcional, a sua infraestrutura foi concebida baseada em conceitos da sua época, o que o torna obsoleto para os padrões tecnológicos atuais. Ainda assim, muitos de seus usuários se dão por satisfeitos, graças em grande parte aos recursos e funcionalidades oferecidos pelo Windows XP, aliados à sua boa usabilidade. Mas, que recursos são estes?
Mas este assunto, ficará para uma próxima oportunidade! &;-D
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