A Netflix é referência quando falamos sobre streaming de conteúdo em vídeo. A plataforma presente em mais de 190 países e com uma base de assinantes que ultrapassa a casa dos 200 milhões construiu um verdadeiro império no mercado de vídeo sob demanda.
Mas o que fica claro em seus mais de 20 anos de mercado é que a empresa soube se adaptar e redefinir diversas vezes seu modelo de negócio. Aliás, esse é o ponto central na história da Netflix, já que a companhia não iniciou como uma plataforma de streaming, e sim de locação de DVDs que eram enviados diretamente para a casa dos clientes pelos correios. Essa é um dos fatos que você encontrará neste artigo que reúne algumas curiosidades bem interessantes sobre a Netflix e sua evolução ao longo dos anos.
A Netflix quase começou como uma empresa de locação de VHS
Você se lembra do VHS? Teve contato com as saudosas fitas de vídeo que movimentaram o mercado de home vídeo durante tantos anos? Bom, inicialmente o modelo de negócios da Netflix seria estabelecer uma empresa que o consumidor poderia escolher qual filme em VHS gostaria de alugar e então receber a fita em casa, através dos Correios. A ideia não foi pra frente, porque a Netflix apostou numa nova mídia, com envio mais barato e cômodo. O DVD. Tipo de mídia que na época da fase inicial da Netflix (1997) ainda não era tão conhecida
Assim como tantas empresas que chegam ao mercado, a Netflix surgiu de uma experiência negativa que o idealizador do novo negócio teve com o modelo atual do mercado. O caso em questão acontece com Reed Hastings, cofundador da Netflix. Hastings gostava de alugar fitas em VHS na Blockbuster, que era uma verdadeira potência no ramo de locadoras, empreendimento que chegou a ser responsável por 9 mil locadoras em todo o mundo (incluindo o Brasil).
Um dos protocolos no mundo das locadoras é: caso você atrase na devolução da fita (ou DVD) uma multa será aplicada. Isso aconteceu com o cofundador da Netflix. Ele esqueceu de devolver a fita do filme Apollo 13 no prazo correto. Resultado: teve que pagar uma multa de US$ 40.
Tempos depois, Hastings refletiu sobre o assunto, e concluiu que se o modelo de negócios depende de induzir sua base de clientes a se sentir idiota, dificilmente você obterá muita lealdade por parte deles. Essa situação e a reflexão sobre o ocorrido incentivou que Hastings e seu sócio Marc Randolph a investissem num negócio de locação de filmes por correspondência. O cliente acessaria o site, escolheria o filme e receberia o VHS em casa.
No entanto, o custo de enviar o VHS era alto. Surgiu uma alternativa. Arthur Mrozowski, um dos funcionários da empresa na época, informou sobre uma nova tecnologia para a transferência de filmes em VHS para DVD. Essa foi a solução para o negócio. Em maio de 1998 a Netflix abriu a primeira loja online de aluguel de DVDs do mundo.
Curiosamente, visitando o site www.dvd.com dos EUA, você ainda pode alugar filmes e séries em DVDs como parte de uma assinatura, e o número de clientes ainda é de dezenas de milhares de pessoas. A Netflix possui o prestigioso endereço www.dvd.com.
Foi ainda com o modelo de locação de filmes via DVD que a Netflix apostou em um modelo de assinatura. Por US$ 21,99, o assinante tinha acesso aos filmes sem cobranças adicionais e sem data fixa para entrega dos DVDs.
A Blockbuster teve a chance de comprar a Netflix, mas rejeitou
Fundada em 1985, a Blockbuster foi por muitos anos um sinônimo de locadora. A empresa que chegou a ter 9.000 locadoras espalhadas pelo mundo teve um crescimento meteórico, impulsionado a partir venda para a gigante de mídia Viacom, em 1994, por US$ 8,4 bilhões.
Mas o jogo virou, a Blockbuster não conseguiu migrar para o streaming de vídeo e o efeito foi o pior possível. Com a internet mandando em tudo, principalmente em coisas ligadas ao entretenimento, a Blockbuster ruiu. A empresa pediu falência em 2010. Apenas uma unidade da Blockbuster continua em operação atualmente, localizada Bend, no estado do Oregon, EUA.
O que talvez você não saiba é que quando ainda era uma potência digna de nota, a Blockbuster teve a chance de comprar a Netflix. Assim como no episódio Yahoo e Google, a gigante naquele momento teve a oportunidade de comprar o novo e insipiente concorrente, mas declinou. O Yahoo abriu mão de comprar o Google e a Blockbuster abriu mão de comprar a Netflix.
No início do ano 2000, a Reed Hstings e Marc Randolph se reuniram no 27º andar da Renaissance Tower em Dallas. Lá eles teriam uma conversa com John Antioco, CEO da Blockbuster. O encontro foi para que a Netflix apresentasse a proposta da Blockbuster assumir o negócio. Naquela época a Netflix tinha cem funcionários e cerca de 300 mil assinantes. Naquele ano, as perdas do negócio totalizariam US$ 57 milhões.
A proposta era que a Blockbuster comprasse a Netflix por US$ 50 milhões. O acordo foi rejeitado com todas as letras pela Blockbuster. 19 anos após esse encontro, a Netflix estava nos holofotes com a primeira indicação de melhor filme para uma produção original da plataforma, Roma, enquanto a Blockbuster amargava a ideia de ter apenas uma locadora da sua outrora grande rede em funcionamento. O mundo mudou, o mercado mudou. A Netflix se adaptou.
A Netflix chegou até a entrar na justiça contra a Blockbuster alegando que a locadora copiou seu modelo patenteado de aluguel de filmes. A Netflix acusou a Blockbuster de copiar o modelo quando resolveu se aventurar no negócio de locação pela web. Uma tentativa de salvar um negócio.
A Netflix sempre esteve próximos de fabricantes como Sony, Samsung e LG
Assim como faz com os provedores de internet, a Netflix também dá pitacos em relação aos modelos de TVs que ela entende como as melhores opções para consumir o conteúdo da plataforma. A Netflix fala que essa seleção é determinante para proporcionar a melhor experiência de entretenimento para os assinantes. Essas TVs recomendas – há até um selo que específica estes modelos – passam por testes rigorosos que atestam que aquela TV tem excelente desempenho e fácil acesso à Netflix. Aqui você pode conferir a lista de TVs que a Netflix elencou como recomendadas em 2020.
Essa ligação com fabricantes de hardware não é novidade. Antes mesmo da Netflix migrar para o steaming de vídeo, essa relação já acontecia. Quando ainda investia no modelo de aluguel de DVDs a Netflix estabeleceu parceria com alguns fabricantes, como Sony, Samsung e LG. A parceria refletia diretamente no consumidor, já que se você comprasse um aparelho de DVD que integrava essa série de modelos da parceria entre a Netflix e o fabrticante, recebia códigos para usar no site da Netflix. Esse código garantia a locação de um filme de maneira gratuita.
Um caso emblemático de parceria entre a Netflix e uma empresa de hardware aconteceu em 2009, época em que o PS3 era o console da vez da japonesa Sony. Enquanto o Xbox 360 oferecia o acesso à Netflix apenas para assinantes do serviço Xbox Live, com custo adicional, a Sony permitiu que os assinantes da Netflix pudessem assistir o conteúdo do catálogo pelo PlayStation 3 sem nenhum custo adicional.
Qwikster, o grande erro da Netflix
Nem só de boas decisões vive uma empresa. A Netflix não fugiu a essa regra. No início de 2007 a Netflix oferecia dois modelos de serviços integrados no mesmo valor da assinatura. Por US$ 10 o assinante tinha o acesso aos DVDs por correio e o streaming, que seria a força motriz da Netflix nos anos seguintes. Neste época a empresa chegou a conclusão que deveria se dividir em duas. Por US$ 8 o cliente teria a assinatura do aluguel de DVDs e por mais US$ 8 uma segunda assinatura, o streaming. A Netflix seria o streaming, o aluguel de DVDs ficaria com uma nova linha, o serviço Qwikster.
A ideia não foi bem aceita pelos consumidores. Além de perder milhões de clientes, a Netflix viu suas ações despencarem em mais de 75% nos trimestes seguintes ao anúncio. Até hoje, Reed Hastings coloca essa decisão da divisão Netflix e Qwikster como o ponto mais baixo de sua carreira.
O serviço de streaming da Netflix surgiu após o da Amazon
Além da Netflix, uma das opções de plataformas de streaming que você pode assinar é o da Amazon, chamado atualmente de Amazon Prime Vídeo. Você sabia que a plataforma de streaming da Amazon chegou antes da Netflix? É isso mesmo. Em setembro de 2006, ainda sob o nome de Amazon Unbox, a empresa de Jeff Bezos se aventurou no universo do desconhecido streaming de vídeo.
Foi a partir dessa iniciativa da Amazon, que a Netflix se apressou em também apostar nesse modelo de negócios. Alias, a Amazon foi a responsável por impulsionar Hastings a lançar na década de 90 a locação de filmes que tinha como base um site para consuta do catálogo. O confundador da Netflix pensou. Se o modelo está dando certo com livros (no caso da Amazon) por que não com filmes?
A Netflix anunciou sua plataforma de streaming de vídeo no dia 15 de maio de 2007. Quando a Netflix começou com o streaming, TVs com acesso inteligente ainda era algo quje estava sendo desenhado, e, obviamente, a Netflix sabia que não poderia ficar refém do acesso somente via computador. Para contornar o problema, em 2008, numa parceria com a LG, foi desenvolvido um set-top-box, para que o consumidor pudesse acessar o conteúdo da Netflix pela televisão. A chegada e consolidação das SmartTVs foi fundamental para o negócio de streaming da Netflix.
A expansão para fora dos EUA veio em 2010, com a chegada da Netflix no Canadá. No Brasil o serviço de streaming da Netflix passou a operar a partir de 2011, seguindo o cronograma de expansão da plataforma para a América Latina.
Netflix inventou um par de meias que pausa a série quando você pega no sono
A Netlix já mostrou muitas vezes que sabe propagar sua marca com ações de marketing que causam repercussão. Em 2015 a empresa resolveu criar um par de meias inteligentes que pausa o conteúdo assistido quando o expectador pega no sono. Batizada de Netflix Socks, o par de meias faz uso de alguns aparatos eletrônicos, como placa arduino, com bateria, e acelerômetro que detectam a sua atividade corporal. Caso o sistema detecte que você deu aquela cochilada gostosa a série pausa automaticamente.
Ao invés de vender esse par de meias inteligente, a Netflix mantém um site que mostra o passo a passo para que qualquer um possa fazer o seu par de meias inteligentes. Legal, né?]
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A tática da Netflix para não “quebrar a internet”
Como tantos assinantes, uma atuação global e com um modelo de negócio que depende diretamente da web fica a seguinte questão: como a Netflix não “quebra a internet”? Esse quebrar é no sentido de sobrecarregar a rede, já que tantas pessoas em tantos locais diferentes estão de maneira simultânea consumindo conteúdo na plataforma. São múltiplos fatores que permitem que o serviço funcione de maneira satisfatória, mas tem um especial desenvolvido pela Netflix. A tática são os Servidores Netflix Open Connect (OCAs). Esse hardware é fundamental para que a Netflix não “derrube” a internet.
A aplicação do Netflix Open Connect depende diretamente de parcerias com os provedores de Internet. Este tal de Open Connect é um dispositivo com 100 TB de armazenamento, instalado diretamente nos servidores do provedor de internet.
Esse dispositivo mantém localmente os conteúdos mais acessados, com base em dados geográficos. Essa solução reduz a dependência com provedores intermediários, e, consequentemente, a latência, entregando uma experiência de streaming mais consistente. A Netflix mantém parceria com mais de 1.000 provedores de internet pelo mundo.
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