Ter dois processadores no mesmo PC não é tão simples como ter dois motores num carro. O desempenho não dobra pura e simplesmente. Existem várias peculiaridades que devem ser consideradas e o ganho de desempenho pode variar de um pequeno decréscimo em relação ao mesmo sistema com apenas um processador a um espantoso ganho de desempenho de quase 80%. Tudo depende do tipo de aplicativos que você rodar no sistema.
A regra básica é que poucos programas são capazes de tirar proveito do segundo processador, e mesmo assim, o ganho nos otimizados na maioria das vezes não chega a ser muito expressivo. Muitos programas ainda são compilados com compiladores antigos, que não incluem otimizações nem para processadores Pentium quanto mais para multiprocessamento.
Outras vezes, o gargalo do programa não está no processador, mas sim no barramento com a memória, placa 3D, velocidade do HD, etc. e o aumento no poder de processamento faz pouca diferença.
Em compensação, existem tarefas onde o ganho de desempenho é muito grande, como por exemplo ao recompilar o kernel do Linux, ou qualquer outro grande programa, uma tarefa que consome mais processamento do que qualquer outra coisa, ou mesmo comprimir um filme em Div;-) ou uma música em MP3 utilizando um programa otimizado.
Mas, em geral você vai perceber uma grande melhoria apenas ao rodar vários aplicativos ao mesmo tempo. Se você passa muito tempo comprimindo vídeos em divx ou gerando animações em 3D, o segundo processador vai tornar o sistema muito mais responsível, pois enquanto o primeiro processador estará completamente ocupado processando a tarefa principal, o segundo continua livre para executar outras.
Na pior das hipóteses você pode ter um desempenho um pouco inferior ao que teria com um único processador, pois o sistema operacional fica responsável por analisar as funções utilizas pelos programas e dividí-las entre os dois processadores. Como qualquer outro tarefa, isto consome parte dos recursos do sistema.
Não é à toa que os sistemas dual são um must entre os servidores. Nestas máquinas é comum vários servidores (Web, Mail, Banco de dados, FTP…) rodarem simultâneamente. Além disso, tanto os servidores Web (Apache, IIS, etc.) quanto a maioria dos servidores de banco de dados são capazes de tirar proveito do processamento extra. E, como geralmente o multiprocessamento é combinado com um sistema RAID, bastante memória RAM e processadores com muito cache, o sistema fica com poucos gargalos.
Existem várias opções de multiprocessamento na MPX. A ideal é claro utilizar dois processadores Athlon MP, que apesar de mais caros são os únicos suportados oficialmente, mas você também pode utilizar dois Durons, dois Athlon Thunderbird ou até mesmo dois Athlon XP; desde que consiga destravar os processadores, já que para evitar que as vendas do Athlon MP, que é a série mais cara, fossem prejudicadas a AMD passou a incluir uma trava nos processadores Athlon XP, para evitar que eles sejam utilizados em sistemas dual.
O Athlon MP e o Athlon XP são ambos baseados no mesmo core Palomino e provavelmente exatamente o mesmo processador, com a única excessão de que as versões do Athlon MP são lançadas bem depois das equivalentes do Athlon XP, já que a AMD precisa certificar-se que os processadores são capazes de manter uma estabilidade irretocável em modo SMP, antes de lança-los no mercado. Convenhamos, a maioria dos sistemas dual são destinados a servidores, um ramo onde a AMD não têm tanto prestígio quanto a Intel, por isso a preocupação em fazer um bom trabalho neste segmento.
Mas, o Duron com core Morgan, que é basicamente um Athlon XP com menos cache e construído com filamentos de alumínio ao invés de cobre não possui a trava. Isso permite que os interessados em sistemas dual possam usar processadores Duron ao invés dos caríssimos Athlon MP.
Você deve estar se perguntando por que não utilizar processadores Athlon Thunderbird no lugar do Duron Morgan, já que atualmente a diferença de preço entre os dois processadores (considerando dois da mesma frequência) é pequena. A resposta é que o desempenho do Dual Duron Morgan é superior ao do Dual Athlon Thunderbird, assim como é muito superior ao desempenho do Duron antigo, que também suporta multiprocessamento, mas também é baseado na arquitetura antiga.
O core Morgan é um derivado do core Palomino usado no Athlon XP. Ambos trouxeram algumas melhorias em relação aos projetos antigos (o Athlon Thunderbird e o Duron Spitfire) com destaque à melhor eficiência do cache e ao suporte às instruções SSE do Pentium III.
Mas, além destas duas, foi feita mais uma mudança que faz toda a diferença em sistemas duais. O problema aqui diz respeito à coerência do cache L2.
Atualmente vários dispositivos têm permissão para escrever dados diretamente na memória RAM, entre eles placas de vídeo, HDs e placas de som PCI. Sempre que algum destes dispositivos escreve dados numa área de memória endereçada por um dos dois processadores, o segundo precisa parar o que está fazendo para carregar os endereços alterados no cache, para evitar a possibilidade de que o processador utilize os dados antigos ao invés dos novos. Isso mantém a coerência dos dados e a confiabilidade do sistema, mas causa uma grande perda de desempenho já que os processadores farão muito mais acessos à memória que o necessário.
Os Durons Spitfire e os Athlon Thunderbird não são processadores projetados para serem usados em SMP, por isso não trazem nenhum tipo de otimização para este processo. Os Duron Morgan e Athlon MP por sua vez são capazes de minimizar este problema, o que reduz a perda de desempenho a um mínimo, aumentando e muito a diferença de desempenho entre as duas famílias.
Você pode ler mais sobre o desempenho dos sistemas dual-Duron aqui:
https://firingsquad.gamers.com/hardware/dualduron/