Guia de upgrade, Abril 2002

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Fazer um upgrade é sempre a primeira coisa que vem à cabeça na hora em que sobra algum dinheiro para investir no micro, ou quando você começa a passar raiva para rodar algum programa ou jogo com um desempenho satisfatório.

Não é preciso dar uma de colunista da Info e repetir pela enésima vez que com todos os novos padrões fazer um upgrade está ficando cada vez mais complicado. Se fosse fácil você não estaria lendo este artigo 🙂

Vou abordar aqui três configurações diferentes, procurando enquadrar a maior parte das máquinas em uso atualmente. Não tenho esperança de conseguir adivinhar exatamente o que você tem sobre a mesa, mas espero dar uma boa idéia do que fazer em cada caso. Pretendo escrever novas versões deste guia periodicamente, citando outras configurações.

O mais importante a ser avaliado é o trio placa mãe-processador-memória RAM. É sempre possível aproveitar o HD, o modem (desde que seja PCI), o CD-ROM, etc. no upgrade, mas encontrar os processadores que são compatíveis com a placa mãe que você tem em mãos nem sempre é uma tarefa simples. O mesmo se aplica à memória RAM, já que além dos vários padrões de memória SDRAM (PC-66, PC-100, PC-133 e agora o PC-150) também temos as DDR e as Rambus, com todas as suas variações.Para ter mais detalhes sobre quais processadores são compatíveis com quais placas mãe e onde cada tecnologia de memória é usada eu recomendo que leia a minha série de tutoriais “Características e recursos dos processadores”, principalmente as duas partes finais, onde falo sobre os processadores atuais:

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Se a sua dúvida é sobre a instalação dos novos componentes, consulte o meu tutorial de montagem de micros: https://www.hardware.com.br/tutoriais/montagem-boot/

Depois de avaliar o que você têm em mãos, surge a questão custo benefício: como a placa mãe processador e memória geralmente correspondem à maior parte do valor do PC, o ideal é trocar apenas um dos três componentes, se possível por outro que possa ser aproveitado num futuro upgrade. Naturalmente isso nem sempre é possível, mas é o que você deve ter em mente na hora da escolha.

Apesar do processador e a quantidade de memória RAM serem os principais responsáveis, pelo desempenho, a velocidade da placa 3D, o monitor, a qualidade da placa de som, um gravador de CDs, ou mesmo a qualidade do modem podem ser muito mais importantes de acordo com o uso do PC ao mesmo tempo em que são componentes relativamente duráveis, que podem ser aproveitados em futuros upgrades.

Trocar um LG Studoworks de 15″ por um Flatron ou Trinitron de 17″, ou mesmo por um monitor de LCD pode não melhorar em nada a velocidade do PC, mas sem dúvida vai aumentar em muito o conforto de usá-lo. Se você fica o dia todo na frente do micro, isso é provavelmente muito mais importante do que fazer o Word abrir mais rápido.

Até mesmo o teclado e o mouse podem ser upgrades prioritários. Se você usa um daqueles mouses de 10 reais da Clone e um teclado de 20 da Genius, vai se sentir muito melhor usando por exemplo um Wheel Mouse Optical da Logitech e um Natural Keyboard da Microsoft. Pode ser que isso seja mais importante pra você do que trocar de processador, com a vantagem de um mouse e um teclado de boa qualidade serem componentes duráveis, que poderão ser usados durante dois, três anos, resistindo a vários upgrades.

O objetivo desta ladaínha toda é que nem sempre o melhor upgrade depende da troca e um componente que interfira no desempenho do micro. Muitas vezes o melhor “upgrade” é simplesmente trocar a estante onde você se contorce todo para usar o micro por uma mesa mais adequada.

Se depois de considerar isso com calma, você chegou à conclusão de que o que você precisa mesmo é de mais desempenho, vamos aos exemplos que prometi. Os preços que vou citar são médios, apenas para dar uma idéia do custo de cada componente, eles com certeza vão variar de acordo com a loja onde for comprar ou a data em que for realizar a compra. Lembre-se que este artigo foi escrito em 27/03/2002.

Vamos começar com uma máquina bastante antiga:

Pentium 133

32 MB de RAM (2 X 16 MB)

HD de 2.2

Trident 9680 MB (vídeo)

Placa mãe VX-Pro

Monitor de 14

Sound Blaster 16 ISA(som)

Modem de 33.6 ISA (hardmodem)

CD-ROM 8X

O que você faria se tivesse um PC com essa configuração? O processador poderia ser trocado por um 233 MMX, presumindo que a placa mãe oferecesse os 2.9 V usados por ele. Também seria possível adicionar mais dois pentes de 16 MB de memória EDO usados, que custam cerca de 100 reais. Trocar a placa mãe está fora de questão, pois seria preciso trocar também o processador, memória e provavelmente também o modem e a placa de som, já que não se fabricam mais placas com slots ISA. Você praticamente jogaria tudo fora, já que estes componentes não possuem um grande valor de revenda.

O ideal nesse caso seria investir nos 32 MB de memória, que vão melhorar bastante o desempenho e gastar o dinheiro que sobrasse num HD de 40 ou 60 GB, num monitor de 17 ou mesmo num gravador de CD.

Você pode achar uma besteira colocar um HD de 60 GB num micro que se arrasta pra abrir o Windows 98, mas existem dois bons motivos para isso. Em primeiro lugar, o HD vai sim melhorar bastante o desempenho do PC, tanto o tempo de abertura dos programas quanto ao abrir vários aplicativos ao mesmo tempo (por melhorar o desempenho da memória virtual) e segundo por que o HD vai poder ser aproveitado no próximo upgrade, ao contrário de um processador 233 MMX por exemplo. O monitor de 17 se baseia na mesma idéia, apesar de não resolver o problema do desempenho é um investimento durável. Com uma Trident 9680 de 2 MB já vai ser possível usar 1024 x 768 com 16 bits de cor e 75 Hz de refresh, o que já vai permitir se beneficiar das possibilidades do novo monitor.

No caso do HD lembre-se apenas de instalar o disk manager do fabricante, já que sem ele uma VX-Pro só irá reconhecer os primeiros 8 GB do HD.

O próximo passo seria trocar de uma só vez a placa mãe, memória, processador, placa de som, modem e gabinete, vendendo de uma vez só o micro montado e montando outro do zero.

Naturalmente você também poderia fazer o contrário, trocar primeiro toda a base, usando uma placa mãe barata, se possível com vídeo, som e modem onboard e deixar para trocar o HD e o monitor depois.

Alguns exemplos de placas de baixo custo que serviriam neste caso são a Gigabyte GA-7ZMMH (US$ 140 em média, com som e vídeo), a FIC-AZ31 (110 dólares, com Som), a Asus A7SVM (som, video e rede por US$ 135) ou a ECS K7S5A (som e rede por US$ 110). Estas quatro placas são soquete A, um bom par para um Duron 800 ou 900. Se você puder gastar uns 20 dólares a mais, prefira comprar um Duron de 1.0 GHz, que já utiliza o core Morgan.

Eu não recomendaria as M810 neste caso pela falta do slot AGP e pela baixa qualidade geral.

Vamos então à nossa segunda configuração:

K6-2 450 MHz

PC Chips 598 LMRT

64 MB de RAM

HD de 6.4 GB

Video/Som/Modem onboard

CD-ROM 32 X

Monitor de 14″

Esta é a configuração mais vendida a até pouco tempo atrás, que não poderia faltar aqui. Temos mais um caso de “ou vai ou racha” já que novamente teríamos de trocar de uma vez só a placa mãe, processador, video, som e modem, já que a M598 não suporta mais que um K6-2 550 e o K6-2 não pode ser usado numa placa mãe soquete A ou soquete 370 atual.

Como esta placa mãe é muito ruim, tanto em termos de desempenho, quanto principalmente de estabilidade, a melhor escolha seria comprar uma das placas que citei acima, com um Duron e mais um pente de 256 MB de memória e deixar para trocar o HD e o monitor quando for possível.

Se o gabinete já for ATX você pode aproveitá-lo (100 reais a menos na conta do upgrade) ou, caso seja AT, vender o micro já montado, retirando apenas o HD, CD-ROM e drive de disquetes.

Caso a placa mãe escolhida não tenha vídeo onboard você pode escolher entre usar uma placa de vídeo antiga, uma Trident 9680 ou outra usada que custe pouco, já que de qualquer forma com um monitor de 14 você não iria muito longe, ou investir logo numa placa 3D e já agendar a troca do monitor para assim que for possível.

Feita a mudança principal, você poderia investir num HD novo, num gravador de CDs ou outro acessório que tenha uma grande utilidade para você.

Vamos ver agora um PC mais recente, mas que já está apresentando sinais de cansaço:

Celeron 600 MHz (Coppermine)

Asus CUSL2

128 MB de RAM

HD 10 GB

Vídeo onboard

Sound Blaster Live! Value (som)

Modem Lucent 56k

Monitor 15″ LG

O primeiro passo aqui seria adicionar mais um pente de 128 MB ou 256 MB de memória, que já permitiria rodar o Windows XP, ou o Linux com o KDE com um bom desempenho.

O Celeron 600 é um processador muito bom de overclock, você poderia ganhar um upgrade de processador quase gratuíto comprando um cooler melhor, que seja recomendável para o Pentium III de 1.0 GHz ou mais rápido (50 reais em média) e fazendo um overclock para 830 MHz (com a placa mãe a 90 MHz, com baixo risco) ou 900 MHz (placa mãe a 100 MHz, com um pequeno risco de instabilidade). Nos dois casos não é preciso mexer na voltagem do processador.

Até agora não gastamos quase nada e já melhoramos bastante o desempenho. Os próximos passos seriam trocar o HD por um maior e mais rápido, de preferência de 7200 RPM (como o Quantum Plus AS, que custa US$ 150 na versão de 60 GB, ou um IBM Deskstar 60GXP), comprar uma placa 3D, trocar o monitor por um de 17″, comprar um gravador de CD, um leitor de DVD ou outro periférico da sua preferência.

Entre as placas 3D temos como opção de baixo custo a GeForce MX-400 de 64 MB, que não oferece um desempenho estelar, mas custa apenas US$ 95 e ainda é suficiente para todos os jogos a pelo menos 1024×768 (com o FSAA desativado), ou então partir para uma GeForce 3, ou uma ATI Radeon 8500, de acordo com o quanto você é perfeccionista nos gráficos dos jogos e quanto tem guardado no cofrinho.

Se você não é fã de overclock, poderia trocar o processador por um Pentium III de até 1.0 GHz, já que esta placa não suporta os novos Pentium III e Celeron com core Tualatin. Mas, considerando que um Pentium III de 1.0 GHz custa em média 165 dólares, seria mais negócio vender o processador junto com a placa mãe e comprar uma placa soquete A, junto com um Duron de 1.0 GHz (que oferece um desempenho parecido com o Pentium III de 1.0 GHz) ou Athlon XP 1600 ou 1700+ se você gosta de fortes emoções. O Duron custa cerca de 70 dólares, enquanto um 1600+ custa em torno de 160 dólares. A diferença de preço neste caso é proporcional ao aumento do desempenho, então é uma questão de gosto pessoal.

Caso opte pelo XP, ou pretenda trocar o Duron por um mais tarde, certifique se que a placa mãe escolhida suporta bus de 266 MHz. Além das placas de baixo custo que citei anteriormente, você poderia investir numa placa um pouco mais cara, como por exemplo uma Asus A7V266-E (som e RAID por US$ 240) ou uma Soyo K7V Dragon Plus (DDR, com som, rede e RAID por US$ 230).

Presumindo que você acesse a Internet (ok, eu sei que acessa, não precisa me bater 🙂 você pode preferir gastar o dinheiro do upgrade para pagar a instalação e as mensalidades de um serviço de acesso rápido, via ADSL, cabo ou mesmo satélite, de acordo com as opções disponíveis na sua cidade. É outro caso de upgrade que não faz o PC ficar mais rápido, mas melhora muito a usabilidade.

Para finalizar, aquela velha pergunta: “O que fazer com um 486?”.

É obvio que você não vai poder usar uma velharia destas para jogar Quake III, mas com 16 MB de memória você poderia testar algumas distribuições do Linux, usar como um roteador, para compartilhar a conexão com a Internet caso tenha vários micros em casa, instalar o Windows 95 e testar programas sem precisar instalá-los no seu PC-titular, ou simplesmente vender pelo preço que conseguir e usar o dinheiro para financiar o upgrade ou ajudar na compra de outro micro. Use a criatividade 🙂

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