Infelizmente, o Ubuntu for Android ainda não é um projeto aberto, estando disponível por enquanto apenas para fabricantes interessados em integrá-lo a seus produtos, assim como no caso da Motorola com o Atrix. Como a instalação é complicada e depende também de suporte por parte do hardware, é provável que ele nunca fique disponível diretamente para o download de usuários finais, assim como no caso das versões regulares do Ubuntu. Entretanto, queira a Canonical ou não, imagens do sistema vão eventualmente acabar vazando e sendo integrados a ROMs alternativas, como no caso do Cyanogenmod, chegando assim a mais usuários.
Os requisitos de hardware são relativamente modestos, incluindo um SoC ARM dual-core de pelo menos 1 GHz, aceleração de vídeo, 2 GB de armazenamento para a imagem do sistema, saída HDMI, suporte ao USB host mode e 512 MB de RAM (embora 1 GB sejam recomendados).
Para os fabricantes, o Ubuntu for Android é uma proposta tentadora, já que ele custa pouco para integrar (o fabricante precisará apenas certificar-se de incluir pelo menos 1 GB de memória para rodar os dois sistemas confortavelmente, bem como as interfaces necessárias) e eles ainda poderão ganhar alguns trocados vendendo o dock e acessórios, bem como se beneficiar da publicidade e vendas adicionais. Caso vários fabricantes passem a adotar o sistema, a Canonical tem a chance de provocar um efeito cascata, levando todos os principais fabricantes a integrarem o sistema em seus modelos high-end.
Se compararmos esta estratégia com a da Microsoft, por exemplo, vemos como a Canonical teve uma ideia diabolicamente brilhante para crescer no mercado mobile, pegando carona na popularidade do Android em vez de tentar a sorte tentando forçar a adoção de um novo sistema.
A principal dúvida é em relação ao real mercado para o uso do telefone como desktop. Embora este seja um recurso cool, que a maioria vai querer (contudo que não aumente o preço dos aparelhos, naturalmente), restam dúvidas sobre quantos vão realmente usar a função na prática. Embora os SoCs ARM atuais ofereçam um desempenho bastante competitivo em relação aos Atom dual-core, eles ainda oferecem um desempenho na classe dos netbooks. Quem tem um desktop ou notebook mais parrudo, com certeza não vai querer trocá-lo por um telefone que é capaz de abrir apenas algumas poucas abas simultâneas no navegador antes de começar a engasgar.
Por outro lado, a queda do plug-in do Flash derrubou uma das barreiras de entrada para a plataforma, já que o Flash jamais rodou dignamente na plataforma ARM, diferente do que temos no caso do HTML5. A integração com o Android e seus aplicativos também é uma vantagem importante, já que permite que você continue trabalhando com os mesmos dados e trabalhos seja dockeado ou seja com o telefone na mão, o que soa bem mais interessante do que carregar um netbook de baixo do braço. Dificilmente a combinação ameaçará os desktops, mas é provável que ela contribua para reduzir mais alguns pontos percentuais na participação dos netbooks, conforme laptop-docks como o do Atrix se tornem mais comuns e mais acessíveis.
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