Há seis imagens de CD diferentes do Slackware 13.0 disponíveis para download (três para instalação, três para o código fonte), além de de uma imagem de DVD com 3,7 GB. Quem não tiver uma conexão de alta velocidade pode encomendar os CDs ou o DVD, com ou sem um livro impresso chamado Slackware Essentials, na loja do Slackware. O DVD inclui versões de 32 e 64 bits em um único disco. Os CDs e DVDs do Slackware também são oferecidos em um regime de assinatura. Eu optei por baixar a imagem de DVD de um dos mirrors.
Além de instalar a partir do DVD ou CD, também é possível instalar a partir de uma imagem ISO no disco rígido local ou na rede. As ferramentas do DVD também incluem o suporte à inicialização via PXE e à instalação com pendrives. O Smart Boot Manager também está incluso, e permite criar um disquete de inicialização para sistemas com BIOS incapaz de inicializar CDs ou DVDs diretamente.
Fiz a instalação no netbook usando uma unidade de DVD USB externa, e usei a unidade de DVD interna do Toshiba para que o processo de instalação fosse o mesmo nas duas máquinas. Inicializei o DVD e fui recebida por uma tela de boas-vindas. Nesse momento, você pode escolher o kernel que o instalador vai usar. O kernel padrão, hugesmp.s, é recomendado para a maioria dos sistemas. O kernel huge.s é uma opção para sistemas mais antigos, e você deve usá-lo se estiver instalando em um sistema Pentium clássico ou AMD K6 (arquitetura i586). Teoricamente, esse kernel é compatível até com processadores 486. Teclei Enter para aceitar o padrão. O kernel do Linux e o ramdisk inicial carregaram, seguidos pelo prompt de login. Depois de fazer login como root (sem a necessidade de senha) você tem a opção de particionar seu disco rígido com o fdisk ou com o cfdisk, se necessário. Como era de se esperar, não há interface gráfica nem ferramenta de particionamento orientado. A outra opção é rodar o comando “setup”, que abre o instalador em si.
O instalador não mudou muito da série 12.x para cá. É feito em ncurses, e é como uma “instalação avançada” de algumas distribuições populares. A vantagem de um instalador em modo texto é que dá para rodá-lo em máquinas bem modestas, e ele geralmente oferece maior flexibilidade. Por esses motivos, eu sempre recomendo o CD de instalação alternativa (em modo texto) em vez de um live CD, no caso do Ubuntu e de outras distribuições relacionadas. O instalador do Slackware, no entanto, presume que você saiba mesmo o que está fazendo. Um novato no Linux, ou alguém que só tenha realizado instalações simples do Linux com uma interface gráfica, pode achar o processo de instalação confuso, e em alguns pontos, não basta escolher a alternativa padrão. Há uma documentação excelente, detalhada e bem escrita (porém defasada) no diretório /slackbook do DVD. O livro Slackware Book, atualizado pela última vez em 2005, também está disponível online, e há promessas de uma nova versão ainda para este ano. Apesar de defasado, o livro deve ser suficiente para conduzir um usuário razoavelmente experiente pelo processo.
Uma novidade no Slackware 13.0 é a inclusão do ext4, que agora é o sistema de arquivos padrão. O suporte a ext3, ext2, ReiserFS, JFS e XFS também está disponível durante a instalação. Como tive problemas recentes com o ext4 em outras distribuições, decidi usar o ext3 em um sistema e o XFS no outro, já que ambos são bem testados.
O processo de instalação do Slackware é tão flexível quanto qualquer outro. Você pode, por exemplo, escolher grupos de pacotes a serem instalados, mas também pode escolher o modo “Menu” para selecionar individualmente os pacotes de cada grupo. Esse processo toma tempo, mas oferece a você controle absoluto sobre o que será instalado e garante que nada que seja desnecessário ou indesejado será incluído. Fiz uma instalação bastante seletiva, com o KDE, o XFCE e alguns gerenciadores de janelas leves, uma boa (mas longe de estar completa) seleção de aplicativos, pacotes de desenvolvimento e headers do kernel. Minha instalação tomou pouco mesmos de 4 GB de espaço no disco rígido. Uma instalação “completíssima” consumiria por volta de 5 GB. Também fiz uma experiência com uma instalação quase mínima em outra partição, com o X, um gerenciador de janelas leve e um punhado de aplicativos, ficando em 1,2 GB.
Devo mencionar que o LILO é o único gerenciador de inicialização oferecido pela instalação do Slackware (o GRUB está no repositório extra ou no diretório /extra da imagem de DVD, e pode ser instalado posteriormente). O instalador do Slackware também não detecta corretamente as outras distribuições Linux que estejam instaladas. Mesmo a configuração “expert” do LILO é muito limitada. Para quem instala o Slackware sozinho no sistema, o LILO deve servir.
Após a instalação, você terá que fazer login como root na linha de comando e usar o script adduser para configurar eventuais contas de usuário adicionais de que você precisar. Para que o HAL funcione do jeito que funciona na maioria das grandes distribuições, permitindo que os usuários montem e desmontem mídia removível, esses usuários precisam ser parte do grupo “plugdev”. Essa é uma das muitas pegadinhas de configuração explicadas no arquivo CHANGES_AND_HINTS.TXT, incluído na raiz da imagem do DVD. Eu fui criticada por não ter mencionado esse arquivo na minha análise do Slackware 12.1, e com razão. O arquivo é leitura essencial, e vai ajudar você a evitar problemas comuns.
O instalador mal lida com o X. Se você tiver escolhido dois ou mais gerenciadores de janelas/ambientes de desktop, será solicitado a escolher um padrão. Mas não há configuração do X incluída no processo de instalação, e você não tem a opção de inicializar o X direto por padrão. O Slackware oferece uma ferramenta de linha de comando comum, o “xorgsetup”, para configurar o X. A ferramenta funcionou perfeitamente no meu netbook Sylvania. Não tive tanto sucesso no velho Toshiba, que tem uma placa de vídeo Trident CyberBlade XPi meio problemática. O resultado foi um pequeno desktop cercado por um grande espaço preto, o mesmo que obtive no Slackware 11. Bom, antes isso do que a configuração inoperável do X que o Slackware 12.1 e o 12.2 geraram. Como eu tinha uma configuração do X do VectorLinux Light que eu já sabia que funcionava, copiei-a para /etc/X11/ e deu tudo certo. Do contrário, eu teria que editar manualmente o arquivo /etc/X11/xorg.conf. Para inicializar diretamente pela interface gráfica, você vai ter que editar manualmente o arquivo e mudar o runlevel padrão de 3 para 4.
Também é altamente recomendável configurar manualmente algumas coisas no kernel do Slackware. Os kernels hugesmp.s e huge.s habilitam o suporte a uma quantidade extremamente ampla de equipamentos de hardware por padrão, e acabam sendo muito grandes. Para que o hardware suportado seja carregado na forma de módulos do kernel, como ocorre na maioria das distribuições, crie uma imagem de disco de RAM inicial (arquivo initrd) na linha de comando após a primeira inicialização. Em seguida, edite manualmente a configuração do gerenciador de inicialização LILO ou GRUB para que use um dos dois kernels genéricos (com ou sem suporte a SMP) e o recém-criado arquivo initrd.
O instalador também falhou ao configurar o sistema para carregar os módulos do kernel necessários para meu laptop durante a inicialização. Tive que adicionar manualmente “modprobe toshiba” e “modprobe toshiba_acpi” ao meu arquivo /etc/rc.d/rc.modules para resolver o problema. Em um sistema desktop padrão isso não seria um problema, mas suspeito que outros usuários de laptops, e não apenas os que possuam máquinas Toshiba antigas, terão que mexer na configuração manualmente para que seus laptops funcionem 100% no Slackware.
Essas etapas de configuração manual são exemplos perfeitos de por que o Slackware não é fácil para quem não está acostumado a configurar o Linux à moda antiga. A maioria das distribuições que são realmente amigas do usuário automatizam esse processo e oferecem escolhas apropriadas durante a instalação.
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