A Intel vem adotando uma política bastante agressiva em termos de preços, mas a AMD ainda continua vendendo seus processadores bem mais barato. Na verdade, as duas já vem mantendo uma guerra de preços a algum tempo. Sempre que a Intel anuncia uma diminuição nos preços, a AMD também baixa os preços dos seus processadores poucos dias depois. A dois anos atrás, era quase impossível encontrar um processador por menos de 100 ou 120 dólares, enquanto hoje em dia os modelos antigos do Duron chegam a ser encontrados uns 50 dólares, aqui mesmo no Brasil.
É quase que uma questão de sobrevivência para a AMD conseguir vender seus processadores mais barato que a Intel que tem uma marca melhor estabelecida. Mesmo aqui no Brasil, onde os PCs de baixo custo, abaixo dos 1800 reais são de longe os mais vendidos, os processadores Celeron e Pentium III são mais comuns que os processadores AMD. A maioria dos compradores não conhece os processadores da AMD e acaba concluindo que eles tem uma qualidade inferior. Acabam levando um pra casa apenas se o preço estiver bom.
Talvez isto mude com o tempo, mas a verdade é que a AMD vem produzindo processadores bastante competitivos. Mesmo um Duron de 50 dólares tem um desempenho superior ao de um PC topo de linha de um ano e meio atrás.
Hoje, a Intel vende os processadores Celeron, Pentium III e Pentium 4, enquanto a AMD vende o Duron, o Athlon e o Athlon MP.
O Athlon MP já é baseado no core Palomino e é o primeiro Athlon com suporte a multiprocessamento. Daqui a mais alguns meses, todos os Athlons serão baseados no core Palomino (que tem um desempenho um pouco maior e consome menos energia) e suportarão multiprocessamento, a AMD está apenas aproveitando a novidade para cobrar um pouco mais caro.
O Duron, que todos já conhecemos bem, já atingiu a marca de 1.0 Ghz, definitivamente um processadorizinho muito rápido pelo pouco que custa. As novas versões do Duron, tanto a versão de 1.0 GHz, quanto os de 950 MHz de produção mais recente já usam o core Morgan, que compartilha a mesma arquitetura do Palomino, apenas com menos cache. A principal novidade é o suporte às instruções SSE do Pentium III, o que garante um desempenho de 5 a 10% superior ao das versões antigas.
O Athlon também continua evoluindo. Já temos versões de até 1.4 GHz e logo devem surgir versões de 1.5 GHz ou mais, provavelmente já baseadas no core Palomino.
No lado da Intel temos uma situação um pouco mais complexa. Tanto o Celeron quanto o Pentium III atuais ainda são produzidos numa arquitetura de 0.18 mícron. Ambos devem ser descontinuados em breve, quando serão substituídos pelo Tualatin, que é um Pentium III de 0.13 mícron, capaz de trabalhar a freqüências mais altas.
Atualmente já existem algumas versões do Pentium III Tualatin, de 1.13 e 1.2 GHz, mas por enquanto estão muito caros. Na verdade, ao que tudo indica, o Pentium III irá desaparecer em breve. A Intel pretende continuar baixando os preços dos processadores Pentium 4, até o ponto de custarem mais barato do que o Pentium III custa hoje, e manter o Celeron como uma opção de baixo custo.
É aí que entrará o novo Celeron, baseado no core Tualatin, que terá 256 KB de cache e será lançado em versões a partir de 1.0 GHz, com incrementos de 50 ou 100 MHz. Será praticamente igual a um Pentium III, a única excessão será que o Celeron Tualatin utilizará bus de 100 MHz, contra os 133 MHz das versões mais rápidas do Pentium III.
O Pentium 4 é outro que está reencarnando numa nova arquitetura. Os processadores atuais usam o core Willamette, de 0.18 mícron e 256 KB de cache. Nas próximas semanas começarão a ser vendidos os processadores com core Northwood, que já utilizam uma arquitetura de 0.13 mícron e trazem 512 KB de cache L2.
Vale lembrar, que apesar de trazerem mais cache, os novos Pentium 4 não serão necessariamente mais rápidos que os atuais, pois passarão a utilizar placas mãe baseadas no chipset i845 (ou outros chipsets similares, como o P4X266 da Via), com suporte a memórias SDRAM comuns ou memórias DDR. Apesar da mudança garantir finalmente uma queda nos preços das placas mãe e principalmente no preço total dos PCs baseados no Pentium 4, já que não será mais preciso gastar um fortuna com memórias Rambus, é bem provável que usando memórias SDRAM comuns o desempenho seja inferior aos atuais, apesar do cache maior. O desempenho com memórias DDR ainda é um mistério.
Outra novidade sobre o Pentium 4 é que finalmente começarão a ser vendidas as placas e processadores com o novo encaixe soquete 478. Apesar de ter mais pinos, este encaixe é muito menor que o soquete A do Athlon, ou mesmo que o soquete 370 do Pentium III. Segundo divulgado pela Intel, o soquete 478 será o soquete definitivo para o Pentium 4, que acomodará todos os processadores que serão lançados daqui pra frente. Isto dá uma boa margem para upgrades, pois a Intel pretende lançar processadores Pentium 4 de até 4.0 GHz até o final do ano que vem, todos baseados na arquitetura de 0.13 mícron.
Ok, você não foi o único que achou este trecho inicial um pouco confuso 🙂 Mas foi de propósito. Vamos ver agora, com mais detalhes o que muda nas novas arquiteturas, e como diferenciar os novos processadores dos antigos.
O core Spitfire foi a primeira encarnação do AMD Duron. Com seus 128 KB de cache L1 e 64 KB de cache L2 (contra os 256 KB do Athlon), o Duron sempre foi capaz de superar facilmente um Celeron da mesma freqüência, apesar de sempre ficar um pouco atrás do Athlon e do Pentium III. A vantagem era que o Duron sempre foi muito mais barato, ideal para micros de baixo custo.
Com o core Spitfire, o Duron foi lançado em freqüências de até 950 MHz, mas ao começar a se aproximar dos limites da arquitetura a AMD melhorou seu projeto, chegando ao core Morgan, usado nos Durons de 950 MHz de produção recente e em todos os de 1.0 GHz em diante.
A principal novidade da nova arquitetura é a compatibilidade com as instruções SSE do Pentium III (que a AMD chama de 3D-Now! Professional), o que traz pequenos ganhos de desempenho na maioria dos aplicativos. O core Morgan também foi projetado para consumir menos eletricidade e dissipar menos calor, mas não se anime, pois para compensar o novos Durons também usam uma tensão mais alta (1.75v contra 1.6v dos antigos) e operam a freqüências mais altas. Somando os três fatores, os novos processadores consomem MAIS energia que os antigos 🙂 A vantagem acaba sendo apenas o melhor desempenho.
Mesmo visualmente existem algumas diferenças entre os dois. No Spitfire o núcleo do processador fica na horizontal, enquanto no Morgan fica na vertical. Veja que também mudou a disposição dos gold fingers do processador (usados para alterar o multiplicador ao fazer overclock):


Não foi apenas o Duron que evoluiu, o Athlon também está entrando em nova fase, com o core Palomino. Na verdade, o Morgan é um subproduto do trabalho feito no Palomino, por isso, as arquiteturas são muito semelhantes. O Athlon Palomino também consume um pouco menos de energia e tem um desempenho um pouco superior graças à compatibilidade com as instruções SSE. Mas, a principal novidade fica por conta do suporte a multiprocessamento. Não é à toa, que por enquanto os processadores com core Palomino estão sendo vendidos como “Athlon MP”.
Você pode perguntar por que o Palomino consumirá menos energia que o Thunderbird, enquanto o Morgan atualmente consome mais energia que o Spitfire. A grande questão aqui é a tensão usada. Tanto o core Morgan quanto o Palomino consomem cerca de 7% a menos que os projetos antigos. O Athlon MP usa a mesma tensão do Athlon Thunderbird, por isso realmente consome menos. O Morgan por sua vez usa uma tensão 10% mais alta. Isso anula a economia por usar o novo core e ainda traz um pequeno aumento. Usar uma tensão mais alta é um recurso usado pelos fabricantes para que os processadores sejam capazes de atingir freqüências mais altas (também fazemos isso muitas vezes, ao tentar um overclock agressivo)
No futuro, todos os Athlons serão baseados nesta arquitetura, uma boa novidade para quem deseja ter um sistema dual. Já existem vários modelos de placas mãe para dois processadores Athlon MP, algumas já custando na casa dos 200 dólares. Os processadores Athlon MP ainda custam muito caro, mas o preço deve cair bastante nos próximos meses. Logo logo, será possível comprar uma placa mãe e dois processadores por menos de 500 dólares.


Mesmo desconsiderando a possibilidade de usar dois processadores, o Athlon continua sendo um concorrente de peso. Apesar de ser mais caro que um Duron, ele ainda é mais barato que um Pentium 4 do mesmo clock, mesmo depois de todos os cortes de preço que a Intel andou fazendo. Isso é uma grande diferença de custo benefício, pois um Athlon é muito mais rápido que um Pentium 4 da mesma freqüência. Mesmo um Athlon de 1.4 GHz consegue superar o Pentium 4 de 2.0 GHz em vários aplicativos.
Veja alguns números nos links abaixo:
https://www4.tomshardware.com/cpu/01q3/010827/p4-05.html
https://www.anandtech.com/cpu/showdoc.html?i=1524&p=6
https://www.tech-report.com/reviews/2001q3/duron-1ghz/index.x?pg=3
Tanto o Palomino quanto o Morgan trazem finalmente uma velha reivindicação dos interessados em processadores AMD, um sistema de proteção térmica. Atualmente é razoavelmente comum ouvirmos falar de processadores Athlon e Duron queimados por superaquecimento, seja pelo dono simplesmente se esquecer de instalar ou ligar o cooler, ou seja por ser usado um cooler inadequado. Felizmente, este problema foi resolvido nos novos processadores, que diminuem sua freqüência de operação, ou mesmo travam ao atingir uma certa temperatura, impedindo que o pior aconteça.
Do ponto de vista da tecnologia de produção a Intel está agora a um passo a frente da AMD. Tanto o Tualatin, quanto o Northwood já utilizam uma tecnologia de 0.13 mícron, enquanto o Morgan e o Palomino da AMD ainda utilizam uma arquitetura de 0.18 mícron. Isto representa uma diferença muito grande tanto em termos de consumo elétrico, quanto em termos das freqüências de operação que os processadores serão capazes de alcançar. A AMD só deve lançar seus processadores de 0.13 mícron em 2002.
O core Tualatin originalmente seria usado para produzir processadores Pentium III de 1.13 GHz em diante. De fato, chegaram a ser lançados Pentium III de 0.13 mícron, operando a 1.13 e 1.20 GHz. Mas, a Intel não parece muito interessada em manter estes processadores, talvez temendo que eles pudessem atrapalhar as vendas do Pentium 4.
No final das contas, acabaram usando o core Tualatin para desenvolver versões mais rápidas do Celeron, com os mesmos 256 KB de cache do Pentium III, apenas com a diferença de usar bus de 100 MHz ao invés de 133.
Graças ao cache maior, o novo Celeron finalmente tem condições de competir em pé de igualdade com o Duron, apesar de ainda ser mais caro que ele. O Celeron Tualatin está sendo lançado agora, por isso é provável que só seja possível encontra-los facilmente aqui no Brasil a partir de Novembro.
O maior problema na minha opinião é a falta de opções de upgrade. Ao comprar uma placa soquete 370 e um Tualatin, sua única opção será adquirir mais para a frente uma versão mais rápida do Celeron. Comprando um Pentium 4 Northwood e uma placa soquete 478 você pelo menos teria a possibilidade de mais pra frente usar um Pentium 4 de 3.0 GHz ou mais, aproveitando a placa.

Note que a Intel não vem fazendo segredo de que a sua prioridade é popularizar a arquitetura do Pentium 4. Existem até mesmo especulações sobre o futuro lançamento de uma “versão Celeron” do Pentium 4, com apenas 128 KB de cache L2, trabalhando a freqüências a partir de 1.3 GHz. Ou seja, o Celeron Tualatin tem tudo para ficar em segundo plano.
O Willamette nada mais é do que o Pentium 4 que temos visto até agora, em freqüências de até 2.0 GHz e produzido numa arquitetura de 0.18 mícron. O core Northwood é usado pelos novos modelos, que utilizam o encaixe soquete 478 e trazem 512 KB de cache.
A Intel pretende lançar um Pentium 4 de 4.0 GHz até o final de 2002. Atualmente já temos uma versão de 2.0 GHz. As placas para Pentium 4, com suporte a memórias SDRAM e DDR também já estão no forno, é questão de mais algumas semanas para que as placas finalmente comecem a ser vendidas. Mais do que nunca, fica o meu conselho, não compre um Pentium 4 agora, espere mais um pouco e pagará mais barato por um equipamento melhor. O novo soquete 478, usado nas novas placas é bem menor que o atual e tem mais pinos, o que garante a incompatibilidade com os processadores atuais. Ou seja, além de pagar mais caro, você terá que trocar todo o conjunto quando resolver fazer um upgrade.

Veja uma tabela com as características dos processadores que veremos à venda em Dezembro deste ano:
É agora que a coisa pega. Não adianta um processador ser rápido ou oferecer boas possibilidades de overclock se ele for muito caro. Estes são os preços dos processadores em lotes de 1.000 enquanto escrevo este artigo (03/09/2001).
Como disse, estes são os preços de venda ao comprar os processadores direto dos fabricantes, em lotes de 1000. É evidente que aqui no Brasil os preços são mais altos, mas a idéia é que estes preços possam servir de base na hora de pesquisar preços, para ver quanto cada loja está cobrando a mais.
Enfim, o Duron continua sendo o mais rápido, mas a Intel baixou bastante o preço de venda do Celeron, fazendo com que os novos Tualatins também sejam uma alternativa interessante. A desvantagem neste caso é que ao adquirir um Celeron você não terá a opção de atualizar para um Pentium 4 mais tarde, terá de trocar também a placa mãe. No Duron é possível trocar por um Athlon mais tarde.
O Pentium 4 caiu muito de preço desde o lançamento. O problema é a troca de plataforma. Eu não recomendo comprar um Pentium 4 até que as placas soquete 478 estejam disponíveis. Depois de feita a transição, o Pentium 4 finalmente começará a ser uma alternativa a se considerar, pois as placas oferecerão um grande potencial de upgrade.
Lembre-se que apesar de pelas novas tabelas o Pentium 4 custar quase o mesmo que um Athlon da mesma freqüência, o Athlon tem um desempenho superior a um Pentium 4 da mesma freqüência. O Athlon de 1.4 GHz ganha do Pentium 4 de 2.0 GHz em várias tarefas, apesar do clock ser bem inferior. Para mais detalhes sobre a arquitetura do Pentium 4, leia a minha análise sobre ele: https://www.hardware.com.br/analises/analise-pentium/
Como disse no início, a concorrência entre a Intel e a AMD vem fazendo as duas empresas baixarem cada vez mais seus preços e isto deve continuar nos próximos meses. Por isso, fiz questão de colocar a data das tabelas de preços. Quando ler esta análise pode ser que os preços estejam ainda mais baixos.
Sinceramente, não vejo motivo para comprar um Pentium 4 de 2.0 GHz ou um Athlon de 1.4 GHz. Poucos aplicativos mostram um ganho perceptível de desempenho com um destes processadores em relação a um Duron ou Celeron de 1.0 GHz. Isso vale principalmente para os jogos, onde o desempenho da placa 3D é o que conta.
Comprar um destes processadores só (talvez…) será vantajoso para alguém que trabalhe profissionalmente com edição de vídeo ou outro aplicativo muito pesado. Afinal, mesmo que você tenha 2 ou 3 mil reais para comprar seu PC, não é necessário gastar 562 dólares só no processador, seria melhor gastar 80 ou 100 dólares num processador um pouco mais lento e investir o resto do dinheiro nos outros componentes.
Na minha opinião, as melhores opções para o final do ano serão o Duron, para PCs de baixo custo e uma escolha entre o Pentium 4 Northwood (com memórias SDRAM ou DDR) e o Athlon nos PCs de médio ou alto desempenho.