O iPad

O sucesso do Kindle inspirou o lançamento de outros leitores de e-books, como o Nook da Barney & Noble (também vendido apenas nos EUA) e outros modelos, que atraíram a atenção da Apple, levando ao lançamento do iPad:

index_html_5994228a

O iPad é baseado no chip Apple A4, um SoC personalizado, contendo um processador ARM de 1.0 GHz e um acelerador 3D. A tela é um LCD IPS de 9.7 polegadas, com uma resolução de 1024×768, iluminação LED e touchscreen.

Ele inclui de 16 a 64 GB de memória flash para armazenamento de dados (de acordo com a versão), Bluetooth, acelerômetro e usa um transmissor Wi-Fi como interface primária de conexão, com a opção de um transmissor 3G+GPS nas versões mais caras. Ele mede 24.3 x 19 cm (com 13.4 mm de espessura) e pesa 680 gramas, o que é o dobro do Kindle, mas bem menos que um netbook.

O uso da plataforma ARM foi essencial para reduzir o consumo elétrico, já que seria quase impossível oferecer 10 horas de autonomia em um aparelho deste tamanho usando o Atom.

index_html_m2f334229

Se você ele achou o iPad parecido com um iPod Touch, não está sozinho. Em essência ele é uma versão crescida do iPod, com uma tela maior e suporte a vídeos 720p, destinada à leitura de e-books, navegação web, áudio e jogos. O sistema operacional é o mesmo iPhone OS que dá vida ao iPod touch e ao iPhone 3G, equipado com versões de alta resolução do Google Maps (o GPS está disponível apenas nas versões com transmissor 3G), iPhoto e outros aplicativos.

Assim como no caso do Kindle, a maior parte da utilidade do iPad não está no hardware propriamente dito, mas sim no conteúdo para ele. A Apple integrou o iPad ao iTunes, permitindo que você tenha acesso às músicas e vídeos compradas através da loja e anunciou a iBookstore, destinada à venda de e-books e assinaturas digitais de jornais e revistas.

Por outro lado, ele não é e nem será compatível com outras lojas de conteúdos, já que a Apple retém o controle sobre a plataforma. Em outras palavras, grande parte da utilidade do iPad é determinada pelo valor que o conteúdo do iTunes tem para você.

A navegação web funciona da mesma forma que no iPod ou iPhone, com o uso de gestos para a interface e de um teclado virtual para a digitação de texto. Entretanto o tamanho maior faz com que a ergonomia seja um pouco diferente, já que você não pode usar os dois polegares para digitar. Embora impressione nos primeiros minutos, a tela touchscreen acaba sendo mais cansativa que um mouse para uso prolongado, já que você precisa fazer movimentos bem maiores para usar a interface, ao mesmo tempo em que segura o iPad com a outra mão:

index_html_m2f256aa9

A Apple anunciou também um teclado (vendido separadamente por US$ 69) que é acoplado na porta inferior, funcionando como um dock. Entretanto ele estraga completamente o conceito, transformando o iPad em uma espécie de netbook de pobre:

index_html_m3e5af71c

O iPad não possui uma webcam, o que não faz muita diferença do ponto de vista de um dispositivo para leitura ou consumo de mídia, mas limita o uso do iPad como dispositivo de comunicação, eliminando a possibilidade de usá-lo para fazer videoconferência. De qualquer maneira, o público alvo do iPad é composto por usuários que já possuem um PC ou notebook, que podem muito bem assumir a tarefa.

A principal limitação do iPad diz respeito à plataforma de software, já que ele roda o iPhone OS, e não o MacOS X. Isso faz com que ele seja limitado aos aplicativos oferecidos através da AppStore, sem possibilidade de rodar aplicativos de desktop e nem de rodar o Windows através do Boot Camp, como seria possível em um MacBook. O próprio navegador é a versão móvel do Safari, sem suporte a flash.

No lugar dos aplicativos do MacOS X, o iPad é compatível com os aplicativos do iPhone, que podem rodar em um modo centralizado ou (no caso dos aplicativos compatíveis) em ela cheia, aproveitando a maior área da tela. As funções para criar aplicativos compatíveis foram introduzidas na última versão do SDK, exigindo adaptações nos aplicativos.

O grande problema é que assim como no iPhone não existe suporte a multitarefa, de forma que não existe a possibilidade de rodar os aplicativos em janelas e os aplicativos são constantemente abertos e encerrados conforme você alterna entre eles.

A Apple também pretende transformar o iPad em uma plataforma de jogos, oferecendo versões portadas de jogos para o iPhone, juntamente com alguns títulos exclusivos, incorporando o uso de gestos, do acelerômetro e do uso da tela touchscreen.

É bem provável que muitos dos títulos ofereçam uma boa qualidade gráfica, mas é importante enfatizar que o iPad compartilha do mesmo acelerador gráfico do iPhone 3GS (operando apenas com um clock ligeiramente mais alto), por isso os recursos gráficos em uma tela de 1024×768 são limitados. Com relação aos jogos, o iPad está mais para um Nintendo DS do que para um Xbox 360. Não se empolgue muito com a foto abaixo, pois ela é apenas uma demonstração do conceito, feita no Photoshop:

index_html_7e3d495e

Existem também alguns pontos importantes com relação ao espaço de armazenamento. O iPad não suporta o modo USB-Storage, o que impede que você o use como um pendrive para armazenar arquivos. No lugar da porta USB, é necessário transferir os arquivos via Wi-Fi.

Ele não possui também suporte para cartões USB e nem portas USB para o uso de pendrives ou HDs externos (a única porta de conexão é o conector padrão da Apple, que permite apenas a transferência de arquivos através do iTunes). A única exceção é o “Camera Connection Kit”, que permite conectar o cartão de memória da câmera para visualizar fotos:

index_html_43559b95

Feitas às apresentações, chegamos à inevitável conversa sobre valores. A versão mais simples do iPad, com 16 GB e Wi-Fi custa US$ 499 com valores progressivamente mais altos para as versões com mais memória flash. Existem também variações com um transmissor 3G embutido. Nos EUA foi feita uma parceria com a AT&T para um plano pré-pago de US$ 29 mensais, mas ele não é bloqueado e pode ser usado em conjunto com outras operadoras.

index_html_m7116788b

Estes preços são bastante altos considerando o mercado a que o iPad se propõe, já que é 50% mais caro que a maioria dos netbooks, cuja faixa média de preços fica em torno dos US$ 350 nos EUA. No Brasil a situação é ainda mais precária, já que incluindo os impostos, a versão de US$ 499 deve custar em torno de R$ 1900, com valores progressivamente mais altos para as outras versões.

Considerando que você pode comprar um bom notebook por menos de R$ 2000, ou um netbook por menos de R$ 1400, é muito difícil que o iPad consiga conquistar uma grande legião de usuários, mesmo sendo um produto da Apple.

Mesmo desconsiderando a questão do preço, temos ainda a questão da ergonomia. O grande problema dos netbooks é que apesar de compactos e baratos, eles oferecem um fraco desempenho e são desconfortáveis de usar por longos períodos, o que faz com que muita gente opte por continuar nos notebooks regulares. O iPad e outros tablets aumentam o conjunto de restrições, substituindo o teclado e o mouse pela tela touchscreen. Eles são confortáveis para ler e-books, mas o uso para outras tarefas exige uma curva de adaptação muito maior que a de um notebook, onde você precisa se adaptar apenas às dimensões reduzidas do teclado.

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X