A análise de hoje é sobre a Gigabyte GA-EP45-UD3L, uma placa baseada no chipset Intel P45, que tem tudo para se tornar a sucessora direta da conhecida GA-P35-DS3. Ela é vendida nos EUA por US$ 99 e, quando começar a ser produzida no Brasil, deve passar a ser vendida na faixa dos 350 reais.
Ela é uma placa soquete 775 de médio custo, que oferece suporte aos processadores de 0.045 micron, com 6 portas SATA e suporte a até 16 GB de memória DDR2. As principais características são uma boa robustez, combinada com a estabilidade do chipset. Ela não inclui hot-pipes nem nada extravagante, o que é bom por um certo ponto de vista, já que mantém os custos baixos:
Dentro da nomenclatura usada pela Gigabyte, o “E” indica que a placa inclui suporte ao “Dynamic Energy Saver” (que permite à placa desligar fases do regulador de tenção em momentos de inatividade, reduzindo o consumo), o “P45” indica o chipset usado, enquanto o “UD3” indica que a placa faz parte da linha Ultra Durable 3. O último “L” (de light) indica que a placa faz parte da linha standard, que não inclui os dissipadores com hot-pipes encontrados nas placas da série “P”, nem inclui suporte a memórias DDR3, como as placas das séries “T” e “C”. O “GA” que é usado como prefixo em todos os modelos é apenas um indicativo de que a placa é produzida pela Gigabyte, sem nenhum significado especial.
O “Ultra Durable 3” é a designação de marketing da Gigabyte para as placas que utilizam capacitores de estado sólido e MOSFETs de baixo RDS (o que é interessante do ponto de vista da estabilidade/durabilidade) com bobinas de ferrite nos reguladores de tensão (o que reduz as perdas, melhorando a eficiência da placa) e o uso de um PCB com 2 oz de cobre, o que também ajuda a reduzir o consumo. Vou aproveitar para analisar essas características com mais detalhes na segunda página. Por enquanto, vamos começar pelas características básicas:
Embora o chipset P45 ofereça suporte simultâneo para memórias DDR2 e DDR3, a Gigabyte optou por manter o suporte exclusivo a memórias DDR2, o que permitiu que a placa ofereça suporte a 4 módulos, em vez de suportar 2 módulos de cada tipo. Isso permite que você comece com dois módulos de 1 GB, ou dois de 2 GB e adicione mais dois módulos mais adiante, caso precise de mais memória RAM, sem precisar descartar os antigos.
Os módulos DDR3 ainda são muito caros, devido ao baixo volume de produção e o clock mais elevado traz como desvantagem a necessidade de utilizar tempos de espera mais altos, o que acaba anulando a maior parte do possível ganho de desempenho.
Assim como outras placas baseadas no P35 e no P45, a EP45-UD3L oferece suporte ao Flex Memory, que permite que a placa opere em modo dual-channel mesmo usando dois módulos de capacidades diferentes. Como de praxe, você pode usar um único módulo, mas nesse caso você perde o dual-channel.
Assim como aconteceu anteriormente com os slots ISA, os slots PCI de 32 bits estão lentamente sendo abandonados, em favor dos slots PCI Express x1, que já são o novo padrão para placas de expansão diversas.
Três dos grandes problemas com o PCI de 32 bits são o grande número de trilhas (que tornam o projeto da placa mais complexo e mais caro), o fato de ele ser um barramento relativamente lento para os padrões atuais e o fato de ele ser compartilhado, com os 133 MB/s teóricos sendo compartilhados entre todas as placas PCI instaladas. O PCI Express, por sua vez, é um barramento ponto a ponto, onde cada dispositivo possui um canal de comunicação exclusivo.
A EP45-UD3L já inclui apenas dois slots PCI, que são complementados por 4 slots PCI Express x1. Essa combinação pode ser inadequada para quem ainda depende de muitos periféricos PCI, mas para a maioria é uma boa combinação:
Como você pode ver nas fotos, ela inclui apenas um slot PCI Express x16. Se você está interessado no suporte ao CrossFireX, a opção é a GA-EP45-UD3P, o modelo “premium” dentro da linha, que além dos dois slots, inclui também um controlador RAID (e duas portas SATA adicionais), um dissipador com hot-pipes para o chipset e os circuitos de regulagem de tensão e duas placas de rede Gigabit onboard.
Pessoalmente, não considero a falta do suporte ao CrossFireX uma grande deficiência na EP45-UD3L. Usar duas placas de vídeo parece uma boa idéia até você levar em conta o preço das placas e o aumento no consumo elétrico, que leva a outros gastos em cascata (fonte de maior capacidade, nobreak superdimensionado, etc.). Em tempos de “computação verde” e ênfase na redução do consumo elétrico dos equipamentos, gastar 200 watts ou mais apenas com as placas de vídeo soa como um resquício da época da arquitetura NetBurst.
Assim como outras placas atuais, ela inclui apenas uma porta IDE, destinada basicamente à conexão do drive óptico. Esta porta IDE solitária é conectada a um chip JMicron JMB368, já que a Intel não inclui mais controladores IDE em seus chipsets desde o P35.
Pouca gente ainda utiliza HDs IDE em micros novos, por isso os fabricantes estão dando cada vez menos atenção a eles, preferindo investir em mais portas SATA. Seria possível usar um HD IDE e um drive IDE conectados como master e slave, mas nesse caso você perderia desempenho, devido ao compartilhamento do barramento.
O ideal caso você pretenda usar HDs IDE seria comprar um bridge SATA>IDE ou uma controladora IDE separada. O bridge é encaixado diretamente no conector IDE do HD e é alimentado por um conector berg, roubado do drive de disquetes:
Temos aqui a visão geral dos conectores, incluindo as 6 portas SATA e os conectores para as 4 portas USB frontais. O painel traseiro inclui mais 8 portas USB, elevando o total para 12.
A EP45-UD3L não inclui um controlador RAID (que está disponível nos modelos da série R), mas nada impede que você utilize o suporte a RAID via software, que está disponível tanto no Windows quanto no Linux. Embora muitos torçam o nariz, o desempenho não é muito diferente do que você obteria ao utilizar uma placa-mãe com suporte a RAID, já que todas as placas domésticas utilizam controladoras fake-RAID, onde a maior parte do trabalho é feito pelos drivers de qualquer forma.
No RAID via software, onde todas as funções são executadas diretamente pelo sistema operacional e os HDs são ligados diretamente às interfaces da placa-mãe. Neste caso, temos um trabalho adicional de configuração, mas em compensação não é preciso gastar com uma controladora dedicada.
No caso do Windows XP, a configuração de RAID via software é feita no Painel de Controle > Ferramentas Administrativas > Gerenciamento do Computador > Gerenciamento de discos. Clique com o botão direito sobre um dos HDs que farão parte do array e selecione a opção “Converter em disco dinâmico”. Na tela seguinte, marque todos os HDs que serão usados.
Depois de converter os HDs para discos dinâmicos, clique novamente com o botão direito sobre um deles e selecione a opção “Novo Volume”. É aberto o assistente que permite criar o array RAID.
As versões Home e Professional oferecem apenas as opções de criar arrays RAID 0 (distribuído) ou JBOD (estendido), mas no 2000 ou 2003 Server é possível criar também arrays RAID 1 (Espelhado) e RAID 5, nesse caso utilizando a partir de 3 HDs:
Uma curiosidade é que, além das portas USB, a placa ainda inclui uma porta serial e uma porta paralela, escondidas atrás do segundo slot PCI. Os cabos flat não estão incluídos, mas você pode aproveitar os cabos de algum micro antigo se precisar utilizá-las. Muita gente ainda usa palms ou outros acessórios antigos, que sincronizam através da porta serial e muitas empresas ainda utilizam impressoras matriciais para imprimir notas fiscais, o que torna a adição das portas uma carga de legado bem-vinda para muitos:
Ambas as portas são controladas pelo chip ITE IT8718F-S posicionado no canto da placa. Ele é o responsável também pela famigerada porta FDD, que continua resistindo à passagem do tempo, e pelas funções de monitoramento de temperatura e rotação dos coolers ligados às saídas da placa mãe. Apesar de grande, ele é na verdade um chip bastante simples e barato, que é usado por diversos fabricantes.
O tradicional jumper para limpar o CMOS deu lugar a apenas dois pinos. Em vez de mudar o jumper de posição, você pode limpar o CMOS simplesmente fechando o curto entre os dois por alguns segundos usando qualquer objeto de metal:
Assim como na maioria das outras placas atuais, a Gigabyte optou por utilizar um chipset de rede da Realtek (um RTL8111C Gigabit) em vez do chipset Intel E1000. O motivo é a simples questão do custo, já que o chipset da Intel custa quase o dobro do valor. De qualquer maneira, como o chip é ligado a uma das linhas PCI Express (e não ao barramento PCI como em muitas placas da safra anterior), a diferença de desempenho nas transferências é muito pequena. Em geral, o gargalo ao transferir grandes arquivos através da rede Gigabit acaba sendo a taxa de transferência do HD e não a rede propriamente dita.
O áudio é controlado pelo chipset Intel HD embutido no próprio chipset, que oferece áudio 7.1. Entretanto, você notará a presença de um pequeno chip Realtek ALC888, que assume a função de codec (o chip responsável por transformar o sinal digital enviado pelo chipset de áudio no sinal analógico, que é enviado às caixas de som).
Como essa é a mesma combinação encontrada em quase todas as placas baseadas no P45, não existe muito o que dizer sobre a qualidade do áudio (muito boa por sinal), mas a placa ganha pontos por incluir também saídas S/PDIF para cabo coaxial e óptico, o que é interessante para quem está pensando em montar um PC para uso como home-theater.
Com relação ao processador, uma observação importante é que a placa é certificada apenas para uso em conjunto com processadores baseados na plataforma Core (com o core Conroe em diante), abandonando a compatibilidade com os antigos Pentium 4 e Pentium D. Esta é na verdade uma característica do chipset P45, que se estende a outras placas baseadas nele.
Concluindo, temos o DualBIOS. Um dos principais fatores que diferenciam os fabricantes de placas-mãe são a qualidade e a pontualidade das atualizações de BIOS para as placas que, invariavelmente corrigem problemas presentes nas revisões iniciais, em muitos casos adicionando também novos recursos.
Entretanto, as atualizações de BIOS possuem também um lado sombrio, que é a possibilidade de problemas na atualização. Embora nas placas atuais a incidência de problemas seja pequena, a possibilidade sempre existe.
Para solucionar o problema de uma vez, a Gigabyte implementou um sistema DualBIOS, que consiste no uso de dois chips idênticos de memória Flash (B_BIOS e M_BIOS). Um deles armazena a cópia de trabalho do BIOS, que pode ser atualizada da forma usual, enquanto o segundo armazena uma cópia de backup, protegida contra gravação, que é usava em casos de problemas com o primeiro:
Em resumo, a placa começa o boot carregando uma função do BIOS de backup, que permite verificar o checksum do BIOS principal. Se ele estiver incompleto (ou corrompido), ou por qualquer motivo não for possível carregá-lo, a placa prossegue o boot carregando a cópia de backup armazenada no segundo chip. Como ele é protegido contra gravação, é impossível corromper a cópia de backup, o que reduz a possibilidade de deixar a placa inoperante depois da atualização a zero. Em caso de problemas, basta refazer o processo de atualização.
Deixe seu comentário