Desempenho e peculiaridades

Chegamos então à questão do desempenho, que é a grande fonte de frustração neste modelo. Ele não é apenas baseado em um processador bastante fraco (que faz com que todas as respostas do sistema sejam lentas) quanto utiliza pouca memória RAM, o que faz com que aplicativos mais pesados exibam mensagens de falta de memória e exibam um comportamento irregular. É possível amenizar o problema da memória usando um cartão SD com uma partição swap (basta usar o Gparted em um PC com Linux para redimensionar a partição, criando uma partição Linux Swap de 100 a 200 MB no final do cartão), mas o uso de swap reduz ainda mais o desempenho.

Embora seja anunciado como sendo baseado em um chip VIA VM8505 de 600 MHz, o Eken M001 na verdade utiliza uma versão de 300 MHz do chip, overclocada para 350 MHz. Como sempre, os Chineses são bastante criativos nas especificações, como no caso das câmeras de “5 megapixels” que na verdade usam sensores VGA…

O VIA VM8505 é um chip ARM9 popularmente usado em navegadores GPS, que é bastante fraco em temos de desempenho se comparado aos chips Cortex A8 usados atualmente. Na melhor das hipóteses, o VM8505 @350 MHz do M001 equivale a um Cortex A8 de 125 MHz.

Outros tablets oferecem chips diferentes. O Eken M002 (o com tela de 7″ que se parece com um iPad) é baseado em um VIA MW8505 de 550 MHz (que oferece um desempenho um pouco melhor), enquanto o iRobot (aPad) usa um RockChip RK2808A de 600 MHz, que é o mais rápido entre estes aparelhos da primeira safra.

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Para cortar custos, a Eken não incluiu memória de armazenamento no M001, incluindo apenas o chip de memória Flash usado pela imagem do sistema e aplicativos e meros 128 MB de memória RAM. A memória de armazenamento fica por conta de um leitor de cartões SD, onde você pode instalar um cartão da capacidade que quiser (com suporte a cartões SDHC de até 16 GB).

Considerando que a medida aparentemente realmente reduziu o custo (caso contrário não teriam chegado aos 90 dólares), a ideia não chega a ser ruim. O uso de um cartão é quase obrigatório, pois muitos aplicativos precisam dele para armazenar arquivos temporários, sem falar de músicas e vídeos que queira escutar, mas você pode usar algum cartão de que já tenha.

O M001 inclui um speaker mono, que serve mais para tocar as notificações do sistema. Se quiser usá-lo como player de mídia, o melhor é esquecer dele e usar fones. É possível assistir vídeos no M001 (basta instalar o Video Player, o Rock Player ou outro player para o sistema) mas o processador fraco faz com que a escolha de formatos seja muito limitada e a qualidade muito ruim. De qualquer maneira, você encontra um conversor que gera vídeos próprios para serem exibidos nele no: http://www.slatedroid.com/downloads.php?do=file&id=5

No Linux, você pode converter os vídeos usando o mencoder, gerando um vídeo com container MP4, codificação x264 e áudio AAC e resolução de 428×320 (4×3) ou 480×270 (16:9), como em:

mencoder video.avi -o video.mp4 -of lavf -lavfopts format=mp4
-ss 1 -vf pp=ci,scale=428:320,expand=428:320,harddup -ovc x264
-x264encopts crf=30.0:nocabac:level_idc=30:bitrate=512:global_header:threads=2
-ofps 30000/1001 -oac faac -faacopts mpeg=4:object=2:br=128:raw -channels 2
-srate 44100 -af volnorm

Continuando, o M001 não possui um transmissor Bluetooth e nem GPS, se limitando à interface Wi-Fi 802.11b/g e à porta USB para toda a comunicação de dados. Esta na verdade não é uma combinação ruim, já que o uso de um transmissor bluetooth não é muito necessário em um tablet (principalmente levando em conta que é possível adaptar o cabo para usar um teclado e mouse USB) e o uso de um transmissor 3G encareceria demais o produto. Caso você pretenda usá-lo em trânsito, a melhor opção é usar algum software de compartilhamento (como o Joiku-Spot no caso dos Nokia S60) para compartilhar a conexão do smartphone.

O M001 pode ser encontrado em duas versões, uma versão “branded”, com o logo da EKen impresso, que é destinada à venda no varejo e passa por um controle de qualidade melhor, e uma versão “unbranded”, sem o logo, que é normalmente vendida em lojas online (como no caso da DX) e importadores. A versão unbranded possui um controle de qualidade mais fraco (ou inexistente) a ponto de os aparelhos sequer serem montados em ambiente climatizado (baixa incidência de poeira) como é normalmente feito. No meu, por exemplo, você pode notar um fiapo que ficou preso entre o vidro e a película touchscreen da tela:

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À primeira vista, achei que se tratava de um trincado, mas na verdade não passa de um fiapo de sujeira. Além dele, notei mais pelo menos três fiapos presos no meio da tela, que à primeira vista também se parecem com trincados. Ou seja, ele segue a cartilha básica das linhas de produção de produtos Chineses de segunda linha.

Outro problema grave é que este tablet vem com um sistema não-funcional de gerenciamento de energia, o que faz com que o sistema continue ativo mesmo ao ser colocado para dormir. Como resultado, a bateria dura 3 horas em uso moderado e 4 com o tablet em stand-by… Se você começar a ler uma página e deixar o tablet de lado para terminar de ler depois, ele vai estar provavelmente desligado por falta de carga quando voltar.

Ao menos que pretenda deixá-lo continuamente plugado no carregador, a solução acaba sendo desligar o tablet depois de usar, mas isso acaba sendo terrivelmente inconveniente, pois você precisa ligá-lo, esperar pelo boot e depois reabrir os aplicativos e documentos que estava usando cada vez que for usá-lo.

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