Problema relacionado ao 3D

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Outro (mais um!) problema grave relacionado ao 3D, que surge ao rodar o Kurumin 6.0 e possivelmente outras distribuições com o X.org 6.9:

Ao ativar o 3D, a máquina simplesmente “para” quando a placa de rede onboard transmite dados. Seja ao acessar a web ou acessar compartilhamentos na rede local. O log indica uma colisão na IRQ 10, o que sugeriria problemas com o apic (roteamento de IRQs), mas o problema persiste mesmo ao usar a opção “noapic” ou ao desativá-lo no setup.

Ao desativar a placa de rede onboard através do setup e espetar uma placa offboard (uma Realtek 8139), tudo passou a funcionar corretamente, inclusive com o 3D e a rede sendo usados simultaneamente. Uma observação é que ao usar uma placa de rede externa, você não precisa desativar o ACPI, o que permite que o suporte ao Cool n Quiet (que veremos a seguir), continue funcionando.

Você pode também usar uma placa 3D offboard e manter a placa de rede, ou mesmo usar o vídeo com o driver “vesa” e o 3D desabilitado. O problema surge apenas ao ativar o 3D e usar a placa de rede onboard simultaneamente.

Este problema se manifestou nas duas placas. Para tirar a prova dos 9, testei também um notebook Averatek, que usa o mesmo chipset e, novamente os mesmos sintomas se manifestaram. Ou seja, este conjunto de problemas não está relacionado com as placas, é um problema geral em placas baseadas no chipset Via K8M800.

Estes problemas com o vídeo são o grande calcanhar de aquiles deste chipset. Se você quer um micro apenas para aplicativos de escritório, web e 2D em geral, esta ainda é uma melhor escolha que uma placa com chipset SiS (melhor um driver 3D que funciona quando quer, do que ficar sem driver 3D algum). Mas, se você pretende rodar games ou aplicativos 3D no Linux, é melhor procurar uma placa mãe ou notebook com chipset Intel ou nForce (em ambos os casos o vídeo onboard tem um bom suporte 3D), ou comprar uma placa 3D offboard.

O desenvolvimento do driver esteja mais ou menos parado desde 2005. A versão do driver incluída no X.org 7.0 (disponível no Debian Unstable) possui os mesmos problemas. Aparentemente, o driver 3D não sofreu nenhuma mudança em relação ao X.org 6.9 usado no Kurumin 6.0.

Cool n Quiet (PowerNow)

O Cool n Quiet é um sistema de gerenciamento de energia suportados por todos os processadores AMD de 64 bits a partir do Sempron 3000+ soquete 754, que reduz a freqüência do processador enquanto ele está ocioso, reduzindo o consumo de energia e também o barulho, já que a redução da dissipação térmica permite que o sistema reduza a velocidade de rotação do cooler, usando funções do ACPI.

Ele é uma espécie de versão desktop do PowerNow, usada desde 2002 no Mobile Athlon, a versão de baixo consumo destinada a notebooks.

Um Athlon 64 3500+, por exemplo, pode trabalhar a 2.2 GHz (a freqüência normal), 2.0, 1.8 ou 1.0 GHz, de acordo com os aplicativos em uso. Operando na freqüência mínima, a tensão do processador cai de 1.4 para 1.1v e o consumo (do processador) para pouco menos de 10 watts, equivalente ao consumo de um antigo Pentium 133.

Como a freqüência do processador muda muito rapidamente, de acordo com a demanda (segundo a AMD, até 30 vezes por segundo), você mal percebe a redução de clock. Demora exatamente o mesmo tempo para ripar um DVD, compilar o Kernel, ou qualquer outra tarefa pesada e demorada com o Cool n Quiet ativado ou desativado, pois logo que o processador percebe o aumento no load, passa a operar na freqüência máxima automaticamente.

As áreas onde você acaba percebendo alguma perda são justamente nas operações mais simples e rápidas, como chavear entre as janelas e abrir menus dentro dos programas. Estas operações são muito rápidas para disparar o aumento na freqüência, de forma que, se prestar atenção, você realmente percebe alguma diferença, embora muito pouco.

De uma forma geral, o Cool n Quiet é um recurso muito interessante, pois aumenta a vida útil do equipamento (mesmo componentes como o HD e a placa mãe duram mais ao operar numa temperatura mais baixa, sem falar do cooler, que acumula menos poeira e assim precisa de menos manutenção) e gera economia na conta de luz, em troca de uma redução de desempenho muito pequena.

Ambas as placas suportam o recurso. Para ativar o Cool n Quiet no Linux, você via precisar usar uma distribuição recente, que inclua o módulo “powernow-k8” e o pacote “powernowd”. Com os dois componentes disponíveis, a configuração é bem simples, basta carregar o módulo e ativar o serviço, como em:

# modprobe powernow-k8

# /etc/init.d/powernowd start

Para que a configuração torne-se definitiva, adicione os dois comandos no final do arquivo “/etc/init.d/bootmisc.sh” (ou “/etc/rc.d/rc.local”, se estiver usando o Fedora ou Mandriva), para que eles sejam executados durante o boot.

No Kurumin 6.0, você pode ativar o suporte ao Cool n Quit usando a opção:

kurumin powernow

… na tela de boot. A configuração é mantida ao instalar o sistema.

Uma observação é que o powernowd só funciona corretamente com o suporte a ACPI ativado. Se você pretende usá-lo junto com a aceleração 3D do vídeo, a melhor opção é usar uma placa de rede offboard e manter o ACPI ativo.

Você pode verificar a velocidade atual do processador a qualquer momento vendo o conteúdo do arquivo /proc/cpuinfo:

$ cat /proc/cpuinfo

Note que o Cool n Quiet não é suportado pelos Semprons 2800+ soquete 754, muito menos nos Semprons e Durons antigos. A única exceção são alguns Semprons 2800+ usados em notebooks. Na linha desktop ele foi introduzido a partir dos 3000+

Som

O som funciona normalmente, tanto no Kurumin 6.0, quanto no Ubuntu 5.10. Ele é tanto detectado automaticamente durante o boot/instalação, quanto detectado sem problemas pelo alsaconf.

As placas usam o som onboard incluído no chipset, uma placa padrão AC’97, que funciona no Linux graças ao módulo “snd_via82xx”.

USB

Assim como no caso do som, o controlador USB é detectado automaticamente e funciona sem maiores percalços. O K8M800 usa um controlador USB bastante genérico, que funciona usando o módulo “ehci_hcd” do Kernel 2.6, sem frescuras.


Monitores de temperatura e coolers

Qualquer placa atual inclui um conjunto de monitores de temperatura (processador, placa mãe e HD), tensões fornecidas pela fonte e velocidade de rotação dos coolers. Eles são suportados no Linux através do LMsensors e um conjunto de módulos do Kernel.

Embora a compatibilidade venha melhorando a cada versão do Kernel, nem todas as placas são compatíveis com o LMsensors, mas felizmente este não é o caso das duas placas testadas. Em ambos os casos, os sensores são reconhecidos corretamente pelo sensors-detect, e podem ser usados no ksensors ou nas barras do Superkaramba:

gdh7
Os sensores foram testados no Kurumin 6.0. Como ele não inclui nenhum patch em especial, é esperado que os sensores funcionem corretamente em qualquer outra distribuição que use um Kernel recente e inclua o LMsensors.

Você pode ativar os monitores de temperatura no Kurumin 6.0 dentro do Clica-aki, na opção Suporte a Hardware > Ativar sensores de temperatura.

Uma vez ativados os sensores, as temperaturas passam a ser exibidas corretamente na barra do Superkaramba (no meu caso, a temperatura do chipset estava realmente mais alta que a do processador, pois a placa estava montada fora do gabinete e por isso o chipset estava sem ventilação ativa. Não é um erro ;):

gdh8
Veja mais detalhes sobre como ativar os sensores manualmente em outras distribuições nesta dica: https://www.hardware.com.br/dicas/monitores-temperatura-coolers.html


Modem

Como citei no início, ambas as placas incluem um modem AMR, que funciona usando o driver da Smartlink. Aqui você tem a tela com o relatório exibido pelo kppp, depois de ativá-lo no Kurumin:

gdh9
Você pode ler mais sobre a instalação do driver da Smartlink no meu guia modems e placas wireless no Linux: https://www.hardware.com.br/guias/modems-wireless-linux/.

Se você estiver usando uma distribuição com um Kernel recente, a partir do 2.6.14, pode também usar o módulo “snd_via82xx_modem“, um driver open-source, desenvolvido pela equipe do projeto alsa. O fato de possuir um driver open-source conta pontos a favor, pois é uma garantia de que o driver não deixará de funcionar de uma hora para a outra, como no caso do driver para os modems Intel 537, que foi aparentemente abandonado pela Intel e não funciona mais nos Kernels recentes, deixando os usuários na mão.

Para ativar o módulo, use o comando:

# modprobe snd_via82xx_modem

Feito isso, é necessário iniciar o sl-modem-daemon, que cria a porta usada pelo modem e faz a cola entre e os aplicativos:

# /etc/init.d/sl-modem-daemon start

Este serviço não vem pré instalado em muitas distribuições além do Kurumin, mas você pode instalá-lo no Ubuntu via apt-get, depois de ativar o repositório “Universe” no arquivo “/etc/apt/sources.list”:

# sudo apt-get install sl-modem-daemon

O pacote também está disponível nos repositórios do Debian, permitindo instalar em outras distribuições derivadas dele.

Salvo defeitos de hardware, este modem onboard é uma boa opção para quem usa Linux e depende de acesso discado, devido à boa compatibilidade com o sistema. Naturalmente, eles não se comparam aos saudosos hardmodems, mas a qualidade é melhor que a de muitos dos modems PCI mais baratos.

Concluindo…

O veredito é que estas duas placas não são a oitava maravilha do mundo, perdem pontos pelos problemas com o vídeo onboard, mas recuperam alguns devido à boa compatibilidade dos demais componentes e do modem onboard no Linux.

Existem muitos relatos de defeitos em placas da PC-Chips em geral, mas não consegui encontrar nenhum problema de hardware nas duas placas testadas. Tudo normal ao fazer uma recompilação completa do Kernel, ripar DVDs, rodar o teste longo do memtest e rodar o stresstest (Iniciar > sistema > Scripts do Kurumin; no Kurumin 6.0) por duas horas.

A minha sugestão é que você faça uma bateria de testes de hardware ao comprar a placa e exija a troca dentro da garantia caso perceba qualquer problema. O grande problema com as PC-Chips é justamente o fraco controle de qualidade. Imagine que você está fazendo os testes de burn-in que o fabricante não fez em fábrica.

Ao comprar uma ECS, o risco de defeitos é um pouco melhor, mas não se esqueça da famosa lei de Murphy: se existirem duas placas com defeito dentro do lote, pode ter certeza que em 99% dos casos, a que comprou será uma delas ;). Faça os testes de hardware, troque a placa caso necessário e seja feliz.

Naturalmente, existem placas muito melhores no mercado. Mas, considerando que estamos falando de duas placas de baixo custo, podemos dizer que ambas estão dentro da média.

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