Asus M2V e dicas

O lançamento do Core 2 Duo pode ser considerada uma das melhores notícias do ano passado, mesmo para quem prefere os processadores AMD. Com o Core 2 Duo, a Intel voltou a ter um processador competitivo, que possui um bom desempenho por ciclo de clock e, ao mesmo tempo oferece boas possibilidades de overclock.

Percebendo que não podia competir diretamente com relação ao desempenho, a AMD partiu para uma guerra de preços, baixando os preços de toda a sua linha de processadores mesmo antes dos Core 2 Duo chegarem às lojas. A Intel respondeu com o lançamento de modelos de baixo custo, incluindo o Pentium E2140 (1.6 GHz, 1 MB, 800 MHz) e o Pentium E2160 (1.8 GHz, 1 MB, 800 MHz). A AMD respondeu com novas reduções de preço, fazendo com que, nos EUA, um Athlon X2 3800+ já possa ser encontrado por menos de 80 dólares. Os processadores dual-core vieram para ficar e agora a preços acessíveis.

A Asus M2V é uma opção de placa sem vídeo onboard relativamente barata para quem está montando um PC baseado na plataforma AM2. Na verdade, a Asus M2V foi lançada em 2006, a mais de um ano. Originalmente a placa custava (nos EUA) 190 dólares, mas com o passar do tempo o preço foi caindo, até chegar ao patamar atual.

Como esta não é uma placa recente, não vou perder tempo publicando uma longa lista de benchmarks. Ao invés disso, vou aproveitar para falar sobre a plataforma AM2 de uma forma geral, dar dicas de configuração e outras dicas úteis para quem pretende montar um micro em breve, seja baseado na AM2, seja baseado em outra placa AM2.


A placa

A M2V é uma placa mini ATX, com 4 slots PCI, 1 slot PCI Express x1, além do slot PCI Express x16 para a placa de vídeo. Ela possui duas interfaces IDE, 4 portas SATA (veja mais detalhes a seguir), 8 portas USB 2.0, além de som e rede onboard. Como toda placa AM2, ela oferece suporte a dual-channel, cortesia do controlador de memória incluído no processador, com suporte a 4 módulos de memória de até 2 GB.

Ela é baseada no chipset VIA K8T890, um veterano entre os chipsets AMD. Lançado em 2005, ele foi o primeiro chipset para processadores AMD a oferecer suporte a PCI Express. Desde então ele se tornou o carro chefe da VIA:

fig1
Atualmente, 9 entre cada 10 entusiastas vão lhe recomendar a compra de uma placa baseada em um chipset nVidia, como a M2N-MX ou a M2N-X (o “V” nos modelos de placas da Asus indica que a placa é baseada em um chipset VIA, enquanto o “N” indica que é baseada em um chipset nVidia), o que não é surpresa considerando a evolução dos nForce 4 e 5xx em relação aos anteriores.

Apesar disso, a M2V também tem seus méritos e por isso vou aproveitar para falar um pouco sobre o chipset e os recursos usados.

O K8T890, inclui um total de 20 linhas PCI-Express, suficientes para criar um slot x16 e mais 4 slots x1, destinados a placas de expansão diversas. Como de praxe, ele utiliza um barramento HyperTransport de 1.0 GHz para comunicação com o processador e um barramento V-Link como meio de interligação entre a ponte norte e a ponte sul do chipset.

A ponte sul “padrão” para o K8T890 seria o chip VT8251, mas a Asus optou por utilizar o chip VT8237A, uma opção de baixo custo. O VT8237A mantém as duas portas ATA-133 o chipset de áudio VIA Vinyl, rede 10/100 e 8 portas USB. A principal diferença entre ele e o VT8251 é que ele possui apenas duas portas SATA (com suporte a RAID 0 e 1), ao invés de 4. No caso da M2V, o controlador de áudio incluído no chipset é combinado com um chip Realtek ALC 660, de 6 canais (5.1).

fig2Diagrama de blocos do VIA K8T890

Apenas duas portas SATA e rede 10/100 seriam uma pesada limitação para uma placa atual. Para evitar isso, a Asus combinou o VT8237A com um chip Marvell 88SE6121, que oferece mais duas portas SATA (totalizando 4) e um chipset de rede gigabit da Attansic, que substitui o chipset 10/100 incluído no chipset.

Esta é uma prática cada vez comum entre os fabricantes, substituir componentes onboard do chipset por chips externos, como uma forma de diferenciar seus produtos.

As 4 portas SATA formam uma configuração pouco usual, onde duas das portas (as duas que fazem parte do chipset) estão na posição tradicional, próximas às portas IDE. Estas duas portas frontais são ainda portas SATA-150. As duas portas adicionais, cortesia do chip Marvell são portas SATA-300; uma delas foi posicionada próximo ao painel ATX e a quarta porta foi transformada em uma porta eSATA, e incluída no painel traseiro, ao lado das 4 portas USB:

fig3
O maior problema é que as duas portas adicionais não são bootáveis, de forma que você precisa instalar o HD principal em uma das duas portas SATA-150.

Nos HDs atuais isto ainda não representa uma perda digna de nota, já que existe apenas uma pequena redução na taxa de transferência de dados a partir do buffer do HD, mas em breve os 150 MB/s passarão a ser uma limitação importante. Muitos dos HDs de 500 GB atuais já são capazes de trabalhar com taxas de leitura em setores contínuos acima de 100 MB/s, sendo que o limite prático de transferência das portas SATA 150 gira em torno dos 125 MB/s.

O eSATA está sendo usado por diversos modelos de gavetas para HD, substituindo ou servindo como opção ao USB. A vantagem neste caso é que você não corre o risco do desempenho do HD ser limitado pela interface, já que temos 300 MB/s (já que a porta eSATA da M2V é uma interface SATA 300), contra os 60 MB/s (480 megabits) do USB 2.0.

fig4
Nesta outra foto, você pode ver os dois controladores (SATA e rede) e a terceira porta SATA. Os dois chips são ligados a linhas PCI Express e não ao barramento PCI, como era feito antigamente. Isso garante que o desempenho dos dois controladores não seja limitado pelo barramento e deixa a banda do PCI disponível para as placas instaladas nos slots:

fig5
De qualquer forma, se você não pretender usar as duas portas SATA adicionais, pode desativar o controlador através da opção “Onboard Marvell6121 Controller”, presente na seção Advanced > Onboard Devices Configuration” do Setup:

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Uma curiosidade é que o controlador possui um BIOS próprio, inicializado logo depois do BIOS principal. Não se surpreenda ao receber uma mensagem do segundo controlador a cada boot, reclamando que não encontrou nenhum disco; isso é normal ao usar as portas referentes ao controlador embutido no chipset:

fig7
Concluindo a história dos chipsets VIA, existe uma versão do K8T890 com vídeo onboard, o K8M890. Ele vem com um chipset de vídeo DeltaChrome integrado, o que permite o desenvolvimento de placas de baixo custo. Um exemplo de placa baseada no K8M890 é a Asus M2V-TVM. Apesar da similaridade no nome e chipset usado, ela é uma placa muito diferente da M2V, com apenas dois slots PCI e dois slots de memória. Ela cai na categoria de placas micro-ATX de baixo custo com vídeo onboard:

fig8
O DeltaChrome é uma solução de vídeo onboard superior às opções atuais da SiS, mas naturalmente não se compara com uma placa offboard. É justamente por isso que o K8T890 continua sendo usado em placas como a Asus M2V, destinada justamente a quem pretende usar uma placa offboard.

A VIA chegou a lançar o K8T900, uma tentativa de produzir um chipset com suporte a dois slots PCI Express x16 (cada um com 8 linhas de dados), que acabou não dando certo. Na época em que foi lançado, não existia nenhuma trava nos drivers da nVidia que impedissem o uso de duas placas em SLI em chipsets de outros fabricantes, de forma que utilizando uma certa versão dos drivers (um beta do ForceWare 71.24, caso esteja curioso), era possível utilizar duas placas em SLI no K8T900. Mas, ao perceber a brecha, a nVidia rapidamente retirou a versão do driver de circulação e implantou travas de software nas versões futuras, eliminando a possibilidade.

O K8T900 também não oferece suporte ao CrossFire. Ao invés disso a VIA criou o “MultiChrome”, onde é possível combinar duas placas baseadas no S3 Chrome S27 (a S3 é atualmente uma subsidiária da VIA), placas de vídeo bastante incomuns e com um desempenho fraco, inferior ao de uma GeForce 6600 GT. O mérito do MultiChrome era a meta de se tornar um padrão aberto, que poderia ser usado em placas de outros fabricantes.

Apesar disso, ele acabou naufragando devido à falta de parceiros, já que a nVidia e ATI já possuem seus próprios padrões e a VIA mantém uma relação nada amistosa com a Intel. A ULi mantém uma parceria com a ATI e a SiS possui seus próprios problemas, de forma que não sobraram muitas opções de parceiros.

É por isso que não existem muitas placas baseadas no K8T900. A Asus, por exemplo, não produz nenhuma, se limitando a manter a M2V e a M2V-X, baseadas no K8T890 e as M2V-MX e M2V-TVM, baseadas no K8M890.

Uma observação interessante são que, embora a VIA ainda mantenha o uso de duas interfaces IDE em toda a sua linha de chipsets, tanto a Intel quanto a nVidia oferecem apenas uma porta nos chipsets da série 9xx (Intel) e nForce 590 SLI. A partir do P35, a Intel removeu o suporte a interfaces IDE completamente.

Os fabricantes de placas podem incluir portas IDE adicionais através de um chip externo, mas isto envolve um custo adicional e, muitas vezes resulta em problemas de compatibilidade diversos. Lentamente, as portas IDE tendem a sumir das placas novas, assim como aconteceu com os slots ISA a 4 anos atrás.

Uma curiosidade é que a partir de 2007, a Asus passou a fornecer “agrupadores” para os conectores do painel e das portas USB frontais junto com as placas, uma medida simpática. Eles são práticos, pois ao invés de ficar tentando enxergar as marcações na placa mãe você pode encaixar os conectores nos suportes e depois encaixá-los de uma vez na placa mãe:

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