Já havia falado um pouco sobre o nForce em outras ocasiões. Mas, se esta é a primeira vez que você está ouvindo falar nele, o nForce é um chipset desenvolvido pela nVidia, que traz vídeo, som e rede integrados. A idéia é desenvolver um chipset que possa ser usado em placas de baixo custo, com tudo onboard, mas que apesar disso, ofereça um bom desempenho.
Apesar de parecer mais uma daquelas promessas de político em campanha, o nForce é um projeto bastante interessante, com várias inovações sobre os projetos tradicionais de chipsets. Minha idéia aqui é dar apenas uma visão geral de como ele funciona, já que o desempenho na prática mesmo, só vamos ver quando as primeiras placas com o nForce começarem a ser vendidas.
Assim como a grande maioria dos chipsets atuais, o nForce é dividido em dois chips, a ponte norte e sul, que são chamadas de IGP (Integrated Graphics Processor) e MCP (Media and Communications Processor).
Entre os dois chips aparece a primeira novidade, que é o uso do HyperTransport, uma barramento de dados ultra-rápido desenvolvido por um consórcio de fabricantes, liderados pela AMD. Apesar do HyperTransport permitir a criação de um barramento de até 12.8 Gigabytes por segundo, a nVidia optou por usar uma versão primitiva, capaz de manter um fluxo de dados de apenas 800 MB/s. De fato, num sistema atual, mais do que isso seria desperdício de dinheiro. A maior vantagem neste caso é que não é usado o barramento PCI, como em outros chipsets. Com isto, o barramento fica menos congestionando, possibilitando algum (pequeno) ganho de desempenho.
Abaixo está um diagrama de blocos do nForce, fornecido pela nVidia:
Vamos começar falando um pouco sobre o vídeo onboard, que afinal provavelmente será o principal diferencial do nForce frente aos vários chipsets com componentes onboard que estão aí.
A GeForceMX, apesar de não ser a placa 3D mais rápida atualmente, ainda é um excelente opção. O grande problema são os 180 dólares que uma destas custa. Que tal então ganhar uma MX de brinde numa placa mãe que provavelmente custará menos que isso?
Opa, não tão rápido. Para cortar custos a nVidia optou por usar a boa e velha memória de vídeo compartilhada, assim como nas M812 e outras tudo onboard que vemos por aí.
– Sacanagem, quer dizer que incluíram um GeForce MX no chipset só para passar a vergonha de ver ele perdendo para uma Trident Blade por causa da memória compartilha?
Calma, também não é assim. Para remendar o estrago e permitir que o GeForce onboard tenha uma performance próxima, ou quem sabe até igual ao das placas offboard, implantaram o Twin Bank, que é provavelmente o recurso mais interessante do nForce.
Imagine um Pentium III espetado Asus CUSL, que usa o chipset i815. O vídeo onboard já não é grande coisa e ainda divide o acesso à memória (apenas 800 MB/s já que essa configuração usa memória PC-100) com o processador. Imagine este conjunto dentro de um jogo 3D qualquer, onde os dois precisarão acessar a memória ao mesmo tempo…
No nForce o primeiro cuidado foi inclui suporte a memórias DDR, o que não chega a ser uma novidade atualmente, mas já ajuda, já que um módulo PC-266 oferece um barramento de 2.1 GB/s, quase o triplo do que teríamos usando memória PC-100. Mas, não pararam por aí. O Twin Bank consiste em adicionar um segundo controlador de memória ao chipset, o que permite acessar dois módulos de memória ao mesmo tempo, alcançando uma taxa de transferência teórica de 4.2 GB/s.
Como o processador normalmente usará apenas 600 ou 800 MB/s, sobram mais de 3 GB/s para o chipset de vídeo, o suficiente para uma performance 3D convincente.
Uma ressalva é que não é obrigatório usar dois módulos de memória, você pode usar um único módulo, mas neste caso o recurso ficará desativado e você perderá uma boa parte do desempenho. Uma boa notícia é que como são dois controladores de memória separados, não é obrigatório usar dois módulos iguais, o recurso funciona mesmo usando dois módulos com capacidades e até mesmo com frequências diferentes. Você pode misturar um módulo DDR PC-200 de 64 MB com outro DDR PC-266 de 128 MB por exemplo.
Existirão duas versões do nForce. Apenas o Crush 12, a versão mais cara virá com suporte ao Twin Bank. O Crush 11, que será a versão de baixo custo, terá apenas um controlador de memória, o que certamente garantirá um desempenho 3D bem inferior. De qualquer forma, ambos suportarão o bom e velho slot AGP 4X, para quem não gostar do desempenho do video onboard e preferir usar uma placa 3D externa.
Ainda na ponte norte do chipset, existe um outro componente novo, o DASP (Dynamic Adaptive Speculative Pre-Processor) que visa melhorar o desempenho do processador principal. O DASP funciona como um processador auxiliar, procurando localizar os dados e instruções de que o processador irá precisar nos próximos ciclos. A nVidia divulgou que o DASP permitirá aumentar o desempenho do processador em até 30%. Isso com certeza não passa de conversa de pescador, mas de qualquer forma, qualquer ganho mesmo que na casa dos 5%, que seria um número mais realista, será bem vindo, já que o recurso não oferece nenhuma desvantagem além de aumentar em uns poucos dólares o preço do chipset.
Descendo para a ponte sul do chipset, ou MCP como a nVidia prefere chamar, temos os demais componentes do chipset, que controlam as interfaces IDE, portas USB e claro os chipsets de som e rede integrados.
O APU, ou Audio processing unit, é a parte responsável pelo áudio, que por sinal é o mesmo usado no Xbox. Segundo as especificações, ele é capaz de reproduzir 256 vozes de áudio em 2D e até 64 vozes, quando forem utilizados os efeitos de áudio 3D, usando o EAX. Só para efeito de comparação, a Sound Blaster Live, que oferece uma boa qualidade de som, apesar do preço um pouco salgado, suporte 64 vozes em 2D e 32 vozes em 3D.
Superar os recursos de uma Sound Blaster Live não é muito difícil atualmente, pois trata-se de uma placa com 2 anos de idade. O que impressiona é que o som onboard de uma placa de 150 dólares possa ser capaz disso.
Finalizando, o nForce virá com uma interface de rede 10/100 e suporte a um softmodem, que poderá ser adicionado através de um riser (um encaixe que lembra um slot PCI invertido, que equipará as placas com o nForce, como na foto abaixo). Ambos são auxiliados por um recurso chamado StreanThru, que promete melhorar a velocidade de transferência da placa de rede, assim como os Pings nos jogos, tanto usando o modem, quanto usando uma conexão de banda larga.
Basicamente, o StreanThru faz com que as transmissões da rede e modem tenham prioridade sobre as transmissões feitas por outros periféricos. Isso faz com que as transferências possam ser iniciadas instantaneamente, ganhando alguns preciosos milessegundos. Não é nenhum divisor de águas, mas é mais uma pequena melhoria a se somar com as demais.
O nForce traz uma proposta interessante, combinando desempenho e um preço relativamente baixo. Provavelmente, as placas com ele não chegarão a custar 100 ou 120 dólares, como outras placas com componentes onboard, mas o preço deve ser razoavelmente acessível. Se você está curioso para saber como serão as placas baseadas no chipset, abaixo está a foto da placa de referência produzida pela nVidia.
Veja que é uma placa micro-ATX, com apenas dois Slots PCI, o Slot AGP e o riser para a conexão do modem, que não traz grandes possibilidades de expansão. Definitivamente, não é a placa que você utilizaria para montar um servidor, mas será sem dúvida uma plataforma interessante para um PC básico para jogos ou trabalho.
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