Análise: Kodak DX3215

Depois de quase 4 anos de serviços prestados finalmente resolvi aposentar a minha velha Kodak DC50. Ela é uma máquina bem construída para a época, tem um zoom óptico de 3X e um flash razoável mas seria covardia tentar compará-la a qualquer máquina mais atual.

Depois de passar algum tempo pesquisando máquinas novas e usadas entre 700 e 1000 reais, acabei me decidindo por uma Kodak DX3215, que custa em média 1090 reais. A minha acabou saindo um pouco mais barato pois era um produto de mostruário e estava sem o cabo de TV. Ficou por R$ 920, ainda dentro do meu orçamento :-). Esta máquina tem distribuição nacional, então é relativamente fácil encontrá-la. Você pode ver uma lista dos revendedores no site da Kodak

A concorrente direta seria a Canon PowerShot A100, que custa um pouco mais barato (R$ 1000), oferece a mesma resolução (1280×960), também tem 8 MB de memória e tem as vantagens de também capturar vídeos curtos (até 30 segundos com resolução 320×240) e utilizar cartões de memória CompactFlash, que são mais baratos que os cartões SD usados pela Kodak.

O que me fez desconsiderar a Canon A100 é a falta de zoom óptico. Ela possui apenas um “zoom” digital de 3.2x, enquanto a DX3215 possui um zoom óptico de 2x e um “zoom” digital de mais 2x.

O motivo de eu usar o zoom entre aspas é que o zoom digital é uma grande mentira. É uma enganação pura e simples. O zoom óptico se baseia num conjunto de lentes que amplia a imagem capturada, assim como nas câmera tradicionais. É o que podemos chamar de zoom real.

O “zoom” digital por sua vez é obtido simplesmente ampliando a imagem depois da captura. Basicamente a máquina tira a foto normalmente, sem zoom (já que na realidade ela não possui nenhum) e em seguida descarta as bordas da imagem, ficando apenas com o centro.

A imagem é então interpolada até atingir o tamanho normal, perdendo a qualidade. É exatamente o mesmo que você teria ao tirar a foto sem o “zoom” e em seguida recortar/ampliar num editor de imagens qualquer. Enfim, é algo que não deve ser levado em conta na hora da compra. Uma câmera sem zoom óptico é o mesmo que uma câmera sem zoom algum.

 

A câmera

Aqui estão algumas fotos da DX3215, naturalmente ainda tiradas com a minha câmera antiga :-). Este é um modelo bastante simples, destinada a uso doméstico. Um dos pontos fracos deste modelo é o flash, que é útil para tirar fotos a uma distância de no máximo uns 2 metros. A partir daí você precisa contar com a luz do sol ou algum tipo de iluminação artificial.

gdh1
Aqui estão o soquete para cartões SD, a saída USB e a saída de vídeo. Veja que o conector USB usa um formato proprietário, bem menor que o normal, impedindo que você use cabos comuns. Naturalmente a câmera já vem com o cabo USB, mas seria prático poder usar cabos tradicionais, assim você não precisaria levar o cabo junto com a câmera caso tenha mais de um PC, como eu.

O cabo de vídeo permite ligar a câmera numa TV para visualizar as fotos armazenadas na memória, um recurso que não pude testar já que a minha veio sem o cabo. A limitação no caso da TV é que as fotos são sempre exibidas na resolução mais baixa, 640×480 já que as TVs PAL-M não vão muito além disso.

gdh2
A câmera vem com apenas 8 MB de memória interna, que são suficientes para armazenar 20 fotos a 1280×960 ou 80 fotos a 640×480. Para atingir estes números as fotos são salvas em formato jpg, com um nível médio de compressão e consequentemente alguma perda de qualidade.

É possível ampliar o espaço de armazenamento usando cartões SD de até 64 MB. Ele são um pouco mais caros que os Compact-Flash usados em alguns modelos de câmeras, mas em compensação também são menores. Um cartão SD de 16 MB custa em média 75 reais e permite armazenar mais 38 fotos, enquanto um de 32 MB armazena 80 e um de 64 MB armazena 164. A diferença é devido ao espaço perdido para formatar o cartão, que é o mesmo independente da capacidade total.

Esta máquina pode ser utilizada tanto com pilhas recarregáveis quanto com pilhas alcalinas comuns, embora estas não sejam recomendadas. Nem perca tempo tentando usar pilhas não alcalinas, pois elas se descarregarão muito rápido.

Um par de pilhas NI-MH de 1800 mAh permite tirar por volta de 150 fotos sem flash, ou mais ou menos metade disso usando o flash. A especificação da câmera fala em 170 fotos, mas isso em condições ideais, onde você não passe muito tempo vendo as fotos tiradas no visor da câmera, que também gasta baste energia.

As pilhas alcalinas duram muito menos, menos de 100 fotos sem flash e de 40 a 50 fotos com ele ativado. Justamente devido a esta baixa autonomia elas não são recomendáveis para este modelo. Tirando fotos em baixa resolução por exemplo as pilhas vão acabar antes de você conseguir tirar as 80 fotos para completara memória interna e todos sabemos que pilhas alcalinas não são exatamente um artigo barato. Um consolo neste caso é que a câmera exige descargas tão fortes que acaba não usando nem metade da carga total das pilhas. Você ainda pode aproveitar as pilhas rejeitadas pela câmera no seu haldheld, controle remoto, brinquedos, etc.

Mais um sintoma estranho ao utilizar pilhas alcalinas é que depois de tirar poucas fotos a câmera se desliga, acusando baixo nível das baterias e se recusa a ligar novamente até que você abra o compartilhamento da pilha (o que apaga a programação). Feito isso você consegue tirar mais algumas fotos e assim por diante, até que as pilhas se esgotem realmente.

De qualquer forma, se você pretender tirar mais de meia dúzia de fotos por mês o ideal é mesmo usar as recarregáveis. Um pacote de 4 pilhas de 1800 mAh mais o carregador custa cerca de 100 reais, que no caso da DX3215 acabam se pagando rapidamente.

Na hora de comprar preste atenção na capacidade das pilhas. Existem no mercado pilhas de várias recarregáveis capacidades, a partir de 800 mAh. Embora elas também funcionem, a autonomia é mais baixa.

Eu comprei esse kit sem marca por R$ 90, vamos ver se dura 😉 O carregador demora cerca de 10 horas para carregar as 4 pilhas em modo rápido e quase um dia em modo lento. O tempo de carregamento varia de acordo com a capacidade das pilhas, quanto maior a capacidade, maior o tempo de carregamento. Se você não estiver com pressa, prefira o carregamento lento, pois o desperdício de energia é menor e sua conta de luz agradece.

gdh3
Na parte de baixo da câmera temos o conector para a base Easy Share, que é vendida separadamente:

gdh4
Esta base serve como um substituto para o cabo USB e ao mesmo tempo serve como um recarregador para as baterias da câmera. Junto com a base vem uma bateria de lítio que segundo a Kodak permite tirar até 350 fotos (sem flash). O problema é que a tal base custa mais de 400 reais, o que acaba não compensando, já que somando o valor da base você já gastaria mais de R$ 1500, o suficiente para comprar uma câmera melhor.

Finalmente, temos aqui a imagem do visor e botões e controle:

gdh5
Esta câmera é bem fácil de usar. A chave na parte inferior esquerda permite alternar entre o modo de captura, edição e configuração. Temos ainda o botão que configura o flash, o zoom, o botão power e mais dois botões “select” e “delete”.

O Flash possui quatro programações: normal, desligado, redução de olhos vermelhos e flash de preenchimento (para quando estiver fotografando contra a luz). Como disse, o flash desta câmera é muito fraco, por isso nem vou comentar muito sobre ele. Como uso a câmera mais para tirar fotos para o site, principalmente de placas e de imagens do monitor isso não faz muita diferença, pois não posso utilizar o flash de qualquer forma.

No modo de edição você pode visualizar e deletar as fotos da memória, enquanto no modo de configuração você pode ativar o macro (para tirar fotos de muito perto, a partir de 25 cm), mudar a resolução das fotos, ativar/desativar o carimbo, que grava a data e hora nas fotos além claro de limpar as fotos da memória.

O visor tem resolução de 160×120, o que é suficiente apenas para “ter uma idéia” das fotos que tirou, sem ver muitos detalhes. Não dá para ver se a foto ficou tremida por exemplo, mas pelo menos ele é nítido.

 

Algumas fotos

Aqui estão algumas fotos que tirei com ela. Estas três primeiras foram tiradas no modo normal num dia nublado. A primeira está sem zoom, a segunda com o zoom óptico de 2x e a terceira com o zoom óptico mais o “zoom” digital de 2x. Clique para ver em tamanho real:

gdh6
gdh7
gdh8
Bem, você deve ter notado que a terceira foto ficou menor que as demais. Lembra-se do que falei sobre o “zoom” digital? Na maioria das câmeras ele é obtido interpolando a imagem mas a Kodak foi um pouco mais cara de pau. Ao ativar o “zoom” digital ele simplesmente diminui a resolução da imagem para 640×480; assim você fica apenas com a parte central da imagem. O melhor é ficar apenas com o zoom óptico mesmo, o “zoom” digital serve só como uma forma rápida para alternar entre os dois modos de resolução.

Aqui estão mais duas fotos, desta vez usando o modo macro. Veja que a definição é muito boa tanto ao tirar fotos a partir de uma imagem do monitor quanto de uma placa mãe a uns 20 cm da câmera:

gdh9
gdh10
 

Transferindo

Por já ser um modelo um pouco antigo, a DX3215 é suportada em praticamente qualquer sistema operacional. Por ser USB ela também é facilmente detectada e a as transferências são muito rápidas. Transferir 20 fotos em resolução máxima, ou seja, os 8 MB de memória interna completos demora cerca de 30 segundos. Mesmo que você tenha um cartão SD de 16 ou 32 MB o tempo de transferência não será problema. Este é mais um motivo para fugir das câmeras seriais com sua simplória taxa de transferência de 115 kbits, onde mesmo numa câmera de 2 MB as transferências demoram uma eternidade 🙂

No Windows XP e no Mac OSX basta plugar a câmera na porta USB, com o micro ligado que ela será automaticamente detectada. No Windows XP é aberto um assistente que pergunta o que você deseja fazer e no OSX é aberto o iPhoto, que exibe miniaturas das fotos e permite que você salve em disco, veja um slideshow, etc.

No Windows 95/98/ME/SE e também no Windows NT/2000 é preciso instalar o Picture Transfer encontrado na pasta “Camera” do CD de instalação. É preciso deixar o programa residente ou ativá-lo na hora de transferir. Em qualquer caso a porta USB da sua placa deve estar ativa no Setup e instalada corretamente no sistema operacional.

Naturalmente a câmera também é suportada no Linux, através da biblioteca Libgphoto2. O RedHat 8.0 é o que oferece o melhor suporte neste caso. Já vem tudo pronto, basta abrir o Gtkam encontrado no iniciar. Da primeira vez que abrir o programa clique nem “Camera > Adicionar Camera > Detectar”. A partir daí ele encontra a câmera automaticamente e já baixa as miniaturas. Para salvar as fotos basta clicar em “Arquivo > Salvar Tudo”. A autodetecção funciona para quase todos os modelos de câmeras USB, apenas no caso das seriais é preciso indicar manualmente o modelo da câmera e a qual porta ela está conectada.

gdh11
No Mandrake 9.0 o procedimento é o mesmo. A única dificuldade é que ele não instala o Gtkam por default. Para instalá-lo, abra um terminal como root e dê o comando “urpmi gtkam“. Forneça o CD2 e o CD3 de instalação e o ícone para o Gtkam já aparecerá no Iniciar > Multimídia > Gráficos. O “desktop dinâmico” do Mandrake 9.0 também se encarrega de colocar um atalho para o Gtkam no desktop assim que a câmera é ligada ao PC, bem plug-and-play 🙂

Em outras distribuições você deve apenas checar se o libgphoto2 e o gtkam estão instalados. Lembre-se que o libgphoto2 é a biblioteca e o gtkam é o front-end para ela. Caso os pacotes não estejam incluídos nos CDs de instalação, você pode baixá-los no https://gphoto.sourceforge.net/.

Os pacotes disponíveis no site estão em código fonte. Eles podem ser instalados em quase todas as distribuições simplesmente descompactando o arquivo, acessando a pasta que será criada e em seguida rodando os comandos “./configure”, “make” e (como root) “make install”.

O Gphoto2 suporta um total de 295 modelos de câmeras, você pode ver a lista completa no:

https://gphoto.sourceforge.net/proj/libgphoto2/support.php

Além de utilizar o Gtkam é possível acessar a câmera via linha de comando, usando o programa gphoto2 que também está disponível no site. Ele é útil para desenvolver scripts que baixem as imagens da câmera automaticamente por exemplo. Os comandos básicos são: “gphoto2 –auto-detect” (para detectar a câmera), “gphoto2 –list-files” (para listar as imagens armazenadas na câmera) e “gphoto2 –get-all-files”, que baixa todas as imagens da câmera para o diretório corrente.

Concluindo, a Kodak DX3215 tem vários defeitos, mas ainda é uma das melhores opções nesta faixa de preço. Mais barato que ela temos basicamente apenas a Canon PowerShot A100 que comentei acima e eventualmente alguns modelos antigos que as lojas possam ter em estoque.

Você encontrará também vários modelos de câmeras baratas, na faixa dos 250 a 350 reais, como as Pencans e vários modelos da Aiptek, Argus, Genius, Clone, Sipix, Pixel View, Vivitar, etc. Estes modelos são webcans adaptadas para também tirar fotos desplugadas do PC, com CCDs baratos de 320×240 que interpolam a imagem para atingir resoluções mais altas quando disponíveis. É preciso ter cuidado na compra destes modelos, pois eles servem para tirar fotos de baixa resolução para a web mas nada além disso.

Para atingir o melhor nível de nitidez das fotos (para a web), você precisa geralmente diminuir a imagem à um quarto da resolução num editor que utilize um algoritmo de boa qualidade. Assim, as fotos de uma câmera com um CCD de 320×240 são úteis apenas para gerar fotos para a web de 160×120. Usando as fotos na resolução normal você verá que a nitidez não é muito grande e as cores apresentam muitas imperfeições.

Caso você pretenda usar as fotos para a impressão então esqueça todos estes modelos baratos. Você precisará de no mínimo uma câmera com um CCD de 1280×960 (1.3 megapixel), como a DX3215 e a PowerShot A100. Para obter imagens com a mesma qualidade de uma boa câmera analógica o ideal já seria uma câmera de pelo menos 2.0 megapixels com zoom óptico e um bom flash. A partir daí quanto mais resolução melhor, mas já vai depender de quanto você pode gastar. No meu caso a DX-3215 já está de bom tamanho 🙂

Atualição: O Fábio Galerani mandou a dica de um novo modelo da Canon, a A40 que inclui um zoom óptico de 3x com resolução de 2.0 megapixels e é apenas um pouco mais cara que a DX-3215. Antes de comprar qualquer coisa vale à pena dar uma olhada neste modelo também. Pelo menos nas especificações parece ser um bom negócio.

Postado por
Siga em:
Compartilhe
Deixe seu comentário
Img de rastreio
Localize algo no site!