O Aspire 5043WLMI é um dos modelos mais baratos da Acer e, justamente por isso, está entre os notebooks mais vendidos nos últimos meses aqui no Brasil, onde contamos os trocados na hora de trocar de equipamento :). Sempre que falamos em modelos de baixo custo, surgem perguntas sobre a qualidade do equipamento, afinal, como explicar variações de mais de 100% no preço de notebooks com configurações pouco diferentes, como temos no mercado?
A primeira questão a ter em mente com relação aos notebooks é que existe um número relativamente pequeno de fabricantes, como a Quanta (atualmente o maior) e Compal, que embora não vendam notebooks sob sua marca, desenvolvem e fabricam equipamentos para inúmeros outros fabricantes, que os vendem sob sua marca, tais como a HP, Toshiba, Dell, etc. O mesmo acontece com os integradores nacionais, como a Positivo e Amazon. Com exceção de algumas das etapas finais da montagem, empacotamento e venda, praticamente tudo é terceirizado.
Temos em seguida o time de fabricantes que vendem equipamentos sob sua própria marca, como a Asus, ECS e a Acer. A Asus por exemplo, fabrica desde os Apple Mac Book até algumas séries do Playstation 3, enquanto a Acer fabrica alguns dos notebooks da Dell e para diversos outros integradores espalhados pelo mundo.
O fato de fabricar ou terceirizar acaba influindo pouco no preço final dos produtos, pois devido à concorrência, os fabricantes trabalham com margens muito apertadas de lucro. Se a Acer e a HP resolvessem produzir um notebook com a mesma configuração, onde a Acer o fabrica diretamente e a HP o terceiriza para a Quanta (por exemplo), o custo inicial acabaria sendo praticamente o mesmo. As diferenças de preço são geralmente introduzidas mais adiante no processo, quando são incluídos os gastos com distribuição, marketing, substituição de aparelhos na garantia e a margem de lucro de cada fabricante. Quem consegue ser mais eficiente na combinação de todas estas etapas, acaba levando a melhor.
Em seguida, temos a questão da variação de preço entre diferentes modelos do mesmo fabricante. Enquanto os modelos mais básicos são vendidos no exterior por 600 dólares ou menos, modelos apenas um pouco mais parrudos podem custar o dobro ou o triplo deste valor. Mesmo aqui no Brasil temos esta variação.
O que ocorre neste caso é que os fabricantes trabalham com margens de lucro maiores nos lançamentos, aproveitando-se do público que quer “o melhor” e está disposto a pagar caro por isto, e margens progressivamente menores nos modelos mais baratos, chegando a vender os modelos antigos com prejuízo, para se livrar dos estoques. Muita gente acha que os fabricantes nunca vendem equipamentos com prejuízo, mas devido à rápida evolução dos componentes, isso é extremamente comum.
Ou seja, do ponto de vista do custo-benefício, os notebooks mais baratos são geralmente melhores, pois são “subsidiados” pelos lucros obtidos nos modelos mais caros. O Aspire 5043WLMI entra justamente nesta categoria, chegando a ser vendido na faixa dos 2.600 reais.
Finalmente, temos a “terceira linha”, representada pelos equipamentos remanufaturados (também chamados de refurbished, RMA, etc.). Estes são equipamentos que deram defeito, foram trocados dentro do período de garantia e estão sendo vendidos novamente depois de consertados. Embora sejam mais baratos, os remanufaturados nem sempre são uma boa opção, pois além de serem equipamentos já com algum uso (muitas vezes com riscos e outros detalhes), são invariavelmente vendidos com uma garantia menor. Preste atenção na hora de comprar.
Voltando ao Aspire 5043WLMI, a configuração impressiona pelo preço, pois ele custa pouco a mais que os Celerons com 256 MB de RAM e HD de 40. Veja as especificações:
- Processador: Turion 64 ML-32 de 1.8 GHz (128 KB de cache L1 e 512 KB de cache L2)
- Chipset: ATI RS482
- RAM: 512 MB (expansível até 2 GB)
- HD: Seagate Momentus 80 GB (IDE)
- Gravador de DVD +/- RW
- Tela 15.4″ Wide (1280×800) “CrystalBrite”
- Vídeo ATI Radeon Xpress 200M, com de 16 a 256 MB de memória compartilhada. (existem variações do mesmo modelo com o RADEON x1300, que usa memória dedicada)
- Rede Wireless Broadcom BCM4318 [AirForce One 54g]
- Rede Gigabit RTL-8169
- Audio onboard: ATI SB450 HDA Audio
- Modem onboard (também ATI) e 1 slot PCMCIA
- 4 portas USB (não possui firewire, bluetooth, leitor de cartões ou saída DVI)
- Peso: 2.85 kg
- Versões com o XP Home e Linux
Como em outros modelos da Acer, é usada uma tela wide, com o CrystalBrite, um revestimento especial que melhora a qualidade das cores, mas, por outro lado, causa reflexão. Realmente existe um ganho perceptível com relação às telas opacas, mas em compensação você tem muita reflexão ao usar o notebook contra a luz. Não encontrei informações sobre a política da Acer com relação a badpixels, mas este modelo do teste não veio com nenhum.
Para cortar custos, a Acer utiliza a mesma carcaça para diversos modelos diferentes. Os Travelmate são menores, com tela de 14″, enquanto os Aspire são bem maiores, graças à tela de 15.4″.
Você pode notar que ele possui o led do transmissor Bluetooth, disponível nos modelos mais caros, muito embora venha sem ele. O botão da placa wireless é, ao mesmo tempo, um LED que mostra a atividade da rede. O painel frontal inclui ainda as saídas de áudio e os speakers:
O acabamento prateado é bonito à primeira vista, mas ele se desgasta com o tempo. O plástico usado também não é muito duro, por isso os riscos tendem a aparecer com o uso, por mais cuidadoso que você seja. O nosso já apresenta alguns, depois de ter sido carregado apenas algumas vezes numa mochila:
Comparado com os Asus e Sony, ou mesmo com os HP, o acabamento deixa um pouco a desejar, com algumas rebarbas e pontos sem encaixe perfeito. Mas, se considerarmos o preço, ele acaba sendo satisfatório ;).
Muitos modelos da Acer incluem um leitor de cartões sob o slot PCMCIA, além de uma saída de vídeo ou porta firewire junto às portas USB do lado esquerdo, mas este modelo não inclui nenhum destes opcionais. Três das portas USB estão posicionadas do lado esquerdo e a última na parte traseira. Como de praxe, ele inclui um único slot PCMCIA:
Do lado direito temos apenas o drive óptico. Como você pode ver, este modelo inclui um teclado americano, mas também existem modelos da Acer com teclado ABNT 2. Pessoalmente não gostei do teclado, as teclas são um pouco resistentes demais e o posicionamento das teclas € e $ aumenta os erros ao usar as setas direcionais. Como este é um fator muito subjetivo, aconselho você a fazer um testdrive e tirar suas próprias conclusões.
O Touchpad funciona como um mouse Synaptics normal, com suporte a tap e scroll através do canto direito. Ele conta também com um botão central, que também permite fazer scroll das páginas, substituindo a roda.
A Acer tem tropeçado ultimamente com relação aos drivers óticos. Os modelos mais caros, como os Acer Ferrari tem utilizado o Matsushita UJ-845S, um drive que inclui alguns “presentes” escondidos no firmware, que impedem que qualquer sistema operacional leia DVDs de regiões diferentes da escolhida. Nem mesmo o libdvdcss2 (no Linux), ou o Slysoft’s AnyDVD (no Windows) são capazes de burlar a proteção. Ou você se conforma em assistir DVDs de sua própria região, ou compra outro drive.
A boa notícia é que o Aspire 5043WLMI não usa este famigerado drive da Matsushita. A má é que ele usa um drive mais barato, o HLDS GWA-4083N (este mesmo drive é também vendido pela LG, em regime OEM). Ele funciona dentro do prometido, gravando todo tipo de mídias. O problema é que ele é extremamente vulnerável a trepidações. O simples fato de tirar o notebook do colo enquanto assiste a um DVD, é suficiente para que o filme pare com um erro “A mídia não pode ser lida”. Ao mover o notebook enquanto está gravando um DVD, você quase que invariavelmente perde a mídia. Naturalmente, também é praticamente impossível usar o drive num ônibus de viagem ou carro em movimento.
Aqui vão os detalhes sobre o drive, informados pelo K3B:
Na parte de trás do notebook, temos apenas o conector de rede, modem, conector da fonte, saída VGA e a quarta porta USB. A bateria fica na parte frontal esquerda, e não na parte traseira, como em outros modelos recentes:
Como todo notebook com tela de 15.4″ wide, o Acer é relativamente volumoso. Temos aqui um comparativo de tamanho com um HP NX6310 (tela de 15″) e um Asus M5 (tela de 12″):
Temos aqui a parte inferior, com o compartimento da placa wireless, bateria e a abertura compartilhada pelo HD e pentes de memória. Note que não existe acesso até o cooler do processador; você precisa fazer uma desmontagem parcial do notebook, removendo o teclado e o protetor superior para conseguir chegar até ele na hora de fazer as limpezas de rotina. A boa notícia é que graças ao sistema de gerenciamento de energia, o Turion aquece pouco na maior parte do tempo, fazendo que o cooler fique em baixa rotação e o acúmulo de sujeira seja menor.
Aqui temos os compartimentos abertos. Ao contrário de muitos notebooks atuais, o 5043WLMI possui dois soquetes de memória. Um deles vem ocupado por um pente de 512 MB (o modelo testado veio com um pente DDR 400, mas também existem séries com pentes DDR 333 à venda) e o segundo vago. Infelizmente, o Turion 64 ainda não suporta dual-channel, de forma que você não tem nenhum ganho de desempenho ao usar dois pentes. O suporte a dual-channel está disponível apenas a partir do Turion 64 X2.
A Acer promete um maior alcance para a placa wireless através do “SignalUP”. Inicialmente pensei que este era um recurso incluído no driver Windows, mas na verdade se trata de uma mudança no design da antena (instalada no topo do LCD), que aumenta um pouco o ganho da antena, independentemente do driver usado. Uma observação importante é que o driver bcm43xx (no Linux) apresenta problemas com relação à potência do transmissor, reduzindo brutalmente o alcance. A solução é usar o ndiswrapper, como veremos a seguir
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